segunda-feira, 29 de agosto de 2022

A janela do capítulo e a torre de S. João Baptista, no Portugal dos pequenitos, em Coimbra.

Fuga da população

Um quadro sombrio e preocupante

É um silêncio pesado. De chumbo. Em Tomar, ninguém fala da evidente debandada demográfica, da óbvia fuga da população. Nem eleitores nem eleitos. Provavelmente porque nem uns nem outros, salvo honrosas excepções, sabem bem a quantas andam, ou a que santo rezar. Ou será apenas para permitir depois sacudir a água do capote com mais facilidade?

Seja como for, animado pela próxima campanha de vacinação contra a raiva, anunciada nos meios informativos locais, Tomar a dianteira resolveu meter mãos à obra, esperançado em que a dita vacinação diminua o índice concelhio de raiva, sobretudo no sector da política. Excluindo, naturalmente, os metecos mal educados, armados em defensores dos tomarenses  alegadamente ofendidos.

Vamos lá então. Consultados os resultados oficiais das eleições em 2013, 2021 e 2022, nos concelhos que pareceram os mais significativos por razões variadas, eis os resultados:

CONCELHOS     ELEITORES 2022       DIFERENÇA 2021/22      DIF. 2013/22

ABRANTES...............31.508.................................-83...............................-3.567

ALCOBAÇA..............48.583.................................-22..................................-842

C. RAINHA...............45.213...............................-311..................................-258

C. BRANCO..............48.429................................-12...................................-435

ELVAS.......................18.713................................-68................................-1.296

ESTREMOZ..............11.228................................-35................................-1.249

LEIRIA....................113.214...............................-205...................................-164

OURÉM....................40.778................................-92.................................-2.553

PORTALEGRE.........19.776.................................-35.................................-1.249

SANTARÉM.............50.890...................................-9.................................-2.528

TOMAR...................33.705...............................-187.................................-3.605

T. NOVAS.................30.774................................-21.................................-1.772

E que tal? É um quadro que não alegra ninguém, mas que retrata a realidade, tal com ela é. E não como dizem ou imaginam os senhores eleitos. Tomar é campeã todas as categorias em perda de população entre 2013 e 2022, durante os mandatos desta maioria. E está em 2º entre 2021 e 2022 (excluindo Leiria que é de outro escalão, pois tem mais de 100 mil eleitores, o triplo de Tomar). Porquê? De nada adiantará arranjar desculpas mais ou menos aceitáveis, do tipo "é por causa da emigração para a zona costeira", que nada resolverão. Importante, indispensável mesmo, é debater a questão logo que possível, formulando perguntas para obter respostas, sem temer as consequências. Caso contrário o declínio vai continuar e acentuar-se, conforme mostram os dados supra.

Deve portanto este PS de Tomar abandonar a ideia segundo a qual com subsídios, ajustes directos, obras ornamentais, eventos, festas, festarolas e blá-blá-blá tudo se compõe, encetando outra política, mais adequada à realidade local. E, dado que nestas coisas o dinheiro é que comanda, considerem que em relação a 1976, o presidente de Ourém até já ganha mais que a de Tomar, uma vez que aquele concelho passou a ser o segundo mais povoado do distrito. Onde  vão os sonhos de antes de Abril, tipo "Tomar capital da província da Beira central"? Por este caminho, só se for no Portugal dos pequeninos. (Imagem inicial)

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