quarta-feira, 26 de julho de 2017

DE MAL A PIOR

Ponto prévio: 
Está implícito, mas é melhor explicitar. Pessoalmente, nada tenho contra os funcionários da autarquia, aos quais reconheço igual dignidade, os mesmos direitos e as mesmas qualidades de quaisquer outros cidadãos. O que segue é apenas uma descrição factual, porque as coisas são o que são e a situação na autarquia é o que é. 
Nunca confundi nem confundo crítica política com relacionamento pessoal, o qual desejo sempre o mais cordato possível.

Tomar entre os 25 municípios que mais gastam com pessoal

O ano passado escrevi aqui, baseado em dados oficiais, que o Município de Tomar tinha excesso de pessoal. Justifiquei a afirmação com um quadro estatístico, no qual a Câmara nabantina aparece em 34º lugar, com os ordenados a representarem 39,9% da despesa total, na listagem dos municípios que mais gastam com pessoal. Foi uma informação que não caiu bem, como sempre acontece quando não é possível desmentir. Vai daí, os funcionários detestaram e houve autarcas começaram por tentar desvalorizar o assunto. Passaram depois à tentativa de descrédito, para finalmente admitirem a verdade. Mas mantiveram sempre que a autarquia não tem pessoal a mais.
Os dados então publicados eram os de 2015. Acabam agora de sair os elementos de 2016 e infelizmente o Município de Tomar não está nada bem na fotografia. Pelo contrário. Ora façam favor de interpretar:

De 2015 para 2016, as despesas com pessoal (460 funcionários) aumentaram 2%, para 41,9%, o que bastou para Tomar galgar negativamente 10 lugares no quadro dos piores municípios do país nessa área dos gastos com pessoal. Estava em 34º, em 2015, passou para 24º, em 2016. Além disso, a situação é certamente muito mais grave, pois no quadro se esclarece , em baixo, que "Não estão consideradas as despesas homólogas das empresas municipais e serviços municipalizados, mas apenas as despesas com pessoal da estrutura dos serviços municipais." Acontece que, nesta lista dos 35 municípios mais gastadores com remunerações aos seus funcionários, Tomar é o único que dispõe de serviços municipalizados. Por conseguinte, se na tabela acima adicionarmos  os custos com pessoal dos SMAS, que são desconhecidos, é bem possível que o município nabantino galgue mais 10 ou 15 lugares no ranking negativo. Uma lástima.
Não se trata agora de saber quem são os culpados, se os do PSD ou os do PS,  uma vez que a evolução percentual da despesa com pessoal tem oscilado bastante, desde 2006: 28,9%, 29,7%, 30,6%, 26,6%, 33,4%, 27,6%, 31,7%, 39,0%, 38,5%, 39,9%, 41,9%. 
É questão, isso sim, de alertar os autarcas que dirigem o executivo tomarense para um facto insofismável: Têm vindo a trilhar um caminho errado, que só pode conduzir a situações trágicas no futuro. Prova disso é que, dos 23 concelhos agora em pior situação do que o nosso nesta questão do pessoal, apenas 3 (Montijo, Moita e Palmela), por acaso todos alentejanos, são municípios médios, como Tomar. Os restantes 20, são pequenos concelhos, naturalmente com muito mais dificuldades  de toda a ordem e tendência para se transformarem em agências de emprego.
Em conclusão, correndo o risco de me repetir e assim enfastiar involuntariamente os leitores, creio que o melhor será mesmo reconhecer a delicadeza da questão e esclarecer os cidadãos sobre aquilo que tencionam vir a fazer para solucionar o problema  pela positiva. Redigir e difundir um programa, em suma. Tudo o resto, nomeadamente explicações atabalhoadas, só servirá para agravar as coisas. E nem pensem em insistir nessa de que a câmara tem falta de pessoal. Tem é falta de organização e de quem tenha coragem para implementar as medidas que desde há muito são indispensáveis. No campo de batalha, há sempre muito mais índios que chefes. Ao contrário da actual situação na câmara de Tomar., onde faltam índios mas  há visivelmente chefes a mais. Alguns dos quais nem se sabe muito bem que tarefas desempenham realmente.
Quem vos avisa...

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