terça-feira, 20 de julho de 2021

 


Turismo/desenvolvimento

UM ERRO BÁSICO QUE NOS PODE VIR A CUSTAR  O FUTURO - 2

A partir do anos 50, o turismo desenvolveu-se bastante em Tomar, para os padrões da época, impulsionado pelos grupos excursionistas e as sucessivas peregrinações a Fátima, com centenas e centenas de autocarros a encaminhar-se para o Convento e para a zona da Várzea pequena, onde na altura havia aparcamento para eles, bem como barracas de venda de fruta e outras recordações.
As sucessivas Câmaras, que não eram eleitas, mas nomeadas pelo ministério do interior, foram acompanhando o progresso, por intermédio da Comissão Municipal de Turismo. Foi nessa época que se fizeram, por exemplo, as instalações sanitárias no jardim do castelo, no parque de estacionamento da entrada e no Mouchão, bem como a Estalagem de Santa Iria e o Parque de campismo, na altura com a classificação de Parque de turismo, e considerado o melhor do país.
Custa escrever certas coisas, mas a verdade a tanto obriga. Seria abusivo dizer que o 25 de Abril e a eleição livre dos autarcas foram até agora muito favoráveis para o turismo em Tomar. Em total contradição com o discurso oficial, todos podem constatar que deixou de haver Comissão de turismo, fecharam o parque de campismo, escasseia o estacionamento no Convento e cá em baixo, demoliram os sanitários do Mouchão, proibiram os autocarros de turismo de descer a estrada do Convento, cujas visitas deixaram de ser todas guiadas, como acontecia quando as entradas eram gratuitas,  e há cada vez menos instalações sanitárias públicas.
Nestas condições afirmar que a autarquia, (esta maioria e as anteriores), tem trabalhado em prol do turismo, só pode ser um lamentável equívoco. Trata-se apenas de propaganda pré-eleitoral, com o intuito de enganar os cidadãos. Como interpretar de outro modo as referências a um "plano estratégico de turismo", a "promoção em rede", ou as idas a feiras internacionais da especialidade? Se Tomar não dispõe das condições necessárias para o turismo de multidões, procuram promover o quê? Que produto ou produtos têm para vender? A quem?
Paradoxalmente, alguns comentadores mais chegados aos socialistas, costumam criticar a actual maioria, por ter apostado no turismo cultural em detrimento da indústria. Que indústrias gostariam de instalar em Tomar? Onde é que estão as condições favoráveis para que isso aconteça? Onde é que detectaram a aposta no turismo cultural? O que foi feito de concreto nessa área, para além de alguma publicidade de duvidosa eficácia, salvo entre os convertidos?
Atravessamos uma época difícil, em que escasseiam, designadamente na política, quadros bem formados e competentes. O que não deve surpreender. O recrutamento é como sabemos e, salvo muito raras excepções, são o produto de um sistema de ensino que só considera bom quem não conhece outros, para poder comparar.
Dito isto, que dói por dentro, mas tinha de ser escrito, é um erro básico, que nos pode vir a custar muito caro, que sucessivas maiorias autárquicas, com destaque para a actual, pouco ou nada tenham feito de facto pelo turismo, preferindo insistir na propaganda barata. O resultado prático, em termos de programas eleitorais, é até agora confrangedor. Simples frases cheias de boas intenções, sem qualquer base séria.
Continua por fazer o diagnóstico completo da doença turistica e económica tomarense, para só depois se propor e aplicar uma terapêutica eficaz, susceptível de finalmente modelar o turismo local, levando os visitantes a fazer o que convém a Tomar, em vez do que lhes apetece. Passar a saber ganhar dinheiro com o turismo. Muito dinheiro.
Mas os eleitos (e os candidatos a tal) devem pensar que não vale a pena, sendo preferível, porque mais fácil e barato, insistir na manipulação dos eleitores e na disfarçada compra de votos, indispensáveis para continuar no poder. Assim não vamos longe.
Tomar merecia melhor sorte. Mas os tomarenses que votarem neles, não devem depois queixar-se. Temos os governantes em que votamos. Eu pecador me confesso.

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