domingo, 7 de agosto de 2022


UM GRAVE DESASTRE ECOLÓGICO - 2
 
Segunda parte: A história da História

Pode dizer-se que o essencial começou com o desaparecimento do rei D. Sebastião, durante a batalha de Alcácer Quibir (norte de Marrocos) em 1578. Três anos mais tarde, o seu familiar Felipe II de Espanha, filho de Carlos V e sobrinho de Dª Catarina, esposa de D. João III, decidiu invadir Portugal e sitiar Lisboa por mar, para garantir o seu direito ao trono português.

Com Lisboa sitiada por uma esquadra espanhola, sob o comando do Duque de Alba, o soberano castelhano entrou em Portugal e avançou em direcção a Lisboa, onde estava prevista a sua aclamação como rei. Nas proximidades de Abrantes, foi informado que havia peste na capital portuguesa, o terror naqueles tempos.

Imediatamente, Felipe II ordenou que se procurasse saber quais os lugares mais próximos com capacidade para receber a corte. Só havia dois -Alcobaça e Tomar. Optou então pelo mais próximo, e foi nas margens nabantinas, mais propriamente no Convento  de Cristo, que acabou por ser aclamado rei, após ter dito "Este é o meu reino. Herdei-o, Conquistei-o. Comprei-o". Os espanhóis sempre foram muito frontais, o que ainda hoje cai muito mal, nomeadamente em Tomar..

Por aqui ficaram o soberano e a sua numerosa comitiva, entre 700 e mil pessoas, segundo o cronista,  durante cerca de sete meses, e nem tudo foi um mar de rosas. Naturalmente,  Felipe II de Espanha e os mais altos dignatários nada padeceram, mas os restantes levaram que contar. O Convento de Cristo de então não dispunha de água corrente. Tinha apenas seis pontos de água. Duas grandes cisternas nos claustros da Micha e dos Corvos, três poços nos claustros do Cemitério e da Lavagem, na escadaria de entrada e na alcáçova do castelo. Era muito escasso para tanta gente grada.

Foi de tal forma desagradável que o próprio rei ordenou que se providenciasse um aqueduto para abastecimento permanente de água ao Convento de Cristo. Só 32 anos mais tarde foi inaugurado o aqueduto dos Pegões (Foto supra e imagem 5, na crónica anterior), no local hoje conhecido por Cadeira d'El-Rei (Imagem 6 -A, na crónica anterior).

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