quinta-feira, 15 de julho de 2021

 


Política local/Festa dos Tabuleiros

O FRACASSO DA CANDIDATURA DOS TABULEIROS

Não comecem por culpar Tomar a dianteira. É o próprio director de Cidade de Tomar que levanta a lebre, nesta altura tão inoportuna para quem está no poder. No seu editorial desta semana reivindica uma vez mais a candidatura da Festa dos tabuleiros a Património imaterial da UNESCO.
É uma velha ambição nabantina, com poucas hipóteses de sucesso, pelas razões que já foram aduzidas em tempo oportuno junto de alguns responsáveis, mas Anabela Freitas, sempre à frente em tudo o que cheire a compra de votos, resolveu avançar.
Contratou um professor universitário de Campo Maior, que antes conseguiu a classificação da "festa da flor" da sua terra, e vamos a isto. Recebido o dinheirinho do ajuste directo (75 mil euros mais IVA) o ilustre académico despachou para Tomar um dos seus doutorandos, assim iniciando a elaboração do processo de candidatura.
Quem escreve estas linhas teve ocasião de falar com o aluno de doutoramento, a pedido dele, e não lhe pareceu que o melhor caminho fosse o que estava então a ser seguido, mas pronto. Nada de criar obstáculos. Silêncio. Estávamos em plena festa, em Julho de 2019, e a Festa sempre mereceu respeito. Mesmo na discordância.
Dois anos e quase 100 mil euros mais tarde, onde pára a candidatura? A Câmara nunca esclareceu até agora. Normalmente, uma vez entregue todo o processo, seguem-se duas etapas. Primeiro a aprovação e subsequente inscrição do bem candidatado na lista nacional; só depois o envio para Paris, para posterior apreciação e votação da própria UNESCO, numa reunião a marcar algures, numa grande cidade do vasto mundo.
Sendo certo que são quase nulas as hipóteses de inscrição dos tabuleiros na UNESCO, por se tratar de um acto de culto católico, um cortejo de oferendas, contra o qual votam todos os países de outras confissões, sempre se julgou ser possível a inscrição na lista nacional, uma vez que o PS governa e domina o país, que é católico.
Se nem isso a maioria PS local conseguiu até agora, então fica demonstrado que a candidatura foi mais um improviso, tipo cabeçada mal dada, e um enxovalho escusado para a nossa querida Festa Grande. Que precisa de quem a acarinhe e enriqueça, e não de quem a abandalhe sem disso se dar conta, sacrificando-a no altar da ambição política irrealista.
Falando agora como autor do processo de candidatura do Convento de Cristo a Património da Humanidade, aprovado em Friburgo (Suiça), que tal deixar-se de vaidades e outras atitudes menos aceitáveis? Que tal sentar-se a uma mesa, entre tomarenses de coração grande, para debater o futuro da festa, de forma a torná-la ainda mais grandiosa e conhecida, e só depois preparar a ambicionada candidatura com hipóteses de êxito? Nestas  e noutras coisas, as agendas contam muito, não é  assim António Lourenço dos Santos?
A Festa dos tabuleiros é demasiado importante no concelho para ser deixada só ao cuidado dos políticos. Sobretudo quando são fracos e demasiado ambiciosos.

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