domingo, 7 de agosto de 2022




Imagem 1 - Fonte do Claustro Principal


Imagem 2 - Tanque e fonte do Jardim do castelo templário

Tanque junto à prisão subterrânea da Torre de Dª Catarina

UM GRAVE DESASTRE ECOLÓGICO - 3

3ª parte: Uma rede de água prolongando o aqueduto

Os tomarenses em geral conhecem mal o Convento de Cristo. Mesmo os que já lá foram. Dos outros, é melhor nem falar. Não surpreende por isso a ideia dominante na urbe, segundo a qual a água dos Pegões vinha só até ao lavatório filipino e à fonte do Claustro principal, ou de D. João III (ver imagem 1 supra). Na verdade, a água corrente, vinda pelo aqueduto, chegava bem mais longe. Até à fonte do actual jardim do castelo,  (imagem 2 supra), e daí até ao tanque junto à prisão subterrânea da Torre de Dª Catarina. (imagem 3 supra).

Graças a este dispositivo, era possível em simultâneo abastecer o Convento, regar a baixa da Cerca a partir do Tanque grande, bem como a horta do Chouso, o laranjal e as outras, graças aos tanques colocados em locais adequados.

Depois de usada na rega, que era frequente, a água infiltrava-se e escorria para a Cerca, dando origem a três nascentes: Charolinha, Fonte da Racha, Fonte das flores. Entretanto, já humidificara as encostas norte, nascente e sul, sob as quais escorria, o que permitia uma cobertura vegetal sempre verde e vigorosa.

Correu água no aqueduto dos Pegões durante mais de três séculos e meio. Entre 1613 e os anos 80 do século passado. Tempo mais que suficiente para formar uma bela cobertura vegetal, visível da cidade. Com a extinção da Ordem de Cristo em 1834, parte do Convento foi comprada pelo conde de Tomar, mas mesmo após a recompra pelo Estado, nos anos trinta, continuou a haver água corrente. O Estado autorizara entretanto a instalação no Convento de um seminário para formar padres destinados às missões ultramarinas.

Goste-se ou não, a verdade é que a Sociedade Missionária Portuguesa, a entidade religiosa titular da cedência de parte do Convento, sempre soube cuidar do aqueduto, porque dele tinha necessidade, tanto para consumo doméstico, como para a rega das velhas hortas, que voltara a cultivar. Havia um zelador, que todas as semanas percorria o aqueduto de ponta a ponta, limpando e reparando o necessário. Bons tempos.


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