Turismo e promoção turística

Promover o quê, como e para quê?

Durante décadas, no tempo do Botas de Santa Comba, funcionou em Tomar a Comissão de Iniciativa e Turismo, cuja sede, edificada em 1936 com cantarias várias do século XVI, recuperadas na cidade, pode ser vista e visitada na Av. Cândido Madureira, junto à Mata.

Houve depois a Comissão Municipal de Turismo, presidida por um vereador, tanto antes como depois do 25 de Abril, a quem cabia designadamente a realização da Festa dos Tabuleiros, antes da eleição do mordomo. Mais tarde ainda, foi o tempo das vacas gordas. Havia a Comissão Municipal de Turismo, que providenciou a candidatura do Convento a Património da Humanidade, em 1983, e a Comissão Regional de Turismo dos Templários.

Houve até, durante algum tempo, uma situação algo caricata. Tomar era então a cidade com mais informação turística em todo o país. Na rua principal, a Corredoura, e logo à entrada, havia dois postos de informação, o da Comissão municipal do lado direito, na Casa Vieira Guimarães e o da Comissão regional do lado esquerdo, no prédio que foi do Banco de Portugal.

Tudo isso acabou, tal como o Parque de campismo, de forma triste. Resta agora, no verão, apenas uma banca improvisada de informação turística, com alunos de uma secundária local cheios de entusiasmo e boa vontade, mas que por vezes ainda sabem menos sobre a cidade e a região do que os turistas.

E há também os velhos hábitos. Apesar de nem sequer haver agora uma Comissão municipal de turismo eleita, mas apenas uma vereadora com três ou quatro funcionárias municipais, todos os anos vão gastando verbas consideráveis para ter um stand de Tomar na FITUR MADRID e depois na BTL LISBOA, dois certames para profissionais de turismo, quando a promoção turística é da competência do Turismo de Portugal e da Entidade Regional de Turismo do Centro.

Que vão lá fazer? Mistério. Promover os tabuleiros? Não precisam, porque só acontecem de 4 em 4 anos e já têm a sua clientela fiel há décadas. Promover o Convento? Não há ligação rápida a partir da cidade, lá em cima não há estacionamento suficiente, a entrada custa 10 euros/pessoa e os visitantes perdem-se lá dentro, que aquilo é bem complicado e a maior parte do tempo não há visitas guiadas.

Promover a cidade? Concretamente o quê? O Nabão poluído? A Sinagoga? A Casa das Ratas? A antiga rua das meninas? Não me façam rir, que tenho cieiro nos lábios. A tal promoção de Tomar é afinal apenas um pretexto para estoirar verbas consideráveis e pôr o pessoal do turismo a viajar à custa dos contribuintes. Um velho hábito da srª vice-presidente, que logo no início e ainda vereadora, foi à Índia representar Tomar, com a promessa de futuros encontros internacionais em Tomar. Houve apenas um, bem modesto por sinal...

Após lerem tudo isto, se a paciência der para tanto, alguns apoiantes da actual maioria camarária vão usar uma vez mais o velho chavão "Se fazem é porque fazem, se não fazem é porque não fazem!" Com esta tripulação e passageiros assim, compreende-se porque é que o barco nabantino continua à deriva...