domingo, 25 de julho de 2021

 


Autárquicas 2021/PS

No caminho certo?

Os socialistas tomarenses adoptaram um slogan que lhes foi proposto, o qual tem muito que se lhe diga. Poderia começar-se por questionar se há mesmo um caminho certo, e quem determina se é certo ou não. Isto porque, durante o acto de apresentação das candidaturas, pelo menos três intervenientes activos garantiram que o PS-Tomar é o único caminho certo, não vá dar-se o caso de haver vários outros.
Poderia também questionar-se a coerência e adequação política de tal slogan nos tempos que correm. Porque caminho certo cheira demasiado a beatice bolorenta, a Concílio de Trento, contra-reforma, santa inquisição, e por aí adiante. Não será decerto mero acaso se ainda hoje os partidos comunistas com maior representação parlamentar se situam todos nos países católicos e/ou ortodoxos
Procurando fugir das duas vertentes anteriores, e aceitando que possa mesmo haver um caminho certo, por oposição a outros errados, convém mostrar em que consiste esse dito caminho. Trata-se obviamente, quer se queira quer não de um percurso entre dois pontos. No caso, os arautos socialistas tomarenses vão situá-lo, na melhor das hipóteses, entre Setembro de 2021 e Agosto de 2025. Aceite-se e questione-se: Durante esse percurso imaginário, quais são os monumentos, quais são as paisagens, quais são as curiosidades, quais são as realizações previstas, quais são as etapas ?
É quase certo que nem Anabela Freitas nem Hugo Cristóvão, os chefes de fila da coisa, saberão responder em pormenor. E se lhes perguntarem qual é o objectivo final a atingir, decerto ficarão mudos. Ou dirão uma frase feita. Para já, apenas disseram que vai haver 12 milhões para casas de renda assistida. O que é extremamente original, para não escrever outra coisa. 
Casas de renda assistida, num concelho que perdeu cinco mil residentes nos últimos dez anos, à média de 500 por ano, pode querer dizer duas coisas: 
Hipótese A: Esses cinco mil migrantes foram-se de Tomar por não haver casas de habitação à sua medida, o que é estranho, pois se tal fosse o caso já se saberia de certeza, graças às suas queixas, o que ainda não aconteceu. Nunca se ouviu dizer "fulano foi-se embora porque não conseguiu arranjar casa". Nem mesmo à população do Flecheiro. 
Hipótese B - Construindo casas de renda assistida, consegue-se evitar a emigração e atrair novos residentes, o que falta demonstrar.
Verdade verdadinha, o PS local resolveu que vai mandar edificar casas de renda assistida, num concelho em acentuado despovoamento, caso vença em Setembro, apenas e só para seguir instruções vindas do governo do dr. Costa. O que se compreende. Há aquela velha máxima chinesa, segundo a qual "se deres um peixe a um homem, ele alimenta-se uma vez; se lhe ensinares a pescar, ele alimenta-se toda a vida". Acontece o mesmo com as casas. Se deres uma casa de renda assistida a uma família, vais torná-la dependente para longos anos, ou mesmo para  a toda a vida. Se lhes posssibilitares empregos produtivos, vais torná-los livres de decidir. Como é óbvio, interessa aos socialistas que haja no país cada vez mais dependentes das benesses do erário público. Os ciganos tomarenses que o digam.
Deram-lhes alojamento, assim mudando os problemas anteriores de sítio, porém agora para os integrar vai ser um longo caminho muito incerto. Mas há os votos assim conquistados, que contam muito. 
E depois ainda têm a lata de vir proclamar que são o caminho certo? Pelo menos tenham tento na língua!

ADENDA
Um pensamento muito comovido em memória de Otelo Saraiva de Carvalho, camarada de armas sem cuja coragem e determinação eu não estaria aqui a escrever estas linhas. Que descanse em paz, porque mereceu, apesar de tudo.

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