sexta-feira, 14 de março de 2025


Imagem Rádio Hertz, editada por TAD3, com os nossos agradecimentos.


Eventos festas e festarolas à custa dos contribuintes

Filipa Fernandes:
Há doze anos a ludibriar os eleitores, 
ainda com alento e habilidade 
para se defender por escrito

Sempre apreciei adversários políticos talentosos, sobretudo daqueles que escrevem bem, usando uma prosa atraente, como é o caso. Detesto contudo os que usam o seu talento para insistirem em políticas erradas e nefastas, intrujando deliberadamente quem os elegeu e ousando vir depois a público garantir por escrito que está tudo bem, quando é evidente que não está de forma alguma.
N'O Templário desta semana, na página 7, a srª vice-presidente da autarquia procura justificar a sua condenável actuação desde 2013, num escrito cujo título é logo um evidente logro, pois a questão que se coloca não é essa: "Eventos: Investimento estratégico ou despesa injustificada?" Partindo do caso da Feira de Santa Iria, cujas receitas de 2024 foram inferiores às despesas, na ordem dos 125 mil euros, a articulista apresenta a alternativa tal como a vê: "Será função das autarquias organizar eventos com o objectivo de gerar lucros diretos?" E responde logo a seguir que se tal fosse a lógica, então todos os eventos organizados pela autarquia seriam prejuízo e não investimento.
Mas é exactamente essa a situação, srª vice-presidente. Não são investimento nenhum os seus eventos,  a pretexto de promover a cidade e o concelho, porque não é missão da Câmara a promoção turística, que está atribuída a dois organismos autónomos bem conhecidos - O Turismo de Portugal e a Entidade Regional de Turismo do Centro. Mesmo se a srª insiste erradamente em ir todos os anos, com um stand próprio, à FITUR MADRID. Deve ser cá um sucesso!
Acresce que, no principal caso que elenca, a Feira de Santa Iria, a cidade não tem capacidade para acolher com dignidade os visitantes atraídos pelos espectáculos musicais, os quais de resto também fazem habitualmente como os peixes velhos em relação aos pescadores desportivos: comem o isco e cagam no anzol. No caso, arrumam o carrito quando conseguem, que o estacionamento é pouco,  assistem ao espectáculo e  vão-se embora sem consumir. ou comprar. E os feirantes vão-se queixando em vão...
A srª bem pode alegar que a multicentenária feira de origem filipina gera mais despesas que receitas, porque a autarquia "privilegia preços acessíveis para garantir diversidade, qualidade e atratividade". Todos sabemos, a começar pelos feirantes, que não é bem assim. Na verdade, a tal diferença de mais de 100 mil euros tem origem na sua habitual prática de aproveitar qualquer evento para contratar por ajuste directo, com muito sumo, artistas e conjuntos da cor, que de resto são geralmente sempre os mesmos.
Basta olhar para as contas com alguma atenção, para perceber que em quase todos os eventos há artistas e conjuntos com fartura, contratados por ajuste directo, por vezes sem qualquer relação evidente com o contexto festivo. Donde talvez a necessidade sentida pela srª vice-presidente de confessar que procurou transformar a Feira de Santa Iria numa festa, na sequência das obras na Várzea grande. Nunca lhe passou pela cabeça, srª vice-presidente, que uma feira é uma feira, e uma festa é uma festa, sobretudo quando a feira já tem cinco séculos de existência e exige respeito?
Há doze anos a procurar ludibriar os tomarenses com uma actuação capciosa, ainda não percebeu que agora é demasiado tarde para se justificar, pois há nesta altura muita gente farta do seu triunfalismo bacoco, e das suas nefastas consequências?

Nota final

O texto alvo desta crítica está publicado n'O Templário de 13/03/2025, um semanário local estipendiado pela autarquia, o que me impede de lá escrever seja o que for. Por isso, desde já esclareço que TAD 3 publicará integralmente e com igual destaque qualquer resposta subscrita por Filipa Fernandes, que respeite as normas da convivência democrática entre eleitores do mesmo concelho. Nem era preciso dizer, mas fica ainda melhor dizendo-o.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. É verdade que o Turismo que envolve organismos oficiais é um bodo aos pobres e só serve para parasitar o setor.
    É a iniciativa privada o grande dinamizador e conhecedor deste setor muito importante para a economia nacional.
    Como tudo o que é demais só estraga, começamos a estar nesse ponto.
    Contudo é de salientar a criação já o ano passado da marca " Turismo Religioso " lançada e detida Pela Câmara de Ourém , já com stand na BTL no ano passado , agora ter sob as suas ordens a " Rota dos Templários ao passar a integrar a mesma.
    Foi elucidativo de ouvir o presidente da Câmara de Ourém ,que está cientificamente comprovado que Ourém integrou desde sempre as fortificações Templárias em Portugal. Quem sabe se o próximo passo não será dizer que os tabuleiros foram desde sempre um património MATERIAL de Ourém.

    E lá estava a inefável Filipinha a assinar essa entrada de Ourém , com uns figurantes mascarados de Templários, não percebendo sequer que o estava a fazer o que o macacão de Ourém quer....

    Enfim é o que temos !!!

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    1. Nunca estive tão alinhado com um comentário de José Caldas. Nota-se que a experiência no sector é importante, se calhar até indispensável, para se saber do que se está a falar. Excelente análise sucinta, a ler com atenção pelos eleitos e outros políticos locais. Mostra porque nunca mais conseguimos ir além da mediocridade na área do turismo, entre outras.

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