sábado, 31 de julho de 2021

 

A Praça da República muito antes  da estátua do Gualdim

Autárquicas 2021

Ora aqui está um bom exemplo

Está a acontecer com as candidaturas tomarenses o habitual nestas alturas. Fala-se de programas e da necessidade de projectos galvanizadores para Tomar, cidade e concelho, obtendo-se sempre respostas do tipo "estamos a tratar disso", "apresentaremos o nosso programa oportunamente", "temos propostas para Tomar", etc etc. Vai-se ver e não sai nada, ou quase. É como estar cheio de sede, ir a uma fonte, abrir a torneira e sair apenas um ínfimo fio de água, que não dá para nada.
Quando, já cansados de semelhante prática, alguns cidadãos eleitores reclamam, ninguém ouve, ninguém lê, além dos que estão no mesmo caso. Uma vez que somos uma terra de gente de poucas leituras, que prefere o Correio da Manhã ao Público (e está no seu direito!), para não massacrar mais, aqui está um excelente exemplo, mesmo aqui ao lado, em Torres Novas:
Quando é que as candidaturas tomarenses resolvem adoptar o mesmo modelo? É difícil? Nem tanto. Basta seguir, na parte que convém, a norma para qualquer requerimento: identicar-se, dizer o que se pretende, datar e assinar.  No caso das candidaturas, identificar-se e explicar detalhadamente o que tencionam fazer durante o mandato, nas duas situações possíveis: como maioria e na oposição. Abstendo-se de falsas promessas, do tipo "continua a ser absolutamente seguro assistir aos eventos no Mouchão", e de preferência respeitando sempre a antiga norma portuguesa, agora algo esquecida: falar claro e mijar a direito
Vamos a isso? Os tomarenses começam a estar fartos de votar às cegas, e de serem depois enganados. Não serão os únicos. Mas são de certeza dos mais enganados, infelizmente para todos.

 



Vida Local

Era inevitável, mas a natureza é sábia

Após o desastre das obras da Várzea grande, em estilo novo rico parolo, mas que muitos acham o máximo, de acordo com as novas tendências, era apenas uma questão de tempo até aparecerem letreiros modernaços com "TOMAR", "I LOVE TOMAR" ou "TOMAR UMA CIDADE A BRILHAR".
O primeiro já está instalado na Várzea grande, e receio bem que não se fique por ali, pois a mania, a tal tendência, é geral e como se sabe, as manias são piores que doenças.
Aqui em Fortaleza, metrópole de mais de 2,5 milhões de habitantes, também colocaram alguns desses letreiros gigantes. FORTALEZA, CEARÁ e I LOVE FORTALEZA ornamentam o calçadão da beira-mar, o que se compreende, pois a cidade não tem grandes monumentos.
Mas os fortalecences têm mais sorte que os tomarenses, como mostra de resto o respectivo desenvolvimento urbano. Enquanto Tomar definha, Fortaleza cresce, cresce, cresce...  Até nesta questão dos letreiros pimba à beira-mar, a natureza brasileira já começou a mostrar-se sábia. Com a maresia e a urina dos cães, o F e o T de Fortaleza foram as primeiras letras a cair, roídas pela ferrugem, porque tinham a base mais pequena.. Pouco depois o pessoal da prefeitura veio retirar OR  ALEZA, que era o que restava.
Decerto os cães tomarenses também vão cumprir a sua obrigação. O problema é a falta de maresia. Vai levar mais tempo, o que é pena.

ADENDA

Seguindo a acima citada tendência, podiam aproveitar a onda para colocar no lado sul da Praça da República um vistoso "I LOVE GUALDIM, DIA SIM DIA SIM" de forma a ver-se também a estátua de perfil, como nesta foto:


(Já lhe ouvi chamar muitos nomes. Gualdim é a primeira vez.)

ADENDA 2

Procurando evitar que os turistas, e mesmo os residentes, se vão embora, poderia também aproveitar-se esta vaga dos letreiros para instalar em cada uma das saídas da cidade dois painéis. O primeiro com o topónimo TOMAR barrado com faixa vermelha. O outro com a informação "Você está a deixar Tomar atrás". Letras azuis em fundo rosa-bébé. 

sexta-feira, 30 de julho de 2021

 Informação regional/ Política local

É mesmo a sério? Ironia subtil?  
Só para irritar alguns tomarenses?

Apesar de constar que Tomar a dianteira 3 só aborda a parte negra da paisagem local, o que está mal, a seguir se reproduz, com a devida vénia, um pequeno excerto da crónica semanal assinada por JAE, n'O MIRANTE online desta semana:
"Tomar, a cidade mais bem gerida da região, acabou de dar um exemplo de gestão acima de todas as expectativas, apoiando as unidades de turismo de uma forma que faz jus à qualidade da mesma e responde com admirável gestão aos empresários que apostaram no território ribatejano a partir da cidade templária."
Sabe-se que a gestão autárquica na Chamusca não é propriamente um modelo para nenhum outro concelho, daí talvez este ponto de vista de JAE. Afinal, quem vive no r/c tem sempre a ideia que os vizinhos dos andares superiores é que vivem bem...até descobrir a verdade factual.
Haverá também quem alvitre que não há nada gratuito na informação regional, mas não serei deselegante a esse ponto para com o cidadão Emídio, que reputo honesto até prova em contrário. E os tomarenses conhecem bem Anabela Freitas...
Nos idos de Maio de 68, quando aconselharam De Gaulle a pedir ajuda ao general Massu, um militar inteligente, na altura a comandar as forças francesas destacadas na Alemanha, a reacção foi imediata: -Inteligente, o Massu? Se isso fosse verdade já se saberia há muito, retorquiu De Gaulle, que se absteve de contactar o seu camarada de armas.
Repetindo a argumentação gaulista, -"Tomar, a cidade mais bem gerida da região"? Se isso fosse verdade já se saberia há muito no vale do Nabão. E não consta.

 

Política local/População

Censo a exigir bom senso
E um desígnio à altura de Tomar

Foi um balde de água fria. Ou, melhor dito, seria um balde de água fria para os eleitos locais, caso fossem honestos para consigo próprios. Infelizmente, todos sabemos que não é o caso. Regra geral, mentem aos tomarenses e iludem-se a si próprios. Alguns sem disso sequer se darem conta.

É uso dizer-se, e todos os candidatos o repetem: -Tomar é uma terra cheia de recursos. Têm razão, não há porém cinco, que fazem muita falta: massa cinzenta, apego ao trabalho, organização, tolerância e capacidade de diálogo.
Voltando ao início, foi  um balde de água fria a publicação dos resultados do censo da população portuguesa, uma operação técnica, neutra do ponto de vista político. Ninguém de boa fé poderá dizer que os resultados apurados são de esquerda, de direita ou do centro. Cada um fará a sua leitura.
Que revelam esses resultados, em relação a Tomar e à sua região? Que Abrantes e Tomar são as duas cidades que mais população perderam nos últimos dez anos, 12,6% e 10,4%, respectivamente.  Mais que Ourém, Torres Novas ou Santarém. Perde assim qualquer credibilidade aquele argumento, difundido pela actual maioria PS, segundo o qual a fuga da população é provocada pela interioridade. Vai-se a ver, não é tal.. A sangria é geral, embora mais acentuada no interior. Mas também mais grave numas localidades do que noutras. Porquê? Por agora, ninguém tem respostas convincentes.
Deixando de lado aquela argumentação indigente, tipo chico esperto, "Ourém é porque tem Fátima, Entroncamento é porque tem os comboios, Caldas da Rainha é porque fica próximo da costa, Elvas é porque está na fronteira", e assim sucessivamente, qual ou quais as causas do problema migratório?
Não se trata, naturalmente, de procurar culpados, porque esses somos todos os portugueses, sobretudo o governo e os autarcas. Por exemplo aquele slogan eleitoral No caminho certo, do PS tomarense, acabaria por ser cómico se não fosse trágico, revelando uma enorme inconsciência, ao indicar que o caminho certo para os tomarenses  tem sido a emigração.
Ao fazer comparações, os próprios técnicos do INE apontam caminhos. Segundo eles, a actual redução da população residente só tem paralelo nos anos 60-70 do século passado. Que ocorreu então? Dois fenómenos de massa. A emigração em larga escala, que chegou a ultrapassar as 100 mil pessoas/ano, e a guerra colonial.
Não havendo agora guerra colonial, a emigração tem-se mantido e até acentuado, parcialmente camuflada pela liberdade de circulação e residência na União Europeia, o que dificulta a recolha de dados estatísticos.. 
Uma situação bastante significativa é a comparação entre Ourém e Tomar. Nos anos 60 os oureenses emigraram muito mais que os tomarenses, sobretudo para França. Enquanto em Ourém o marasmo era então evidente (ainda nem sequer tinham ensino secundário), Tomar era uma próspera cidade de guarnição, com regimento, hospital militar e quartel general, bem como várias fábricas.
Sessenta anos passados, Ourém já tem mais 10 mil habitantes que Tomar, perde menos população (apenas 3,0% contra 10,4%) e mostra dinamismo económico por todo o lado, enquanto em Tomar a situação é a que está à vista de quem tenha olhos para ver.
Porque não temos trunfos? 
Não!  Apenas porque, até agora, ainda nunca elegemos quem os saiba jogar. E as perspectivas para Setembro  são pouco animadoras, a julgar pelos elementos já conhecidos.
Tourism or not tourism, that is the question! Mas com obras. Com um desígnio à altura de Tomar. De conversa balofa, os tomarenses estão fartos.

 


Pandemia/eventos culturais

Continua a ser absolutamente seguro?

De acordo com esta notícia do Tomar na rede, 
https://tomarnarede.pt/sociedade/vacina-contra-a-covid-19-nao-impediu-que-tita-fosse-contagiado/
já houve pelo menos dois casos de contágio covid19 em pessoal ligado à organização dos eventos musicais no Mouchão, pagos pela câmara Um deles até já estava imunizado, com vacina de dose única.
Perante isto, a autarquia pode garantir que continua a ser absolutamente seguro assistir aos espectáculos previstos? Com o mal dos outros pode a gente muito bem?

ACTUALIZAÇÃO ÀS 18H23 de TOMAR

E se mais testes fizessem, mais encontrariam:
https://radiohertz.pt/medio-tejo-coronavirus-ha-mais-50-pessoas-infetadas-na-regiao-20-das-quais-residentes-em-torres-novas/
Há filhos e enteados, nesta questão dos eventos?
https://observador.pt/2021/07/30/psp-poe-fim-a-festa-em-elvas-onde-estavam-cerca-de-150-pessoas/

quinta-feira, 29 de julho de 2021

 

Se já nem com o instrumento do Gualdim em posição e bem à vista, se consegue aumentar, ou mesmo manter, a população, onde é que isto vai parar?
Proibam-se os contraceptivos! Fora as camisinhas! Já!

Política local/Autárquicas 2021/Candidaturas

Um desalento que se vai insinuando

São oito e meia da noite (meia noite e meia hora em Tomar). Aqui é Inverno e em Tomar é Verão, mas a temperatura é semelhante: 30º. Acabei agora mesmo a revista da imprensa local e o resultado não é famoso. Estou cada vez menos crente numa eventual regeneração local.
Certinhos, como os velhos Ómega de pancada alta, os da CDU já entregaram o processo de candidatura no tribunal. Infelizmente para eles e para os tomarenses, não disseram nada de novo. Lutam por um vereador. Não pela autarquia. É preciso dizer mais?
A malta do BE tirou um coelho da cartola. Concluíram que Tomar tem futuro. Que futuro? Isso fica para melhor ocasião. Entretanto, vão fazer campanha para conseguirem continuar a ter voz na AM, onde têm vindo a desempenhar, com relativo sucesso, o papel de animadores ocasionais de pista.
Os do VOLT, volta e meia conseguem ter alguma originalidade. Agora resolveram proclamar que não são um partido, mas o futuro. Serão o tal futuro de Tomar, referido pelo BE? Também querem um futuro socialista?
Proclamação por proclamação, a melhor ainda é a do PS. Segundo Anabela Freitas, "É preciso que Tomar continue no caminho certo". É preciso para quem? Para os que ganham menos fora da política?
Ao fazerem semelhante afirmação, estão a confundir o enorme desastre dos dois mandatos socialistas, com um fantasmático sucesso que só existe na cabeça deles e dos comprados. Ainda têm dúvidas? Esperem por Setembro que logo vêem. (Confundo de propósito desejo e realidade).
A coligação CDS-PPM-MPT adiantou que querem responder, mas por enquanto respostas nem vê-las, apesar de o candidato indiciar boas perspectivas.
Conformado, como tem sido ao longo dos últimos 8 anos, o PSD recusou todos os trunfos que tinha, excepto um. Continua a ter o benefício da dúvida. Bastará?
Fecho com o CHEGA. Tão novo e tão prometedor, porém já com pelo menos uma contradição insanável, como diriam os do PCP. Na sua entrevista escrita ao Templário, o candidato Nuno Godinho critica abertamente o elevado custo dos licenciamentos para obras em Tomar, com tudo o que isso implica, mas logo a seguir recusa assessores, se vier a ser eleito presidente, "porque a câmara tem excelentes funcionários". Está-se mesmo a ver que os elevados custos das licenças de obras, e a morosidade dos processos, são culpa dos cidadãos. Os funcionários são excelentes. E os eleitos chegam mesmo a ser excepcionais, como está à vista.
Conseguiu ler até aqui? Acha demasiado pessimista? Cínico mesmo? Ou será apenas realismo, sem dó nem piedade? Recorda-se do Sinhozinho Malta, numa célebre telenovela brasileira já com uns bons anitos? Abanava o braço, ostentando o Rolex em ouro, e ia perguntando "Tou certo ó tou êrrado?!"
Quem houvera de dizer que, décadas mais tarde, seria também a minha dúvida, ainda que sem Rolex em ouro? 


Política/liderança local

Assim é mais difícil

A situação epidémica em Tomar põe em evidência uma mazela antiga na política portuguesa em geral, e na tomarense em particular. Refiro-me à alergia à crítica, a qualquer crítica.
Com o aparecimento da variante delta, era de elementar prudência reforçar as medidas de prevenção anti-covid19, o que foi feito atempadamente nestas colunas. Alvitrou-se a anulação dos numerosos eventos previstos para o Mouchão, uma vez que qualquer ajuntamento, mesmo com todas as precauções, é propício a contágio. Além de dar uma imagem errada de despreocupação e ausência de risco. É muito provável que, sem a série de eventos municipais naquele espaço, não houvesse ali a missa nova, um ajuntamento pouco ou nada usual num jardim público.
Segue-se que, apesar dos avisos, e com os contágios a aumentarem consideravelmente, ao arrepio do que seria prudente, a srª presidente insiste em manter tudo como previsto, o que pode redundar num desastre local. Oxalá me engane. Trata-se de uma posição usual, sobretudo em Tomar, que creio ter como origem três factores, que apresento como sentidos pelos visados:

1 - Trata-se de ataques pessoais, a que nunca se deve responder;
2 - A esquerda é moralmente superior e por isso não aceita críticas;
3 - São pontos de vista machistas, se fosse um presidente...

Lamentavelmente é esta a situação a que se chegou em Tomar, a qual torna tudo muito mais difícil. Para não alongar, que os queridos conterrâneos detestam textos longos,  eis, entre vários outros, um exemplo verificável:
Nas obras da Estrada do Convento houve um erro de projecto, ou de execução do mesmo, donde resultou que, num ou dois pequenos troços, a estrada ficou demasiado estreita, não permitindo que nela se cruzem dois autocarros. Por essa Europa fora, teria sido algo logo reparado, uma vez assinalado pela fiscalização. Aconteceu, contudo, que em Tomar a fiscalização não deu por nada, ou fingiu que não viu, vá-se lá saber no meio do lamaçal tomarense.
Confrontados com a insólita realidade, os técnicos superiores municipais atamancaram. Resolveram a coisa de forma expedita, com um sinal de trânsito proibindo os autocarros de descer aquela via. O que leva a queixas de que muitos turistas só vão ao convento e não descem à cidade. Pudera!
Oportuna, como quase sempre na sua óptica, Anabela Freitas vai esclarecendo, quando cabe, que Tomar não quer excursionistas, apostando mais no turismo familiar. Como se a autarquia apostasse de facto nalguma coisa.
E assim vamos estando. Já passaram onze longos anos e a Estrada do Convento continua aguardando que restabeleçam a faixa de rodagem com a largura que tinha antes das obras. Mas como emendar seria reconhecer os erros e omissões municipais, coisas desconhecidas naquela casa, onde ninguém falha, é bem provável que ainda tenhamos de aguardar pelo menos outros 11 anos, para que algo mude.
Enquanto insistirem em confundir críticas fundamentadas com ataques pessoais, ou simples reparos ocasionais com quezílias políticas, não adiantará protestar contra a fuga da população, pois ela tenderá a acentuar-se, em virtude daquela velha máxima popular bem conhecida: "Quem não está bem muda-se." 
E viver em Tomar já foi bem mais agradável...

quarta-feira, 28 de julho de 2021

 


Pandemia/Política local

TUDO O QUE É DEMAIS PARECE MAL

Sempre foi um problema meu, que me  leva a sentir-me melhor quando estou longe da terra onde nasci. Tenho sempre dúvidas, enquanto os meus queridos conterrâneos parece só terem certezas. Defeito meu, portanto.
Agora sou confrontado com um problema médico, para o qual não estou minimamente capacitado em termos profissionais. Mas  que nem por isso me alivia as usuais dúvidas. Segundo a Rádio Hertz, as autoridades de saúde de Tomar determinaram 44 altas de uma assentada, num universo de quase cem pacientes. Ou seja, um em cada dois cidadãos com covid19 deixou de estar doente e passou a curado, assim do pé para a mão:
https://radiohertz.pt/tomar-coronavirus-autoridades-de-saude-deram-alta-a-44-pessoas-ha-agora-56-contagios-ativos-e-1714-casos-por-100-mil-habitantes/
Pode bem ser a coisa mais natural deste mundo, estou pronto a admitir, se me explicarem com paciência. Mas a priori não me parece. Pelo contrário. Vejo uma enormidade. Que pode ter várias explicações plausíveis:
1 - Boa parte dos pacientes eram afinal falsos infectados;
2 - As 44 altas referem-se aos últimos dez dias, mas devido a desleixo, ou por razões de oportunidade, só agora foram comunicadas à informação local;
3 - Trata-se em boa parte da chamada "alta para animar a malta", como acontece com alguma frequência. Dá-se alta ao doente e manda-se para casa, onde acaba por falecer dias depois;
4 - Há festarolas musicais previstas para o Mouchão nos fins de semana, e com tantos infectados, era bem capaz de ir lá menos gente, de forma que estas 44 altas foram mesmo bastante oportunas em termos de política local. Sobretudo tendo em conta que a nossa querida presidente nunca dá o braço a torcer. Nem  que o covid tussa por toda a cidade.
Estou ciente que na cosmopolita e tolerante atmosfera tomarense (em sentido irónico) o culpado vou ser eu, como quase sempre, por ter "levantado a lebre", e não quem providenciou as 44 oportunas altas médicas num dia. Pois seja. Aqui fica a minha cabeça no cepo e três conhecidas sentenças populares, de aceitação geral, todas muito a propósito.
A primeira é o título desta crónica: "Tudo o que é demais parece mal", e 44 altas médicas de uma assentada, num universo inferior a 100 alegados doentes, só em Tomar é que poderá parecer algo normal.
A segunda vem já do tempo do império romano, quando Portugal ainda só viria a existir no milénio seguinte: "À mulher de César não lhe basta ser séria. Tem de parecê-lo." Mesmo se depois insistirem em culpar quem critica.
A terceira, enfim, é do Sherlock Holmes: "Para achar o criminoso deve começar-se por determinar quem beneficia com o crime."

ADENDA ÀS 18HOO (hora de Lisboa) de 28/07/2021

No caminho certo

Informam as fontes oficiais do costume que há a registar 10 novas infecções em Tomar, o que eleva o total de casos activos para 66. Ourém, que tem mais 10 mil habitantes, regista neste momento 68 doentes com covid 19:
https://radiohertz.pt/tomar-coronavirus-foram-detetadas-mais-infecoes-no-concelho-e-ha-47-pessoas-em-vigilancia-ativa/
Com mais uns eventos no Mouchão e graças a umas altas oportunas, para ajudar a crer que vai tudo bem, não tarda Tomar ocupará o primeiro lugar do ranking regional, posição que ainda há poucos dias pertencia a Constância. É como reza o lema de campanha da srª presidente-candidata. Estamos no caminho certo. Infelizmente, acrescento eu.

terça-feira, 27 de julho de 2021



Para os meus queridos conterrâneos, convencidos de que a candidatura dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO era coisa fácil; tal como para aqueles outros que resolveram pagar sem olhar a quem, para elaborar o respectivo processo de candidatura, que pelos vistos naufragou algures, no mar da apagada e vil tristeza lusa, referida por Camões, a leitura atenta do texto seguinte pode ser bastante útil. Caso ainda estejam dispostos a aprender, bem entendido. Se é que alguma vez estiveram. Fixem desde já que a candidatura de Nice foi preparada durante sete anos, tendo contado com o apoio do presidente da República, Emmanuel Macron.

TRADUZIDO DO LE MONDE ONLINE, por António Rebelo, ancien de l'Université de Paris VIII

"NICE E O "ESPÍRITO DE VILEGIATURA" 
NO PATRIMÓNIO MUNDIAL DA UNESCO"

Gilles Rot, correspondente do Le Monde em Marselha

"Nice, a marginal, conhecida como a alameda dos ingleses, os palácios, as palmeiras, as igrejas russas. os hotéis Art déco e os casinos, entram oficialmente na lista do Património mundial da UNESCO. No passado dia 27 de Julho, os 21 países membros do respectivo comité reconheceram o "valor universal excepcional" da capital da Côte d'Azur e da sua herança arquitectónica, paisagística e urbanística, que se expandiu entre 1760 e o início da segunda guerra mundial. A prefeitura dos Alpes marítimos faz parte desta classificação restrita, que não dá direito a qualquer financiamento específico, na qualidade de "cidade de vilegiatura de inverno de Riviera". "Nice reivindica a invençao deste conceito de Riviera, agora reconhecido pela UNESCO como a expressão  de um grande fenómeno societal: a aparição de uma actividade puramente hedonista, tendo como objectivos o bem estar e a felicidade, a que agora chamamos turismo e que na época se designava vilegiatura", explica o ex-ministro da cultura Jean-Jacques Aillagon, que desde 2014 é o presidente da missão "Nice património mundial", a pedido do presidente da câmara Christian Estrosi.
Durante quase dois séculos, o fenómeno riviera modelou o desenvolvimento urbanístico da cidade, dotando-a de palácios, vivendas, moradias, hotéis de luxo, imóveis de férias e lugares de culto. Uma herança cosmopolita que, além do património francês e italiano, mistura influências dos seus riquíssimos visitantes. ingleses, russos, austro-húngaros, ou mais tarde americanos, que na esteira dos csares, da raínha Vitória de Inglaterra, ou da imperatriz Josefina, passam o inverno na costa

UM MODELO INTERNACIONAL

Uma especificidade que também transformou a aglomeração urbana de NIce num modelo internacional, difundindo a sua importância a outros locais balneares, de Optija, na costa dalmata (Croácia), a Ialta na Crimeia (Ucrânia). NIce junta-se assim, nesta classificação da UNESCO, a outros sítios franceses, como o Porto da Lua (Bordéus), Le Havre, Vichy (inscrita no painel das "grandes cidades termais europeias", no passado dia 24 de Julho), ou ainda, para mencionar alguns vizinhos da Região Provence-Alpes-Côte d'Azur, o Palais de Papes em Avignon e as construções romanas de Arles e Orange.
Diferido um ano, devido à pandemia mundial, o estudo do dossier de Nice, apresentado pela França para 2020, por decisão do presidente da República Emmanuel Macron, teve lugar em Fuzhou (China), onde a UNESCO realiza actualmente a 44ª sessão do seu Comité do Património Mundial. Houve um longo debate por video-conferência, durante o qual o Conselho mundial dos monumentos e dos sítios (ICOMOS), que sempre analisa os dossiers, emitiu uma decisão de adiamento, solicitando a revisão do perímetro a classificar e considerando que a França ainda não tinha implementado uma estrutura de protecção da área a classificar.
Apesar disso, os governos que participavam na decisão, entre os quais, a Rússia, historicamente ligada a Nice, consideraram que a França se antecipara aos reparos levantados, nomeadamente criando um sítio patrimonial de relevo, dotado de uma área de valorização da arquitectura e do património (Avap), validada em 30 de Junho pela Metrópole NIce-Côte d'Azur, e pela prefeitura dos Alpes Marítimos, no dia 15 de Julho. Além disso, Nice aceitou retirar da candidatura a Praça Garibaldi, praça real, e comprometeu-se a mandar fazer um mapa actualizado do perímetro agora inscrito, antes de 1 de Dezembro de 2021.
O referido perímetro agora classificado Património mundial tem 522 hectares, englobando uma banda litoral que inclui a  totalidade da alameda dos ingleses, o porto de Nice até à zona do Cap. Estende-se igualmente pela margem direita do rio Paillon, com a colina de Cimiez, com muitas moradias e palácios, mas também pela margem esquerda e colina do castelo, urbanizada como parque público logo no início do século XIX, e que oferece os melhores panoramas sobre a baía dos Anjos. A esta parte central acrescenta-se uma zona tampão de 4.243 hectares, que vai até às comunas de Falicon, Saint-André-de-la-Roche, Aspremont e Tourrette-Levens. O núcleo histórico de Nice não foi incluído na classificação, por fazer parte do desenvolvimento anterior da cidade.
"Até 1750, Nice mantém-se nos seus limites medievais, vivendo designadamente do comércio de produtos agrícolas. Depois estende-se na margem direita do rio,  conquista a costa marítima e a colina de Cimiez, graças à nova economia que é a vilegiatura de inverno", especifica Jean-Jacques Aillagon que, com a sua equipa, convenceu o presidente da câmara Christian Estrosi a alargar a candidatura para além da simples Promenade des Anglais.
Nascido em Nice e definindo-se como um apaixonado pela cidade, Christian Estrosi começou a considerar o processo de candidatura desde que ganhou a câmara, em 2008.
"Esta vitória constitui um forte incentivo para implementar uma política de renovação e de preservação da herança edificada", assegura quem já madou demolir algumas construções de mandatos anteriores, como a central de camionagem ou o teatro nacional e o palácio dos congressos Acropolis, para os substituir por uma correnteza verde. "Vejo igualmente este sucesso como uma meta pessoal, prossegue Estrosi. Pretendia que reconhecessem o património extraordinário de Nice. Acabo de alcançar aquilo que pretendo legar aos meus concidadãos. Esta parte da cidade é agora intocável. Com ar contente, reconhece ter vivido com emoção as últimas horas antes de conhecida a decisão do comité, após aquilo que designa como "um autêntico percurso do combatente" .
Enquanto Jean-Marc Governatori, líder dos ecologistas vê com agrado a decisão da UNESCO, Philippe Vardon, da extrema-direita (RN), principal opositor do presidente da câmara,  mostra-se bastante crítico. "É Nice do século XIX, a cidade europeia modelada pela nobreza russa e inglesa, que acaba de ser reconhecida, não é Christian Estrosi", apontando na decisão da UNESCO "um incentivo para preservar a alma de Nice histórica, uma cidade na qual, fora do perímetro agora inscrito, se está a construir em excesso."


 


Turismo/Economia local/Hotelaria

Na Guarda há um problema hoteleiro
Em Tomar há pelo menos três

Segundo o Expresso online, numa notícia que pode ler aqui:
https://expresso.pt/sociedade/2021-07-26-Governo-volta-a-por-Hotel-Turismo-da-Guarda-a-concurso-para-concessao-de-privados-ccefa58b
o governo volta a tentar concessionar a privados o Hotel de Turismo da Guarda. Trata-se de um belo edifício de 1936, da autoria de Vasco Regaleira, onde funcionou um hotel que fechou em 2010. A câmara local acabou por ficar com o imóvel, que depois conseguiu vender ao Turismo de Portugal, por 3,5 milhões de euros. Actualmente valerá metade. O governo pretende cedê-lo por 50 anos a uma entidade privada, mediante uma renda anual mínima de 35 mil euros.
A Guarda é uma bela cidade, com uma população ligeiramente superior à de Tomar, apesar de capital de distrito. Tradicionalmente conhecida como a cidade dos 4 F (forte, farta, feia e fria) tem uma bela catedral gótica, um centro histórico que vale a pena percorrer e uma gastronomia de fazer crescer água na boca.
Não tem todavia um monumento âncora turística, tipo Convento de Cristo, que averbava 300 mil visitantes anuais antes da pandemia. Talvez por isso, esta já é a segunda tentativa para entregar o hotel, encerrado desde 2010.
Entretanto em Tomar, apesar do Convento de Cristo - Património da Humanidade, dos Tabuleiros, do Nabão e da albufeira do Castelo do Bode, há 3 problemas hoteleiros que se arrastam sem fim à vista. No próprio Convento de Cristo, o ex-hospital militar, que ocupava a antiga enfermaria, foi extinto há mais de 20 anos. Desde então aquele magnífico conjunto está fechado ao público, a acumular pó.
A dada altura ainda se falou na hipótese de ali vir a funcionar uma unidade hoteleira, mediante prévia concessão a privados, tanto mais que confina a poente com a antiga hospedaria conventual, mas choveram logo as críticas. Vieram quase todas daquela gente da extrema-esquerda marxista-leninista, que não há meio de aceitarem que a dada altura se enganaram, mesmo se agora já votam noutras formações.
E a parte filipina do Convento de Cristo continua abandonada, aguardando melhores dias. O que nem surpreende quem se interessa por estas coisas do património. O tornado de há dez anos danificou o fecho da fachada sul do coro alto manuelino. Tal como ficou, assim está. Até quando?
Problema do governo, é verdade, mas se a Câmara não reivindica, em Lisboa haverá até quem nem sequer saiba para que lado fica Tomar. Onde subsistem dois problemas turistico-hoteleiros importantes. Trata-se da Estalagem de Santa Iria e do convento do mesmo nome.
Quanto ao edifício do Mouchão, ou muito me engano, ou após sucessivas tranquibérnias, que muito deram que falar, designadamente para as bandas de Leiria, passadas as eleições e o auge da pandemia, há fortes riscos de tudo voltar à estaca zero, devido a alguns excessos de apetite.
Os mesmos excessos que desde a era Paiva vão impedindo que o ex-Convento de Santa Iria e ex-CNA feminino deixem de ser meras ruínas. Apesar das sucessivas promessas de Anabela Freitas, que ainda a semana passada, questionada pela vereadora Célia Bonet, voltou a falar na hipótese Vila Galé. Como se os donos da cadeia hoteleira que tem, entre outras aqui no Brasil, uma unidade magnífica ali na Praia do futuro - Fortaleza - CE, fossem gente de largar a lã pelas balsas.
António Paiva deixou estabelecido que no antes citado conjunto deverá funcionar um "hotel de charme" de quatro estrelas. O problema é que, antes de haver mudanças radicais de perspectiva, tanto no caso da Estalagem como no outro "l'encadrement n'est pas du tout charmant, bien au contraire".
Citando os índios aqui do Ceará: "São brancos, que se entendam!"

segunda-feira, 26 de julho de 2021

 



Autárquicas 2021/CHEGA

 CHEGA com dificuldades de recrutamento em Tomar

Aos bochechos, o CHEGA lá vai apresentando os seus candidatos. Hoje um, amanhã dois, para a semana mais. A sete dias do prazo-limite para a entrega das listas completas, a situação não parece estar famosa para esta nova força partidária. Só hoje deram a conhecer o 4º elemento para o executivo e precisam de apresentar 14.
Perante tal situação, os elementos das outras candidaturas rejubilam. Alguns, mais sujeitos a fugas de eleitorado, como o PSD ou o CDS, por exemplo, até já respiram de alívio. No meu entender é prematuro, essencialmente por dois motivos.
Desde logo logo porque há de novo, tanto em Tomar  como no resto do país, um clima de medo. Não há polícia política nem censura, mas  há retaliações e banimentos, por parte dos instalados no poder. Leia-se, por exemplo, a parte final da crónica de Clara Ferreira Alves, na revista do Expresso desta semana. Ou atente-se no estado manifestamente comatoso dos órgãos de informação tomarenses.
Num cenário destes, os tomarenses em geral, que sempre foram conhecidos pela sua falta de empenhamento cívico e acentuada duplicidade social (para não usar outra palavra mais pesada), procuram abster-se de tudo o que os possa identificar como apoiantes disto ou daquilo na área política. Uns porque têm uma clientela, outros porque são funcionários e conhecem o sistema de recrutamento e de promoções, outros ainda devido à pressão social. É assim que funciona em todas as terras, de forma mais ou menos acentuada.
Todavia, sendo certo que as presentes dificuldades do CHEGA vão corroer o seu capital de credibilidade, ainda é demasiado cedo para as outras formações venderem a pele do animal, que é como quem diz gritarem vitória. Será mais sensato aguardar a contagem dos votos ao início da noite de 26 de Setembro, para então celebrar ou não, consoante os casos.
Uma coisa é dar o nome, assinar por baixo, fazer parte duma lista. Outra muito diferente são os comentários anónimos. Ou as cruzinhas feitas no segredo da cabine de voto. No meu entender, surpresas desagradáveis continuam a ser possíveis para os partidos tradicionais, a partir do centro-esquerda, apesar das evidentes dificuldades de recrutamento do CHEGA. É só esperar para ver.

 


Pandemia/Cultura

O pior cego 
é aquele que não quer ver

Tal como era previsível, e nestas colunas já foi referido em tempo útil, nos concelhos de Tomar, Ourém e Torres Novas o covid19 avança a ritmo galopante:
https://radiohertz.pt/tomar-coronavirus-concelho-ja-nao-devera-escapar-as-medidas-de-risco-elevado-havera-limitacao-de-circulacao-e-restaurantes-serao-dos-mais-controlados/
Perante tão alarmante realidade, espanta que Anabela Freitas insista em debitar banalidades, em vez de ter a coragem de encarar as coisas como elas são, e decidir como se impõe.. Começando pela interrogação básica: Porquê em Tomar, Ourém e Torres Novas, onde tem havido sucessivos eventos culturais, aumentam os contágios, e não em Abrantes, por exemplo, onde têm sido mais prudentes nessa área? Os contágios são apenas obra do acaso? Ou de evidentes comportamentos de risco, tipo eventos musicais com mais de cem pessoas, sem controle sanitário à entrada, e mesmo separadas?
Examinando as coisas de forma mais detalhada, seria cómico se não fosse trágico ouvir as recomendações da srª presidente da câmara, no sentido de se evitarem ajuntamentos, como por exemplo casamentos e baptizados, ao mesmo tempo que vai garantindo que continua a ser seguro assistir aos eventos culturais (e a missas) no Mouchão. Afinal, que ajuntamentos são mais importantes para os cidadãos? Um casamento? Um baptizado? Uma missa jardinal? Um concerto de música ligeira?
É como diz o povo, na sua sabedoria milenar, "Não há pior cego que aquele que não quer ver". No caso, cegueira política, para evitar dar o braço a torcer, o que seria um rombo no usual comportamento tipo "quero, posso e mando; execute-se". Atitude que tem custos elevados para a comunidade, neste e noutros casos.
Em Setembro saberemos se os tomarenses gostam assim, ou se preferem outro tipo de exercício do poder local. Menos autista, menos autoritário, mais dialogante, mais partilhado, reconhecendo e emendando os erros cometidos.

domingo, 25 de julho de 2021

 


Autárquicas 2021/PS

No caminho certo?

Os socialistas tomarenses adoptaram um slogan que lhes foi proposto, o qual tem muito que se lhe diga. Poderia começar-se por questionar se há mesmo um caminho certo, e quem determina se é certo ou não. Isto porque, durante o acto de apresentação das candidaturas, pelo menos três intervenientes activos garantiram que o PS-Tomar é o único caminho certo, não vá dar-se o caso de haver vários outros.
Poderia também questionar-se a coerência e adequação política de tal slogan nos tempos que correm. Porque caminho certo cheira demasiado a beatice bolorenta, a Concílio de Trento, contra-reforma, santa inquisição, e por aí adiante. Não será decerto mero acaso se ainda hoje os partidos comunistas com maior representação parlamentar se situam todos nos países católicos e/ou ortodoxos
Procurando fugir das duas vertentes anteriores, e aceitando que possa mesmo haver um caminho certo, por oposição a outros errados, convém mostrar em que consiste esse dito caminho. Trata-se obviamente, quer se queira quer não de um percurso entre dois pontos. No caso, os arautos socialistas tomarenses vão situá-lo, na melhor das hipóteses, entre Setembro de 2021 e Agosto de 2025. Aceite-se e questione-se: Durante esse percurso imaginário, quais são os monumentos, quais são as paisagens, quais são as curiosidades, quais são as realizações previstas, quais são as etapas ?
É quase certo que nem Anabela Freitas nem Hugo Cristóvão, os chefes de fila da coisa, saberão responder em pormenor. E se lhes perguntarem qual é o objectivo final a atingir, decerto ficarão mudos. Ou dirão uma frase feita. Para já, apenas disseram que vai haver 12 milhões para casas de renda assistida. O que é extremamente original, para não escrever outra coisa. 
Casas de renda assistida, num concelho que perdeu cinco mil residentes nos últimos dez anos, à média de 500 por ano, pode querer dizer duas coisas: 
Hipótese A: Esses cinco mil migrantes foram-se de Tomar por não haver casas de habitação à sua medida, o que é estranho, pois se tal fosse o caso já se saberia de certeza, graças às suas queixas, o que ainda não aconteceu. Nunca se ouviu dizer "fulano foi-se embora porque não conseguiu arranjar casa". Nem mesmo à população do Flecheiro. 
Hipótese B - Construindo casas de renda assistida, consegue-se evitar a emigração e atrair novos residentes, o que falta demonstrar.
Verdade verdadinha, o PS local resolveu que vai mandar edificar casas de renda assistida, num concelho em acentuado despovoamento, caso vença em Setembro, apenas e só para seguir instruções vindas do governo do dr. Costa. O que se compreende. Há aquela velha máxima chinesa, segundo a qual "se deres um peixe a um homem, ele alimenta-se uma vez; se lhe ensinares a pescar, ele alimenta-se toda a vida". Acontece o mesmo com as casas. Se deres uma casa de renda assistida a uma família, vais torná-la dependente para longos anos, ou mesmo para  a toda a vida. Se lhes posssibilitares empregos produtivos, vais torná-los livres de decidir. Como é óbvio, interessa aos socialistas que haja no país cada vez mais dependentes das benesses do erário público. Os ciganos tomarenses que o digam.
Deram-lhes alojamento, assim mudando os problemas anteriores de sítio, porém agora para os integrar vai ser um longo caminho muito incerto. Mas há os votos assim conquistados, que contam muito. 
E depois ainda têm a lata de vir proclamar que são o caminho certo? Pelo menos tenham tento na língua!

ADENDA
Um pensamento muito comovido em memória de Otelo Saraiva de Carvalho, camarada de armas sem cuja coragem e determinação eu não estaria aqui a escrever estas linhas. Que descanse em paz, porque mereceu, apesar de tudo.

 


Autárquicas 2021/ Candidatura PS

Gente que pensa pouco 
e nem sempre bem

Ao que parece, terá surpreendido a reacção de Tomar a dianteira à evidente despromoção do vereador Helder Henriques. Assim consta das notícias frescas chegadas de Tomar. Não se entende porquê. Trata-se de um ilustre conterrâneo, brilhante oficial superior do exército, que não merecia semelhante ofensa, ainda para mais totalmente gratuita e portanto intencional.
Como é do conhecimento geral, em 2013, o PS ganhou inesperadamente, por uma margem inferior a 300 votos, e sem maioria absoluta. Anabela Freitas foi por isso forçada a solicitar um acordo com o vereador da CDU Bruno Graça, a quem entregou os pelouros que no seu segundo mandato vieram a ser de Helder Henriques.
Em 2017, mercê da eutanásia dos IpT, o PS ganhou de forma mais folgada, (uma diferença superior a mil votos), mas num contexto muito diferente de 2013, pois entretanto desaparecera, como já vimos, o terceiro contendor. Houve assim um partilha de sufrágios entre as duas grandes forças tradicionais, e só por isso foi possível aos socialistas conseguirem 4 eleitos em 7, o que permitiu a entrada do independente Helder Henriques, como vereador e tempo inteiro.
Para o seu eventual terceiro e último mandato, Anabela Freitas está confrontada com uma paisagem política muito diferente de 2017. Não há IpT, mas entretanto apareceram três novidades que tornam o desfecho final muito mais incerto. Os jovens do VOLT já demonstraram que trazem uma atitude nova e muito dialogante, que pode levá-los algures à roda dos mil votos.
O CDS  conseguiu um excelente candidato, muito calejado pela vida e com manifesta habilidade para a política. Não surpreenderia por conseguinte que conseguisse ser eleito, com uma votação entre mil e quinhentos e dois mil votos.
Finalmente o CHEGA, outro estreante, que obteve um brilhante sucesso na recente mini-sondagem do Tomar na rede. pode surpreender pela positiva, caso consiga ultrapassar os 2 mil votos, conquanto a hipótese de vitória seja agora mais remota, tendo em conta as atribulações várias, entretanto ocorridas na formação das listas, que tardam em aparecer..
Em semelhante contexto, à partida muito mais complexo que em 2017, Anabela Freitas pode vir a vencer, nomeadamente graças aos votos entretanto cativados todos sabemos como, mas não se vê como possa conseguir a maioria absoluta, tendo em conta a inevitável dispersão de sufrágios. Terá portanto, na melhor das hipóteses, três eleitos, caso vença, pelo que a despromoção de Helder Henriques só pode ter sido ou uma ofensa intencional, ou algo pouco ponderado, para agradar a uma amiga íntima, cujas hipóteses são muito remotas e se está apenas posicionando para 2025.
Se outra fosse a ideia, por exemplo afastar o actual vereador sem alarde, bastaria tê-lo deixado no mesmo 4º lugar de 2017, até por uma questão de mera decência. Assim como foi feita, qual a utilidade da manobra, para além de amesquinhar o visado? Se nem a promovida síndica do serralho parece ter grandes hipóteses de vir a ser eleita, qual a função prática de Helder Henriques em 5º lugar? Está-se mesmo a ver que é só para compor a lista. Como acontece com o ex-presidente da AM em 7º lugar.
Humilhado gratuitamente, mas mesmo assim obediente. Foram muitos anos na cadeia de comando, e isso deixa marcas indeléveis.

sábado, 24 de julho de 2021

 


Autárquicas 2021/Apresentação de candidatos

PS-TOMAR  mais arrogante e autista

Quando ainda há poucas horas assistia a mais uma manifestação anti-Bolsonaro, ali no calçadão da beira-mar, sem qualquer presença da polícia, pensei nos idos de 75, quando em Portugal também havia  uma alegria assim. Confortavelmente sentado num dos bancos de troncos de madeira tropical do mobiliário urbano, fui vendo passar.
E valeu a pena. Assim fiquei a saber que também por estes lados há uma enorme diversidade nas esquerdas. Não vi nenhuma bandeira PS ou coisa próxima, mas muitas do PT. E tive até uma surpresa. Aqui no Ceará, um dos 27 estados federais brasileiros, muito maior que Portugal, mas com menos de 7 milhões de habitantes, há três partidos comunistas. Vi bandeiras vermelhas, todas com a foice e o martelo a amarelo torrado, porém com legendas diferentes: PCB - Partido Comunista Brasileiro, PC do B - Partido Comunista do Brasil e PCdoB 65 -Partido Comunista do Brasil - 65.
Passado um quarto de hora, o cortejo continuava, entremeado por carros de som com quantidade de difusores estéreo, mas lá fui para a habitual caminhada ao longo da praia, meditando na apresentação dos candidatos PS-Tomar, que entretanto já ocorrera, dada a diferença horária de mais 4 horas em Portugal.
Já em casa, do que li na compacta reportagem do Tomar na rede, a cerimónia socialista confirmou aquilo que previa. António Costa, primeiro-ministro e secretário geral do partido, esteve ou vai estar em sete apresentações de candidaturas socialistas durante este fim de semana, mas não se deslocou a Tomar. Mandou uma ministra de segunda fila, para um concelho cada vez mais de segunda categoria.
Os optimistas, seguidores de Anabela Freitas e Cª, dirão que nem valia a pena vir o camarada Costa, porque a coisa está no papo. Em Setembro são favas contadas. Já os pessimistas, que nem sempre concordam, pensam que em Setembro também pode acontecer que os socialistas tenham de pagar as favas, tanto por aquilo que fizeram, como o que deixaram para fazer, pelo que o inteligente Costa se estará a reservar para uma segunda oportunidade. Lá mais para o final da campanha, como esforço derradeiro para compor a coisa.
Entretanto, em termos de imagem, notam-se nas listas apresentadas duas tendências - arrogância e autismo. Arrogância porque, quem nem sempre esteve de acordo, ou foi despromovido e/ou saltou fora da carroça.
A despromoção do vereador ex-IpT, que passa de 4º para 5º, dando lugar a uma  militante socialista de pouca experiência, constitui um vexame público. Tratando-se de um oficial superior na situação de reserva, nem se entende o que o terá levado a aceitar um evidente enxovalho para si e para a instituição que representa, quer queira quer não. Porque se foi despromovido...
Já o deputado municipal João Simões, um dos melhores e de certeza o mais experiente da AM, foi ejectado para fora da carroça, porque nem sempre esteve de acordo, e o núcleo duro da lista não tolera críticas. Venham de onde vierem.
Falta agora apurar apenas qual vai ser a opinião dos eleitores. No meu reles entendimento, as perspectivas para os socialistas nabantinos não são nada brilhantes. Mas posso estar enganado, designadamente devido à distância, que é considerável. Em todo o caso, há um detalhe que não engana. Todos no PS vão repetindo que a lista PSD não convence. Estou de acordo. Mas os laranjas têm uma vantagem, chamada benefício da dúvida. Coisa que o PS já perdeu há muito, porque na política a boa reputação é como a virgindade. Uma vez perdida, nunca mais se recupera. E quem tem sempre razão são os eleitores. Nunca os eleitos.

 


Turismo/política local

Até a protecção dos morcegos 
pode ser um argumento contra.

Tomar a dianteira já antes aqui falou do parque temático do Puy-du-fou, em França, e do seu desdobramento em Toledo, Espanha, para mostrar a diferença entre a Festa Templária e outras abordagens históricas mais baratas para os contribuintes. Isto porque, sendo uma evidência, ainda assim não fica mal relembrar que o dinheiro não é elástico, nem a União Europeia é um manancial inesgotável. As somas gastas num lado acabam sempre por fazer falta noutros.
Apareceu agora, no Le Monde, mais uma expansão do Puy-du-fou, desta vez no sul de França, em La Barben, uma comuna com 900 habitantes. Caso consiga ler francês, pode conferir aqui:
https://www.lemonde.fr/societe/article/2021/07/23/vent-de-fronde-contre-le-puy-du-fou-provencal_6089302_3224.html
Nas suas grandes linhas, o caso é simples. Um cidadão de 35 anos, católico tradicionalista, Vianney Audemard d'Alançon, cujo nome tresanda a velha Provença de muitos séculos, comprou o castelo de La Barben e respectiva cerca, para aí instalar um parque temático, tipo Puy-du-fou, e realizar recriações históricas. É o Rocher Mistral.
Após um investimento de 37 milhões de euros (7 milhões de subsídios e 30 de capitais próprios), o empreendimento já está a funcionar, com um parque de estacionamento de 500 lugares, amplas instalações sanitárias, bilhética electrónica, 200 empregos permanentes e recebendo já cerca de mil visitantes/dia, apesar do covid19.
Tudo bem, no melhor dos mundos possíveis? Nem por isso. Apesar de situado em França, o Rocher Mistral fica no sul, próximo da costa do Mediterrâneo, e os povos do sul, como é sabido...
Apesar do novo maná, cidadãos da zona já requereram a limitação das actividades do parque temático. Alegam excesso de ruído e de trânsito, acusando o proprietário de não ter todas as autorizações indispensáveis.
Juntou-se-lhes uma agremiação ecologista, que acusa a empresa proprietária do parque de "perturbação intencional de espécies protegidas". Referem-se a uma colónia de morcegos, que antes habitava nas caves do castelo...
Que relação tem tudo isto com Tomar? A diferença de modelos organizativos  numa mesma matéria. A recriação histórica e o folclore local, como produtos turísticos. Em França trata-se de investimento privado, que proporciona confortáveis valores acrescentados e cria emprego. Em Tomar, pelo contrário, é um sorvedouro de fundos públicos e apenas cria alguns empregos de funcionários públicos. Falo designadamente da Festa dos Tabuleiros e da Festa Templária. 
Têm retorno? Promovem Tomar? É o que se diz, mas ninguém até agora conseguiu demonstrar. Certo, mesmo certo, é que os tabuleiros de 2019 custaram 600 mil euros ao orçamento municipal, e cada festa templária custa um pouco mais de 100 mil euros. Este ano foi menos, porque houve necessidade de reduzir, devido à pandemia. De qualquer maneira, tanto o Puy-du-fou como La Barden também têm retorno e promovem as a suas regiões respectivas, sem necessidade de recorrer sempre aos fundos públicos. Tudo depende do modelo de gestão adoptado.
Convinha que os eleitores tomarenses ainda capazes de meditar um pouco, pensassem nestes casos antes de fazerem a cruzinha e entregar o papel, em Setembro próximo. A mentalidade sempre em festa e à borla, é muito bonito e agradável, permite comprar votos, mas tem custos demasiado elevados.
Os franceses do Puy-du-fou e da La Barden não têm nada a ver com o assunto, como é óbvio. Servem apenas de ilustração. Ainda que, estas coincidências não se inventam, o presidente da câmara de La Barden, que desmente ser contra o parque temático, seja um respeitável cidadão francês cujo nome não engana ninguém no vale nabantino: Franck dos Santos, em português Francisco dos Santos.

sexta-feira, 23 de julho de 2021


Vida quotidiana

Apetecia e apetece o exílio

Com a devida vénia à autora, Clara Ferreira Alves, e à revista E do Expresso, o escriba destas linhas pede licença para fazer suas, dele, neste caso minhas, as frases que seguem. Com uma ligeira variante, além da sua forma actual. Que quem leia experimente substituir "Portugal" por Tomar, "governo" por autarquia e "portugueses" por tomarenses. Fica logo um outro ramalhete. Se não se nasce impunemente em Portugal, nascer em Tomar pode ser uma pequena tragédia.

Se puder, leia a crónica integral, na edição desta semana da revista E, incluída no Expresso semanal.

"Estes dias pardos fazem recordar os dias cinzentos da agonia de Salazar e do caetanismo. A vida seguia igual e não parecia haver esperança de furar a monotonia da incompetência. Apetecia o exílio. Quase 50 anos depois da revolução de abril, nunca imaginei que tal sabor amargo viesse à boca, o de não ver futuro para Portugal, de não descobrir chefes respeitáveis que não façam da mentira a verdade da propaganda. A verdade é simples, este Governo é mau, e não se vislumbra que Governo bom poderá dar cabo deste Governo mau. Estamos enclausurados, e isto também é falta de liberdade, num círculo de palermas e de ambiciosos sem o equipamento intelectual necessário para navegar águas altas. Com raras exceções, o respeito pelos portugueses não abunda. Em compensação, o respeitinho, o respeitinho de que falava Alexandre O’Neill, está por todo o lado, porque a longa manus do Estado retalia e persegue, vinga-se e prejudica. Elimina e silencia."

 

O assalto ao castelo através de janelas que só vieram a existir três séculos mais tarde, na melhor da hipóteses. Um exemplo de respeito pela História.

Pandemia/campanha eleitoral

FRANCAMENTE SENHORA DELEGADA DE SAÚDE!

Uma pessoa lê e fica incrédula. Será Possível? A senhora Drª Delegada de saúde garante que não houve nenhuma infecção de covid19, provocada pela recente edição da Festa templária. Até agora? Definitivamente?  Já passou o período máximo de incubação? Acrescenta que podem portanto continuar os eventos já anunciados para o Mouchão, onde até já foi detectado um caso de contágio.
Salta aos olhos que se trata de uma declaração tipo atestado médico a pedido, neste caso da maioria PS na autarquia, interessada nos eventos, sobretudo como veículo de propaganda eleitoral. Declaração-atestado médico que é de uma extrema gravidade. Não só por aquilo que pode vir a implicar, caso a pandemia aumente na cidade e na região, mas também por omitir em que dados médicos concretos se baseia:

https://radiohertz.pt/tomar-coronavirus-delegada-de-saude-assegura-que-nao-houve-nenhuma-infecao-provocada-pela-festa-templaria-e-que-tomar-cultura-viva-pode-continuar-a

Assistiram e/ou actuaram na referida festa dita templária mais de quinhentas pessoas. Já foram todas testadas? Quando? Onde? Por quem? Não foram testadas, mas supõe-se que não haja casos de contágio, porque não houve até agora qualquer queixa? Desde quando na área médica se dão garantias públicas baseadas em simples palpites?
Com franqueza, senhora delegada de saúde! Não comprometa assim tão abertamente a sólida reputação da profissão médica em Portugal. Quem lhe pode garantir que não haja casos assintomáticos? Como foi possível identificar e testar todos os espectadores, actores e outros participantes na festa?
O sistema democrático só funciona bem quando cada cidadão sabe até onde pode ir demasiado longe. Sem nunca confundir o interesse geral com conveniências pessoais ou partidárias. Seja eleito, funcionário ou simples profissional. Quando assim não acontece, vem o descrédito, com tudo o que isso implica.
Sem participar de querelas políticas, partidárias ou outras, Tomar a dianteira repete: Dada a maior capacidade de contágio da variante delta, e tendo em conta a situação actual no concelho, bem como o facto de a cultura, na sua componente espectáculo ao vivo, não  ser essencial, o mais sensato e prudente será suprimir todos os eventos previstos, no mínimo até que haja uma acalmia na cidade e na região. Para evitar males maiores. Com ou sem garantias, que valem o que valem.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

 


Pandemia/Cultura/Promoção turística

E agora srª presidente-candidata ?
Continua a ser seguro assistir a eventos no Mouchão?

Confirmando as previsões, a pandemia vai alastrando no país, e o governo colocou Tomar no nível de ALERTA:
https://radiohertz.pt/tomar-coronavirus-confirma-se-indicacao-da-hertz-concelho-entra-em-alerta-e-ja-ha-medidas-restritivas-a-cumprir-constancia-entroncamento-ourem-e-torres-nova
 A partir de agora é portanto imperioso, mesmo em Tomar, respeitar um certo número de restrições, entre elas a lotação das esplanadas dos cafés e restaurantes, que será de dez pessoas máximo.
Nestas condições, ou a autarquia anula a série de eventos previstos para o Mouchão, ou insiste na evidente prevaricação. Porque não fará qualquer sentido ter só dez espectadores nos sucessivos eventos, ou apenas 10 clientes em cada esplanada, quando logo mais adiante há um espectáculo organizado e pago pela própria autarquia que não respeita a lei, permitindo a entrada de dezenas de espectadores, com bilhetes de controlo gratuitos. Daqui não há como fugir. As leis são iguais para todos. E de obediência obrigatória.
Os apoiantes da presidente-candidata, sobretudo os da tendência  sempre em festa,  em geral teimosos, até vão poder alegar que, nas novas condições, os eventos já previstos serão mais emocionantes. Haverá muita adrenalina, graças à sensação de ilegalidade, de transgressão, do perigo de poder ser contagiado, enquanto se vai ajudando a destruir o que resta do Mouchão. Parece pouco sensato, mas assim pensam alguns com influência nas hostes rosa.
A menos que, por uma vez, a maioria socialista opte pela sensatez e decida dar o braço a torcer, anulando todos os eventos já previstos, a bem da saúde pública. E da tranquilidade cidadã.
Há, é certo, os compromissos já assumidos com músicos e empresas. Dadas as circunstâncias imprevistas, uma vez que a autarquia já antes subsidiou pelo menos uma colectividade, por esta não ter podido realizar determinado evento, que tal invocar o estado de calamidade para pagar apenas 75% (ou outro montante a acordar) a todos os contratados, e anular tudo?
Ficará mais barato à autarquia, será menos cansativo para os contratados e os espectadores frustrados correrão menos perigos. Mas também haverá menos propaganda eleitoral à custa do Município. É verdade sim senhor.
Haverá bom senso suficiente para tanto? É que pode bem acontecer que, dentro de uma ou duas semanas, a situação seja bem mais dramática.




Opinião pública local

O Paiva sem passadiços

Decerto devido à ignorância reinante, e ao conhecido apego pela pinguita, uma longa entrevista do ex-presidente António Paiva n'O Mirante desencadeou alguns comentários susceptíveis de envergonhar aqueles membros de uma comunidade concelhia que ainda prezem o seu bom nome:
É mesmo deprimente, e de uma falta de educação a roçar a boçalidade. Todos malham no visado, sem contudo respeitarem o postulado mais nobre da crítica -dar a cara e assinar por baixo. O que denota o estilo tomarense de vida. Leram tratar-se do PSD e reagiram como os cães de Pavlov, ao ouvirem a campaínha. Babaram-se, neste caso por escrito.
Poderá tratar-se também de uma lamentável confusão entre António Paiva e os Passadiços do Paiva, em Arouca, um assinável sucesso na área do turismo. Se calhar, devido à homonimia, julgaram ser ele o proprietário...e passaram-se, numa cena que não é bonita de se ler. E que está longe de prestigiar os tomarenses em geral.
Nunca fui nem sou do PSD. Não devo favores, nem sou amigo de António Paiva, ou com ele convivo. Sou, desde há muitos anos, partidário e praticante da crítica severa, mas frontal, honesta e imparcial, de quem nos governa. Sempre dando a cara e com assinatura por baixo. Julgo por conseguinte estar em posição de poder condenar os miseráveis anónimos que agora atacam aquele cidadão, e que se calhar na altura lhe lamberam as botas. Sempre fomos e somos, em Tomar, uma bem recheada reserva de hipócritas.
Quer se goste ou não, apesar dos grandes erros que cometeu, António Paiva foi o presidente que mais obra fez em Tomar até hoje. Está quase toda enterrada, mas ainda é o que nos vai valendo para não estarmos na cauda da tabela distrital de saneamento urbano.  Por isso, tentar enxovalhá-lo a coberto do anonimato, é do domínio do irracional, desqualificando em termos cívicos quem desce tão baixo. Ou será apenas mais um efeito do excesso de álcool?
Para que conste, aqui fica a minha opinião, de rosto descoberto e com assinatura por baixo. Desde o 25 de Abril, em 12 eleições autárquicas, já tivemos dois presidentes que vale a pena recordar pelas boas razões. Refiro-me a Amândio Murta e António Paiva. Não eram tomarenses nascidos em Tomar, e foram eleitos em listas PSD. Não votei em nenhum deles, o que agora me obriga a reconhecer que fui enganado pelos óculos ideológicos que usava na altura.
 Honra a quem a merece, esteja ainda vivo ou não. Desprezo pelos dislates de gente que só tem a cidadania porque não se exige qualquer condição para a obter, além de ter nascido.
Haja vergonha e dignidade! Pela verdade sempre!