Turismo e património
Apedeutas a liderar dá nisto...
TOMAR - Gestão municipal. Sinagoga foi o Monumento mais visitado em 2024 - Rádio Hertz
Duas notícias na informação local chamaram a minha atenção, no sentido de as esclarecer, designadamente porque o povo, embora nada diga a respeito, está farto de ser enganado. Uma dessas notícias tem origem na Câmara, informando que duzentos mil turistas visitaram os locais tomarenses tutelados pela autarquia, em 2024, seguindo-se o detalhe por monumento.
As informações sobre a actividade turística são sempre úteis, conquanto neste caso possam carecer de fiabilidade. Não há entradas pagas, nem sistemas automáticos de controlo de acesso, pelo que os dados são recolhidos "a olho". E sendo assim...
Este total de visitantes, ao que parece com um acréscimo de 7% em relação a 2023, poderia ser extremamente útil aos senhores eleitos e respectivos técnicos de apoio (quando os têm) para comparar com as entradas no Convento de Cristo, muito mais numerosas, e dai sacar conclusões operativas. Esta, por exemplo: A entrada no Convento é paga (15 euros/pessoa), mas gratuita em todo o património gerido pela autarquia. Sendo assim, como se explica que o Convento tenha todos os anos muito mais visitantes que os outros monumentos citadinos? Em 2020, Tomar na rede noticiou que apenas 13% dos visitantes conventuais visitavam também os monumentos do centro histórico.
Porquê? O que levará os visitantes, designadamente os estrangeiros atraídos pelo prestígio internacional do Convento de Cristo, a não visitarem a cidade, que atravessam para chegar ao seu objectivo? Tendo em atenção que, no turismo o que conta realmente não é a quantidade de viajantes, mas a despesa de cada turista nos locais visitados, quantos milhões de euros deixam de ganhar os comerciantes e industriais tomarenses todos os anos, porque os turistas em grande parte não descem à cidade para visitar? Quais são os obstáculos?
O turista, seja qual for a sua nacionalidade ou estatuto económico, só pode comprar ou consumir nos estabelecimentos das vias urbanas nas quais circula a pé. Nestas condições, só pode surpreender que até hoje ninguém em Tomar se tenha incomodado com tal anomalia comportamental, procurando conhecer-lhe as causas, para depois propor soluções.
Há por aí um ou dois comentadores que vão escrevendo não ser o turismo uma aposta suficiente para o desenvolvimento económico da cidade e do concelho, nomeadamente por causa dos baixos ordenados Poderá não ser suficiente, ninguém sabe no actual estado de coisas. Mas é seguramente necessário e obrigatório, porque não podemos fechar os acessos à cidade. Estamos portanto numa situação de apedeutas em matéria de turismo (e noutras), todos ufanos porque em 2024 tivemos 200 mil visitantes nos locais visitáveis citadinos, enquanto o Convento de Cristo terá tido muito mais e arrecadado a soma das entradas. É a política à tomarense.
A outra notícia que referi no início fica para a próxima crónica, que esta já vai longa.
São 200 mil a todos os locais, ou a cada um? Desses 200, quantos serão os mesmos em vários locais?
ResponderEliminarBoas perguntas, que ficam sem resposta por impossibilidade prática. Ninguém sabe sequer quantos foram mesmo visitantes e quantos se limitaram a dar uma vista de olhos de relance, como simples mirones locais. Inconvenientes da recolha de dados estatísticos à tomarense, que até podem ser ajeitados conforme as conveniências. Há nesta maioria PS, e não só, quem esteja convencido que os tomarenses são mesmo burros chapados, incapazes de discernir coisas elementares, e aposte nisso. O caso do Flecheiro com as suas inundações é mais exemplo flagrante.
EliminarSó um apontamento: o bilhete individual de entrada no Convento de Cristo custa 15 euros
ResponderEliminarObrigado pelo esclarecimento, amigo Zé. É no que dá estar longe daí tanto tempo. Vou já corrigir. Um abraço.
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