segunda-feira, 29 de agosto de 2022



Decadência até nos costumes

Parto triste e desalentado

Um bom jornalista não deve falar de si. Mas o autor destas linhas nunca foi, nem pretende ser jornalista. Parto triste e desalentado. Em vez de regressar ao Brasil, parto de Tomar. A minha querida terra, que já foi dos meus pais, dos meus avós e de antes. Vou triste e desalentado. Não por causa da saudade, que não sinto. Devido à evidente decadência da cidade e dos costumes.

Aos oitenta passados, foi um choque violento ser caluniado e maltratado, em termos sujos, impróprios para consumo civilizado, por gente que até ostenta títulos universitários, sem contudo ter a coragem de respeitar a verdade e mostrar a cara. E para quê? Aparentemente para defender a maioria camarária que temos, e a oposição que não temos. E, se bem penso, até são metecos, armados em falsos bairristas de uma terra onde não nasceram, nem foram baptizados, nem cresceram.

Mas também pode ter sido apenas uma solução extrema -a única encontrada- para tentar calar o visado, assim acabando com a concorrência, na qual não têm grandes hipóteses. Mesmo com os comentários anónimos, já tiveram melhores tempos, mais estilo e mais audiência. A decadência não é só da cidade e do concelho...

Por falar em audiência, não se iludam os interessados. Grande audiência raramente é sinónimo de grande qualidade. Os suportes informativos que em Portugal são os mais lidos, não são propriamente órgãos de referência. Mesmo não citando títulos, os leitores mais atentos sabem do que se está a falar.

Sendo mais claro, Tomar a dianteira 3 não é muito lido. Está agora na ordem das 200 visualizações diárias. Mas os seus leitores não abrem o blogue para saber onde pára a gata da vizinha, ou que houve um acidente com 3 feridos na curva do Matamuito. Para isso há vários outros.

Com ou sem críticas, justas ou injustas, educadas ou de esgoto, cumpre continuar, mesmo desalentado. A Festa templária, por exemplo,  foi em Julho e sabe-se que não terá sido um sucesso, antes pelo contrário. Embora a vereadora responsável dela tenha feito "um balanço muito positivo", segundo a informação local.

Houve queixas sobre o cortejo, sobre a música embirrante e sobre a comida, bem paga mas mal servida. Alguém terá embolsado em excesso. Como se tudo isso não bastasse, estamos praticamente em Setembro e a pindérica ornamentação das artérias do cortejo ainda aí está. Mastros, bandeirolas e cruzes templárias continuam ao vento e ao abandono. Para não nos esquecermos da fantochada?

Há várias hipóteses explicativas, como quase sempre. A mais plausível é que o ajuste directo previu a colocação dos mastros, mas não a sua retirada. Pode também  ter acontecido que a empresa contratada "comeu o isco e cagou no anzol". Recebeu a confortável verba, aviou a coisa o mais depressa que conseguiu (até o cortejo desfilou a passo acelerado), e pôs-se na alheta. Agora, que tenciona fazer a senhora vereadora, e/ou quem nela manda? Encarregar quem ornamentar as ruas para os Tabuleiros de retirar os ditos mastros, antes de enfeitar de novo? Nesta terra já pouco ou nada me surpreende. A não ser pela negativa, pois é sempre possível fazer pior ainda, e os nossos queridos eleitos em geral não hesitam.

Fiquem bem, ou o melhor possível, com a certeza de que mesmo lá bem longe. no conforto dos 25º-30º durante todo o ano, tenciono continuar "até que a voz me doa". Sempre defendendo o que julgo ser melhor para Tomar e os tomarenses, guiado pela célebre quintilha com cinco séculos:

"Homem de um só parecer/ De um só rosto, de uma só fé/ De antes quebrar que torcer/ Muita coisa pode ser/ Homem da corte não é"

Em Tomar não há corte? Talvez. Mas, entre outros indícios, durante a Festa templária, as senhoras do poder vestiram-se todas como se fossem raínhas, marquesas, condessas ou duquesas. Por conseguinte, se não há de facto corte nabantina, com todos os seus problemas, vontade não lhes falta. E do desejo ao acto...

2 comentários:

  1. Que esperavas? Que esperas tu? Foste do partido - Partido Socialista. Parece que foste amigo do Mário. Vai-se a ver e estudaste onde o filósofo Paul-Michel Foucault deu aulas. Correste mundo. Fizeste carreira na nossa terra, onde - penso - acumulaste para a reforma por inteiro - ou quase, garantida pelos contribuintes portugueses, tomarenses incluídos. Fizeste parte dos órgãos autárquicos da nossa terra. Foste escriba nos jornais nabantinos. Foste azedo de mais comigo quando, neste espaço, te inseri num movimento filosófico chamado cinismo. Conheces como ninguém a cidade e os seus problemas. Mas passas a vida a menorizar a população, porque são isto e aquilo, a dizer mal dos que se disponibilizam para a prática política, etc. A não ingerir bem os resultados eleitorais. Ó António, eu tenho vindo aqui diariamente e jurei não botar aqui mais nenhum comentário. Aprecio imenso a tua ralação com a cidade. Estou convicto que adoras Tomar como ninguém. Quando deixares este mundo, a cidade está obrigada a garantir-te eternidade. E ainda por cima inclinaste-te para a direita. Que mau gosto. Mas vai-te lixar. Do que tu gostas mesmo é da boa-vai-ela. Que desperdício... Escreve um livro. Um grande abraço e saúde da boa.
    (Não penso voltar aqui)

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    1. É uma visão das coisas, tão legítima como outra qualquer. Não creio todavia que seja justa. E fico-me por aqui, porque não sei dialogar com nomes supostos, mesmo quando os comentários são escorreitos, como é o caso.

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