Há sujeiras que nenhuma lavagem resolve

Anuncia a autarquia, através da Rádio Hertz, que na 2ª quinzena de Agosto vão mandar lavar algumas ruas, largos e travessas da cidade antiga, tendo em vista limpar, desinfectar e acabar com os maus cheiros:

https://radiohertz.pt/tomar-lavagem-dos-arruamentos-do-centro-historico-em-agosto/

 É sem dúvida muito útil lavar as artérias urbanas. Mas não nos iludamos, nem tentemos assim enganar os moradores que se vêm queixando de vários problemas.

Naquele sector do chamado núcleo histórico, cujos limites são a Rua do Pé da Costa de Baixo, o Largo do Quental, a Rua do Teatro, a Rua direita e a Rua Joaquim Jacinto, e que ainda não beneficiou das obras de requalificação já concluídas na restante cidade antiga, tanto faz lavar como não. As canalizações de água datam de antes de 1937, sendo parte delas em amianto, agora proibido na UE, e o saneamento é de colector único, insusceptível de tratamento, por não haver separação entre águas pluviais e esgotos domésticos. Assim, os maus cheiros são constantes, por não haver sifões, nem nas velhas sarjetas nem nos sumidouros, e a autarquia ter deixado de proceder à tradicional desinfecção periódica com creolina. Ambiente que os ratos parecem apreciar, a julgar pelo seu aspecto gordo e anafado. Com alguma sorte, não tarda o PAN vir agradecer a evidente protecção dos animais...

Em conclusão, façam quanto mais lavagens melhor na área urbana, mas sem ilusões. Continuará a haver ratos e maus cheiros de toda a ordem, enquanto não forem levadas a cabo as inevitáveis obras de modernização das infra-estruturas. Os senhores autarcas terão de fazer o favor de optar: Mais obras para enfeitar, e eventos de encher o olho? Ou obras indispensáveis e urgentes de saneamento, mas que depois não se vêem, porque ficam enterradas? É realmente um dilema cruel para quem precisa de votos para assegurar o rendimento no final de cada mês. Mas quando vieram para a política local já deviam saber que assim é.