sexta-feira, 7 de março de 2025


A gamela dos pobres

Entre o segredo e a gabarolice

TOMAR - Cerca de 300 pessoas beneficiam do RSI. Quase metade não tem condições para ingressar no mercado de trabalho - Rádio Hertz

É do conhecimento geral que temos um executivo municipal avesso à informação. Para aquela gentinha é tudo secreto, confidencial, reservado, sigiloso e de uso restrito. Mesmo quando estão obrigados por lei a facultar o acesso aos documentos administrativos, fazem de conta que não sabem de nada. Acusam a recepção do pedido e ficam-se por aí. 
Evitam de negar, pois há casos bem conhecidos. A começar por quem escreve estas linhas, que aguarda há mais de um ano acesso a dois processos. E depois, paulatinamente, de tempos a tempos, a gabarolice impõe-se, um eleito sente necessidade de mostrar serviço, e lá vem, a conta gotas, alguma informação até aí sigilosa, muito incompleta, mas mesmo assim algo esclarecedora.
Foi o que aconteceu agora com a srª vereadora dos assuntos sociais, igualmente vice da edilidade. Numa das recentes reuniões do executivo anunciou (ver link supra) que os serviços sociais da Câmara distribuem o RSI -Rendimento Social de Inserção, a 278 residentes no concelho, entre os quais 134 com menos de 50 anos e que podem trabalhar, mas não trabalham, e 144 outros, inválidos para o trabalho, sem que se adiante porquê ou quem lhes atribuiu essa classificação.
De resto a informação é bem escassa, para além dos totais já referidos. Nível de estudos? Habilitações profissionais? Já trabalharam? Onde nasceram? Quantos são ciganos? E estrangeiros? Era bom era! Nem sequer se consegue saber a composição por sexos, se calhar para evitar a indicação de indeterminado.
Ficamos também sem saber onde moram, se sozinhos ou acompanhados, se pagam renda, água e luz, já que de impostos estão dispensados forçosamente. Tal como não sabemos se estão obrigados a procurar emprego, a frequentar cursos de formação ou a trabalhar em tarefas comunitárias. Ficará para melhor ocasião. 
Entretanto a srª eleita avançou que há 200 outras pessoas com dificuldades, a receber auxílios diversos da autarquia. Mesmo se não convém à Câmara, era bom apurar de onde veio esta gente e há quanto tempo residem no concelho, para mais tarde poder comparar. Com o aparente êxito do realojamento dos do Flecheiro, Tomar tem boas hipóteses de vir a ser o porto de abrigo de cada vez mais alegados desfavorecidos, em busca de comida, de casa e de rendimento mensal sem necessidade de emprego, porque "Trabalhar é bom para o preto", dizia-se antigamente lá pelas colónias, e vender o voto é muito menos cansativo... 
















3 comentários:

  1. Isto tudo tem a ver com a estratégia de comunicação que eu já aqui mencionei várias vezes. Não é só em Tomar, é global. Os dirigentes tentam sempre dourar a pílula. Ela só fala nos que recebem RSI, não diz quantas são apoiados pela câmara e pela cáritas.
    A pobreza é muitíssimo maior e isso sente-se e vê-se. Como o Professor Rebelo tem bons contactos com o PSD eu deixava-lhe aqui a sugestão de contactar a presidente da Cáritas e do Cire, Célia Bonet, e perguntar-lhe se ela tem interesse e disponibilidade para escrever aqui no TAD3 e dar-nos os números reais da pobreza em Tomar, de certeza que ela os sabe.

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  2. Já há muito que não visitava este blogue. Não interessa o porquê. Mas fi-lo hoje para saber se já tinhas regressado, depois dos problemas de saúde que tiveste. Fiquei muito satisfeito.
    O mesmo, infelizmente, não posso dizer deste escrito.
    Uma deceção!
    Julgava que não irias tanto por aí abaixo.
    Deduzo que só ficarias saciado se te facilitassem o nome e morada dos beneficiários do tal RSI.
    Boa saúde
    Fernando.

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    1. Prezado Ferroma:
      Grato pelo comentário. Continuo com problemas de saúde, pois tenho um cancro na próstata, o que me obriga a tomar todos os dias uma cápsula de inibidor de testosterona para reduzir o volume e poder mijar em condições. Como deves calcular, nesta idade a testosterona faz cá uma falta que só visto, contado não tem piada. Continuo em Fortaleza e tenciono regressar lá para Maio, para poder votar nas autárquicas.
      Essa história de "ir por aí abaixo" é apenas uma visão tua, que respeito mas com a qual não concordo. No meu entender, e recordo que já fui emigrante, quem não trabalha nem quer aceitar as normas e leis do país de acolhimento, deve ser posto a andar quanto antes.
      Há depois os ciganos e outros que são portugueses e merecem toda a consideração até que se vão comportando em conformidade. Quando não seja o caso, as autoridades devem agir sem complacência nem parcialidade.
      Se assim não for, um dia vamos estar como em Paris ou Bruxelas, agora infrequentáveis para quem por lá andou uns anos no século passado.
      Um abraço,

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