segunda-feira, 31 de julho de 2017

Outra anomalia tomarense

Face ao evidente alheamento, há três anos atrás decidi efectuar aquilo a que então chamei "uma reportagem de merda". Fotografei todos os sanitários públicos existentes em Tomar naquela data e descrevi o estado em que se encontravam. Desde então a situação pouco mudou. Apenas reabilitaram os sanitários da calçada de S. Tiago. E encerraram os situados ao lado da antiga abegoaria. Mas entretanto a informação local passou a ocupar-se do assunto. Lá acabaram por concluir que uma cidade de turismo sem sanitários públicos suficientes em quantidade e qualidade, é algo inaceitável.
Chegou agora a vez de denunciar outra situação anómala no Centro Histórico. Há dezenas de anos que existem na Praça da República bancos públicos que, não sendo uma maravilha em termos de conforto, são contudo bastante funcionais. Modernizados recentemente, ficaram como deve ser. Têm encosto para todos:


Infelizmente, logo mais abaixo, na Corredoura, continuam estes bancos do tempo de António Paiva. Ao que foi dito na época, são de origem espanhola e custaram bom dinheiro:



Lamentavelmente, até hoje ninguém julgou útil explicar qual a razão de só terem encosto numa parte. Assim tipo executivos autárquicos. Quando de sete eleitos, só quatro têm "encosto". Se de apenas cinco elementos, só três podem ter "encosto".
Há mesmo um exemplar, ao fundo da Corredoura, sem qualquer encosto:


Supõe-se que seja para transeuntes que resolvem mudar bruscamente de posicionamento. Como alguns políticos.
Mas passo ao essencial, ao que me levou a escrever estas linhas. Como frequentador da Praceta de Olivença, a que o falecido presidente Jerónimo Graça chamava a esquina da SAPEC (Sociedade Anónima dos Polidores de Esquinas e Calçadas), estou mandatado pelos outros utentes usuais para apresentar esta reclamação, contra uma situação de nítida discriminação. Negativa deste lado da ponte, positiva além da ponte:



Em nome da igualdade de todos perante a Lei, consignada na Constituição da República, pede-se à autarquia que pelo menos os bancos da citada Praceta de Olivença, acima fotografados, sejam substituídos quanto antes por outros, semelhantes aos existentes na Praceta de Santa Iria:


É tudo. Por agora. E já não é nada pouco, que isto de não ter encosto, mesmo sentado, não é nada confortável.

Post Scriptum

Nem tentem vir com a desculpa de que os bancos da Corredoura e da Praceta são a última moda em Espanha. Poderão ser, mas não se inserem harmoniosamente nem no estilo citadino, nem nos hábitos dos tomarenses. De resto, pelo menos em Trujillo, que fica na Extremadura espanhola, até têm bancos bastante mais adequados ao centro histórico, com assento frio e arejado encosto ...para todos os sentados:


domingo, 30 de julho de 2017

Há algo que não bate certo

É ponto assente que somos dos consumidores de água mais explorados do país. Por causa das taxas agregadas. Quando se conversa sobre o assunto com o vereador responsável, Bruno Graça avança diversas justificações: 30% de perdas na rede, que é velha; pagamento de tratamento de água da chuva na inverno; preços leoninos da EPAL, tarifas exageradas da Resitejo...
Terá razão o autarca, mas não tem toda a razão. Há também coisas que custam a entender. Por exemplo esta, que é actual. Há menos de uma semana ocorreu uma ruptura ao cimo da Rua Aurora Macedo, onde moro:

Vieram os funcionários e efectuaram a reparação, que levou várias horas. Ignoro o que terá falhado. A reparação, o material utilizado ou o excesso de pressão na rede. A verdade é que, poucos dias depois, temos o mesmo problema no mesmo sítio. Há de novo ruptura, o que já nem surpreende os moradores, pois acontece de tempos a tempos. Trata-se afinal do único sector da cidade antiga cujas infra-estruturas ainda não foram renovadas (Rua do Teatro, Rua do Pé da Costa de Baixo, parte da Rua Infantaria 15, Rua Aurora Macedo e Rua Joaquim Jacinto). O esgoto continua a ser de colector único. As sarjetas não têm sifões. Mau cheiro no verão. A rede de água data de 1937. Em parte com canos de amianto, cuja utilização foi entretanto proibida na União Europeia, por serem cancerígenos. Segundo consegui saber em tempos, está prevista a respectiva requalificação, mas ignora-se para quando. Os SMAS não têm recursos próprios para tanto. Entre 2015 e 2016, o resultado positivo baixou 70,3%, ficando nos 166.473€. No ano anterior foi  de 561.104€, o mais elevado desde 2008. Falta saber porquê. Vem aí mais um aumento no recibo da água? Para depois das eleições, se calhar....


Perante isto, resolvi indagar.  Concluí que afinal somos dos poucos municípios ainda com SMAS. Em todo o país, num total de 308 municípios, apenas 25 ainda têm SMAS. E desses, só 22 se ocupam de águas e saneamento:
Fonte : Anuário financeiro dos Municípios, 2016

Porque será? Estaremos mesmo a ser servidos nas melhores condições? Não seria melhor extinguir os SMAS e concessionar algumas tarefas, a exemplo do que já acontece noutros municípios vizinhos? São apenas perguntas. Afinal estamos a dois meses de novas eleições autárquicas.

Adenda
São seis horas da manhã de domingo. Chegou o pessoal dos SMAS, para voltar a reparar a ruptura, que recomeçou ontem à tarde. Horas extraordinárias em perspectiva, o que é natural. Custos acrescidos para os SMAS. Agora vamos ficar de novo sem água durante algumas horas. O costume.
Entretanto faltou a luz. 
São agora nove horas da manhã. A luz voltou e o pessoal dos SMAS já se foi. Aparentemente era coisa pouca. (ver foto abaixo)
Durante o pequeno almoço, a minha amiga Neila comentou: -Vive-se bem aqui em Tomar. Em três meses já faltou a água três vezes e a luz duas. Sinto-me no Brasil. Há até aquele cheiro ali ao fundo da rua... Só faltam mesmo as notícias dos assaltos e dos tiros. Não se pode ter tudo.




Adenda 2
Chegou novamente o pessoal dos SMAS. Afinal a reparação anterior foi provisória:



sábado, 29 de julho de 2017

Os social-democratas tomarenses com mar alto

Acostumados a adiar, protelar, alongar, aguardar, os dirigentes laranjas tomarenses acabam de entrar em tempo de mar adverso, com a infelicidade que atingiu o seu ex-candidato, obrigando-o  a retirar-se da compita eleitoral. Aquando dos preparativos que culminaram na sua escolha, as hostes laranja abusaram da paciência da informação local. Só ao cabo de meses foi possível tomar conhecimento da conclusão a que entretanto tinham chegado.
Agora, com a imprevista desistência de Luís Boavida, que naturalmente se lamenta, a situação é totalmente diferente e adversa. Mesmo que quisessem prolongar o período de ponderação, visto tratar-se de uma decisão capital, que vai condicionar tudo o resto, os laranjas estão impedidos de o fazer. Contrariados ou não, têm apenas oito dias para completar as listas e entregá-las no tribunal local. Por conseguinte, desta vez os tomarenses não vão ser forçados a esperar durante semanas e semanas, como aconteceu com o programa, que nunca apareceu.. Se não for antes, no próximo dia 7 de Agosto já se saberá quem é o substituto de Boavida. Uma segunda escolha, forçada pelas circunstâncias.
Conforme recordei entre ( ) na peça anterior, nas autárquicas de 2001, as últimas antes do aparecimento da aventura IpT, que agora termina sem glória, o PSD obteve 15.163 votos e o PS apenas 5.441. Doze anos mais tarde, na autárquicas de 2013, os socialistas venceram com apenas 5.479 votos, mais 38 votos, praticamente a mesma votação de 2001, enquanto os social-democratas se ficaram pelos 5.198 votos, menos 9.865, o que representa uma perda de dois terços dos votos de 2001. Ou seja, a bem dizer não foram os socialistas que ganharam. Foi o PSD que perdeu estrondosamente. É portanto numa posição extremamente frágil que participa nas autárquicas de 2017, de novo disputadas em mano a mano. Assim sendo, das duas uma, ou concorrem para ganhar, ou apenas para marcar presença.
Se querem mesmo concorrer para vencer, só vejo três candidatos possíveis: Miguel Relvas, António Paiva ou António Lourenço dos Santos. Fora deste trio não me parece que possa haver salvação possível. Com qualquer outro candidato, a campanha de Anabela Freitas, se bem conduzida e com um programa sólido e adequado, será um simples passeio, rumo a uma vitória folgada.
Porque está no poder, porque tem obra para mostrar, porque é uma senhora, porque conseguiu a adesão dos IpT, e porque finalmente até tem evidenciado bastante mais bom senso e traquejo político que o vaticinado por alguns inimigos seus. Cometeu erros? Certamente. Mas soube reconhecê-los e emendá-los em tempo útil.
Resta aguardar, com maior ou menor tranquilidade consoante os casos, o que aí vem."Quand les jeux sont faits, rien ne va plus".

"Sei muito bem o que quero e para onde vou"

O título acima é uma afirmação de Salazar, nos anos 30 do século passado, logo no início do seu longo consulado, pouco depois de os militares do 28 de Maio o terem ido convidar a Coimbra, onde era professor. O resto é bem conhecido. A polícia política, a censura, o regime de partido único, as eleições falseadas, as prisões por delito de opinião, a longa guerra colonial, que originou milhares de mortos...
Numa altura em que consta que o padre vigário de Tomar é um sério candidato a bispo sucessor do actual, que atingiu o limite de idade, alguém me fez chegar esta fotografia, pedindo para a publicar:


Nela figuram, da esquerda para a direita, o padre Tereso, da Serra, o padre Sérgio, de Alviobeira e Além da Ribeira, o padre Mário, vigário forâneo de Tomar e o padre André, da Junceira e Olalhas
O local é a campa de Salazar, no cemitério de Santa Comba Dão, com a legenda "Havemos de chorar os mortos se os vivos O não merecerem." É igualmente uma citação do falecido presidente do conselho, que na sua versão original se referia aos mortos na guerra colonial, então designada "guerra do ultramar": "Havemos de chorar os mortos se os vivos OS não merecerem." Uma pequena diferença que faz toda a diferença. 
Graças à acção abnegada e heróica dos militares de Abril, antes combatentes em África, vivemos felizmente em paz e num país livre há 43 anos. É portanto natural que cada cidadão possa peregrinar para onde entender e lhe convier. Eu visito por vezes a campa de Salgueiro Maia, em Castelo de Vide, que avançou, enfrentou o poder ditatorial, venceu e se retirou. Sem aguardar louros ou outras benesses.
Neste caso, os senhores padres resolveram ficar na fotografia junto à campa de um ditador, que antes havia sido seminarista  e toda a vida foi católico conservador. Nada tenho a reprovar-lhes, embora surpreendido. Estranho também que o padre Mário se tenha posto na posição de "sentido". Mesmo assim, conquanto não praticante e apesar de algumas divergências, aqui deixo votos sinceros para que seja o próximo bispo de Santarém. Os tomarenses em geral só terão a ganhar com isso, pois ficarão decerto contentes por vê-lo na capital ribatejana. E muitos católicos praticantes sentir-se-ão orgulhosos, creio eu. Que também sou crente. 
Seja feita a vontade do Senhor!

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Luís Boavida forçado a renunciar para prosseguir tratamento

 Tempos difíceis para o PSD nabantino

Soube-o ontem pela manhã. Luís Boavida ia anunciar a sua renúncia à candidatura, devido a tratamentos oncológicos que terá de efectuar. À cautela, tendo em conta alguns antecedentes, preferi manter o silêncio, até que fosse o agora ex-candidato a pronunciar-se. Aconteceu já depois das 18H30, conforme relata Tomar na rede, melhor do que eu o faria.
Resta-me portanto desejar, com sinceridade e bem do fundo do coração, um rápido e completo restabelecimento ao meu prezado conterrâneo Luís Boavida, que doravante deixará de estar no  radar de Tomar a dianteira 3, uma vez que já não é candidato.

Começa agora um período bem difícil para o PSD nabantino. Por dois motivos principais. Primeiro, porque o tempo é curto para acertar táctica e estratégia, arranjar conteúdo e alterar o que não estava bem. Passar de uma candidatura de ressentimento para uma campanha de projecto. Segundo, porque o novo cabeça de lista -seja ele quem for- muito dificilmente conseguirá livrar-se do estigma de candidato de substituição. De segunda escolha, por conseguinte. Circunstância que os adversários não deixarão de aproveitar durante a campanha.
Falaram-me da muito provável hipótese José Delgado, que classificaram como uma candidatura demasiado delgada. Sem espessura política. O contrário do que o PSD necessita para ganhar. Um candidato com arcaboiço político e económico. Um programa denso. Ouvi, registei e calei. Não conheço José Delgado o suficiente para poder emitir opinião fundamentada.
Quer-me parecer, a mim que vejo as coisas de cima e de fora, pois não sou militante, nem filiado, nem simpatizante do PSD, que há uma escolha, e uma só, que se impõe à vista desarmada. António Lourenço dos Santos, o anterior proto-candidato vencido, já tem um mote bem achado (Todos por Tomar), o esboço de um programa e bastantes apoios de peso, fora do partido. Resta saber como vão reagir os seus adversários no interior do laranjal nabantino, e se aceitará ser a tal segunda escolha, uma posição usualmente ingrata. Como quase sempre na política, julgo que tudo dependerá de quem o abordar e da forma como o convidar. 
Oxalá resulte, porquanto vamos ter em Tomar nas próximas autárquicas, pela primeira vez desde 2001 (PSD 15.163 votos - 5 eleitos, PS 5.441 - 2 vereadores, CDU 1.158), um duelo mano a mano, dado que os Independentes por Tomar já foram. Convirá por isso que ambas as candidaturas, PS e PSD, tenham um peso humano comparável, uma densidade política semelhante e programas aliciantes, de forma a que a cidade e o concelho saiam a ganhar com o despique, qualquer que venha a ser o vencedor.

Querela sem fundamento

Tomar na rede publicou textos e fotos sobre o corte de algumas árvores no Mouchão. Cumpriu a sua missão. Noticiou um facto que considerou relevante. Desgraçadamente, aquele nosso colega aceita comentários anónimos. Que alguns troll da zona aproveitam. E de que maneira. Gerou-se assim mais uma daquelas querelas à moda de Tomar. Muita conversa, pouca substância.
Como usualmente por estas bandas, o que devia ser pessoal, passou a ser tribal: Os contra a Anabela e os a favor da Anabela. Sem meios termos. Como nas claques de futebol.
Agoniado com algumas mensagens, resolvi ir lá ver e tirei umas fotos:





Concluí que se pode concordar ou não com a poda dos plátanos e o corte de algumas árvores. Mas daí a alargar a toda a gestão PS da autarquia, é do domínio da palermice política. Noutros termos, não há para tanto. Não cabe na cabeça de ninguém, minimamente sensato, que a câmara corte ou pague para mandar cortar árvores saudáveis, unicamente por sadismo ou por vingança. E mesmo a empresa portuense que foi contratada, não tinha qualquer interesse em cortar árvores a esmo, uma vez que quanto menos cortasse, menos trabalho tinha ...pelo mesmo preço. Por conseguinte, não vejo qualquer motivo para protestos.
Surge depois a questão da empresa não ser tomarense. Sucede contudo que, em geral, as empresas da zona apresentam sempre preços mais elevados que as concorrentes de longe. Ignoro porquê, mas é um facto. Que naturalmente conduz a presidente a consignar a empreitada à empresa concorrente que apresenta o melhor preço para a autarquia. O mais baixo.
Quer isto dizer que está tudo bem? Que não há problemas? De modo algum. Há problemas, e muitos. A começar pela questão das prioridades. Neste caso do Mouchão, por exemplo, se fosse eu o autarca responsável, teria preferido não fazer a Feira medieval ali, mas na Mata e com entradas pagas. O produto das entradas daria agora para proceder aos indispensáveis actos de simples manutenção daquele outrora magnífico parque municipal. A começar pelo corte da palmeira-tamareira já vitimada pelo parasita asiático, como tantas outras, e pelo abate daquela árvore que está seca (ver última foto). Só depois viria a poda dos plátanos e o abate de alguns choupos, cuja inclinação ameaçava o muro de suporte em caso de queda. Choupos que, segundo informação do vereador Bruno Graça, vão ser substituídas por espécies autóctones. Isto para ficar pelo Mouchão.
Por essa cidade fora há vários outros casos de falta de manutenção. Por exemplo na Rua de Coimbra, onde não há meio de cortarem os rebentos, ou de substituírem as árvores secas. Ou na rua Lopo Dias de Sousa e avenida Melo e Castro, com dezenas de árvores condenadas, aguardando substituição.
Concluindo, é aparentemente muito fácil criticar. Sobretudo quando no conforto do anonimato. Mas difunde-se assim, sem querer, uma imagem de geral falta de qualidade, de seriedade e de ponderação. E instala-se o descrédito em relação a todos os intervenientes. Exactamente o oposto daquilo que, no meu tosco entendimento, Tomar precisa para começar a recuperar.
Mas também é ponto assente que nunca ninguém viu figueiras do inferno darem figos comestíveis.


quinta-feira, 27 de julho de 2017

A encolher há 15 anos

Cumprindo a lei, o MAI publicou o mapa dos inscritos nos cadernos eleitorais, concelho a concelho. Parece ter causado alguma surpresa o total apurado no concelho de Tomar. O nosso colega Tomar na rede menciona a perda de 1833 eleitores desde 2013. De acordo com as minhas contas foram 1.555, ou seja a diferença de 37.310 em 2013, para 35.755 em 2017. Mas isso é o menos. Para mim o importante é perceber qual tem sido a tendência, tanto em Tomar como nos concelhos mais próximos. Eis o que apurei, de acordo com os dados recolhidos no Mapa 02/2017, do MAI, publicado no DR Série II de 01/03/2017 e nos sucessivos resultados das eleições autárquicas desde 2005, e presidenciais de 2016, tal como publicados pela CNE até 2009 e pelo MAI a partir desse ano:

INSCRITOS NOS CADERNOS ELEITORAIS

Os totais indicam os inscritos existentes em 31 de Dezembro do ano anterior.

Temos assim que:
1 - A redução de eleitores nos concelhos da região, entre 2005 e 2017 foi geral.
2 - Essa queda foi mais acentuada em Abrantes e em Tomar.
3 - No que concerne a Tomar, a queda no mandato anterior (menos 1.440 inscritos), foi semelhante à registada no mandato actual (menos 1.555 inscritos).
4 - O aumento considerável de inscritos registado entre 2005 e 2009, mal se verificou em Tomar (+ 200 inscritos) e foi negativo em Abrantes (menos 674 inscritos).  

quarta-feira, 26 de julho de 2017

DE MAL A PIOR

Ponto prévio: 
Está implícito, mas é melhor explicitar. Pessoalmente, nada tenho contra os funcionários da autarquia, aos quais reconheço igual dignidade, os mesmos direitos e as mesmas qualidades de quaisquer outros cidadãos. O que segue é apenas uma descrição factual, porque as coisas são o que são e a situação na autarquia é o que é. 
Nunca confundi nem confundo crítica política com relacionamento pessoal, o qual desejo sempre o mais cordato possível.

Tomar entre os 25 municípios que mais gastam com pessoal

O ano passado escrevi aqui, baseado em dados oficiais, que o Município de Tomar tinha excesso de pessoal. Justifiquei a afirmação com um quadro estatístico, no qual a Câmara nabantina aparece em 34º lugar, com os ordenados a representarem 39,9% da despesa total, na listagem dos municípios que mais gastam com pessoal. Foi uma informação que não caiu bem, como sempre acontece quando não é possível desmentir. Vai daí, os funcionários detestaram e houve autarcas começaram por tentar desvalorizar o assunto. Passaram depois à tentativa de descrédito, para finalmente admitirem a verdade. Mas mantiveram sempre que a autarquia não tem pessoal a mais.
Os dados então publicados eram os de 2015. Acabam agora de sair os elementos de 2016 e infelizmente o Município de Tomar não está nada bem na fotografia. Pelo contrário. Ora façam favor de interpretar:

De 2015 para 2016, as despesas com pessoal (460 funcionários) aumentaram 2%, para 41,9%, o que bastou para Tomar galgar negativamente 10 lugares no quadro dos piores municípios do país nessa área dos gastos com pessoal. Estava em 34º, em 2015, passou para 24º, em 2016. Além disso, a situação é certamente muito mais grave, pois no quadro se esclarece , em baixo, que "Não estão consideradas as despesas homólogas das empresas municipais e serviços municipalizados, mas apenas as despesas com pessoal da estrutura dos serviços municipais." Acontece que, nesta lista dos 35 municípios mais gastadores com remunerações aos seus funcionários, Tomar é o único que dispõe de serviços municipalizados. Por conseguinte, se na tabela acima adicionarmos  os custos com pessoal dos SMAS, que são desconhecidos, é bem possível que o município nabantino galgue mais 10 ou 15 lugares no ranking negativo. Uma lástima.
Não se trata agora de saber quem são os culpados, se os do PSD ou os do PS,  uma vez que a evolução percentual da despesa com pessoal tem oscilado bastante, desde 2006: 28,9%, 29,7%, 30,6%, 26,6%, 33,4%, 27,6%, 31,7%, 39,0%, 38,5%, 39,9%, 41,9%. 
É questão, isso sim, de alertar os autarcas que dirigem o executivo tomarense para um facto insofismável: Têm vindo a trilhar um caminho errado, que só pode conduzir a situações trágicas no futuro. Prova disso é que, dos 23 concelhos agora em pior situação do que o nosso nesta questão do pessoal, apenas 3 (Montijo, Moita e Palmela), por acaso todos alentejanos, são municípios médios, como Tomar. Os restantes 20, são pequenos concelhos, naturalmente com muito mais dificuldades  de toda a ordem e tendência para se transformarem em agências de emprego.
Em conclusão, correndo o risco de me repetir e assim enfastiar involuntariamente os leitores, creio que o melhor será mesmo reconhecer a delicadeza da questão e esclarecer os cidadãos sobre aquilo que tencionam vir a fazer para solucionar o problema  pela positiva. Redigir e difundir um programa, em suma. Tudo o resto, nomeadamente explicações atabalhoadas, só servirá para agravar as coisas. E nem pensem em insistir nessa de que a câmara tem falta de pessoal. Tem é falta de organização e de quem tenha coragem para implementar as medidas que desde há muito são indispensáveis. No campo de batalha, há sempre muito mais índios que chefes. Ao contrário da actual situação na câmara de Tomar., onde faltam índios mas  há visivelmente chefes a mais. Alguns dos quais nem se sabe muito bem que tarefas desempenham realmente.
Quem vos avisa...

terça-feira, 25 de julho de 2017

Paga só quem assiste? Ou pagamos todos?

Falando ontem, 24 de Julho, no quase inútil Complexo da Levada, cujas obras custaram 6 milhões de euros, (dos quais 1,2 milhões pagos pelos contribuintes portugueses), na apresentação de mais uma edição do Festival de estátuas vivas, previsto para 15, 16 e 17 de Setembro próximo, a senhora presidente da câmara declarou, citada pel'O Mirante, "que o município investiu cerca de 50 mil euros nesta edição do festival, mas sublinhou que o retorno para a economia local ultrapassará esse valor, pelo que considerou ser um bom investimento."
Tem razão Anabela Freitas. Trata-se sem dúvida de um bom e oportuno investimento. Que poderia no entanto ser um óptimo investimento, caso houvesse audácia para tanto. Refiro-me naturalmente e mais uma vez às entradas pagas. Para salientar duas coisas elementares, que todavia não há maneira de entrarem em certas massas cinzentas.
Antes de mais, salientar que, não havendo como é sabido almoços grátis, uma de duas hipóteses: Ou pagam só os que almoçam, ou pagamos todos, o que me parece injusto. Outro tanto sucede com os eventos de toda a ordem. Ou só paga quem assiste, ou pagamos todos, nomeadamente no recibo da água, por exemplo.
Em segundo lugar, frisar que finalmente alguém em Tomar ousou violar a tradição e venceu. O Festival Bons sons, em Cem Soldos, veio demonstrar na prática aquilo que para mim sempre foi óbvio: as entradas pagas afinal afastam muito poucos espectadores potenciais. E obrigam a uma melhor organização, como mais cuidado e mais qualidade.


Assim sendo, considere-se a enchente usual e a balbúrdia daí resultante, no dia do cortejo da nossa querida Festa grande, bem como múltiplos outros transtornos causados pela multidão. Perdia-se alguma coisa, designadamente em termos de conforto, se entrassem na cidade apenas 50% dos forasteiros habituais? Os estabelecimentos locais fariam menos negócio? A festa seria menos brilhante?
Certo, mesmo certo é que a autarquia já não seria forçada a avançar perto de 300 mil euros sem regresso, como sucedeu em 2015. Soma essa que poderia depois vir a ser aplicada na área social ou na cultura, por exemplo. E poderíamos então passar a ter Tabuleiros todos os anos, porque a festa é das colheitas e as colheitas são anuais. Não de quatro em quatro anos. Acrescendo que, com realização anual, a Festa dos Tabuleiros entraria finalmente no calendário nacional e internacional dos operadores de turismo.
E tanto dinheiro que daí se poderia colher. Basta querer, saber e ousar.
É muito complicado vedar a cidade antiga? É sim senhor. Mas faz-se. Até já foi feito em tempos, pela comissão do Carnaval de Tomar. Fica muito caro? Fica sim senhor. Mas só no primeiro ano, Nos anos seguintes já teremos o programa e todo o material. Os naturais de Tomar e os residentes só pagarão se quiserem? É claro que sim.
Vamos a isso? Comecem por transferir as estátuas vivas para a Mata e cobrem as respectivas entradas. Logo verão o maná que pode vir a ser. 
Continua a faltar audácia e saber para avançar? Se calhar é porque os contribuintes tomarenses aguentam tudo, pelo que ainda podem vir a ser mais explorados do que já são. Porque de outro modo...
É a vida, como dizia o Guterres.

Tomar e Trujillo

Aqui nasceram alguns conquistadores da América latina


Acicatado como sempre pelo bicho viageiro, lá fui. A13, A23 até Gardete, IP2 até Alpalhão, uma curva do tempo das carroças (Tanta rotunda inútil por esse país fora, e aqui onde faz tanta falta uma, nada) e eis-nos na pitoresca estrada nacional, rumo a Castelo de Vide, Marvão e a fronteira de Galegos. De passagem, na curiosa estrada ladeada por freixos centenários, em S. Salvador de Aramenha, um olhar para as ruínas da aventura Melancia:  Na encosta,  dezenas de vivendas em banda por acabar e outras tantas devolutas. Cá em baixo, o campo de golfe abandonado. Dinheiro mal ganho, o diabo o dá, o diabo o leva, diz o povo.
Atestado o depósito em Valência de Alcântara, com gasolina 95 a 1,21€, seguimos pela N521, rumo a Cáceres, cem quilómetros mais longe. Travessia laboriosa da grande cidade estremenha, seguindo a boa sinalização para a continuação da N521 e para a A58, ambas em direcção a Trujillo. Optei por esta última, que ainda não conhecia, tendo sido recompensado. Ao longo dos 40 quilómetros, lado a lado, separadas por menos de 10 metros, a N521 e a A58. A estrada nacional e a auto estrada. As duas igualmente impecáveis e praticamente sem trânsito. Apesar de gratuitas...
E cheguei a Trujillo. 13 mil habitantes apenas, mas um passado glorioso. Se Tomar foi o berço dos descobrimentos, graças ao Infante D. Henrique e à Ordem de Cristo, Trujillo foi a terra natal de alguns dos mais famosos conquistadores da América latina (Almagro, Orellana, Pizarro, Paredes). Segundo o guia Michelin verde, "o mais célebre de todos é Francisco Pizarro (1475-1541), o conquistador do Perú. Figura espantosa a deste porqueiro, que morreu [assassinado] fabulosamente rico e casado com uma princesa inca."
Há aqui portanto um balde de água fria nos sonhos heróicos de alguns tomarenses. Alguns grandes conquistadores espanhóis  nasceram em Trujillo, mas o Infante D. Henrique era portuense, e não consta que nenhum grande navegador português tenha vindo ao mundo em Tomar. Mais uma razão para ir visitar Trujillo, em busca de outras diferenças.
Duas das mais importantes são visíveis nestas fotos:



As janelas nobres, tipo da nossa Janela do capítulo, em Trujillo são de esquina e sem a ornamentação vegetal, substituída por brasões e figuras humanas, de índios num dos palácios. Residências senhoriais e não conventos.
Mas há outras diferenças, mais significativas a meu ver:




O outrora porqueiro e depois senhor do Perú,  de filho da terra, aí está representado a cavalo, num dos lados da Plaza Mayor. Já o nosso Gualdim Pais, natural de Amares - Braga, e mestre de uma ordem de cavalaria, está a pé na actual Praça da República. A pior afronta que se pode fazer a um cavaleiro: Apeá-lo. Mas quê?! O dinheirito da subscrição pública não deu para mais. Por isso resolveram colocá-lo ao centro da praça. Compensar com a altura a falta do cavalo. Assim uma espécie de phallus enorme. Para não mencionar o perfil.  Por isso ainda há muitos que não querem que seja mudado. O que tem dado muito jeito, designadamente durante o recente concerto dos Quinta do Bill. O pessoal que ficou tapado pelo monumento estava encantado, como não podia deixar de ser.
Uma diferença mais:


Não me lembro de já ter visto algo parecido à porta do nosso turismo municipal. Mas nunca é tarde para melhorar.

Adenda

Se por acaso algum dos conterrâneos, defensor da estátua gualdina no meio da praça, está com vontade de argumentar que Gualdim Pais está representado no momento em que vai entregar o foral, desiluda-se. Também nessa vertente, a das normas sociais da época, o monumento é uma asneira monumental.
Na verdade, suzerano da zona enquanto mestre dos Templários, por vontade e doação de D. Afonso Henriques, na cerimónia para entrega do foral D. Gualdim Pais estaria sentado, como era uso, no trono local e o representante do povo curvar-se-ia, ajoelharia, beijar-lhe-ia a mão, para só depois receber o pergaminho. Assim como está, dá a ideia que o mestre templário vai entregar uma carta ao vigário. O que evidentemente nunca aconteceu, até porque na época dele não havia praticamente população nem templos cá em baixo.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Muito preocupante

A menos de dez semanas da próxima votação, o que está acontecendo em Tomar parece-me muito preocupante. Com efeito, dos seis candidatos declarados, só um já mostrou claramente ao que vai. Foi Bruno Graça, da CDU, que apresentou o seu programa o mês passado. Das outras formações, sobretudo das duas tradicionalmente mais importantes em termos de votos conseguidos, que sabemos? Praticamente nada. Uns cartazes, umas aparições públicas onde são debitadas frases feitas, geralmente ocas, uma ou outra curta entrevista. Não é só pouco. É por assim dizer equivalente a zero, em termos de informação substantiva mobilizadora.
Nas eleições de 2013, no concelho de Tomar, a abstenção, os votos brancos e os nulos atingiram percentagens nunca antes vistas: 47 em cada 100 eleitores não foram votar, 5 em cada 100 meteram um voto branco na urna, outros 5 em cada 100 anularam o voto. O que resulta numa abstenção bruta (abstenção + brancos + nulos) de 55,62%. Ou seja, nas últimas autárquicas, em cada 100 eleitores inscritos, só 44 escolheram um candidato. O poder que nos governa é por conseguinte minoritário. Conquanto legal, podia ter mais legitimidade, e isso nota-se.

Fotograma copiado d'O Mirante video

Três anos passados, nas presidenciais de 2016, os resultados eleitorais foram singularmente diferentes. É certo que a abstenção aumentou 1,66%, porque o vencedor era previsível. Mas em contrapartida, os votos brancos e nulos baixaram, respectivamente, de 4,73% para 1,38% e de 4,17% para 1,16%. As presidenciais vieram assim demonstrar que o problema não são os eleitores tomarenses e o seu alegado desinteresse, mas sim os candidatos e as informações que facultam. Como explicar de outro modo tão grandes diferenças?
Voltando à situação presente, em Tomar as duas candidaturas potencialmente vencedoras, de acordo com aquilo que é habitual, não têm até agora de que se orgulhar. O PS vai tentando apresentar a obra feita, que tem o seu valor, mas não é mobilizadora, porque carece de envergadura e por isso de visibilidade real. No PSD, visto do exterior, parece ser como no futebol português, quando as coisas começam a correr mal: Tudo ao molho e fé em Deus.
Continuando no domínio do religioso, apesar de saber que a candidata socialista não é praticante, mas é tolerante (ver foto), ao invés de outros, muito praticantes, porém pouco tolerantes, peço licença para lembrar um velho ditado popular, adaptando-o: Fiem-se na virgem e não informem, vão ver o trambolhão que sofrem.


domingo, 23 de julho de 2017

Se vai de férias

"Antes da partida, o eterno dilema ao fazer a mala"

"Quer se seja mais tipo "bagagem de mão", "mochileiro" ou "mala de porão", chegado o verão e a partida para férias é sempre a mesma coisa. Quando chega o momento de fazer o saco de viagem, a mochila ou a mala, o viajante hesita entre as suas necessidades reais e a vontade de levar tudo, "não vá dar-se o caso de..."

"Quanto a bagagem, a que grupo pertence? Cem metros, ou maratona? Peso pluma ou peso pesado? Levar tudo ou quase nada? Basta observar os viajantes num cais de gare ou de aeroporto para poder constatar. De um lado as malas de rodinhas, com 20 quilos e com sacos pendurados (tribo dos "nunca se sabe"). Do outro lado, a bagagem de mão ou a pequena mala de cabine (tribo dos "quando chegar logo vejo"). Todos porém já passaram por este momento de introspecção, quando chega a altura de fazer a mala: O que é que eu vou levar? Será razoável levar o Vítor Hugo em 5 volumes, ou o secador de cabelo, quando já nem há lugar para os sapatos? E o anti-mosquitos? E a bateria do computador? Levo ou não levo o guarda-chuva?
É a eterna hesitação entre a necessidade e o desejo. "A que se vem juntar a dúvida", explica a psicanalista Luce Janin Devillars, que acrescenta: "Para muitos homens e mulheres é um dilema corneliano, tanto mais que está ligado à necessidade de agradar, tanto a si próprio como aos outros." Donde resulta a panóplia  de vestuário, ou a paquidérmica bolsa de produtos de beleza, que ocupam até ao último fole da mala. O melhor ainda é confiar os seus estados de alma a uma lista. Método ideal para não esquecer nada e para se questionar sobre o interesse real de levar ou não levar mais este fato de banho.


"Na realidade, somos feitos de afectos e de emoções, e isso leva sempre a melhor sobre o pragmatismo", assegura Luce Janin Devillars. Perante a mala de uma criança, por exemplo, é sempre o pragmatismo que se impõe, ditado pelo facto de devermos encarar todas a eventualidades, incluindo o remédio anti-piolhos. "Demonstrando assim as inegáveis qualidades de bom pai ou boa mãe, capaz de fazer rapidamente uma mala como deve ser." Mas o emocional mesmo assim nunca está muito longe, algures entre a camisola de lã tricotada pela avó e a peruca Rainha da neve.
Faz-se naturalmente a mala tendo em conta a meteorologia, o local de destino, a duração prevista das férias e as actividades em que prevemos ir participar. Mas também em função da boa disposição que o conteúdo da mala nos  proporciona, bem como as suas propriedades para nos sossegar e nos contentar. Porque ainda que adulto, o viajante pode ter necessidade de mascotes ou feitiços. "Feitiço é uma palavra portuguesa, que significa amuleto ou sortilégio," explica  Luce Janin Devillars. "Assim, não cumprindo com o hábito de pôr a mascote no fundo da mala de viagem, o viajante pode ser levado a pensar que aquilo não é de bom augúrio para a viagem."
E depois, lembra ainda a psicanalista, "somos a nossa casa, o que explica que, se não podemos evidentemente levar tudo na mala, pelo menos levamos um ou vários objectos que nos ligam ao nosso lar." Com tudo o que é necessário, porque útil ou fútil, para que cada um possa partir com o coração leve e pleno de alegria."

Martine Duretz, Le Monde online, 22/07/2017
Tradução e adaptação de António Rebelo, (UParisVIII 1968/1974)

sábado, 22 de julho de 2017

Pequenininhos mas bonitinhos


EDUCAÇÃO | 22-07-2017 02:11
"O Instituto Politécnico de Tomar abriu 477 vagas no concurso de acesso ao ensino superior. Segundo dados divulgados pela Direcção Geral do Ensino Superior, esse número mantém-se desde 2014. A nível nacional, o IPT é o que oferece menos vagas no concurso de acesso ao ensino superior."

A notícia é d'O Mirante e constitui mais um motivo de orgulho para todos aqueles, e são muitos, que consideram que em Tomar vai tudo bem e com evidente tendência para melhorar. Se não fosse um ou outro jornalista mais realista, um ou outro comentador mais agreste, um ou outro político mais consciente, os tomarenses viveriam mesmo no paraíso terreno. Com a vantagem de até poderem ir tomar café... ...ao Paraíso propriamente dito. Antes ou depois da missa, se for o caso, uma vez que a igreja de S. João está logo ao lado.
Num tom mais sério e menos bacoco, digam lá se não é excelente termos o politécnico com menos vagas em todo o país. Há quatro anos seguidos! A pouco mais de cem quilómetros de Lisboa! Se calham a estar a mais de trezentos quilómetros da capital, nos confins de Trás os montes...
Pena que os seus dirigentes, do mais competente que Portugal já conheceu, sejam excessivamente modestos. O que os impede de usar o argumento que mais alunos atrairia para a urbe nabantina: Gostas de aprender em ambiente íntimo? De estudar em família? Tomar espera por ti.
Mas lá está. Com o previsível aumento do contingente estudantil ...perdia-se a intimidade. Mantenha-se portanto a situação actual. Pobretes mas alegretes. Pequenininhos mas bonitinhos. Small is beautiful, sentenciam os anglo-saxónicos. 
E siga a marcha rumo ao inevitável triunfo final.

Por enquanto mais tranquilo

"Anda à solta na sociedade portuguesa um pequeno totalitarismo preocupante. Não é uma pessoa, nem um partido. Não é sequer uma ideia coerente. São antes laivos de pequena PIDE ou de pequena STASI, ou resquícios de regimes passados. É triste."
Este comentário de Henrique Monteiro, cronista no EXPRESSO, do qual já foi director, deixou-me por enquanto mais tranquilo. É que andava algo confuso, sem saber bem se estava perante a tradicional deriva totalitária do microcosmo tomarense, enquanto parte integrante do macrocosmo português, ou se, pelo contrário, se tratava apenas de uma errada perspectiva minha. O escrito de Monteiro veio portanto em boa altura e sossegou-me. Estou bem acompanhado. Tanto mais que o excelente comentador do maior semanário português não costuma ler de certeza os comentários anónimos de Tomar na rede. Tão pouco terá lido uns mails que recebi há alguns dias, condenando-me sem contraditório prévio por ter ousado escrever sobre determinado assunto, e que são de causar arrepios na coluna vertebral.. A demonstrar que, mais de quarenta anos após Abril, ainda há em Tomar gente a pensar que em democracia plena podem existir, designadamente na área informativa e do comentário, determinadas reservas de caça. Como se fossem coisas sagradas, em suma, apesar de nitidamente fora da esfera íntima. Santa ignorância. Reles posicionamento cívico.

Apesar de tudo, considero-me com sorte. Nasci em 1941. Se tenho nascido uns séculos antes e aqui em Tomar, o meu fim teria sido decerto numa daquelas fogueiras purificadoras de almas transviadas pelo demónio da liberdade de pensar. Para grande satisfação de alguns dos meus conterrâneos, devotos católicos, apostólicos e romanos.

Além do aspecto totalitário dessas nódoas, elas evidenciam outrossim que, aqui pelas margens nabantinas, alguns agem como agem porque cuidam de facto que continuamos na época da santa inquisição e das suas fogueiras. Porque me considero tolerante, não vou revelar tais escritos, nem a identidade dos seus autores, tanto mais que estamos em ano eleitoral. Mas peço a esses lamentáveis conterrâneos que não abusem da minha já pouca paciência. Com a minha idade e o meu fraco estatuto social, pouco ou nada tenho a perder. E não sou nem serei candidato.  Ao contrário de vários intervenientes nessa lúgubre e nojenta correspondência.
O túmulo de Baltazar de Faria, que trouxe para Portugal a bula papal autorizando os tribunais da Santa Inquisição, está no Claustro de Cemitério, no Convento de Cristo. Quatro séculos depois, em 18 de Março de 1974, foi uma coluna militar ida de Tomar que cercou e prendeu os militares revoltosos das Caldas da Rainha, precursores do 25 de Abril. É preciso dizer mais?
Talvez referir que, além dos Tabuleiros e do imobilismo tacanho, o pior obscurantismo ultradireitista continua a ser outra grande tradição tomarense, bem viva e generalizada. Infelizmente.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Em Tomar a união faz a fraqueza

António Freitas, o incansável jornalista tomarense, que só não puxa mais por esta sua e nossa adorada terra, porque não pode, deu conta aqui do protocolo assinado recentemente em Ponta Delgada, nos Açores, tendo como objectivo principal a inscrição das Festas do Espírito Santo na lista do Património mundial imaterial da UNESCO. Baseado nisso, o candidato da CDU à Junta de Freguesia de Carregueiros, José Carlos Melo Marôco, chama a atenção para a especificidade de tais festividades naquela freguesia arrabaldina tomarense. 
Em síntese, refere que ali há algumas particularidades, como por exemplo a ornamentação dos tabuleiros só com flores naturais, ou a realização anual da festa e do respectivo cortejo. Conclui afirmando que "o carácter simples e popular da Festa do Divino Espírito Santo de Carregueiros... ...tem potencialidades para contribuir no desenvolvimento da freguesia, assim lhe seja reconhecido o seu potencial e envolvidos os seus defensores no processo agora encetado."

Foto copiada de Tomar na rede

Embora sem abordar essa vertente da questão, o referido candidato põe em evidência de forma implícita uma situação deveras curiosa. Carregueiros tinha  mil e quarenta eleitores inscritos em 2016, tendo perdido 30 desde 2013, à media de 10 por ano. Apesar disso, consegue realizar anualmente a sua Festa dos Tabuleiros, com um pequeno mas honrado cortejo, integrando cerca de 30 pares. O concelho de Tomar com 37 vezes mais eleitores que Carregueiros, (37.310 em 2013, 36.266 em 2016, menos 1.044 em três anos), só consegue realizar a Festa dos Tabuleiros, com mais ou menos 600 pares, de 4 em 4 anos. Porque será? Devia dar que pensar, não devia? Não será também por isso, por causa da nossa evidente incapacidade nalguns domínios, que a população vai diminuindo?
É até caso para dizer, penso eu, que em Tomar, contrariando o bem conhecido dito popular, A união faz a fraqueza. E, tudo devidamente ponderado, contrariando também a habitual intenção galhofeira e  pejorativa da alegação, afinal até temos algo a aprender na Universidade de Carregueiros.

Visite Tomar, cidade do imobilismo.

Excelente ideia



Li algures, (mas quando tentei voltar a ler já não encontrei, razão porque me abstenho de mencionar a fonte), que o vereador João Tenreiro, do PSD, disse na recente reunião do executivo que alguns eventos realizados recentemente e outros já previstos, deviam integrar um Plano Municipal de Turismo. Excelente ideia. Que só peca por tardia e irrealizável no estado actual das coisas. Tardia posto que, se fora no início do presente mandato, quem sabe se o PS não teria agido de modo diferente? Assim, a menos de três meses úteis do final do mandato...
Irrealizável no estado actual das coisas, simplesmente porque tal plano nunca existiu nem existe. Duvido até que alguém por estas bandas saiba exactamente do que se trata realmente. Têm uma vaga ideia. Pertencem à numerosa classe daqueles que sabem falar das coisas, mas não as sabem fazer.
Razões mais que suficientes para que a candidatura PSD, da qual Tenreiro também faz parte, aproveite o ensejo para elaborar ou mandar elaborar o dito plano municipal de turismo, integrando-o depois no programa eleitoral, que os tomarenses continuam a aguardar com a pachorra possível.
Alegará talvez o conterrâneo Tenreiro, ou alguém por ele, que o PS também não tem o tal plano nem o ansiado programa. É verdade, mas não é justificação capaz. Não é porque o meu vizinho também vê mal que eu evito de comprar óculos e/ou lentes de contacto.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Na desportiva

Há para mim, nesta altura de férias anuais para tantos outros, duas actividades desportivas que acompanho com interesse. A Volta à França em bicicleta e a Maratona tomarense das autárquicas. Claro que não vou alongar-me sobre o tour gaulês, nesta altura a atravessar os Alpes, a parte mais acidentada da prova, pois todos podem seguir a competição alternadamente na RTP 1 e RTP 3. Não me perguntem porquê, pois também não entendo tal alternância.
Ao contrário da prova ciclista além Pirinéus, a maratona tomarense das autárquicas continua a passo de caracol alentejano. Ontem por exemplo, no noticiário local, os três factos novos eram, por esta ordem, o reaparecimento da candidatura PSD, o ordenado dos autarcas e a rotura de uma canalização, quando tentavam colocar um daqueles painéis publicitários king size, como manda a tradição.
À cautela, pois procuro sempre evitar ser enxovalhado na medida do possível, sobre o primeiro assunto limito-me a recomendar a leitura atenta dos comentários a esta mensagem. Considero ser do "melhor" que já se produziu nessa área por estas bandas. Outro tanto recomendo àcerca do vencimento da autarca Anabela Freitas. Convém, também aí, ler e meditar os respectivos comentários
Resta a antes referida rotura, prontamente reparada pelos SMAS, apesar de ao que consta lutarem com falta de pessoal. O que é bem possível, no que concerne aos lugares em que é mesmo preciso trabalhar.
Esta última ocorrência conta-se em poucas linhas. Ao abrirem um buraco para instalar os postes de um gigantesco painel eleitoral, na rotunda frente ao quartel do 15, furaram inadvertidamente uma conduta de água. Digo inadvertidamente, pois estou seguro que antes havia sido fornecido àqueles trabalhadores o indispensável mapa urbano de implantações subterrâneas. Mais a mais tratando-se de propaganda da actual presidente. Deviam saber portanto que passava ali uma canalização, mas se calhar ninguém lhes disse a que horas. Donde o pequeno incidente.
Atento, um dos cães de fila ao serviço da candidatura Anabela Freitas, avançou logo: Agora só falta... Leia o resto nos comentários aqui, que no meu entender vale bem a pena. Sobretudo aquela transição imediata para a candidatura adversária.
Conclusão minha: É cada vez mais agradável e intelectualmente estimulante viver em Tomar, aí procurando exercer os seus direitos de cidadania. Desde que, ao regressar a casa, se tenha sempre a cautela de lavar o calçado, por causa do cheiro. 
Por enquanto, a candidatura de Anabela Freitas vai de vento em popa, sobretudo devido a não haver adversários à altura, no que concerne a actividades de pré-campanha. Na recente apresentação da respectiva Comissão de honra, que integra 87 personalidades, umas mais conhecidas que outras, constatou-se isso mesmo. Entre os 87, há gente do BE, do PCP, do PS, do PSD, do CDS e até do PNR.  É um bom sinal para a candidata. Tal como começam a abandonar o navio quando pressentem o naufrágio próximo, os ratos também são sempre os primeiros a embarcar, quando lhes cheira a viagem rumo a bom porto, com o porão a abarrotar de comida... Oxalá não estejam enganados.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

O rei vai nu

A história é conhecida. Bem conhecida até. Mas só por quem lê e percebe mesmo aquilo que lê. Uma minoria. 
Alfaiates habilidosos e gananciosos, tendo percebido a vaidade e a credulidade do seu rei, resolveram ganhar um pequena fortuna, usando apenas conversa da treta em vez de tecidos e habilidade no respectivo corte. Conseguiram assim convencer o rei, antes de determinado desfile, que o seu traje era o último grito da moda, tanto em figurino como em qualidade dos tecidos e do corte.
Contente, o soberano lá foi, todo orgulhoso, até que já a meio do percurso, uma criança daquelas ainda não contaminadas pelo imperativo da conveniência, lançou o alerta: -O rei vai nu! E foi o choque. A multidão só então se deu conta, uma vez quebrados os óculos da subserviência, graças ao grito desinibido da criança, que era mesmo o caso. O rei estava nu. E logo ali apareceram lenços, mantas e outro vestuário despido à pressa, para tentar ultrapassar o problema, vestindo o rei.
Anteontem, o presidente da Câmara de Alijó, ante um incêndio pavoroso e logo a poucos meses das autárquicas, fez como a criança desinibida da história anterior. Lançou o alerta: -"Tem de vir alguém que saiba apagar incêndios." Sintetizou assim, muito provavelmente sem disso se dar conta, o triste estado das coisas neste país, com um clima tão agradável e uma população tão boa e acolhedora. Somos os reis do improviso. Não há planos para nada. Nem quem esteja habituado a elaborar programas de actuação. Quem saiba, em suma.  Com os resultados que todos conhecemos, nomeadamente na área dos incêndios, mas não só. E depois a culpa é sempre do contexto, do material e dos outros.


Ia a escrever que, aqui pelas bandas nabantinas, também havia de vir alguém que saiba fazer planos, escrever programas, estruturar campanhas eleitorais e governar bem uma autarquia. Mas depois, pensando melhor, dei-me conta que tal seria considerado como uma crítica injusta, feita por quem os candidatos consideram inimigo, uma vez que nunca aprenderam a viver numa democracia plural, forçosamente com informação livre. Coisa que os políticos que temos detestam. Se calhar - lá está!- por falta de adequados planos de aprendizagem e devido aos exemplos lá de casa.
Se bem me recordo, há quem acuse alguns docentes de não saberem ensinar, mas nunca ouvi ninguém reconhecer que também há muitos alunos que não sabem aprender. Nem querem saber. Seguem o exemplo lá de casa.
Chegamos assim a outra história, desta feita uma antiga lengalenga, todavia tão actual: 
Diálogo ocorrido durante a fase de selecção de uma empregada doméstica (quando ainda havia tal categoria laboral).
-Sabes fazer chá como deve ser? 
-Sei sim senhor. 
-Então como é que se faz?
-Pega-se nos grãos pretos, põe-se a moer, mete-se o pó no saco, enfia-se na cafeteira, acrescenta-se água, vai ao lume...
-Mas isso é café de saco!
-Pois é sim senhor.
-Mas tu disseste que sabes fazer chá a preceito.
-E sei.
-Então como é que fazes? Explica lá!
-Pega-se nos grãos pretos, põe-se a moer, mete-se o pó no saco... 

terça-feira, 18 de julho de 2017

Para comparação

Antes desta civilização da imagem em que agora vivemos, era uso dizer-se que mais valia uma boa fotografia que mil palavras. Nessa linha, aqui vão algumas fotos para descansar a vista... e comparar.

Mont Saint Michel - França

 Salzburgo - Áustria

Kremlin - Moscovo - Rússia

 Muralhas de Carcassonne - França

Alhambra - Granada - Espanha

Pirâmides de Guizé - Egipto

Um moai - Ilha da Páscoa

 Pequim - China

Rio de Janeiro - Brasil 

Chambord - França


Castelo e Convento de Cristo - Tomar - Portugal

Há um equívoco

Abordam-me, pessoalmente ou via mail, para dizerem que Tomar a dianteira 3 não escreveu sobre isto ou não informou sobre aquilo, ou opinou assado e não devia. Agradeço a atenção, uma vez que são leitores bem intencionados, mas devo dizer que, no meu entender, há um equívoco.
Nunca fui, não sou, nem tenciono vir a ser jornalista, com todo o respeito que me merecem esses profissionais. Tão pouco alguma vez disse ou escrevi que este blogue foi ou é de informação. Sempre tenho procurado esclarecer que é um blogue de opinião, que por arrasto acaba por noticiar alguns assuntos. Por outras palavras, trata-se de um blogue de comentários, no qual as novidades ou notícias são simples decorrências das opiniões e temas versados, exclusivamente escolhidos pelo administrador. Carecem portanto de qualquer justificação pertinente as observações dos leitores quando referem que não abordei os assuntos X ou Y. Nunca foi, nem é esse o objectivo de Tomar a dianteira 3. É provável que tais queixas/observações resultem de alguma carência informativa a nível local e/ou regional.
Se assim é, convirá queixar-se nos locais adequados e às pessoas convenientes. Apesar de ser um concelho pequeno, com a população a encolher, Tomar conta com 4 órgãos informativos diários (Rádio Cidade de Tomar, Rádio Hertz, Tomar TV e Tomar na rede), 3 órgãos de informação semanais (Cidade de Tomar, Templário e O Mirante) e um quinzenário (Despertar do Zêzere). Conheço cidades maiores que não têm tal oferta informativa. Oito órgãos informativos, para pouco mais de 40 mil habitantes, é obra. Dá uma média de um órgão informativo para cada 5 mil habitantes. Por conseguinte, salvo melhor opinião, se mesmo assim há gente a queixar-se de falta de informação adequada e atempada, o problema não será da quantidade, mas da qualidade. E da assiduidade dos leitores reclamantes.
Se for mesmo esse o caso, então convém evitar equívocos e adoptar um comportamento coerente. Eu, por exemplo, se tenho problemas com o fisco, dirijo-me às Finanças, agora Autoridade tributária e aduaneira. Da mesma forma, os que se julgam sistematicamente mal informados devem reclamar junto dos órgãos informativos acima indicados e depois agir em consequência. Deixar de ler, de ouvir ou de comprar, consoante os casos, quando entendam que a situação não melhorou.
O que é igualmente válido em relação a Tomar a dianteira 3, mas fora da área informativa. Ninguém é obrigado a ler, ou forçado a concordar. Se o estilo, as opiniões ou os temas não agradam, pois passem muito bem, com votos de boa saúde e a felicidade possível. 
Tomar a dianteira 3 continuará a ser o que sempre tem sido em Tomar -a opinião publicada, com assinatura por baixo. Incómodo portanto. Procurando  seguir aquele princípio ensinado em todas as boas escolas de jornalismo: Os meios de saber, o hábito de pensar e a coragem para o dizer. Convenha ou não.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

ILUMINAÇÃO DO CASTELO E DO CONVENTO

Uma vergonha para todos nós


Escrevi anteriormente aqui e aqui sobre a iluminação do Castelo e do Convento. Juntei até imagens assaz explícitas, julgava eu. Tudo em vão, segundo aquilo que vou sabendo em retorno. Os poucos que emitiram opinião acham que está muito bem assim. Uma lástima. Se não erro, a actual rede de iluminação já é a quarta ou a quinta versão. Centenas de milhares de euros gastos e o problema continua por resolver. Se as anteriores iluminações não prestavam, a actual também não vale grande coisa.
Conquanto muitos, por ignorância, possam pensar que está o melhor possível, na verdade não está. Nem coisa parecida. Passo a tentar explicar porquê. Quando qualquer entidade decide mandar iluminar um monumento ou uma paisagem, fá-lo para valorizar. De noite, na penumbra, um monumento, um trecho urbano ou uma paisagem ganham enorme destaque, livres do enquadramento diurno, que contribui para distrair a atenção de quem olha e procura ver.
Desgraçadamente, em Tomar não é isso que acontece, apesar dos montantes consideráveis gastos com iluminação. Tanto para as respectivas instalações como em termos de consumo. Ficando-me pelo Castelo-Convento, apesar de já ir na quarta ou quinta versão, apenas se conseguiu apoucar em vez de engrandecer, ridicularizar em vez de exaltar. Ora faça o favor de ver, com olhos de ver, os dois pares de imagens seguintes. Cada uma foi captada no mesmo local, uma vez de dia, outra de noite: (Clique sobre a foto para ampliar)





É isto que estamos oferecendo aos visitantes, em termos de panoramas. No primeiro par, um magnífico monumento, que é o 2º mais vasto de Portugal, mas de longe o 1º em riqueza arquitectónica, transformado durante a noite, por obra e graça de uma iluminação mal enjorcada e sem manutenção adequada, numa espécie de conjunto de galinheiros no meio do mato.
No segundo caso, o mesmo riquísssimo monumento aparece durante a noite como um simples conjunto de muralhas sem mais nada, nem sequer Torre de menagem, tipo cenário cinematográfico pobre.
É isto que a DGPC, a autarquia e todos nós tomarenses, queremos que os cada vez mais numerosos visitantes possam apreciar? Não seria melhor projectar finalmente com cuidado, e só depois instalar uma iluminação digna desse nome, garantindo a indispensável manutenção?
Tal como está, na minha opinião de simples ignorante em termos de luminotecnia, valia mais manter tudo apagado. Sempre se poupava no consumo de energia e se evitava mais este enxovalho. Já basta a falta de casas de banho e de estacionamento. Ou os turistas perdidos dentro do Convento. Uma vergonha para todos nós.  Os que sabemos o que isso é, já se vê.

Nota de rodapé

Peço desculpa pela evidente má qualidade técnica da 4ª imagem. Dada a distância, foi necessário usar tele-objectiva e a muito fraca luminosidade nocturna não permitiu que o focagem automática funcionasse a contento. Faltou-me um bom tripé, para compensar uma abertura f  4 àquela distância.