A menos de dez semanas da próxima votação, o que está acontecendo em Tomar parece-me muito preocupante. Com efeito, dos seis candidatos declarados, só um já mostrou claramente ao que vai. Foi Bruno Graça, da CDU, que apresentou o seu programa o mês passado. Das outras formações, sobretudo das duas tradicionalmente mais importantes em termos de votos conseguidos, que sabemos? Praticamente nada. Uns cartazes, umas aparições públicas onde são debitadas frases feitas, geralmente ocas, uma ou outra curta entrevista. Não é só pouco. É por assim dizer equivalente a zero, em termos de informação substantiva mobilizadora.
Nas eleições de 2013, no concelho de Tomar, a abstenção, os votos brancos e os nulos atingiram percentagens nunca antes vistas: 47 em cada 100 eleitores não foram votar, 5 em cada 100 meteram um voto branco na urna, outros 5 em cada 100 anularam o voto. O que resulta numa abstenção bruta (abstenção + brancos + nulos) de 55,62%. Ou seja, nas últimas autárquicas, em cada 100 eleitores inscritos, só 44 escolheram um candidato. O poder que nos governa é por conseguinte minoritário. Conquanto legal, podia ter mais legitimidade, e isso nota-se.
Fotograma copiado d'O Mirante video
Três anos passados, nas presidenciais de 2016, os resultados eleitorais foram singularmente diferentes. É certo que a abstenção aumentou 1,66%, porque o vencedor era previsível. Mas em contrapartida, os votos brancos e nulos baixaram, respectivamente, de 4,73% para 1,38% e de 4,17% para 1,16%. As presidenciais vieram assim demonstrar que o problema não são os eleitores tomarenses e o seu alegado desinteresse, mas sim os candidatos e as informações que facultam. Como explicar de outro modo tão grandes diferenças?
Voltando à situação presente, em Tomar as duas candidaturas potencialmente vencedoras, de acordo com aquilo que é habitual, não têm até agora de que se orgulhar. O PS vai tentando apresentar a obra feita, que tem o seu valor, mas não é mobilizadora, porque carece de envergadura e por isso de visibilidade real. No PSD, visto do exterior, parece ser como no futebol português, quando as coisas começam a correr mal: Tudo ao molho e fé em Deus.
Continuando no domínio do religioso, apesar de saber que a candidata socialista não é praticante, mas é tolerante (ver foto), ao invés de outros, muito praticantes, porém pouco tolerantes, peço licença para lembrar um velho ditado popular, adaptando-o: Fiem-se na virgem e não informem, vão ver o trambolhão que sofrem.
Sem comentários:
Enviar um comentário