quinta-feira, 25 de agosto de 2022


Turismo e património

Tomar, cidade do castelo mocho

Não ignoro que há por aí uma brigada de gente,  muito mais nova do que o autor destas linhas, e que por isso tendem a considerar-se também mais inteligentes, o que está por demonstrar. Apesar disso, têm todo  o direito de emitir opiniões, mesmo quando indevidamente, por falta de adequada educação, põem em dúvida a sanidade mental alheia.

No caso a seguir referido, o do castelo mocho, já os estou a ouvir: -Lá está o gajo a marrar outra vez, e outros mimos do mesmo estilo. Fazem-no nalguns casos a pedido e para agradar a terceiros, mas se julgam que intimidam ou inibem, estão enganados, como em muitas outras coisas. De forma que aí vai água. Façam o favor de vestir a gabardine, se querem evitar alguma constipação.

O conjunto arquitectónico Castelo dos templários-Convento de Cristo é o mais importante, o maior e o mais complexo monumento português. Há Mafra, mas é posterior e bem mais simples, por ser todo da mesma época, o que lhe dá a coerência construtiva que falta em Tomar. Agravando a complexidade, a implantação é tal em relação à urbe, que a partir desta só se avista o castelo, sobretudo à noite.

Esta circunstância e o facto de se tratar de Património mundial, há muito que exigem uma iluminação adequada de todo o conjunto e dos vários planos, problema que se arrasta há décadas e continua por resolver. Agora, em tempos de poupança de energia, a iluminação existente torna-se mesmo algo caricata, como se passa a tentar demonstrar.

A actual iluminação do castelo, a cargo da autarquia, mas implantada na Mata, que depende do ICN e dentro da alcáçova, a cargo da DGPC, é um triste espectáculo, a denunciar evidente desmazelo, para não usar um termo mais forte, como por exemplo bandalheira. Com efeito, além de nunca ter permitido dar uma ideia aproximada da grandeza do monumento no seu conjunto, por falta de profundidade, no estado actual padece de duas outras maleitas graves.

Por um lado, os turistas que circulam pelo núcleo histórico mal conseguem aperceber as muralhas iluminadas, parcialmente encobertas por árvores da Mata que não são podadas há anos. Por outro lado, devido a uma pequena querela administrativa, a Torre de menagem, elemento central de qualquer castelo, continua às escuras, transformando o que resta da fortaleza templária num castelo mocho. Supremo enxovalho para o castelo que já foi casa-mãe da Ordem Templária.

Embora as luminárias ao serviço da santa maioria transitória, que vamos tendo até 2025, possam ter opinião diferente, sem fundamento sério como quase sempre, considera-se que, na situação actual de penúria e poupança de água e energia, o mais proveitoso para todas as partes envolvidas será não voltar a acender a iluminação do castelo templário até nova ordem. É muito mais barato e tem muito mais dignidade, porque denota mais respeito pelo património. 

Estão à espera de quê? Que chova? E quem vos disse que a chuva também lava desmazelos?

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