domingo, 21 de agosto de 2022



Informação e população local 

Estranha gente

Há tempos, um dos excelsos comentadores locais pseudonomeados, o que significa que, em teoria, ninguém sabe quem é, foi categórico. Comentou que o administrador de Tomar a dianteira 3 "diz mal de Tomar e dos tomarenses". Uma vez que quem escreve estas linhas sempre teve e tem o hábito de ler e procurar perceber o que escrevem os seus conterrâneos, incluindo os encapotados com más intenções, matutou-se no assunto e concluiu-se que parece haver um problema vocabular.

Na verdade nem é preciso dizer mal da cidade ou dos tomarenses, para desclassificar ambos. Basta descrever como são (no caso da cidade) e como agem (no caso dos queridos conterrâneos). Aqui vai mais um exemplo comparativo, extraído do nosso colega Tomar na rede para simplificar. Se houvesse alargamento ao Facebook e por aí, se calhar o caso mudava de figura, e de que maneira!

Convém recordar antes que, dos 33 mil eleitores que ainda restam no concelho, cerca de metade não votaram nas últimas autárquicas, com destaque para a freguesia urbana, na qual os abstencionistas chegaram a 51 em cada 100 eleitores inscritos. Daqui se pode deduzir que os comentadores de blogues são um escol bastante reduzido, daquela metade que ainda vai votar. Se a isso acrescentarmos que praticamente todos usam de nomes supostos, o quadro fica completo e fala por si. Uma microtribo com hábitos muito peculiares. E vocabulário singular, onde descrever = dizer mal, por exemplo.

Nesse triste quadro, um leitor identificado pela redação respetiva enviou para Tomar na rede um protesto intitulado "O problema do trânsito na rua da Sinagoga", com uma leitura prevista de um minuto, e que foi publicado em 20 de Agosto. Às 19 horas do dia seguinte, registava 1.883 visualizações, mas nenhum comentário. Os escribas encartados resolveram meter a viola no saco, vá-se lá saber porquê. Se calhar porque envolvia a maioria camarária, e nunca se deve morder na mão que dá de comer.

Em 21 de Agosto, a redação de Tomar na rede publicou uma notícia, cujo título já é todo um problema: "Nova esplanada ou a privatização do espaço público", igualmente com a duração de leitura prevista de um minuto. Algumas horas mais tarde, já registava 2.545 visualizações e quatro comentários. Três contra a esplanada e um favorável. Um dos contra é particularmente cínico: "Habituem-se!".

Perante estes dois casos, parece revelar-se uma gente estranha. Bastante estranha mesmo. No primeiro caso, que mostra o evidente desmazelo camarário, por não colocar o sinal adequado no início da rua, nem implementar sinalização para residentes e para turistas, (encomendada por ajuste direto em 2019), quase 1.900 leram, mas ninguém se manifestou. Subentendido "adiante que não interessa".

Já no caso da esplanada, cujo título é erróneo, uma vez que não se trata de privatizar o espaço público, mas tão só de o concessionar por tempo determinado e mediante aluguer do mesmo, registou-se quase o dobro de visualizações, e apareceram logo quatro autoridades na matéria a dizer de sua justiça. Encapotados, não dando a cara, como manda a tradição local.

Agora diga-me lá, cara leitora, caro leitor, acabo de contar as coisas como elas são mesmo em Tomar em 2022? Ou estive só a "dizer mal de Tomar e dos tomarenses"? Era bom que os queridos conterrâneos de boa fé começassem a encarar a hipótese de considerar que as crónicas desagradáveis de Tomar a dianteira 3, mais não são afinal que aquilo que muitos de fora pensam de nós, mas não dizem, para evitar problemas escusados. Não será assim?

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