domingo, 30 de março de 2025


Autárquicas 2025

CHEGA  a surpreender

Foi a notícia da semana, e só dei por ela na tarde de Domingo, dois dias depois, no Facebook de Nuno Ribeiro. Uma pedrada no plácido charco político nabantino, embora com uma pedra das pequenas, reconheça-se.
Reunidos num restaurante local, membros da concelhia de Tomar do CHEGA, anunciaram a candidatura de Nuno Ribeiro à AMT, de Samuel Fontes à Junta urbana e de João Fernandes a Paialvo. Quanto à candidatura principal, lê-se na citada fonte que "Nesta altura o candidato à Câmara de Tomar ainda não está definido, mas segundo apurámos Caldas Vieira é um dos nomes em cima da mesa."
Poderá estar realmente "em cima da mesa", mas TAD3 sabe de fonte segura que há tempos atrás a dita candidatura esteve bem mais perto, mas acabou inviabilizada por incompatibilidades pessoais com membros do CHEGA de Santarém. Caldas Vieira estará agora a encarar de novo a hipótese? Ou este texto algo extemporâneo de Nuno Ribeiro, é afinal um meio de pressão para o tentar convencer?
Meio de pressão ou não, poderá parecer deselegante em relação a Américo Costa, o actual deputado municipal de CHEGA, que afinal até participou no jantar, tendo feito uma bela intervenção.
Quanto à hipotética candidatura de Caldas Vieira, bem se poderá dizer, no actual contexto, que é um autêntico presente envenenado. Com efeito, a evidente falta de habilidade política do presidente PS substituto, bem como a manifesta incapacidade da oposição PSD para se diferenciar, fazem com que o CHEGA seja um sério candidato ao executivo tomarense. Na melhor das hipóteses com um 3-2-2. Na pior com 3-3-1. 
Cabe lembrar  que em 2021 o Chega conseguiu apenas 6,15% no concelho, mas as coisas mudaram bastante em 2024, nas legislativas, com 20,27% no concelho, 23,32% no distrito e 3 deputados, tal como o PS (27,85%) e o PSD (27,28%).
Em qualquer dos casos, o candidato CHEGA terá de apresentar atempadamente um programa robusto e adequado, não para os potenciais eleitores lerem, que não estão habituados, mas para poder em tempo oportuno saber o que fazer, como fazer e quando fazer. Não vai ser nada fácil, e não me consta que Caldas Vieira, um excelente candidato a candidato, ande em busca de sarna para se coçar.
Entretanto TAD3 contactou Caldas Vieira, que confirmou a situação. Esteve no jantar, e a candidatura à Câmara está mesmo em cima da mesa, faltando contudo limar ainda mais umas arestas.


sábado, 29 de março de 2025



Turismo e reumatismo ideológico

Em Roma, até para ir à Fonte de Trevi 
se passa a pagar dois euros/pessoa

Pela ponta da Europa, onde a terra se acaba e o mar começa, como escreveu o zarolho há cinco séculos, duas notícias retiveram a atenção deste vosso servidor na área da escrita. A nova brigada do reumático, e os 200 mil visitantes nos monumentos e locais geridos pela autarquia.
No caso da nova brigada do reumático, pensei para comigo que quanto mais o país muda, mais estamos na mesma. Há cerca de 60 anos, atrapalhado perante uma inesperada e insistente contestação dos militares, o então chefe de governo convocou para S. Bento todos os brigadeiros e generais, numa espécie de beija-mão forçado e ultrapassado, que ficou conhecido como o episódio da brigada do reumático, que foi apoiar o governo, mas não evitou o 25 de Abril algum tempo depois.
Inconveniente ou vantagem da idade, depende do ponto de vista, foi com espanto que tomei agora conhecimento do regresso à política activa de três fundadores do Bloco de Esquerda (Louçã (68 anos), Fazenda (67 anos) e Rosas (79 anos), como cabeças de lista em círculos eleitorais importantes. É, na minha opinião, a nova brigada do reumático, agora de extrema esquerda, tentando evitar a todo o custo a derrocada eleitoral. Conseguirão?
Enquanto isto, a Câmara tomarense procurou alardear mais uma vitória na área da promoção do turismo, mandando publicar na informação local que em 2024 200 mil visitantes entraram nos monumentos e locais tutelados pelos serviços municipais, todos com entradas gratuitas.
Só algum tempo depois, O Mirante, com sede em Santarém, veio acrescentar que afinal o Convento de Cristo registou 315 mil entradas em 2024, a 15 euros por pessoa, salvo isenções, o que dá um total superior a meio milhão, em vez dos 200 mil anunciados.
Temos assim registados mais de meio milhão de turistas em Tomar. 315 mil pagantes e 200 mil aproveitantes da compra de votos pelos socialistas. E vem a terreiro mais uma vez, a questão dos eventos a pagar e das entradas idem. Sobretudo quanto à Festa dos tabuleiros.
Andam agora todos muito entretidos com a candidatura a património imaterial da UNESCO, que tem  evoluído a passo de caracol com problemas de locomoção, enquanto vão fingindo que esquecem o essencial. A última edição custou à autarquia um milhão e trezentos mil euros, pelo menos, e foi tudo à borla. Nada de entradas pagas, para não se vir a constatar putativamente que no fim de contas os tabuleiros nem atraem assim tanta gente. E para escamotear outras coisas.
Como bem escreveu o Gedeão, o mundo pula e avança, como bola colorida entre as mãos de uma criança, e felizmente nem todos padecem de reumatismo mental na gestão do turismo. Se calhar porque não precisam de comprar votos encapotadamente para se manterem no poder. 
Segundo o Le Monde, uma das principais bíblias da informação mundial, a Câmara de Roma já decidiu. O acesso à conhecida Fonte de Trevi, em plena cidade da qual é símbolo, (ver imagem) vai passar a custar 2 euros por visitante. Decorrem nesta altura estudos para apurar a melhor maneira de cobrar essa taxa de acesso, com um mínimo de perda de tempo.
O governo italiano é de extrema-direita, e mais não sei quantos? É sim senhor. Mas a Câmara de Roma é de esquerda, tal como o nosso PS diz que é.
Tendo em conta tudo indicar nesta altura que os tabuleiros 2027 vão custar mais de dois milhões de euros à autarquia, quem é que ainda pensa ser possível voltar a fazer a festa nos moldes tradicionais, sem entradas pagas?
Tabuleiros à borla, Janela do capítulo a 15 euros? Justiça e equidade, por onde é que vocês andam, no vale nabantino?



sexta-feira, 28 de março de 2025

Imagem alusiva, acrescentada por TAD3.

SDF e outros sem abrigo

"A população em situação de rua no Centro" 

Assis Cavalcante - Presidente da Associação Comercial de Fortaleza CE (CDL)

"O crescente contingente de "pessoas que não têm uma moradia convencional regular e utilizam os logradouros públicos como espaço domiciliar e de sustento", representa desafio social e económico significativo para a gestão municipal. Uma portaria no Diário Oficial da União [Diário da República brasileiro], de Março/2024, mostra que Fortaleza tem 8.404 moradores em situação de rua, numa população superior a 2 milhões. A maior parte (36%) concentra-se sobremodo na Área Regional 12, bairros do Centro, Moura Brasil e Praia de Iracema.
A capital cearense é uma das 59 cidades brasileiras que estão na lista prioritária divulgada pelo Governo Federal para receber apoio técnico no combate à fome e na promoção de alimentação saudável. Somente um conjunto de ações coordenadas, incluindo os governos estadual e municipal, o Ministério Público e a iniciativa privada, poderá reduzir os impactos dessa realidade.
Entendo que a criação de políticas públicas voltadas para a ressocialização e a qualificação profissional, permitirá a reinserção no mercado do trabalho. Que tal fortalecer os centros de acolhimento com capacitação profissional, através da Faculdade CDL? Que o município amplie o número de abrigos temporários e invista na oferta de cursos técnicos e oficinas, para que os indivíduos adquiram novas faculdades.
Parcerias com o setor privado podem mobilizar programas de estágio e aprendizagem, com oportunidades concretas para que os cidadãos conquistem autonomia financeira. Necessário é também orientar melhor a distribuição diária de alimentos no local. Comerciantes do Centro relatam dificuldades decorrentes da falta  de infraestruturas, e do aumento de moradores vulneráveis com reais impactos económicos.
Que a abordagem a essas pessoas seja humanizada, combinando ações de segurança com assistência social, garantindo acesso aos serviços básicos sem comprometer a segurança de comerciantes e consumidores.
Urgem campanhas de conscientização para a sociedade entender a complexidade do problema e contribuir ativamente com soluções. Ações educativas, associadas a programas de voluntariado, podem fortalecer a rede de apoio e gerar uma transformação verdadeira na vida dessa gente.
Que Fortaleza avance na redução da população em situação de rua, com mais dignidade e qualidade de vida para todos."

(Copiado do jornal O Povo de 28/03/2025, página 16)

ADENDA DE TAD3

O Brasil não faz parte da UE. Só recebe ajudas de Bruxelas para a preservação da Amazónia.
Por isso o texto não fala de realojamento, subsídios, rendimento mínimo ou outros abonos, comuns em Portugal e na Europa.  Só menciona formação profissional, alimentação, abrigo temporário e assim.
Há outra explicação possível. A Prefeitura (Câmara) de Fortaleza é do PT - Partido dos Trabalhadores. Seria por isso algo anómalo que um Partido de trabalhadores distribuisse pensões e outros rendimentos a gente que não trabalha nem paga impostos, em muitos casos porque não querem. Ou não?

quinta-feira, 27 de março de 2025

Mais alojamentos sociais na Choromela. Imagem Rádio Hertz com os agradecimentos de TAD3.

Alojamento social e votos na esquerda

O equívoco da maioria PS nabantina

TOMAR - Câmara perde financiamento para construção de habitações em Palhavã mas projeto «não está em perigo», assegura Hugo Cristóvão... que 'aponta o dedo' ao IHRU - Rádio Hertz

O assunto é complexo, por conseguinte difícil de explicar em termos simples e de leitura agradável. Trata-se do alojamento das camadas mais modestas da população. "Direito à habitação", proclamam os comunistas.
Na sequência do ocorrido por essa Europa fora, após a 2ª guerra mundial, em Portugal e com o natural atraso devido à tardia democratização, os partidos de esquerda e extrema-esquerda concluíram que obtinham os melhores resultados eleitorais, já não nos centros industriais com numeroso proletariado, mas sobretudo nas periferias das grandes cidades, nomeadamente nos bairros de alojamento social.
Daqui resultou entre nós, ao nível do país, o incremento na construção de alojamentos sociais, com o realojamento de camadas da população vivendo até então em acampamentos e outras habitações precárias. Como sabemos, em Tomar foram realojadas cerca de 250 pessoas de etnia cigana, que até então viviam num acampamento ilegal no Flecheiro, sem as indispensáveis precauções neste tipo de casos, e quando já se sabia que no Entroncamento, por exemplo, a apenas 20 kms, os sucessivos incidentes e outros percalços já tinham levado a  oposição de direita a votar contra a edificação de alojamentos sociais, devido aos inconvenientes daí resultantes, para os vizinhos e a população em geral. Está n'O Mirante. Basta consultar.
Em Tomar, alheios a toda esta envolvência, como se o vale nabantino fosse um território autónomo em pleno deserto, a maioria PS apostou num ousado plano de construção de habitação, sem ter em conta as normais condições de mercado. 32 alojamentos na Choromela, 12 alojamentos em Marmelais, 60 alojamentos, podendo chegar a 200 junto ao Politécnico, é demasiada fruta numa árvore tão pequena. E o IHRU não esteve pelos ajustes, por uma questão de prudência e caldos de galinha, que nunca fizeram mal a ninguém.
E vieram os dissabores, como sempre acontece com os empreendimentos mal planeados e pior executados. A Câmara acaba de perder o financiamento a 100% para a empreitada de Palhavã, tendo agora de contentar-se com um empréstimo bancário bem mais gravoso. (accionar link  inicial), mas nem assim modera a sua acção manifestamente mal preparada. Porquê?
Em vez de parar para pensar, a seis meses das próximas autárquicas,  os socialistas locais resolvem insistir numa empreitada de alojamento social para a qual não parecem preparados, designadamente para a hipótese de os alojamentos a construir, depois não encontrarem ocupantes socialmente aceitáveis pela restante população, numa terra em que a dita está a diminuir de ano para ano, há mais de duas décadas.
Uma notícia da Hertz, com origem na Câmara, mostra bem o embaraço que reina nas hostes socialistas, embora o não queiram admitir:
"Por outro lado, em andamento está a obra da Choromela, com a construção de 32 fogos também destinados a arrendamento a custos acessíveis, desde logo a jovens casais, e à chamada classe média. Ou seja, nada a ver com habitação social."
Como bem sabem todos os que se interessam pelos problemas do alojamento urbano, há habitação social logo que o arrendamento ou compra estão sujeitos a condições particulares de rendimento mensal, composição da família, estado de saúde, idade ou nacionalidade, e não só às condições do mercado.
Temos assim que, procurando fugir à polémica sobre o eventual realojamento de famílias problemáticas, que afastaria as outras famílias, a Câmara já começa a tentar enganar os cidadãos eleitores mais pacatos, asseverando que "nada a ver com habitação social", quando pelo contrário devia admitir lealmente que se trata disso mesmo, de alojamentos sociais, para quem não pode aceder a outros, por uma infinidade de razões, a principal das quais é a falta de recursos monetários.
Deste embuste camarário só podem resultar mal entendidos de toda a ordem, que desde já aqui se denunciam. A Câmara está neste caso como o sr. Jourdain, de Molière, que durante mais de 40 anos escreveu prosa, convencido de que era poesia. No caso, mandam construir alojamentos que julgam "para a classe média", mas afinal são sociais, com todos os inconvenientes eventuais daí resultantes. Com o tempo logo veremos. Fica o aviso, para memória futura.


quarta-feira, 26 de março de 2025



S. Gregório ainda com o catavento manuelino, desaparecido no tempo do padre Mário Duarte.

Património histórico edificado - Capela de S. Gregório

Usurpar é fácil. O pior é depois.

Ermida de S. Gregório tem o telhado a cair | Tomar na Rede

A notícia está no Tomar na rede, (accionar o link supra) e o respectivo contexto é de tal forma torpe, que hesitei bastante antes de abordar o tema. O problema começa logo no título: "Ermida de S. Gregório tem o telhado a cair", escreve o jornalista, um pouco equivocado. Na verdade aquilo não é uma ermida, que por definição só pode existir num ermo, o que não é o caso, nem nunca foi. Trata-se antes de uma capela, arrabaldina se quisermos ser mais precisos.
Com origem no século XVI, o pequeno templo tem um duplo interesse -a sua forma exterior, com a galilé ou alpendre, e o portal em manuelino tosco. Nacionalizado em 1834, em conjunto com todos os bens das ordens religiosas, o monumento passou para a alçada da Câmara, que detinha a respectiva chave na Comissão de Turismo, até muito recentemente. 
Veio até a servir de arrecadação para as pedras lavradas da capela de S. Miguel, situada ao fundo do Mercado, e que veio a ser demolida para a construção do lavadouro público e central leiteira, no local onde agora está parte da Ponte do Flecheiro. As referidas pedras foram mais tarde transferidas para o museu lapidar da UAMOC, no Claustro da lavagem do Convento de Cristo, onde ainda estão.
A dada altura, em circunstâncias ainda por esclarecer, a Comissão fabriqueira das paróquias urbanas de Tomar descobriu que, tal como os outros monumentos do Estado, a capela de S. Gregório não tinha registo matricial nas Finanças, situação que se compreende, uma vez que, sendo do Estado, não pagam imposto, e se não pagam imposto, para quê o registo de propriedade, que é do domínio público?
Assim não o entenderam alguns servidores das paróquias nabantinas. Liderados pelo falecido padre Mário Duarte, registaram a capela nas Finanças em nome das Paróquias urbanas (ver imagem na notícia do TNR), após o que substituiram no telhado o catavento manuelino em ferro forjado, do século XVI, por um tosco Cristo crucificado em calcáreo da região. Ignora-se ainda hoje onde estará o catavento primitivo.
Já depois da usurpação ou apropriação indevida, uma das cabeceiras da galilé cedeu, e foi a câmara que teve de providenciar o seu escoramento e posterior consolidação. A situação repete-se agora, com o telhado em mau estado, a necessitar reparação urgente. (ver imagens)
Tão lestos a subtrair património público, os piedosos servidores da Igreja, em vez de mandaram reparar os estragos, usam o velho subterfúgio que consiste em alertar para alarmar, e assim conseguir que sejam os poderes públicos a pagar as obras. Os contribuintes do costume...
Já assim aconteceu em S. João Baptista, em que a câmara assumiu quase dois milhões de euros de restauro,  encargo que afinal cabia ao Estado, que tutela aquele monumento, e a maior parte deles em todo o país. Andam agora a preparar nova intervenção camarária, desta vez sem qualquer justificação válida, na parte norte do ex-Convento de S. Francisco, propriedade de legalidade duvidosa de uma associação privada, a Irmandade de S. Francisco de Tomar.
Tudo parece indicar portanto que, reverenciando S. Voto e Nª Srª da Vitória, a Câmara vai meter mãos à obra e mandar arranjar todo o telhado de S. Geegório, apesar da capela ser agora oficialmente um templo privado por usurpação praticada por funcionário público no exercício das suas funções. E não há ainda assim razão assaz forte para protesto, segundo a Câmara, entidade esbulhada que se cala. E quem cala consente. 
Agora, mesmo limpando e reparando todo o telhado, sempre deve ficar mais barato que o concerto dos Xutos & Pontapés, já contratados para final de Outubro. E até é capaz de vir a render mais votos, que em Tomar o rebanho do senhor, por enquanto, é mais numeroso que os admiradores da citada banda...







Cultura de trazer por casa

Muito bem!!! Um forte aplauso!!! 
Por uma vez acertaram em cheio.


Fiquei desvanecido, logo que li o texto do Tomar na rede. Que desta vez nem menciona custos, decerto porque a cultura, a grande CULTURA, não tem preço. É inestimável! 
Dada portanto a evidente relevância dos eventos previstos, era realmente o mínimo a fazer, com meses de antecedência, para promover tão enormes e retumbantes acontecimentos culturais, em duas grandes metrópoles como Ferreira do Zêzere (6.846 eleitores) e Tomar (33.346 eleitores). Dois enormes faróis culturais no centro do país. Que seria da própria Universidade de Coimbra, sem a reputação cultural de Ferreira e de Tomar?! Tomar na rede não hesitou nas tintas e fez muito bem: CULTURA - DESTAQUE  XUTOS & PONTAPÉS ACTUAM EM TOMAR E FERREIRA DO ZÊZERE. Está de parabéns.
O primeiro concerto, em Ferreira, é só em Agosto, e o outro, em Tomar, no final da Feira de Santa Iria, em 25 de Outubro, mas acontecimentos de tal transcendência até já deviam estar anunciados há muito mais tempo, uma vez que tudo indica que as entradas venham a ser francas, como é uso local, um paraíso para os borlistas cada vez mais cultos deste país, que não são poucos e que gostam de programar as suas ilustres comparências, muito solicitadas e rentáveis, como se entende.
Calo-me quanto a Ferreira, para não me acusarem de meter a foice em seara alheia, Quanto a Tomar, só posso aplaudir com entusiasmo e até com apito estridente de apoio. Por uma vez, a Filipinha acertou em cheio! -Aí são contra os concertos e festarolas à borla?!? Pois tomem lá Xutos & Pontapés no traseiro, em final de 3º mandato, que eu estou farta de vos aturar!
Previsto para logo após as próximas autárquicas, o concerto tomarense dos Xutos será forçosamente de consagração, qualquer que venha a ser entretanto o resultado das urnas. Se o PS perder finalmente, como espero, poder-se-à dizer com inteira propriedade, que foram corridos a Xutos & Pontapés. Se, pelo contrário, conseguirem mais uma vitória local, desta feita algo inesperada, será porque, apesar de corridos a Xutos & Pontapés e outros mimos, conseguiram vencer, por serem de tendência socialismo pegajoso. Tipo Coca-Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se.
Em qualquer caso, parabéns senhora vereadora! É mais um indiscutível triunfo seu, na longa e árdua, mas indispensável, caminhada propedêutica com este povo bruto, que nunca está contente, e tende a só ver € à  sua frente. Uma calamidade!

terça-feira, 25 de março de 2025


Tabuleiros a património imaterial da UNESCO

Ministra de que cultura?

“A Festa dos Tabuleiros é um grande património e legado nacional” – Ministra da Cultura (c/áudio) | Médio Tejo

Cá vai a 2ª notícia mencionada na crónica anterior.
Lê-se o fica-se banzado. Em visita à região, a srª ministra da cultura espalhou-se ao comprido, ao procurar iludir a população tomarense e agradar à sua autarquia. Conforme link supra, para que não haja dúvidas, declarou a sua admiração pela Festa dos tabuleiros e prometeu fazer pressão pela positiva, tanto quanto possível, junto da UNESCO, para que aprovem a candidatura tomarense.
Leu bem. Uma ministra de um governo europeu, da cultura ainda para mais, admite publicamente que vai fazer pressão tanto quanto possível junto da UNESCO, para aprovação de uma candidatura. Diplomaticamente é um desastre e na prática uma verdade relativa. Um desastre porque estas coisas nunca se admitem abertamente, e ainda menos se dizem. 
Uma verdade relativa porque, quando o processo de candidatura dos tabuleiros a Património Imaterial chegar à UNESCO - Paris, o que ainda não se sabe quando vai acontecer, vai ser registado e entregue para estudo e apreciação a cada uma das quase duzentas delegações, que depois o votarão, numa reunião geral ainda a marcar. A deste ano está fechada, vai ser em Dezembro e tem 72 candidaturas, entre as quais a dos barcos moliceiros de Aveiro, agora dedicados aos circuitos com turistas, cuja candidatura começou muito depois da dos tabuleiros.
Nestas condições, alguém acredita que a srª ministra possa vir a ter alguma influência positiva junto dessas delegações nacionais, ciosas das suas competências? Está-se mesmo a  ver que a senhora falou sobretudo para agradar aos tomarenses, sem se dar conta de que se calhar estragou mais do que facilitou. Logo veremos, quando a srª  já não for ministra de uma cultura muito portuguesa -a da cunha, do jeitinho, da empenhoca e da aldrabice.

segunda-feira, 24 de março de 2025



Turismo e património

Apedeutas a liderar dá nisto...

TOMAR - Gestão municipal. Sinagoga foi o Monumento mais visitado em 2024 - Rádio Hertz

Duas notícias na informação local chamaram a minha atenção, no sentido de as esclarecer, designadamente porque o povo, embora nada diga a respeito, está farto de ser enganado. Uma dessas notícias tem origem na Câmara, informando que duzentos mil turistas visitaram os locais tomarenses tutelados pela autarquia, em 2024, seguindo-se o detalhe por monumento.
As informações sobre a actividade turística são sempre úteis, conquanto neste caso possam carecer de fiabilidade. Não há entradas pagas, nem sistemas automáticos de controlo de acesso, pelo que os dados são recolhidos "a olho". E sendo assim...
Este total de visitantes, ao que parece com um acréscimo de 7% em relação a 2023, poderia ser extremamente útil aos senhores eleitos e respectivos técnicos de apoio (quando os têm) para comparar com as entradas no Convento de Cristo, muito mais numerosas, e dai sacar conclusões operativas. Esta, por exemplo: A entrada no Convento é paga (15 euros/pessoa), mas gratuita em todo o património gerido pela autarquia. Sendo assim, como se explica que o Convento tenha todos os anos muito mais visitantes que os outros monumentos citadinos? Em 2020, Tomar na rede noticiou que apenas 13% dos visitantes conventuais visitavam também os monumentos do centro histórico.
Porquê? O que levará os visitantes, designadamente os estrangeiros atraídos pelo prestígio internacional do Convento de Cristo, a não visitarem a cidade, que atravessam para chegar ao seu objectivo? Tendo em atenção que, no turismo o que conta realmente não é a quantidade de viajantes, mas a despesa de cada turista nos locais visitados, quantos milhões de euros deixam de ganhar os comerciantes e industriais tomarenses todos os anos, porque os turistas em grande parte não descem à cidade para visitar? Quais são os obstáculos?
O turista, seja qual for a sua nacionalidade ou estatuto económico, só pode comprar ou consumir nos estabelecimentos das vias urbanas nas quais circula a pé. Nestas condições, só pode surpreender que até hoje ninguém em Tomar se tenha incomodado com tal anomalia comportamental, procurando conhecer-lhe as causas, para depois propor soluções.
Há por aí um ou dois comentadores que vão escrevendo não ser o turismo uma aposta suficiente para o desenvolvimento económico da cidade e do concelho, nomeadamente por causa dos baixos ordenados Poderá não ser suficiente, ninguém sabe no actual estado de coisas. Mas é seguramente necessário e obrigatório, porque não podemos fechar os acessos à cidade. Estamos portanto numa situação de apedeutas em matéria de turismo (e noutras), todos ufanos porque em 2024 tivemos 200 mil visitantes nos locais visitáveis citadinos, enquanto o Convento de Cristo terá tido muito mais e arrecadado a soma das entradas. É a política à tomarense. 
A outra notícia que referi no início fica para a próxima crónica, que esta já vai longa.




Tribuna de Ruben Gonçalves - PSD

Tomar e o Aumento da Criminalidade

Tomar, a cidade histórica, atravessa tempos de inquietação. O que antes era uma região de paz e tranquilidade, atualmente tem assistido a um aumento da criminalidade que gera preocupação nos habitantes.
Nos últimos anos, segundo dados da Polícia de Segurança Pública (PSP) e do Ministério da Administração Interna, Tomar registou um aumento significativo nos crimes contra o património, como roubos e furtos. Em 2022, o número de furtos em residências aumentou cerca de 15% em comparação com o ano anterior, enquanto os assaltos a estabelecimentos comerciais cresceram 10%. Embora esses números ainda sejam inferiores à média nacional, são suficientes para alarmar a população.
Em 2023, Tomar registou 1.032 crimes, uma ligeira redução em relação aos 1.072 crimes de 2022. Os crimes contra o património foram os mais frequentes, totalizando 558 casos, seguidos pelos crimes contra as pessoas, com 301 ocorrências. Notavelmente, os roubos por esticão e na via pública diminuíram de 10 casos em 2022 para 6 em 2023. Por outro lado, os furtos de veículos aumentaram de 63 para 45 no mesmo período.
À data da redação deste artigo, ainda não haviam sido divulgados os dados de 2024, deixando uma lacuna de informações. No entanto, acredita-se que esses valores tenham aumentado em relação aos anos de 2022 e 2023.
A sensação de insegurança é nítida nas ruas da cidade. Muitos habitantes relatam que, à noite, evitam passeios solitários ou a utilização de determinados caminhos. A falta de iluminação pública em algumas áreas, aliada ao crescente aumento da criminalidade, tem contribuído para um clima de apreensão. O que antes era um simples passeio pela Praça da República agora é visto com cautela.
As autoridades têm tentado responder a esta situação através de campanhas de sensibilização e do aumento da presença policial. No entanto, a realidade é que a criminalidade está muitas vezes ligada a problemas sociais, como a falta de oportunidades de emprego e a exclusão social.
O impacto da pandemia de COVID-19 acentuou estas questões, com muitos jovens a enfrentarem dificuldades que os levam ao crime como uma solução temporária ou definitiva. Neste contexto, o recurso a câmaras de vigilância surge como uma ferramenta importante na luta contra a criminalidade. A instalação de sistemas de monitorização em pontos estratégicos da cidade pode não só dissuadir potenciais infratores, mas também facilitar a identificação e captura de criminosos. A tecnologia oferece uma segurança adicional, permitindo que as forças de segurança tenham acesso a informações em tempo real e possam atuar de forma mais eficaz e rápida.
A população de Tomar, que sempre se orgulhou da sua história e do seu espírito comunitário, começa a questionar o que pode ser feito para reverter esta tendência. É essencial que a cidade de Tomar não se deixe levar pelo medo. O desafio agora é encontrar soluções.
A educação, o emprego e a inclusão social são pilares fundamentais para combater a criminalidade de forma eficaz. É fundamental lembrar que a segurança não se constrói apenas com policiamento, mas sim através da união e do compromisso de todos. O futuro da cidade depende da capacidade de enfrentar os desafios com coragem e solidariedade. Que as vozes de Tomar se unam para juntos, restaurar a paz e a tranquilidade que sempre foram a essência desta terra.

Ruben Gonçalves

Fonte: INE -Instituto Nacional de Estatística

domingo, 23 de março de 2025


AM extraordinária sobre a Tejo Ambiente

Afinal a  montanha não pariu nada

Convocada pela direita, que se sentiu ofendida com algumas considerações da Tejo Ambiente sobre o tarifário rejeitado, mas na realidade manobrada pela CDU, tendo em vista a regresso dos SMAS, a sessão extraordinária da Assembleia Municipal para "discutir o futuro da Tejo ambiente", conforme escrito num órgão local de informação, nada produziu de realmente útil e prático.
No outro hemisfério, a sete horas de avião de Lisboa, acabei há pouco de ver na TV a gravação da transmissão directa, assegurada por competentes operacionais da Hertz, com legendagem automática. Uma maravilha! Com um único lamento da minha parte. Durante a transmissão pensei várias vezes no eventual título "A montanha pariu um rato", que sou forçado pelas circunstâncias a alterar para "A montanha não pariu coisa nenhuma".
Ao longo das horas, os vários deputados municipais lá foram debitando as suas intervenções, quase todos lendo o discurso preparado, uns por imposição partidária (CDU e BE), outros porque nunca aprenderam a falar sem papel à frente. O resultado geral só podia ser o mesmo de sempre -calamitoso. Pouca assistência, 19 pessoas a seguirem a transmissão directa e apenas 270 visualizações na doze horas seguintes. Uma miséria, num concelho de 33 mil eleitores.
Foi um desastre? Para mim sem sombra de dúvida, sendo todavia certo que os políticos locais não aprendem, repetindo os mesmos erros ao longo dos anos. Não se citam nomes, para evitar posteriores incómodos, mas praticamente quem se interessa por estas coisas sabe do que e de quem estou a falar.
Que aconteceu de facto? Procurando descrever de forma imparcial, algo muito claro. Após uma série de intervenções de qualidade desigual, falou o director-geral da Tejo Ambiente e esmagou, em sentido figurado, claro. Foi mesmo um massacre. Muito bem preparado e agindo sempre como um profissional brioso, calmo e muito educado, respondeu às perguntas, tirou dúvidas, esclareceu pontos mais obscuros e explicou vertentes menos óbvias.
Visivelmente surpreendidos e combalidos perante tanta qualidade, os deputados municipais, com destaque para a CDU que entrou no ataque pessoal, dizendo serem políticas coisas apresentadas como técnicas, passaram então à votação da admissão de uma proposta da CDU, que não foi lida, pelo que não sei dizer do que se trata na verdade.
Aceite a proposta com muitas abstenções, na altura em que se devia passar à sua discussão e votação, o presidente da AM assinalou que um determinado artigo regimental impede que se acrescentem novos pontos na ordem de trabalhos das sessões extraordinárias.
Logo após uma proposta do PSD, no sentido de se debater e conceder 5 minutos de intervenção a cada formação, mesmo tendo em conta a manifesta ilegalidade, a CDU topou a armadilha e apressou-se a dizer que retirava a proposta, uma vez que é ilegal, desde que a passem para o primeiro ponto da ordem de trabalhos da próxima sessão da AM. Espera-se que entretanto alguém esclareça finalmente qual é o teor do documento. A população paga, pelo que tem direito à informação completa.
Concluindo,  uma tarde inteira a serrar presunto. Se o tema inicial era discutir o futuro da Tejo Ambiente, depois de uma sessão assim, passou a ser "que futuro para esta AM e para esta gente?"


sábado, 22 de março de 2025


Ensino e formação profissional

Uma escola profissional 
da construção civil e obras públicas em França

 « Elles se mettent à la muscu, s’affirment en entreprise, où elles galèrent pour se faire respecter » : l’école La Bâtisse forme les battantes du BTP

A reportagem é do prestigiado LE MONDE, conforme link supra. Em Lyon, 3ª maior cidade francesa, após Paris e Marselha, cidade do cinema e da gastronomia, com um pouco mais de 500 mil habitantes, foi inaugurada em 2023 uma escola profissional da construção civil e obras públicas. 
Para geral surpresa, dois factos inesperados: 1 - A maioria dos alunos são afinal alunas (ver imagem); 2 - Há muitos alunos e alunas com formação universitária, a frequentar cursos profissionalizantes de pedreiro, estucador, canalizador, carpinteiro de cofragem, e por aí adiante, para reorientarem os seus percursos profissionais.
Noutra passagem, refere a reportagem que os alunos formandos, agora a ganhar o ordenado mínimo francês (1.802 euros mensais), têm boas perspectivas, a médio prazo, de levar para casa no fim de cada mês entre mil e quinhentos e dois mil euros limpos, e até mais, num sector antes considerado como um beco em termos de evolução profissional.
Quando se olha para o panorama educacional tomarense, onde a única escola profissional com uma reduzida oferta formativa está em risco de fechar por falta de formandos, a pergunta impõe-se: -Somos mesmo europeus, para o melhor e para o pior, ou apenas nascemos e habitamos numa ponta do continente, sem grande relação com o centro e respectiva maneira de pensar a vida?
Pergunta tanto mais pertinente, quanto é certo que, por mero acaso, a Câmara de Tomar acaba de subscrever mais um ajuste directo, visando a manutenção da Mata dos 7 montes por uma empresa privada, segundo o presidente Cristóvão por não dispôr de recursos humanos (leia-se jardineiros) suficientes, entre os funcionários municipais. 
De acordo com os dados disponíveis, a Câmara de Tomar tem actualmente nos seus quadros 630 servidores públicos, ou seja um funcionário para cada 53 eleitores (33.400 eleitores inscritos a dividir por 630 funcionários municipais). A maior densidade regional, e mesmo assim estamos mal servidos, como todos sabemos, e o próprio presidente admite que não tem jardineiros suficientes (ou competentes?) para zelarem a antiga Cerca conventual.
Será isto só má língua, como alegam habitualmente os instalados à volta de gamela? Ou estamos mesmo a viver numa bolha em relação ao país e à Europa, sem disso nos darmos conta? Convém apurar quanto antes, para se poder mudar de rumo, pela menos na área do ensino e formação profissional. Começamos a ter algumas características de exotismo em relação ao triângulo Londres-Paris-Berlim. Mau sinal. Paira cada vez mais no concelho a ideia de que os tomarenses dão todos excelentes funcionários públicos sentados...


sexta-feira, 21 de março de 2025


Tanque da cadeira d'El-Rei, por onde a água dos Pegões entrava na Cerca e chegava ao Convento e Castelo. Actualmente uma ruína a pedir reabilitação.

Património natural e edificado

Câmara de Tomar assume gestão 
da antiga Cerca conventual


É uma decisão positiva que se apoia, porém tardia e se calhar insuficiente. Depois de ter gasto milhares de euros com pulverizações sem êxito, e com um furo artesiano junto ao Tanque da cadeira d'El-rei, procurando sem sucesso resolver o problema da buxo da entrada, alegadamente atacado por um fungo, a maioria socialista lá acabou por aceitar a voz do povo: o problema é falta de rega, falta de água, falta de pessoal e falta de manutenção. O fungo foi só um argumento oportuno. A haver mesmo fungo, porque apareceu só agora? Para chatear a maioria autárquica?
Ao conseguir obter do governo a gestão da Mata (ver link), e imediatamente entregar a respectiva manutenção e recuperação a uma empresa privada, por ajuste directo, a Câmara andou bem e merece aplauso, mas nada de ilusões. Não basta celebrar um contrato visando zelar pela Mata. É indispensável fixar por escrito as tarefas obrigatórias a desempenhar e a respectiva frequência. Sem isso...
A partir de 1613, data de entrada em funcionamento do aqueduto filipino de abastecimento de água, criou-se  na zona um ecossistema com microclima, abrangendo o conjunto Cerca-Convento-Castelo, o qual se manteve activo  durante séculos, até que o Seminário das Missões abandonou as instalações conventuais, no final do século XX. Constatando a falta de manutenção e de fiscalização, a população limítrofe, que até então desviava água do aqueduto de forma moderada, passou a desviar todo o caudal, alegando que as nascentes secaram, ou que a conduta a seguir à Porta de ferro está entupida.
Dessa rapina sem vergonha, resulta que a água deixou de correr no aqueduto, os três tanques da Cerca deixaram de servir e as regadeiras tradicionais do Chouso e do Pomar do castelo têm-se deteriorado a olhos vistos, tal como como acontece com os Pegões. E a vegetação da Cerca vai sofrendo as consequências. Não é só o buxo da antiga Horta dos frades, que secou. A Alameda dos freixos, outrora frondosa, também secou, tal como a "Fonte da racha" e centenas de árvores da encosta norte, enquanto o Ribeiro dos 7 montes do lado sul da entrada deixou de correr, faltando-lhe a água proveniente dos Pegões, via Tanque da Cadeira d'El-Rei.
De maneira que, em jeito de conclusão, se a Câmara pretende realmente resolver o grave problema da Mata, terá agora de arranjar coragem para pressionar de forma eficaz a direcção do Convento de Cristo, no sentido de  esta assumir as suas responsabilidades como proprietária de facto. Mandar reabilitar todo o aqueduto, da Boca do cano à Torre Dª Catarina, pôr de novo a água a correr de forma permanente no aqueduto, e contratar pessoal para posterior manutenção e fiscalização. Só depois, passados alguns anos, teremos de novo água nas camadas freáticas das encostas norte e poente, proveniente das escorrências do Chouso e do Pomar, o verde passará a ser mais verde, e o fungo do buxo irá para outros locais turísticos.
Sem a requalificação integral do aqueduto e a indispensável fiscalização posterior, tarefas da responsabilidade da Museus e Monumentos de Portugal, EP, que tutela o Convento e o Castelo a partir de Lisboa, quando a sede da autarquia está a menos de um quilómetro, tudo aquilo que a empresa contratada pela Câmara possa vir a fazer de positivo na manutenção da Cerca, não passará afinal de algo parecido com colocar pensos desinfectantes em perna de pau carunchosa, à espera que resulte. Porque sem água nos tanques nem nas regadeiras de forma permanente, boa vontade não chega de modo algum.


quinta-feira, 20 de março de 2025


Análise política

A política local entre o teatro 
a denúncia anónima e o outsourcing

TOMAR - PS e PSD já serviram o 'aperitivo' para a Assembleia Municipal que irá debater a Tejo Ambiente: sessão «dará voz aos que demonizam a empresa» - Rádio Hertz

TOMAR - Inspeção-geral de Finanças e ERSAR receberam queixa contra «ilegalidade do tarifário» da Tejo Ambiente - Rádio Hertz

TOMAR - Câmara já tem «plenos poderes» para intervir na Mata dos Sete Montes. Empresa externa foi contratada para zelar pelo espaço - Rádio Hertz

Por aqui também tem chovido bastante, mas a temperatura mantém-se nos 28-29 graus célsius à beira mar, o que permite ir pensando de bermuda e sandálias, enquanto se caminha no amplo calçadão, a cismar na terra-berço, que ontem foi dia do pai.
Visto daqui, parece pairar um anómalo silêncio na política do vale nabantino. Tirando as fotografias, sempre muito lindas e sempre as mesmas, bem como algumas banalidades sobre o quotidiano de alguns que se julgam importantes e vão falando de tudo, até da gata lá de casa, escasseiam textos, opiniões, mesmo ao nível do comentário simplório. Até no Tomar na rede aparecem apenas dois ou três por dia, sempre os mesmos escrevendo igual. Uma pasmaceira, numa terra com as ruas desertas a partir do fim da tarde, como no Alentejo.
Na Hertz, que se esforça por bem informar dentro dos limites e do açaimo conhecidos, lá fui sacando matéria para pensar, resumida nos links supra, que os mais curiosos farão o favor de accionar, mas não é forçoso. O que mais promete é aquele da próxima sessão da AM, que ainda não consegui entender para que vai servir, mas deve ser problema meu. A idade, costumam dizer. Em todo o caso, segundo a notícia da Hertz, a referida sessão do parlamento municipal "dará voz aos que demonizam a empresa" (Tejo ambiente) e querem o retorno aos SMAS, acrescento eu.
Logo a seguir à demonização da empresa, aparece no mesmo órgão informativo uma originalidade em Tomar, meio século após os "bufos" terem ficado no desemprego, temos uma denúncia sobre irregularidades na mesma Tejo Ambiente, "devidamente identificada, mas com solicitação de anonimato", como no tempo da António Maria Cardoso. Trata-se obviamente de ajudar na queda da Tejo Ambiente, enfraquecendo-a, assim abrindo caminho aos ansiados SMAS. Mas como?
Causou-me por isso algum espanto uma notícia Hertz sobre a transferência da Mata para a Câmara, "que avançou para a contratação de uma empresa que ficará responsável por zelar pela Mata. Uma contratação que Hugo Cristóvão justifica com a incapacidade ao nível dos recursos humanos municipais para concretizar essa missão."
Essa agora! Uma Câmara com 630 funcionários, um para cada 60 e poucos eleitores, não tem jardineiros suficientes para assegurar a manutenção da Mata, o que em tempos era feito por 3 funcionários, incluindo o guarda?
E numa situação destas, há eleitos que pretendem o regresso aos SMAS, assim acabando com o outsourcing conseguido pela anterior presidente, e que Cristóvão vai agora usar na Mata? Caso para perguntar: Com que recursos humanos? Os mesmos do costume?
Há qualquer coisa que me escapa em tudo isto. E desculpem lá o outsourcing, Podia muito bem usar o vocábulo português terceirização, mas não era a mesma coisa. Há que alardear um bocadinho qualidades ausentes, por exemplo usando termos ingleses quando não se fala bem a língua da velha Albion. Os tomarenses gostam de espectáculos gratuitos, mesmo de fraca qualidade...

quarta-feira, 19 de março de 2025




TRIBUNA DE TIAGO CARRÃO - PSD

TOMAR PRECISA 
DE UM “ABANÃO ECONÓMICO” (PARTE 1)

O desenvolvimento económico é a base para o progresso. Quando as empresas crescem, os territórios crescem com elas. Quando se criam postos de trabalho, os jovens têm razões para ficar. Quando se atrai investimento, reforça-se a esperança no futuro. Infelizmente, os números não deixam margem para dúvidas, Tomar está a perder terreno face a concelhos vizinhos. Vejamos alguns dados relativos a 2024:

• Nas 1.000 maiores empresas da região, apenas 29 são de Tomar (Abrantes - 41,Torres Novas – 51, Ourém – 118);

• Temos 7 “PME Excelência”, em 2023 tinham sido 10 (Torres Novas – 13, Ourém –47);

• Foram criadas 79 empresas, número inferior às 84 de 2023 (Abrantes – 84, TorresNovas – 94, Ourém – 180), e encerraram 36 empresas, mais 3 do que em 2023;

• Tomar tem 3 projetos aprovados no programa CENTRO 2030 (Torres Novas – 4, Ourém – 15);

• A Critical Software, empresa tecnológica, saiu de Tomar e reforçou a aposta em Viseu por considerar “um local com maior potencial de crescimento”;

• O desemprego aumentou: 871 em Setembro/2024 (150 licenciados), eram 749 em Setembro/2023.

Porquê? Porque é que Tomar “não sai da cepa torta”? Porque falta uma estratégia, falta a capacidade de implementar medidas concretas para apoiar o tecido empresarial e falta ambição para captar investimento e criar postos de trabalho. Durante 12 anos, a governação socialista tem assistido a esta decadência sem agir. 
Empresas instaladas no concelho foram deixadas à sua sorte, a Zona Industrial esquecida, e oportunidades desperdiçadas. É na falta do crescimento económico que é mais evidente a incompetência dos socialistas que (des)governam a Câmara Municipal de Tomar:

• Em 2020, Câmara Municipal desistiu de uma candidatura a fundos comunitários de 1 milhão de euros para a requalificação da Zona Industrial. Em 12 anos, pouco mais fizeram que mudar para o nome “Parque Empresarial” e colocar umas placas sinaléticas de fraca leitura.

• O Complexo Empresarial Tomar Parque na Venda da Gaita e a Área de Atividade Económica no Pintado estão igualmente esquecidos.

• Andam há mais de 6 anos para tratar do Plano de Pormenor que permitirá a Zona Industrial de Vale dos Ovos, defraudando expetativas de empresários e investidores (agradecem as zonas industriais da Freixianda e de Casal do Frades no concelho vizinho de Ourém).

• Não conseguiram evitar que Tomar ficasse de fora do projeto “Bairros Comerciais Digitais”, uma candidatura a um financiamento de 1 milhão de euros com o objetivo de promover a digitalização da nossa economia local. Desperdiçaram, por incompetência, esta oportunidade para os setores do comércio e dos serviços abertos ao público.

• Interromperam a aposta no potencial tecnológico de Tomar, iniciado em 2013 com a vinda da Softinsa/IBM e a capacidade formativa e de inovação do Instituto Politécnico de Tomar. A governação socialista não só não lhe deu seguimento, como permitiu que outros Municípios, como Viseu ou Fundão, ocupassem esse espaço. O resultado está à vista: saída de talento, perda de competitividade e estagnação económica.

• Deixaram cair uma candidatura aprovada de 2 milhões e 400 mil euros de fundos comunitários para a construção do Centro de Conhecimento e Valorização no IPT.

• O Turismo, aposta única desta governação (cuja estratégia, ou falta dela, é também questionável), é um vetor importantíssimo na economia tomarense, mas, por si só, insuficiente para alavancar o crescimento sustentado que ambicionamos para a economia do concelho.

• Onde está a Economia Social? Esquecida e desvalorizada. Um pilar fundamental do desenvolvimento sustentável que, para além do impacto social, emprega centenas de tomarenses. Mas a governação municipal socialista reduziu a relação com o setor social à atribuição de subsídios, ignorando os desafios e as ambições destas instituições. Não nos esquecemos que, por exemplo, a Santa Casa da Misericórdia de Tomar se viu forçada a escolher Vila Nova da Barquinha para instalar uma Unidade de Cuidados Continuados, por inoperância da Câmara Municipal de Tomar.

Ao longo dos últimos 12 anos, a governação socialista na Câmara Municipal de Tomar limitou-se a gerir a estagnação, sem uma estratégia real de desenvolvimento económico. E vem agora o Presidente da Câmara dizer que o emprego é uma prioridade?!
Depois de anos de inação, de oportunidades desperdiçadas e de decisões que apenas agravaram a estagnação económica, agora, a poucos meses das eleições autárquicas, é que o Presidente da Câmara descobriu que o emprego é uma prioridade? Não será tarde demais?
Partilho da frustração de quem vê Tomar continuar a perder terreno, enquanto outros concelhos avançam, de quem vê adiado o futuro da nossa terra. Todos nós sentimos a falta de ambição, de capacidade, de liderança de quem (des)governa a Câmara Municipal de Tomar. Mas, não nos podemos dar por vencidos!
Precisamos de uma nova energia na governação municipal, com uma nova visão, proximidade e transparência, capaz de olhar de frente os desafios e assumir o crescimento económico, empresarial e industrial como uma das mais importantes missões do próximo mandato.
Tomar precisa de um “abanão económico”. É esse o nosso compromisso e, na segunda parte deste artigo, a publicar nas próximas semanas, partilharei as principais ideias e linhas de ação para cumprir este propósito.

Tiago Carrão
Candidato a Presidente da Câmara Municipal de Tomar pelo PSD

terça-feira, 18 de março de 2025

Imagem aérea do Convento de Cristo, mostrando sem margem para dúvidas que o aqueduto filipino de abastecimento de água é parte integrante do monumento, desde o primeiro quartel do século XVII.

Património construído e classificado

E se o Convento de Cristo for retirado
da lista do Património Mundial da UNESCO?

https://123ecos.com.br/docs/convencao-do-patrimonio-mundial-da-unesco/

Entretidos com a longa e infeliz maratona da candidatura dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO, os tomarenses mais interessados pelas questões do património e da sua preservação, tendem a esquecer a grave questão do desvio da água dos Pegões, que causa prejuízos consideráveis na envolvente verde do Convento de Cristo, inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO desde 1983. Convém por isso relembrar alguns tópicos, procurando evitar situações irremediáveis.

1 - O aqueduto filipino para abastecimento de água ao Convento de Cristo e Mata do Sete Montes faz obviamente parte daquele monumento. Só a direcção do Convento é que parece pensar de modo diverso, e agir em conformidade, ao arrepio das conveniências. Por isso o aqueduto está como está. É pena.

2 - Perante a degradação cada vez mais evidente da antiga Cerca conventual, nomeadamente do jardim formal da antiga Horta dos frades, e do Pomar do castelo, após múltiplos esforços em vão no sentido de reverter a situação, restabelecendo o multicentenário eco-sistema com á agua a correr no aqueduto, desde as quatro nascentes até à Torre de Dª Catarina, no Castelo, resta encarar outras formas de protesto que se revelem mais eficazes.

3 - "Se um local é aprovado, é adicionado à Lista do Património Mundial. A partir desse momento, os países responsáveis comprometem-se a cuidar desses lugares, garantindo que eles sejam preservados e mantidos em bom estado."

4 - "A lista do Património Mundial está em constante revisão. Os locais classificados que não mantêm os padrões de preservação são retirados da lista, o que coloca grande pressão sobre os países para cumprirem as suas obrigações, nos termos da Convenção para a salvaguarda do Património Mundial da UNESCO."

Fica aqui o aviso sereno e sem ameaça. Quem escreve estas linhas sabe a que portas se dirigir para em pouco tempo conseguir que o Convento de Cristo deixe de ser considerado Património Mundial da UNESCO, sendo retirado da respectiva lista, após reclamação fundamentada, caso entretanto nada seja feito no sentido de requalificar a estrutura e repôr a água a correr em todo o aqueduto, genericamente designado por Pegões. entre as 4 nascentes e a Torre de Dª Catarina, no Castelo templário.
É isso que a Câmara, a directora do monumento e os tomarenses querem? Depois não venham alegar que nunca foram prevenidos. Paris e a sede da UNESCO, são logo ali adiante, e para grandes males, grandes remédios.



segunda-feira, 17 de março de 2025


A maioria socialista, os tabuleiros e a UNESCO

Uma atitude política asquerosa

https://mediotejo.net/tomar-candidata-festa-dos-tabuleiros-a-patrimonio-da-humanidade-c-video/

 Tive náuseas, ao ler as tiradas triunfalistas da srª vice-presidente da Câmara no link supra, no passado dia 14, a propósito da entrega da candidatura dos tabuleiros a património imaterial na UNESCO. São considerações do meu ponto de vista indignas de alguém de esquerda. Vejamos.
Por razões que conviria apurar, algo que nunca será feito, estou certo, sendo as coisas aquilo que são, um simples processo de candidatura a uma classificação da UNESCO, que devia durar um máximo de sete meses, e que eu consegui terminar em menos de sete dias, em 1983, já vai nos sete longos anos e ainda não está concluído. Porquê? Quem falhou? Que erros foram cometidos? -Silêncio, há festarolas, subsídios e comezainas para compensar o rebanho de fiéis.
Em vez de corajosamente encarar a realidade tal como ela é, e pedir desculpa aos eleitores pelo insucesso manifesto, a srª vereadora que lidera o processo, que já custou à autarquia centenas de milhares de euros, resolveu usar um discurso em tom de epopeia, tentando transformar um evidente malogro com alguns erros, num estrondoso sucesso sem mácula. 
É o tipo dos discursos de Sócrates, o do PS, que pelo menos sempre vai tendo a coragem de admitir que é tudo uma questão de narrativa, para que não haja dúvidas. Já no caso da senhora, nitidamente mais esquerdista, cheira a "causas fracturantes", especialidade dos bloquistas. Esta pelo menos não oferece dúvidas. É mesmo do tipo fracturante. Obrigou a fracturar o mealheiro camarário para pagar os custos, nomeadamente o funcionário superior expressamente contratado para elaborar o processo de candidatura, que custa aos cofres municipais uma modesta quantia à roda dos 50 mil euros anuais, e já  dura há sete anos.
Poderá alegar a senhora visada, que não está nada habituada a conformar-se com a realidade, que quem escreve estas linhas dirigiu em 1983 uma candidatura à UNESCO então muito mais simples, a do Convento de Cristo e do Centro histórico a Património da Humanidade, que por isso foi elaborada em poucos dias.
É verdade, mas começou-se então por assumir a função com humildade, procurando saber previamente junto da UNESCO quais eram as normas a seguir e as eventuais idiossincrasias a ultrapassar, o que desta vez nunca foi feito, após o que tudo correu pelo melhor, com uma única mácula -a candidatura era do Convento e do Centro histórico, mas o ICOMOS, reunido em Friburgo, recusou a última, alegando que era redundante, uma vez que o Convento de Cristo é em Tomar e no centro urbano.
Escrevo e lembro tudo isto, porque em Outubro próximo há eleições, sendo urgente correr com esta gente, que nem sequer consegue encarar a realidade tal como ela é. As outras formações até podem não ser melhores, mas parecem pelo menos mais equilibradas, com menos tendência para o desvario e o estoiro de dinheiros públicos, que tanta falta fazem noutros sectores.
De qualquer maneira, citando o palhaço brasileiro Tiririca, que em tempos foi eleito deputado federal aqui no Brasil, "corram com eles que pior do que está não fica."




 Tabuleiros a Património Imaterial da UNESCO

Entrega da candidatura 
por enquanto é só conversa

https://mediotejo.net/tomar-candidata-festa-dos-tabuleiros-a-patrimonio-da-humanidade-c-video/

TOMAR - Agora é oficial: Festa dos Tabuleiros candidata-se a Património da Humanidade - Rádio Hertz

Segundo informação enviada por gente amiga, (1º link acima) confirmada só hoje, 17/03, na Rádio Hertz, após uma longa maratona de sete anos, os serviços municipais lá conseguiram finalmente levar a carta a Garcia, que é como quem diz neste caso, entregar na UNESCO a candidatura dos tabuleiros a Património Imaterial. Segundo declarações do presidente substituto, a entrega ocorreu no passado dia 14/03, acrescentando que Portugal só pode apresentar uma candidatura por ano e desejando que a classificação ocorra o mais depressa possível. Está assim a tentar justificar antecipadamente aquilo que já sabe de fonte segura, mas não disse: na melhor das hipóteses, caso a candidatura tomarense ainda venha a ser acolhida na lista deste ano de 2025, e os tabuleiros classificados como património imaterial, isso só acontecerá na próxima reunião do respectivo Comité, marcada para Dezembro de 2025.
Adeus candidatura dos tabuleiros como argumento ou trunfo eleitoral. Terá de ficar para melhor oportunidade. Mais grave ainda, TAD3 consultou a lista de candidaturas a património imaterial da UNESCO e por enquanto, entre as 72 inscrições, há apenas uma de Portugal -O barco moliceiro de Aveiro, com o nº 2332, entregue em 25 de Março de 2024. De tabuleiros nada. Aguardemos.
Quanto às declarações do presidente substituto, segundo as quais Portugal só pode apresentar uma candidatura por ano, o que justificaria a presente situação desfavorável dos tabuleiros, TAD3 ignora se existirá tal limitação, tendo contudo constatado que o Japão tem três candidaturas entre as 72 deste ano, com os números 2291, de 27/03/2024, 2292, de 27/03/2024 e 2293, de 27/03/2024. Dois pesos e duas medidas na UNESCO? É muito pouco provável.


domingo, 16 de março de 2025

Imagem editada, copiada de O MIRANTE, com os agradecimentos de TAD3.

Gestão autárquica e património 

Os quartéis e a sede 
da Comissão regional de turismo

O MIRANTE | Vai avançar projecto para instalar Loja do Cidadão no antigo Palácio de Alvaiázere

Com sede em Santarém, O MIRANTE é um semanário muito bem feito, que por vezes inclui notícias de Tomar não publicadas pela informação local, vá-se lá saber porquê. Desta vez notícia a ideia da Loja do cidadão, a instalar pela Câmara nos anexos do Palácio Alvaiázere, ainda não se sabe bem quando, segundo declarações do presidente substituto (clicar no link acima).
Os leitores mais atentos vão notar pela imagem que se trata de jornalismo feito por alguém que não mora em Tomar, nem está assim muito ao corrente daquilo que escreve. A parte do Palácio a recuperar, para aí instalar a Loja do cidadão, é justamente aquela que não se vê na foto ilustrativa. Azares...
Em contrapartida, quem escreveu a notícia tem o mérito de ter alargado o seu âmbito, falando das ambições do presidente substituto em relação a imóveis património do Estado que interessam à Câmara. Há, por exemplo, o caso daquela pequena moradia devoluta, junto ao Nabão e à capela de S. Lourenço, que não se percebe bem para que possa interessar à autarquia, (futura casa de férias para vereadores amantes da pesca de rio?),  mas foca-se também o ignorado imbróglio do "quartel de S. Francisco", susceptível de ainda poder vir a fazer correr muita tinta nos jornais e não só.
Sucintamente, o caso é o seguinte. A dada altura, nos anos 80 do século passado, o governo, através de um dos seus ministérios, transferiu gratuitamente para a câmara o "quartel de S. Francisco", devoluto desde a ida do RI 15 para as novas instalações, onde ainda se mantém.
O presidente da Câmara de então, crente católico ligado à Opus Dei, aproveitou a cedência estatal para vender à irmandade franciscana, uma instituição privada, a parte norte do ex-Convento de S. Francisco, por 150 mil escudos.(7.500 euros, naquela época). Foi uma dupla ilegalidade. 
Por um lado, o próprio decreto régio de 1834, assinado por Joaquim António de Aguiar, que confiscou todos os bens das ordens religiosas, estabelece que os mesmos jamais poderão voltar à posse das congregações, caso óbvio da irmandade franciscana. Por outro lado, a doação pelo estado foi demasiado vaga, não havendo, tanto quanto se saiba até hoje, qualquer documento oficial com uma relação detalhada e respectiva representação gráfica daquilo que foi efectivamente doado à Câmara.
Dessa lacuna resulta que agora, vários serviços instalados nos anexos do velho convento pedem quase 5 milhões de euros para entregar à autarquia o que resta do "Quartel de S. Francisco". Infelizmente, a Câmara não dispõe de quadros jurídicos com experiência, capazes de fazer valer os direitos indiscutíveis da autarquia, na ausência de documento detalhado de cedência pelo Estado de tudo aquilo mais tarde ocupado por serviços oportunistas.
Esta prosa já vai longa, mas aproveita-se, ainda assim, para apresentar outro caso problemático com o património do Estado, que já foi camarário. Na mesma época em que o Estado doou à Câmara o "quartel de S. Francisco", conseguiu-se em Santarém, durante uma reunião com todos os autarcas do distrito, a instalação em Tomar de uma Comissão Regional de Turismo, que veio a ser dos Templários, Floresta Central e Albufeiras.
Anos mais tarde, mas ainda no mandato da AD, as nove câmaras municipais que integravam a dita comissão regional de turismo, com Tomar à cabeça, compraram por 49 mil contos a ex-agência local do Banco de Portugal, na Corredoura, e aí instalaram a sede.
Extinta a Comissão regional de turismo por decisão governamental, os seus bens foram arbitratriamente transferidos para o Turismo de Lisboa, estando para venda desde então. E até agora ninguém na Câmara de Tomar, ou nas outras oito, decidiu reivindicar aquilo que lhes pertente solidariamente, sem dúvida alguma, pelo que o mono ali à entrada da rua principal continua à venda. Com uma curiosidade algo pitoresca: Quando a anterior presidente da Câmara manifestou a intenção de alugar o imóvel, o Turismo de Lisboa recusou. Pudera! A jogada era demasiado evidente...