segunda-feira, 12 de julho de 2021

 


Economia/Turismo/Festas


FAZ DE CONTA QUE É UMA  AUDITORIA  À FESTA TEMPLÁRIA

Como bem sabem os cérebros locais ligados a estas coisas, a Festa dos tabuleiros é um cortejo de oferendas, mas faz de conta que é uma atracção turística. Da mesma forma, a Festa templária, que ao contrário dos tabuleiros não tem passado, é uma animação de carácter histórico, mas faz de conta que é uma reconstituição fiel. Na mesma linha, Tomar a dianteira 3 resolveu esgalhar um texto crítico, que faz de conta que é uma auditoria sucinta.
Faz de conta que vivemos num país da União Europeia, numa autarquia eleita de forma democrática e totalmente transparente. Vai daí, faz de conta que a autarquia nos encarregou de efectuar uma auditoria sintética à festa templária, tendo em vista apurar quais os seus custos/benefícios, para depois decidir sobre a sua continuidade ou interrupção.
Faz de conta que a autarquia forneceu o rol dos pagamentos efectuados, num total de 90 mil euros de dinheiros provenientes dos impostos. No âmbito da festa não houve ingressos pagos, mas como havia bilhetes para controlar as entradas, faz de conta que não houve batota e que por conseguinte sabemos exactamente quantas pessoas participaram na festa, do seguinte modo:

-Cerco ao castelo x quatro sessões a 200 espectadores cada =   800 pessoas
-Feira medieval no Mouchão x 12 sessões a 60 pessoas cada = 720 pessoas
-Profissionais e figurantes da festa templária.........................=  100 pessoas
TOTAL DE PARTICIPANTES................................................1.620 pessoas

Fez de conta que, de forma generosa, 40% dos participantes eram visitantes não residentes no concelho, o que corresponde a 648 turistas. Nestas condições, faz de conta que cada um dos participantes fez na cidade uma despesa extraordinária de 10 euros e os visitantes uma média de 20 euros/pessoa.
Temos assim 16.200 euros de receita extraordinária para o comércio local, proveniente do total de participantes, a que cabe acrescentar 12.960 euros dos turistas na indústria hoteleira local, num cômputo geral de 29.160 euros de acréscimo de movimento.
Tendo em conta o custo de 90 mil euros, temos de concordar que o alegado retorno é praticamente insignificante. O IVA de 23% mais o posterior IRC dará, quando muito, caso entretanto não haja fugas, 33% de impostos vários arrecadados = 9.622 euros para o fisco. Uma escandalosa ninharia, para uma despesa pública inicial de 90 mil euros, uma vez que não chega sequer a 15% de retorno para os cofres do estado.
Há além disso a disfarçada e jamais admitida compra de votos, mas mesmo nesse quadro é uma vergonha. Uma vez que 648 participantes na festa não são residentes no concelho, também não votam em Tomar. Restam portanto 972 votos possíveis no partido das pessoas que subsidiaram a festa templária. O que dá a bagatela de 92 euros e meio cada voto. É mesmo exageradamente caro. E mostra, sem margem para dúvidas, que o alegado retorno das festas e outros eventos não passa afinal de uma treta para tentar intrujar os eleitores.
Se este texto servir para que quem decide subsidiar se dê finalmente conta daquilo que tem vindo a fazer, e dos respectivos custos reais, terá cumprido a sua missão. Porque, de qualquer maneira, o escândalo não pode continuar durante muito mais tempo, por falta de verba, embora esteja tudo dentro da legalidade. A cidade e o concelho não aguentam.

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