sexta-feira, 12 de agosto de 2022





Falta informação 

e vontade de informar

Estamos assim, nesta outrora orgulhosa cidade de província. Apesar da existència de vários órgãos de informação, nota-se falta de informação e, pior ainda, carência de vontade de informar. E a péssima política da autarquia nessa área, bem como a atitude sectária dos eleitos, que são bem conhecidas, não explicam tudo. Nem lá perto. Para que não haja dúvidas justificadas, segue um exemplo.

A recente série de 5 crónicas, aqui publicadas, sobre o desastre ecológico do eco-sistema comandado pela água do aqueduto dos Pegões, veio interromper um longo silêncio sobre aquele valioso património. Exceptuando algumas pequenas notícias sobre a reparação dos arcos pela câmara, ou àcerca da limpeza e desmatação, levadas a cabo por um corajoso grupo de cidadãos, farão o favor de indicar que outras notícias houve na mesma área, durante os últimos vinte anos.

Mas agora que o assunto foi tratado, apareceu logo um video, por sinal muito bonito, porém infelizmente com um texto de fraca qualidade, além de várias alusões anónimas, concordando que as cinco crónicas dramatizam demasiado a situação. Avançaram até o exemplo da Mata. Já estão a regar o jardim, e há também a nascente da Charolinha, que continua activa.

Tomar a dianteira foi ver. Estão de facto a regar o jardim da Mata, a pedido da Câmara, mas com água da rede, mais propriamente da Tejo Ambiente, o que não parece o mais adequado, numa altura de seca em que Leiria, por exemplo, já fala em medidas de racionamento do precioso líquido, e Abrantes em redução do consumo de água, apesar de estar à beira do Tejo.

Sobre a nascente da Charolinha, desiludam-se os optimistas de serviço. A  imagem acima mostra que está seca, o que já era de esperar, uma vez cortado o manancial com origem no aqueduto dos Pegões e no Tanque grande. Está tudo ligado, embora não pareça aos mais distraídos.

Na ida para a Charolinha aconteceu até uma surpresa, para quem conhece a Mata há mais de 50 anos:


No que chamam oficialmente o "caminho dos freixos", há agora esta estranha escadaria, que liga ao caminho tradicional paralelo, no qual acrescentaram uns postes. Ao que parece, trata-se de um cenário feito para umas filmagens, e que depois se "esqueceram" de desmontar. Ficou mais barato e terá permitido algumas gratificações generosas.

Embora pareça sólido, tudo aquilo é em aglomerado de madeira e esferovite. As quatro bolas que ornamentavam as extremidades, já foram. O resto não tardará, quando finalmente chover durante uns dias. O estranho é que até agora ninguém tenha falado no assunto, na informação local. Porquê? Também não sabiam? Ninguém viu? Em Tomar já tudo parece normal?

Já anteriormente, numa visita ao Convento, se constatou algo parecido, igualmente por noticiar. Na escadaria nascente, que liga os dois andares do Claustro principal, foram colocados dois vistosos lambrins de azulejos, que depois foram tapados à pressa, com tinta branca, tipo cal. O resultado não é o melhor. Terão de acrescentar mais umas demãos de tinta, quanto antes, se querem realmente esconder mais este atentado ao património público.

Assim como está, agora com a porta escancarada por causa das obras, os turistas mais curiosos vão aproveitar e, ao olharem para aquilo, vão deduzir que reina o desmazelo no Convento. Mantêm cobertos com cal dois lambrins de azulejos, tão bonitos. Ignoram os visitantes a génese da coisa, designadamente que os ditos azulejos têm cores que não eram usadas naquela época, e são falsos, numa matéria que nem existia no século XVII (17, para os facilitistas). 

Trata-se de mais um caso em que a informação local nada disse, e está no seu direito. O público-alvo é que pode não apreciar.

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