terça-feira, 25 de julho de 2017

Paga só quem assiste? Ou pagamos todos?

Falando ontem, 24 de Julho, no quase inútil Complexo da Levada, cujas obras custaram 6 milhões de euros, (dos quais 1,2 milhões pagos pelos contribuintes portugueses), na apresentação de mais uma edição do Festival de estátuas vivas, previsto para 15, 16 e 17 de Setembro próximo, a senhora presidente da câmara declarou, citada pel'O Mirante, "que o município investiu cerca de 50 mil euros nesta edição do festival, mas sublinhou que o retorno para a economia local ultrapassará esse valor, pelo que considerou ser um bom investimento."
Tem razão Anabela Freitas. Trata-se sem dúvida de um bom e oportuno investimento. Que poderia no entanto ser um óptimo investimento, caso houvesse audácia para tanto. Refiro-me naturalmente e mais uma vez às entradas pagas. Para salientar duas coisas elementares, que todavia não há maneira de entrarem em certas massas cinzentas.
Antes de mais, salientar que, não havendo como é sabido almoços grátis, uma de duas hipóteses: Ou pagam só os que almoçam, ou pagamos todos, o que me parece injusto. Outro tanto sucede com os eventos de toda a ordem. Ou só paga quem assiste, ou pagamos todos, nomeadamente no recibo da água, por exemplo.
Em segundo lugar, frisar que finalmente alguém em Tomar ousou violar a tradição e venceu. O Festival Bons sons, em Cem Soldos, veio demonstrar na prática aquilo que para mim sempre foi óbvio: as entradas pagas afinal afastam muito poucos espectadores potenciais. E obrigam a uma melhor organização, como mais cuidado e mais qualidade.


Assim sendo, considere-se a enchente usual e a balbúrdia daí resultante, no dia do cortejo da nossa querida Festa grande, bem como múltiplos outros transtornos causados pela multidão. Perdia-se alguma coisa, designadamente em termos de conforto, se entrassem na cidade apenas 50% dos forasteiros habituais? Os estabelecimentos locais fariam menos negócio? A festa seria menos brilhante?
Certo, mesmo certo é que a autarquia já não seria forçada a avançar perto de 300 mil euros sem regresso, como sucedeu em 2015. Soma essa que poderia depois vir a ser aplicada na área social ou na cultura, por exemplo. E poderíamos então passar a ter Tabuleiros todos os anos, porque a festa é das colheitas e as colheitas são anuais. Não de quatro em quatro anos. Acrescendo que, com realização anual, a Festa dos Tabuleiros entraria finalmente no calendário nacional e internacional dos operadores de turismo.
E tanto dinheiro que daí se poderia colher. Basta querer, saber e ousar.
É muito complicado vedar a cidade antiga? É sim senhor. Mas faz-se. Até já foi feito em tempos, pela comissão do Carnaval de Tomar. Fica muito caro? Fica sim senhor. Mas só no primeiro ano, Nos anos seguintes já teremos o programa e todo o material. Os naturais de Tomar e os residentes só pagarão se quiserem? É claro que sim.
Vamos a isso? Comecem por transferir as estátuas vivas para a Mata e cobrem as respectivas entradas. Logo verão o maná que pode vir a ser. 
Continua a faltar audácia e saber para avançar? Se calhar é porque os contribuintes tomarenses aguentam tudo, pelo que ainda podem vir a ser mais explorados do que já são. Porque de outro modo...
É a vida, como dizia o Guterres.

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