quinta-feira, 29 de julho de 2021


Política/liderança local

Assim é mais difícil

A situação epidémica em Tomar põe em evidência uma mazela antiga na política portuguesa em geral, e na tomarense em particular. Refiro-me à alergia à crítica, a qualquer crítica.
Com o aparecimento da variante delta, era de elementar prudência reforçar as medidas de prevenção anti-covid19, o que foi feito atempadamente nestas colunas. Alvitrou-se a anulação dos numerosos eventos previstos para o Mouchão, uma vez que qualquer ajuntamento, mesmo com todas as precauções, é propício a contágio. Além de dar uma imagem errada de despreocupação e ausência de risco. É muito provável que, sem a série de eventos municipais naquele espaço, não houvesse ali a missa nova, um ajuntamento pouco ou nada usual num jardim público.
Segue-se que, apesar dos avisos, e com os contágios a aumentarem consideravelmente, ao arrepio do que seria prudente, a srª presidente insiste em manter tudo como previsto, o que pode redundar num desastre local. Oxalá me engane. Trata-se de uma posição usual, sobretudo em Tomar, que creio ter como origem três factores, que apresento como sentidos pelos visados:

1 - Trata-se de ataques pessoais, a que nunca se deve responder;
2 - A esquerda é moralmente superior e por isso não aceita críticas;
3 - São pontos de vista machistas, se fosse um presidente...

Lamentavelmente é esta a situação a que se chegou em Tomar, a qual torna tudo muito mais difícil. Para não alongar, que os queridos conterrâneos detestam textos longos,  eis, entre vários outros, um exemplo verificável:
Nas obras da Estrada do Convento houve um erro de projecto, ou de execução do mesmo, donde resultou que, num ou dois pequenos troços, a estrada ficou demasiado estreita, não permitindo que nela se cruzem dois autocarros. Por essa Europa fora, teria sido algo logo reparado, uma vez assinalado pela fiscalização. Aconteceu, contudo, que em Tomar a fiscalização não deu por nada, ou fingiu que não viu, vá-se lá saber no meio do lamaçal tomarense.
Confrontados com a insólita realidade, os técnicos superiores municipais atamancaram. Resolveram a coisa de forma expedita, com um sinal de trânsito proibindo os autocarros de descer aquela via. O que leva a queixas de que muitos turistas só vão ao convento e não descem à cidade. Pudera!
Oportuna, como quase sempre na sua óptica, Anabela Freitas vai esclarecendo, quando cabe, que Tomar não quer excursionistas, apostando mais no turismo familiar. Como se a autarquia apostasse de facto nalguma coisa.
E assim vamos estando. Já passaram onze longos anos e a Estrada do Convento continua aguardando que restabeleçam a faixa de rodagem com a largura que tinha antes das obras. Mas como emendar seria reconhecer os erros e omissões municipais, coisas desconhecidas naquela casa, onde ninguém falha, é bem provável que ainda tenhamos de aguardar pelo menos outros 11 anos, para que algo mude.
Enquanto insistirem em confundir críticas fundamentadas com ataques pessoais, ou simples reparos ocasionais com quezílias políticas, não adiantará protestar contra a fuga da população, pois ela tenderá a acentuar-se, em virtude daquela velha máxima popular bem conhecida: "Quem não está bem muda-se." 
E viver em Tomar já foi bem mais agradável...

2 comentários:

  1. Quanto á debandada da população é ver no Youtube o programa de hoje 29 Julho 2021 do Camilo Lourenço , está lá tudo , ou quase !

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  2. Na revista Must online do grupo Cofina lá vai dizendo que em Itália oferecem 28 mil euros a quem se fixe na Calábria , e por cá ?!

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