quinta-feira, 13 de março de 2025

J.I. Raul Lopes. Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos

Habitação social e creche

Um momento histórico?

TOMAR – Edifício onde funcionou JI Raul Lopes já está a ser demolido. «Este é um momento histórico», disse-nos Filipa Fernandes (c/vídeo) - Rádio Hertz

Lembro-me bem. O agora velho "Bairro Salazar", com as suas cem casas, foi em tempos um problema para a Câmara, que só passados 3-4 anos conseguiu arrendar todos os alojamentos. E mesmo assim, só depois de ter aligeirado as iniciais  condições de candidatura. O meu pai, por exemplo, tinha direito, por ser modesto funcionário público, mas não quis: -"Aquilo é muito fora de mão e está no meio de nada", disse ele na época. E assim morei até agora aquém da ponte.
Que o agora bairro 1º de Maio nunca foi muito cobiçado para morar, é do conhecimento geral. De tal forma que, 74 anos após a sua inauguração, a Câmara ainda conseguiu lá alojar algumas famílias do Flecheiro, para geral descontentamento dos moradores antigos.
Com a aproximação das eleições, e após dez anos sossegados nessa área, em que apenas houve o realojamento das 40 famílias flecheirenses, a maioria PS desatou a adjudicar empreitadas de habitação social, num concelho que perdeu 6 mil eleitores nos últimos vinte anos. Vamos ter apartamentos de renda controlada na Choromela, na Quinta do Contador e em Marmelais, além dos já existentes, cujos locatários vão saindo. Para quem e em que condições? Boa pergunta.
No meio de tal abundância repentina, com origem em Bruxelas, a autarquia até resolveu passar a outras áreas do social, entre as quais um novo jardim de infância e uma creche, no local onde funcionava até agora o J.I. Raul Lopes, no antigo Colégio Nun'Álvares, um empreendimento particular, comprado pelo Estado já depois do 25 de Abril.
Terá sido essa circunstância que empolgou a srª vereadora da educação e vice-presidente da edilidade? Só ela o poderá esclarecer. Certo é que, no início das obras do antes referido conjunto creche-jardim de infância, Filipa Fernandes foi clara e muito expressiva: -"É um momento histórico!" Não explicou porquê, decerto porque na sua cabeça o que está claro não carece de esclarecimento.
Mas será mesmo "um momento histórico" a valer? Ou pela negativa? Continuando a ler com atenção a notícia da Rádio Hertz, (link acima) fica-se a saber logo mais adiante que por enquanto a maioria socialista ainda não sabe se a futura creche de 74 lugares será gerida pela própria autarquia ou por uma IPSS ainda a determinar: "Ainda está por definir se a creche será municipal, ou se alguma instituição social nabantina poderá assumir essa missão."
Ou seja, em português básico para todos entenderem, a menos de um ano da prevista entrada em funcionamento do equipamento, a maioria socialista ainda não conseguiu resolver quem vai tomar conta da nova creche, quanto mais agora se haverá bébés para 74 vagas, numa cidade cuja demografia é o que se sabe. Os ciganos e outros indigentes têm geralmente muitos filhos, mas os velhos reformados...
Sem informação fiável, como podem os camaristas saber antecipadamente quem irá habitar os futuros apartamentos sociais, ou sequer se vai haver quem queira para lá ir dentro das condições impostas? Foi feito algum estudo sobre a necessidade de novos alojamentos e de nova creche?
Não há dúvida. A srª vereadora Fernandes tem razão. É mesmo um momento histórico. Aquele em que os tomarenses mais interessados pela política local constataram que, pelo menos em matéria de habitação e outras prestações sociais, a maioria socialista anda à deriva, sem saber bem para onde vamos, apesar de continuarmos "no rumo certo". Era a altura de acrescentar "Valha-nos Nossa Senhora da Agrela, que não há santa como ela", se eu fosse crente praticante, mas não sou. Crente talvez, praticante não.

4 comentários:

  1. Assisti ontem ao 1ºepisódio de um documentário sobre o 11 de Março de 1975. Em especial sobre a reunião selvagem realizada na noite do 11 de Março por uma turba de militares , grande parte deles traidores à Pátria. Menciono alguns, Otelo, Dinis de Almeida, Costa Gomes, Rosa Coutinho etc. Não houve fuzilamentos como pedido, mas o País entrou num buraco negro que ainda hoje não foi possível sair. O soldado português comando mais condecorado e negro Marcelino da Mata , não foi fuzilado por acaso.
    O País foi infetado pelos comunistas, que controlaram toda a informação em especial a RTP e pelos seus membros, condicionando o rumo do País e das colónias ( é vergonhoso por exemplo um cretino chamado Adelino Gomes que inclusivamente foi para Timor para a entrega da colónia à comunista Fretilin.
    Passados 50 anos a herança comunista/socialista gerou as juventudes desses partidos que hoje estão em lugares de decisão
    Tomar não é diferente e esta gente acha que faz história , quando toma o pequeno almoço!!

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    1. Não irei tão longe nem tanto para esse lado, mas lá que assusta um bocado assistir ao que se está passando em Tomar, isso é fora de dúvidas.

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  2. Ze Caldas .
    Belíssimo texto, continue assim, tal como António Rebelo, não sabemos quem vai primeiro, mas enquanto eu cá andar, são pessoas como vós, que me vão dando alento ,sobre estes temas.

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    1. Agradeço este seu comentário, sr. Oliveira. Tem para mim dois méritos: 1-Parece-me sincero e sem filtros; 2 - Mostra que TAD 3 é uma vitrine de liberdade de expressão.

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