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André Jordan, o empresário de origem polaca que criou a Quinta do Lago, Vilamoura e o Belas Clube de Campo, foi entrevistado por Alexandra Carita para Revista E, do Expresso desta semana. Do alto dos seus 82 anos, aquele que muitos alcunharam de pai do turismo português da classe média alta, mostrou não ter papas na língua, nem serradura na cabeça.
Questionado sobre o turismo de massas, avançou que "Isso não faz mal a ninguém. Os portugueses queixam-se porque gostam muito de se queixar." Ponto de vista que merece atenção, mesmo em contextos diferentes, uma vez que provém de um estrangeiro radicado entre nós, mas com muita mundivivência.
Noutro passo da entrevista, foi igualmente claro e preciso: "Não temos grandes monumentos, nem grandes museus, nem grandes obras de arte nas nossas colecções. Mas temos boas coisas, como os Jerónimos, que têm um equilíbrio e uma escala humana muito interessantes". André Jordan não disse portanto nada de novo, mas teve o mérito de o dizer. Temos apenas 6 monumentos com gabarito europeu (Jerónimos, Sintra, Mafra, Alcobaça, Batalha e Tomar) aos quais se poderão juntar alguns conjuntos urbanos, como Évora, Óbidos, Castelo de Vide e Coimbra. É relativamente pouco, quando comparado com a Espanha, a Itália ou a Grécia, por exemplo.
Nesta relativa pobreza monumental que nos caracteriza como país, Tomar ocupa um lugar de relevo pela sua riqueza. O Convento de Cristo é o segundo mais vasto conjunto arquitectónico português, logo a seguir a Mafra, mas lidera de longe em termos de variedade. Além disso, é também o único que se encontra totalmente fora do centro histórico, com maus acessos e estacionamento largamente insuficiente. Apesar disso e de uma gestão inadequada, a afluência anual tem vindo a aumentar, ainda que em menor escala que nos outros monumentos, ultrapassando já as 250 mil entradas anuais.
Se compararmos com Fátima, onde as visitas e orações na Basílica Nova, na Capela das Aparições e na Basílica Velha, para ver os túmulos dos pastorinhos, demoram menos tempo que uma visita cuidada ao Convento de Cristo, desde que devidamente acompanhada, a diferença é abissal, mesmo excluindo a visita papal ou a peregrinação de maio. É que em Fátima há todas as condições. Acesso fácil, amplas instalações sanitárias, estacionamento com fartura, sinalética adequada, zonas pedonais, comércio variado, horários convenientes, vasta capacidade restaurativa e hoteleira.
Em Tomar, continuamos à espera de quê? Que apareça outro infante D. Henrique, para lançar desta vez a empresa do descobrimento do turismo? Segundo André Jordan, noutra passagem da entrevista, "O grande segredo dos americanos é o planeamento. Eles planeiam tudo até ao último detalhe. Isso nunca foi bem compreendido no resto do Mundo. Essa é a força dos americanos. Costumo dizer que um bom planeamento, qualquer idiota é capaz de executar depois."
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