sábado, 17 de julho de 2021


Autárquicas 2021

MENOS DE METADE COM A ABERTURA DE ESPÍRITO NECESSÁRIA

O peculiar sistema eleitoral português, em que apenas podem  concorrer equipas (excepto para a presidência da República), transforma cada eleição num campeonato de jogo único, no qual cada equipa joga contra todas as outras. Ou melhor: no qual os adeptos de cada equipa, incluindo os próprios elementos da mesma, jogam contra todos os outros, metendo ou não o papelinho na urna, com ou sem cruzinha. Realmente muito estranho, pois afinal trata-se, não de escolher uma equipa, mas o líder que a encabeça, para depois gerir cada município.
Para se ter uma ideia da aberração, basta lembrar que até no Brasil, que não é um exemplo de democracia, o povo elege o prefeito (presidente executivo do município) em candidatura individual e, separadamente, os candidatos à "câmara dos vereadores" (Assembleia Municipal).
Em tal contexto, como estão as coisas em Tomar, a dez semanas de mais uma edição do tal jogo único todos contra todos, marcado para 26 de Setembro?
Começando pela esquerda, apesar de o autor destas linhas se sentir cada vez menos canhoto, BE e CDU cumprirão as suas tarefas respectivas com brio, sendo visível, ao que me dizem, a falta de entusiasmo que por ali vai. Beneficiando de um eleitorado fiel, é possível que consigam manter os resultados de 2017. Lograr eleger novamente um vereador, seria uma vitória importante para a CDU, agora com Paulo Macedo. É há muito óbvio que nem bloquistas nem comunistas têm propostas para Tomar, susceptíveis de ultrapassar o persistente marasmo que vai acentuando a decadência. A perda de população é apenas um dos indícios. Há mais. E se já nem os partidos de protesto protestam, aonde vamos parar?
Os dois cabeças de cartaz  tradicionais, são agora duas. PS e PSD estão, pela primeira vez em Tomar, ela por ela e ela para ela. São farinha do mesmo saco, como diz habitualmente um conhecido dirigente partidário. Nenhuma tem abertura de espírito ou capacidade de diálogo, por nunca terem aprendido sequer a ouvir. Por isso lêem agora (quando lêem) muita coisa de que não gostam. Vantagem para o PS, não devido à melhor oralidade de Anabela Freitas, ou por apresentar soluções para o grave problema concelhio, mas simplesmente por a actual maioria já ter gasto centenas de milhares de euros na disfarçada compra de votos. E regra geral, quem semeia colhe, sobretudo porque os laranjas perderam a oportunidade da coligação...
Restam os três estreantes. A coligação CDS-MPT-PPM tem um bom candidato, que já demonstrou ter o bom senso e a capacidade de diálogo necessários para iniciar finalmente a recuperação tomarense. Infelizmente o passado pesa, pelo que é muito pouco provável que consiga ir além de um vereador. E mesmo assim, já será uma bela vitória...se vier a acontecer.
Liderado por um dinâmico estudante de origem ucraniana que já pensa em português, o VOLT tem demonstrado dinamismo e capacidade para ouvir e dialogar, qualidades bem raras por estas paragens. Tem contra si o facto de ser estreante absoluto e portanto pouco conhecido no meio concelhio. Oxalá consigam eleger, mas é pouco provável, salvo talvez para a AM.
Resta o CHEGA, o estreante que está a assustar muito boa gente. Com toda a razão, pois nas presidenciais Ventura averbou os melhores resultados nos concelhos onde há mais ciganos, (ultrapassou os 30% em Mourão [PS], Moura [PS] e Monforte [CDU]), e em Tomar a situação é a que todos conhecemos.
O novo partido teve um bom começo em Tomar, com um excelente resultado na sondagem do Tomar na rede, mas ultimamente parece estar a perder embalagem. Dificuldades de recrutamento? Falta de discernimento do seu cabeça de lista?
Trata-se de um honrado cidadão, com arcaboiço técnico, abertura de espírito e capacidade de diálogo,  todavia com um problema comum a todos os especialistas em informática. Tende a considerar que na vida é tudo como na linguagem binária -zero-um-zero-um. Ou, em termos mais acessíveis, julgam que o mundo é a preto e branco, bons e maus, gordos e magros....
Aguardemos as eventuais evoluções, para em Setembro tomarmos uma decisão, caso entretanto ainda não tenhamos vendido ou hipotecado o voto, o que é sempre condenável.

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