domingo, 30 de julho de 2017

Há algo que não bate certo

É ponto assente que somos dos consumidores de água mais explorados do país. Por causa das taxas agregadas. Quando se conversa sobre o assunto com o vereador responsável, Bruno Graça avança diversas justificações: 30% de perdas na rede, que é velha; pagamento de tratamento de água da chuva na inverno; preços leoninos da EPAL, tarifas exageradas da Resitejo...
Terá razão o autarca, mas não tem toda a razão. Há também coisas que custam a entender. Por exemplo esta, que é actual. Há menos de uma semana ocorreu uma ruptura ao cimo da Rua Aurora Macedo, onde moro:

Vieram os funcionários e efectuaram a reparação, que levou várias horas. Ignoro o que terá falhado. A reparação, o material utilizado ou o excesso de pressão na rede. A verdade é que, poucos dias depois, temos o mesmo problema no mesmo sítio. Há de novo ruptura, o que já nem surpreende os moradores, pois acontece de tempos a tempos. Trata-se afinal do único sector da cidade antiga cujas infra-estruturas ainda não foram renovadas (Rua do Teatro, Rua do Pé da Costa de Baixo, parte da Rua Infantaria 15, Rua Aurora Macedo e Rua Joaquim Jacinto). O esgoto continua a ser de colector único. As sarjetas não têm sifões. Mau cheiro no verão. A rede de água data de 1937. Em parte com canos de amianto, cuja utilização foi entretanto proibida na União Europeia, por serem cancerígenos. Segundo consegui saber em tempos, está prevista a respectiva requalificação, mas ignora-se para quando. Os SMAS não têm recursos próprios para tanto. Entre 2015 e 2016, o resultado positivo baixou 70,3%, ficando nos 166.473€. No ano anterior foi  de 561.104€, o mais elevado desde 2008. Falta saber porquê. Vem aí mais um aumento no recibo da água? Para depois das eleições, se calhar....


Perante isto, resolvi indagar.  Concluí que afinal somos dos poucos municípios ainda com SMAS. Em todo o país, num total de 308 municípios, apenas 25 ainda têm SMAS. E desses, só 22 se ocupam de águas e saneamento:
Fonte : Anuário financeiro dos Municípios, 2016

Porque será? Estaremos mesmo a ser servidos nas melhores condições? Não seria melhor extinguir os SMAS e concessionar algumas tarefas, a exemplo do que já acontece noutros municípios vizinhos? São apenas perguntas. Afinal estamos a dois meses de novas eleições autárquicas.

Adenda
São seis horas da manhã de domingo. Chegou o pessoal dos SMAS, para voltar a reparar a ruptura, que recomeçou ontem à tarde. Horas extraordinárias em perspectiva, o que é natural. Custos acrescidos para os SMAS. Agora vamos ficar de novo sem água durante algumas horas. O costume.
Entretanto faltou a luz. 
São agora nove horas da manhã. A luz voltou e o pessoal dos SMAS já se foi. Aparentemente era coisa pouca. (ver foto abaixo)
Durante o pequeno almoço, a minha amiga Neila comentou: -Vive-se bem aqui em Tomar. Em três meses já faltou a água três vezes e a luz duas. Sinto-me no Brasil. Há até aquele cheiro ali ao fundo da rua... Só faltam mesmo as notícias dos assaltos e dos tiros. Não se pode ter tudo.




Adenda 2
Chegou novamente o pessoal dos SMAS. Afinal a reparação anterior foi provisória:



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