sexta-feira, 9 de julho de 2021




 Turismo/Autárquicas 2021

OS PROBLEMAS DO TURISMO NABANTINO

Noblesse oblige, neste caso eleições obrigam, já se escreve e fala sobre turismo em Tomar, tendência que só pode aumentar até final de Setembro. Depois, ganhe quem ganhar, há grandes hipóteses de se voltar à habitual pasmaceira. Isto porque, sejamos claros, em Tomar o turismo não é uma vantagem, mas um embaraço, uma maçada para os eleitos, a julgar pelos que temos tido até agora.
Nos anos 30 houve em Tomar uma "Comissão de Iniciativa e Turismo", que nem sequer era municipal e conseguiu recursos para edificar uma bela sede que ainda hoje orgulha os tomarenses (Ver fotos supra). Foi a época gloriosa de Garcês Teixeira, Lacerda Machado, Figueiredo e Silva, Amorim Rosa, e outros.
Salazar, que não gostava nada de diversidade, determinou a integração das comissões de iniciativa e turismo nas câmaras municipais, cujos presidentes não eram eleitos, mas escolhidos e nomeados pelo governo. Até ao 25 de Abril sempre houve em Tomar uma Comissão Municipal de Turismo, presidida por um vereador da câmara, também nomeado.
As primeiras câmaras eleitas após Abril ainda mantiveram essa prática de designar um vereador como presidente da Comissão Municipal de Turismo. Com o inesperado advento da Comissão Regional de Turismo dos Templários, arrancada a ferros em Santarém, o executivo de então considerou que havia duplicação de funções, e acabou de facto com a comissão municipal. 
Desde então, dos anos 90 do século passado, há apenas um vereador com o pelouro do turismo. Nesta altura é a vereadora Filipa Fernandes que, como já se constatou, tende a confundir turismo com festas e animações diversas. Da defunta comissão municipal de turismo, nunca mais se ouviu falar, e para quê? As sucessivas comissões municipais disto e daquilo, nomeadas pela AM, nunca produziram nada que tenha feito história.
Além do desaparecimento da comissão de turismo, o poder municipal resolveu também encerrar o parque de campismo, depois substituído por um mal enjorcado parque para autocaravanas, com guarda de dia, mas não de noite.
Temos assim que em Tomar, o turismo é detestado de facto, em vez de desejado. Os turistas são oficialmente visitantes e convidados, mas pela calada são considerados um estorvo.
Não espanta por isso que pouco se fale da matéria incómoda, pelo que constitui uma agradável surpresa a recente intervenção escrita de Luís Francisco, candidato a vereador pelo PSD, sobre a qual já aqui se escreveu anteriormente.
Todavia, ao propor separar as cerejas do bolo, deixando-as para o final, o ilustre académico está, quiçá sem disso se dar conta, a afastar a parte problemática, para se ocupar do desenvolvimento de outras formas de turismo, o que vai atrair mais turistas. É louvável porém extemporâneo.
O problema de Tomar na área do turismo, não é trazer mais visitantes, mas dar-se conta que os que já cá vêm são mal recebidos, ficam pouco tempo e gastam pouco. É portanto nestes pontos que devemos procurar melhorar. Melhorar as condições de acolhimento, aumentar o tempo de estada de cada um, incrementar as despesas turísticas e portanto aumentar o valor acrescentado. Não adianta que venham cá muitos turistas. É essencial que cada um gaste mais. Se assim não for, nem sequer compensam o incómodo que causam.
Como é que isso se faz? Hoje em dia há métodos para tudo. O que questiona é o deixa-andar nabantino nesta e noutras matérias.
Na área da medicina, por exemplo, são os respectivos profissionais que determinam as melhores práticas a seguir, consoante as suas especialidades, porque com a saúde não se brinca. Inversamente, na área do turismo, qualquer ignorante, desde que seja bom orador, tem opinião formada sobre a situação local nessa matéria. A nossa simpática presidente Anabela Freitas, por exemplo, boa oradora como é, decidiu que os problemas do turismo nabantino serão resolvidos com um "trabalho em rede" e um "plano estratégico de desenvolvimento turístico", encomendado por ajuste directo a especialistas cujas credenciais estão por conhecer, a pouco mais de três meses do final do mandato.
Valha-nos Deus!

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