segunda-feira, 30 de abril de 2018

Informação assim, porra!

Calar-se é consentir!

Apareceu na região, há relativamente pouco tempo, um novo órgão informativo, cujo nome já é todo um programa. Chama-se mediotejo.net. Exactamente porque é suposto noticiar a actualidade do Médio Tejo. Tendo contratado em Tomar dois profissionais de reconhecida qualidade, cujos nomes se omitem pois pouco ou nada têm a ver com a matéria a apresentar, até nem começou mal. As primeiras reportagens em directo das reuniões do executivo camarário tomarense, a exemplo do que sucede nos outros municípios do mesmo agrupamento, eram interessantes porque realmente informativas. Quem lia, ficava com a ideia de estar a assistir ao conclave, mesmo encontrando-se a milhares de quilómetros, como é o caso
Infelizmente foi sol de pouca dura. Não decerto por culpa da competente e briosa jornalista, mas visivelmente em virtude de instruções recebidas, as antes reportagens passaram a pouco mais que simples repetições da ordem de trabalhos. Se por acaso tiver dúvidas a tal respeito, ou se desconfiar que se está a ser excessivamente exigente ou pessimista, faça o favor de verificar com os seus próprios olhos, clicando aqui e procurando depois os textos sobre as sucessivas reuniões.



Como se não bastasse tal vergonha -porque é disso que se trata, uma vez que os profissionais, por mais competentes, briosos e honrados que sejam, precisam de ganhar a vida, o que os força a acatar as ordens de quem lhes paga- a direcção editorial da mediotejo.net resolveu ultrapassar a última barreira. A da simples decência.

Elsa Ribeiro Gonçalves
Problemas informáticos impediram-nos de acompanhar a reunião desde o seu início. Neste momento, ainda se discute o período antes da Ordem do Dia
Elsa Ribeiro Gonçalves
Reunião entra na Ordem de Trabalhos quando são 15h23
Na reunião de 30 de Abril do executivo tomarense, cujo "período de antes da ordem do dia" se previa algo movimentado, a jornalista presente informou que, devido a dificuldades informáticas, não tinha podido reportar essa parte da reunião. Pode ter sido apenas uma infeliz coincidência. Mais uma, porque em Portugal, regra geral, as coincidências são sempre muito úteis e oportunas. Mas mesmo nesse caso, não é possível deixar de exarar aqui um protesto, em alentejano contemporâneo:  Informação assim, porra! O melhor é nem mandarem  ninguém  às reuniões, porque para faz de conta já chega. Os competentes serviços camarários tratam disso. Basta ler as ordens de trabalhos.
Infelizmente, impõe-se uma vez mais a citação do presidente Lincoln: Podem-se enganar alguns durante um certo tempo, mas é impossível enganar toda a gente durante muito tempo.
Tomem nota e ajam em consequência, que de manipuladores já estávamos bem servidos, mesmo antes de aparecerem novos órgãos informativos.

Tomar na Feira Internacional de Turismo na Guarda


Tomar promove-se na segunda maior feira de Turismo (FIT na Guarda), que apostou há cinco anos no mercado espanhol, com 60 milhões de pessoas

"Península Ibérica quer ser maior destino turístico mundial", disse a Secretária de Estado do Turismo

António Freitas

Tem crescido tanto nos últimos anos, que é já considerada a segunda maior feira de turismo do país, logo a seguir à Bolsa de Turismo de Lisboa. Além disso é  a única de âmbito ibérico, garante a organização. Na sua 5.ª edição, a Feira Ibérica de Turismo (FIT), realizou-se entre 28 de abril e 1 de maio, na Guarda, e contou com 200 expositores, 20 dos quais de Espanha.
A feira é vocacionada para profissionais do setor e para outros interessados.  Participaram  regiões de turismo, agências de viagens, hotéis, termas, associações de municípios, comunidades intermunicipais, autarquias, empresas de enoturismo e ligadas ao desporto de aventura, gastronomia ou artesanato, e organismos oficiais.
A FIT  decorreu no Parque Urbano do Rio Diz,  celebrando este ano a eleição de Portugal, pela World Travel Awards, como o ‘Melhor Destino Turístico do Mundo’ em 2017. A cidade espanhola de Salamanca é o destino convidado, mas como feira ibérica, Portugal e Espanha estão sempre em destaque.
O recinto da feira tem cerca de 10 mil metros quadrados de área coberta e para o percorrer “o visitante terá que andar perto de um quilómetro”, segundo a organização.
O espaço é composto por cinco estruturas, e a Feira Ibérica de Turismo tem também animação, espetáculos musicais, atividades de lazer e desporto. A FIT foi uma aposta da câmara liderada por Álvaro Amaro, que antes foi secretário de Estado e presidente da Câmara de Gouveia
A sessão inaugural contou com a presença da secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho. O bilhete diário custa dois euros e o geral, para os quatro dias, cinco euros. Os miúdos até aos 12 anos não pagam
Segundo a  secretrária de Estado do Turismo, tomarense por afinidade “Portugal está a trabalhar com Espanha para transformar a Península Ibérica no maior destino turístico do mundo e a Feira Ibérica da Guarda mostra que o trabalho conjunto "é inevitável. "[A Feira Ibérica de Turismo] é mais uma ação que mostra como é inevitável e é ótimo que trabalhemos em conjunto. Se juntarmos Portugal e Espanha, a Península Ibérica transforma-se no maior destino [turístico] do mundo. Isto é um ativo que nenhum dos países quer desperdiçar", disse Ana Mendes Godinho, na Guarda.


Portugal e Espanha estão a fazer um trabalho conjunto no setor do Turismo, existindo várias ações "para promover quer as regiões transfronteiriças quer os produtos, que são produtos que comunicam entre os dois países". A título de exemplo, referiu que um dos produtos turísticos que une ambos os países é o rio Douro. "Se pensarmos no rio Douro/Duero, o rio transforma-se no melhor e maior rio produtor de vinho do mundo", apontou.
Segundo Ana Mendes Godinho, se for tida em conta a "lógica ibérica", verifica-se a existência de "um mercado de 60 milhões [de pessoas], que é um mercado muito mais apelativo para todos, em termos até de captação de investimento".
"E, depois, ganhamos escala em termos de capacidade de comunicar que o melhor destino do mundo, que é Portugal, faz parte do maior destino do mundo que é a Ibéria", concluiu.

O evento, que tem vindo a afirmar-se como "um dos mais importantes certames do setor do Turismo do país", tem a cidade espanhola de Salamanca como destino convidado e dias dedicados a outros destinos turísticos do país vizinho.
Com a realização da feira, a Câmara da Guarda pretende "incentivar a troca de experiências, abrindo as portas a novos mercados, bem como a produtos turísticos diferenciadores, e ainda dar a conhecer o património natural e histórico e a gastronomia, atraindo turistas, visitantes e também investidores".
A autarquia considera ainda que, "como plataforma transfronteiriça no panorama nacional e ibérico dos eventos ligados ao turismo, a FIT é uma oportunidade singular de divulgação, promoção, captação e desenvolvimento de fluxos turísticos e de valorização dos recursos endógenos de uma vasta e riquíssima região". 
Tomar marcou presença com um dos mais atractivos stands e com a dedicação das funcionárias do turismo do município, tendo o  mesmo sido visitado pela presidente da Câmara, como mostra a foto acima, copiada do facebook pessoal das referidas técnicas tomarenses presentes. A primeira participação de Tomar é salutar e de louvar, já que estamos na Rota das Judiarias e a Guarda é uma das principais portas de entrada de turistas por via terrestre. Depois desta participação, espera-se que Madrid, ou outras cidades como Paris, estejam no plano estratégico de divulgação da nossa cidade.
O caminho  faz-se andando, mas a Índia é por agora demasiado longe e pode agravar otites, por causa das viagens aéreas.

Texto editado por Tomar a dianteira 3

Quem sabe?!

Foi uma actividade desportiva pouco publicitada. Até agora só a Rádio Hertz a noticiou, como pode conferir clicando aqui. Sucintamente, um grupo de entusiastas de geocaching, actividade de recreio que consiste em encontrar objectos antes escondidos numa determinada área, actuou nas margens do Nabão, tendo aproveitado para ir limpando o curso de água que já foi o orgulho dos tomarenses.
Digo que já foi o orgulho dos tomarenses, porque os actuais habitantes da cidade e do concelho, na sua esmagadora maioria, exceptuando as actividades humanas básicas (comer, dormir, caminhar, falar...), dão a ideia lamentável de estar de passagem. Tirando talvez algum desporto, nada lhes interessa. Estão naquela posição de quem morreu de sede ao lado de uma bica, só para evitar o trabalho de virar a cabeça.

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Foto Tomar na rede

No caso do Nabão, apesar dos repetidos surtos de poluição e das sucessivas promessas de quem devia governar, os poucos que se interessam mesmo pelo rio continuam sem saber de forma detalhada qual o tipo de poluição e qual a sua origem. Ministério do Ambiente, GNR, presidente da Câmara,  formações políticas (excepto a CDU), mantêm um curioso silêncio, cujas causas conviria também apurar.
Enquanto tal não acontece, talvez fosse boa ideia solicitar aos antes referidos praticantes de geocaching que a próxima actividade tenha lugar no Rio Nabão, mais precisamente entre o viaduto do IC9 e o Mouchão. Objectivo -localizar a origem ou origens da poluição, pelo aspecto das margens e pelo cheiro pestilento. Caso aceitem, correm o risco de dizer depois que no fim de contas era bem simples o problema, uma vez despido das roupagens políticas de circunstância. Quem sabe?!?

O álcool faz mal à saúde

Quem bebe álcool regularmente, aumenta o risco de demência precoce

Numa crónica de Ophélie Neiman, o jornal de Le Monde de 28/04/2018 aborda uma situação inédita em França. Pela primeira vez, um presidente da República em funções -no caso Emmanuel Macron- diz publicamente que consome vinho a todas as refeições, embora de forma muito moderada. Acrescenta a jornalista que se compreende esta posição do presidente. Em França, o vinho é o segundo sector económico mais importante em termos de exportação, com um total de 13 mil milhões de euros de negócios e 500 mil empregos.
Os médicos é que não estão nada agradados com tal posição presidencial, tendo presentes os problemas provocados pelo consumo de vinho e outras bebidas alcoólicas na saúde dos franceses. Daí o título do artigo do conceituado jornal: "O presidente da República faz constar que gosta de vinho, irritando a classe médica".


Michel Reynault, médico-professor catedrático de psiquiatria, especialista em adictologia e presidente do "Fond Actions et Adictions" mostra-se muito severo perante tal situação, que é nova Até agora os sucessivos presidentes franceses nunca tinham abordado publicamente tal matéria. "O grande problema do vinho e das outras bebidas alcoólicas, diz o prestigiado clínico, reside no facto de terem conseguido gravar falsas informações nas consciências das pessoas. Querem convencer-nos que o consumo moderado de bebidas alcoólicas é benéfico para a saúde. É totalmente falso! A verdade é que o risco de se tornar dependente alcoólico aumenta a partir do primeiro copo bebido, mesmo à refeição. E convém não esquecer que [em França] o consumo de bebidas alcoólicas é a principal causa da demência precoce, a segunda causa de cancro e a origem de numerosos conflitos familiares graves. Mas em vez de nos esclarecerem, põem-nos a nadar num banho de informações positivas, porém incompletas ou claramente falsas."


Portugal
51,4
Francia
51,2
Italia
43,6
Suecia
41
Suiza
39,1
Bélgica
31,8
Argentina
28,7
Alemania
28,3
Australia
28,3
España
25,2
P. Bajos
24,1
R. Unido
23,8
Rumanía
22,8
Chile
17,1
Canadá
16,5
EE UU
12,1
Sudáfrica
11
Rusia
7,6
Japón
3,2
Brasil
1,9
China
1,5

Copiado do El Pais online, de 30/04/2018
A aselhice não permitiu reduzir o gráfico, pelo que faltam números na parte mais larga. Assim, a percentagem completa para Portugal é de 51,4 litros por pessoa/ano e para França 54,2 litros/pessoa/ano.
Repetindo a velha piada, uma vez que cá o escriba não bebe, no caso de Portugal haverá alguém a beber 108,8 litros por ano. Bom proveito!

Os leitores mais curiosos indagarão decerto, porque raio foi Tomar a dianteira 3 buscar semelhante matéria para um blogue de âmbito local. À primeira vista estarão cheios de razão. Realmente, é um tema algo afastado das preocupações diárias dos tomarenses. Porém, aprofundando um bocadinho, não muito, para não magoar, surgem dois motivos.
O primeiro é o reconhecido nível local de consumo de álcool, que em Tomar não é dos mais moderados do país (ver por exemplo festas e desfiles dos alunos IPT), ligado à evidente apatia política, ou abulia, da generalidade da população, o que pode ser um primeiro sinal da demência precoce referida pelo médico catedrático francês. Mais tarde, irão provavelmente falar da "doença do alemão", de parkinson... Ou simplesmente constatar que A, B, C... coitados, "estão chéchés". E no entanto...
O outro motivo é uma esperança, para quem queira deixar de ser dependente do álcool. Há um medicamento à venda nas farmácias que, não sendo milagroso, tem contudo conseguido maravilhas. Trata-se do Baclofène, Baclofeno, ou Baclofen, geralmente receitado pelos médicos para problemas musculares, mas que em França é também usado como inibidor da vontade de beber álcool. Em Portugal é vendido nas farmácias como LIORESAL 25 mg, NOVARTIS FARMA. No Brasil é Baclofeno Zentiva, existindo outras designações comerciais.
Mas trata-se já de matéria para especialistas. O escriba destas linhas não quer ser acusado de exercício ilegal da medicina. Por conseguinte, se tem problemas com o álcool, encha-se de coragem e fale com o seu médico, referindo o LIORESAL ou o Baclofeno. Boa sorte.

domingo, 29 de abril de 2018

Todos idiotas? Custa a crer...

Todos já tivemos momentos menos felizes. E até mesmo claras e inequívocas infelicidades. Impõe-se portanto ser tolerante  com o erro alheio, omitindo neste caso o nome do seu autor. Trata-se de um eleito que teve um deslize de linguagem. Escreveu no Facebook que todos os que criticam as opções da actual maioria autárquica são "idiotas que tentam destruir e enlamear o trabalho dos outros". Exactamente assim, sem tirar nem pôr:


(clique na imagem para ampliar)

A coisa é de tal forma violenta, que nem este vosso escriba, apesar de há muito crismado como demasiado agreste,  e beneficiando do estatuto facultado pela idade, ousaria ir tão longe no insulto aos conterrâneos. Questão de educação. Mal vão as coisas, quando um autarca geralmente ponderado perde as estribeiras no exercício das suas funções. Mas está dito, está dito.
No nosso colega Tomar na rede, a postagem que está na origem do comentário  supra reuniu até agora 24 comentários, na sua grande maioria contra a anunciada viagem à Índia das senhoras autarcas PS. Tudo opiniões da autoria de idiotas? Custa a crer... Faça o favor de ler ou reler os citados comentários, clicando aqui, para fundamentar uma posição que não seja idiota, tanto quanto possível.


Entretanto, emergem duas questões importantes. A primeira, para dizer que certamente o autarca em questão, uma pessoa sensata, honesta, bem formada, trabalhadora, devotada e com Mundo, uma vez recuperados os espíritos, vai concerteza concluir que procedeu menos bem e pedir desculpa aos visados. Quanto mais não seja, porque é inaceitável e sem fundamento a prática socratina, (que alguns consideram também só cretina), de condenar os que pensam de maneira diferente, como conspiradores e inimigos de facto. Na verdade, não são inimigos, nem conspiradores, nem adversários sistemáticos e de má fé. Nem procuram "enlamear o trabalho dos outros".  São apenas eleitores e conterrâneos, com direitos e deveres de cidadania iguais aos dos autarcas, que se limitam a discordar de algumas opções da maioria actual. Tal como já discordaram de maiorias anteriores. E dizem-no por escrito. Assinando sempre por baixo, no que concerne cá  ao escriba. Que se fosse realmente mais idiota que os autarcas em funções, decerto não incomodaria tantos instalados. Como escreveu Millor Fernandes, "Idiota mesmo é o sujeito que, ouvindo ou lendo uma história com duplo sentido, não entende nenhum dos dois."
A segunda questão apresenta-se bem mais complexa e inquietante. No mesmo texto onde apelida os eleitores discordantes de idiotas, o autarca em questão refere também "o esforço que iniciamos no mandato anterior, de promover, promover, promover o mais possível Tomar e as nossas coisas..."
Este vosso servidor e escravo da verdade, há mais de cinquenta anos que lê e ouve dizer "promover Tomar", "trabalhar por Tomar", "fazer coisas pela cidade e pelo concelho", "engrandecer Tomar", "lutar em prol de Tomar", "conseguir o melhor para Tomar", "honrar Tomar", e assim sucessivamente. 
Uma vez que, como todos podemos constatar, a cidade e o concelho vão de mal a pior; mesmo sem pretender enlamear o trabalho dos outros, forçoso é constatar que algo deve estar errado. Porque as coisas não batem certo. Tanto trabalho, tanto esforço, tanta boa vontade, e os resultados favoráveis não aparecem?!
Que tal um debate alargado e sereno, como propunha aqui há tempos o socialista Ferroma, para diagnosticar enfim a doença tomarense?
Era capaz de ser bem mais eficaz do que andarmos à pedrada uns nos outros.

sábado, 28 de abril de 2018

Uma controversa viagem à Índia - 3


Se soubessem a história toda...

Nas redes sociais, são numerosos e entusiásticos os apoios à viagem à Índia da senhora vereadora Filipa Fernandes, em geral confundindo o essencial com o acessório, alegando perseguição e culpando os outros. Que são todos uns malandros, porque não concordam. O pensamento socratino no seu melhor. Ele nada fez de reprovável. O juíz instrutor e os procuradores é que querem à viva força prejudicá-lo.
O que está em causa desde o início, não é a viagem à Índia em si, mas simplesmente quem paga. E aqui, é muito provável que, se soubessem a história toda, pelo menos alguns dos apoiantes entusiastas tivessem outra atitude. Em qualquer caso, é  extravagante uma cidade e um concelho, assolados por grave crise demográfica, com dificuldades de toda a ordem, incluindo pagamentos a fornecedores, custearem uma viagem à Índia de uma sua representante eleita, para defender os direitos das mulheres e promover a urbe naquele país asiático.
Ao que parece, estaremos perante o novo caminho para a Índia. Desta vez aéreo, quando o outro foi marítimo, com os infelizes resultados que os entendidos bem conhecem. Sabem portanto do que se está a falar, após se ter visitado Nova Delhi, Bombain, Agra, Jaipur, Varanasi, Kajurau e, mais para lá, Hong-Kong e Macau, na China. Mas, caso haja dúvidas, pode-se estender a toalha e servir todo um repasto histórico/sociológico sobre a colonização portuguesa nos ditos territórios, de meter nojo mesmo aos mais entusiastas, quando comparada com a inglesa. De forma que a nossa reputação por aquelas paragens...

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No caso presente, para que dúvidas não restem sobre a muito hipotética eficácia promocional do passeio da senhora vereadora, o tal painel de meia hora sobre Portugal de que ela fala no Facebook, o "Special Country Focus" é assaz curioso. Primeiro, cada orador dispõe de apenas três minutos para intervir, uma vez que estão inscritos 10, para 30 minutos. Depois, os oradores inscritos, mostram bem o que é na verdade aquele fórum. Além de Anabela Freitas, que já desistiu, e da senhora vereadora Filipa, (ao que se nota cheia de ilusões), temos este belo cardápio: (dados pessoais fornecidos pela própria organização do evento, que podem ser confirmados clicando aqui e depois no nome de cada um dos participantes.)

Tânia Castilho - Autora, conferencista e treinadora pessoal. Professora de inglês na Linda'a School, em Tomar, durante 23 anos. Especialista em meditação, consciência e ciência da mudança.

Pedro Fernandes - Terapeuta holístico e treinador pessoal, quirologista e numerologista, discípulo de Flávia de Monsaraz.

Joana Ferreira - Osteopatia, massagem, linguagem e marcha reflexiva.

Carla Ferreira - Secretária da ALL Ladies League em Tomar. Gosta de ajudar pessoas a organizar a vida e a promover uma abordagem positiva perante os desafios.

Goreti Coutinho - Consultora independente de educação.

Teresa Silveira - Chefe coordenadora para Portugal WEFx - Tomar. Vice chairperson da ALL Ladies League - Tomar

Zaleh Zandieh - Passion Project Success Strategic. Fundadora da Hip Hop meditation. Ensina estratégias liderantes, que ajudam a começar, consolidar e expandir a sua missão influenciadora.

José Carlos Gil Santos - YOPI/Consciência - Portugal

Perante tal listagem, impõe-se uma pergunta: Que pode dizer sobre Tomar e sobre Portugal um grupo de oradores assim? Mais: Tratando-se de defender os direitos das mulheres na Índia, e  acessoriamente de promover Tomar, conforme referiu no Facebook a senhora vereadora Filipa Fernandes, convenhamos que, para representar a cidade e o país, não teria sido nada difícil arranjar um grupo mais credível e menos específico. Incluindo por exemplo historiadores, economistas, sociólogos, antropólogos, cientistas sociais, politólogos, operacionais de turismo, jornalistas, em vez de profissionais ligados às ajudas espirituais e/ou comportamentais. Os chamados gurus.
Mas não há piores cegos...

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Uma controversa viagem à Índia - 2

Prevaleceu o bom senso possível

Na sequência dos desenvolvimentos a ler aqui e aqui, Tomar a dianteira 3 apurou que a senhora presidente da câmara decidiu anular a sua prevista viagem à Índia, alegando motivos de saúde. Prevaleceu portanto o bom senso possível, tendo em conta os antecedentes. No que concerne a Anabela Freitas, este assunto está portanto encerrado nestas colunas. Cada qual integra as organizações que entende, desde que isso não implique fundos públicos. Resta agora a situação da senhora vereadora Filipa Fernandes, que manteve a viagem e a esta hora já estará mesmo a caminho de Nova Delhi, na Índia, onde tem lugar o previsto encontro mundial de mulheres.



Viajando com tudo pago pelo Município de Tomar, a referida eleita declarou que vai em representação da autarquia e que foi convidada por ser vereadora, não sendo membro da organização que leva a efeito o referido evento. Tomar a dianteira 3 tem na sua posse elementos que permitem afirmar o contrário. A assistente social Filipa Alexandra Ferreira Fernandes aderiu ao capítulo de Tomar da ALL/WEF em 2014 e foi agora convidada nessa condição.
Durante o previsto fórum mundial, estão anunciados dois eventos específicos com participantes de Tomar, o "Special Country focus" com uma delegação portuguesa, em 29 de Abril, e "Conversando com líderes da década", em 30 de Abril. (ver detalhes do programa, copiados da Net):


No "Special country focus", que dura 30 minutos, há 8 oradoras e 2 oradores inscritos, cinco dos quais ligados a Tomar - Anabela Freitas, Filipa Fernandes, Tânia Castilho, Carla Filipa Ferreira e Teresa Silveira.  Num país com 308 concelhos, um  deles com cinco representates num fórum mundial, é bastante estranho, não é? Até parece um encontro de amigas de bairro, em vez de um fórum mundial.
Mais estranho ainda, sendo Tomar e Abrantes as únicas autarquias portuguesas representadas, a presidente de Abrantes não integra, como oradora, a delegação portuguesa no "Special country focus". Porque será?


O outro painel previsto, o de 30 de Abril, "Conversando com líderes da década", dura uma hora, prevendo a participação de Anabela Freitas - Tomar, Maria do Céu Albuquerque - Abrantes, Lisa Gillmor, Santa Clara - USA e a deputada Sophie Hebron, da Tanzânia. Salta aos olhos o evidente interesse para Tomar deste painel  " Conversando com líderes da década". Ou não ?
Perante isto, que configura um escândalo, agora todavia menor, após a adequada decisão de Anabela Freitas, a única atitude digna da senhora vereadora Filipa Fernandes é o reembolso integral ao município dos gastos com a deslocação, um pedido de desculpa aos seus colegas do executivo e, idealmente, a demissão do cargo para que foi eleita. Por ter faltado à verdade  e por nem sequer ter sido uma escolha do PS para integrar a lista na qual foi eleita, mas apenas opção de Anabela Freitas, eventualmente  por causa da pertença à citada organização WEF/ALL, de acordo com elementos fornecidos a Tomar a dianteira 3 e provenientes  de  um membro  do PS - Tomar. 
Mas isso já são contas de outro rosário. Vivemos felizmente em democracia plena, no seio da qual cada um adere aos organismos que entende, como já antes foi dito, e participa nos eventos que lhe agradem, desde que assuma as respectivas despesas, bem entendido. E a mentira, explícita ou por omissão, nunca  é aceitável em funções públicas. Por respeito para com os eleitores.

Três perguntas, a fechar: A viagem das duas autarcas à Índia, em representação do Município,  foi previamente apresentada e debatida no executivo, como mandam as boas regras democráticas? Que disse a oposição a tal respeito? E o que vai dizer agora, em nome dos seus eleitores?

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Consegue identificá-los?

Se é leitor assíduo de Tomar a dianteira 3, será decerto porque se interessa pela política, sobretudo local e regional. Saberá portanto que os autarcas podem ser divididos, grosso modo, em duas grandes categorias. Temos por um lado os práticos, de acção, mais de fazer que de falar, que gostam mais de apresentar o já feito, do que de anunciar o que vão fazer. E, por outro lado, os adeptos do blábláblá, os chamados profissionais das intenções e das promessas, com discursos sempre algures entre os projectos, os sonhos e os delírios.
Naturalmente, a esmagadora maioria dos eleitores prefere eleger gente de acção, de trabalho, em detrimento dos vendedores de ilusões. O problema é que, no contexto da campanha eleitoral, regra geral, as candidaturas são como os melões, que só depois de abertos mostram a qualidade. Embora haja também, convém recordar, aquele caso de candidatos eleitos apenas porque, apesar de já se saber que não são de primeira água, os seus adversários foram considerados pelos eleitores como ainda piores.
Agora que as próximas autárquicas ainda estão longe, é tempo para comparar discursos e obras, bem como a evolução económica e demográfica dos diversos concelhos. Aqui vão dois exemplos de discursos recentes, de autarcas do PS da nossa região. Faça favor de ler atentamente e depois tente localizar cada um desses eleitos:

Excerto do discurso A:

"... presidente da câmara realçou o facto de o município ter encerrado o exercício de 2017 sem pagamentos em atraso, e de apresentar um prazo médio de pagamento de cinco dias. Acrescentou que o resultado líquido do exercício foi positivo... ...tendo as receitas correntes suplantado as despesas correntes, gerando um saldo positivo de 2,7 milhões de euros." (Agência Lusa)

Excerto do discurso B:

"O que pretendemos são os turistas que fiquem pelo menos três noites e que [a nossa terra] seja a sua base, podendo a partir [daqui] visitar os pontos de interesse do Médio Tejo e na região. ...Queremos ter uma oferta hoteleira de qualidade, diferenciadora,  e que as pessoas fiquem por mais de uma noite." (mediotejo.net)

Ainda não conseguiu descobrir? Então aqui vai mais uma achega, para o discurso B: A dívida global actual é da ordem dos 23 milhões de euros, o prazo médio de pagamento é de sete meses, mas já foi bem pior. Quanto ao resto, segundo a posição oficial, a casa foi arrumada durante o mandato anterior e agora vai tudo bem. Salvo melhor e mais fundamentada opinião, bem entendido.
E agora? Já lá chegou? É isso! O discurso A é do presidente socialista de Torres Novas, cujo concelho vai crescendo, em termos económicos e demográficos. De tal forma que acaba de suspender o Plano de Saneamentop Financeiro, em vigor desde 2013. Quanto ao discurso B, é da presidente socialista de Tomar, cujo concelho  se vai afundando.
Dá para perceber porquê.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Uma controversa viagem à India

Está a causar alguma controvérsia, no nosso colega Tomar na rede, a anunciada viagem à Índia da senhora presidente, DR. Anabela Freitas e da senhora vereadora Filipa Fernandes (ver ilustração), para participarem numa reunião do Forum Mundial de Mulheres para a Economia. Já comentei o assunto no Tomar na rede, pelo que agora vou tentar alargar a questão, já sem os comentadores anónimos ratões a conspurcar a comunicação.


A primeira coisa a esclarecer, no meu pobre entendimento, é bem simples: Vão a título pessoal, assumindo as respectivas despesas? Ou vão ao serviço do Município de Tomar, em sua representação, com todos os custos pagos pelos contribuintes?
No primeiro caso, não haveria mais nada a dizer. Cada um viaja para onde quer, com quem quer e quando quer, sem ter de prestar contas a estranhos. Conviria portanto esclarecer previamente esse ponto, interrogando as interessadas ou a autarquia. A experiência ensina porém que seria tempo perdido, porquanto a actual maioria tem o lamentável hábito de pouco responder e nada esclarecer. O caso mais recente, mas não o único, é o dos resultados das análises à água do Nabão. Continuamos sem saber de onde vêm os coliformes fecais e se são de origem humana ou animal. Há mais de um mês.
Sendo a situação o que é, parte-se do princípio que vão ao serviço do Município de Tomar, como suas legítimas representantes, porque livremente sufragadas em eleições justas e não contestadas. Assim, deve a oposição toda, tanto no executivo como na Assembleia Municipal, tentar por todos os meios legais a abtenção de respostas para as perguntas seguintes:

1 - Qual ou quais os objectivos da viagem?
2 - Qual o seu itinerário completo?
3 - Que actividades e contactos estão previstos?
4 - Qual a necessidade de duas representantes, quando Abrantes tem só uma e os restantes municípios do país não têm ninguém?
5 - Porque razão Filipa Fernandes não aparece como "City councilor" de Tomar?

Além destas perguntas, e outras que eventualmente considerem pertinentes, penso que devem os eleitos da oposição exigir que, regressadas a Tomar, cada uma das eleitas apresente um relatório detalhado da sua viagem, tanto no executivo como na Assembleia Municipal.
Caso os membros da oposição prefiram assobiar para o lado, como já tem acontecido, em nome da conveniência e das boas maneiras, em vez de providenciarem a obtenção de respostas fundamentais para os munícipes, passarão a ser considerados coniventes num assunto cujos contornos não parecem inteiramente definidos. Estou a pensar nos dois galardões de qualidade, adquiridos pelos SMAS.
Quanto às respeitáveis eleitas, na falta desses esclarecimentos detalhados, lá terá de haver perguntas ao abrigo do direito à informação e, eventualmente, apelo ao Tribunal de contas, alegando que há suspeitas de um delito chamado peculato.
A vida política municipal está cada vez mais complicada.

Foi há há 44 anos...

Pois foi! Há 44 anos,  corajosos militares profissionais, causticados por sucessivas comissões nas guerras de África, ousaram avançar contra os governantes de então. Venceram; são agora uns heróis. Bem-hajam!
Em Tomar, conquanto não haja nada para comemorar, a Assembleia Municipal reúne-se na biblioteca também municipal, sem que se saiba porquê, ou se perceba bem para quê. Haverá os discursos da praxe, como no dia 1 de Março. Só faltarão as usuais condecorações municipais, porque realmente neste caso não haveria ninguém digno de as receber. Com efeito, lamenta-se ter de o dizer mais uma vez, Tomar não teve rigorosamente nada a ver com a preparação ou com a execução da revolta libertadora do 25 de Abril.
Apesar de ser então um dos principais centros militares do país, com 3 unidades  instaladas na cidade -Quartel general da região centro, Regimento de infantaria 15 e Hospital militar regional 3- nenhuma delas teve qualquer participação no "movimento dos capitães". Pelo contrário. Em Março de 1974 houve um primeiro levantamento militar, no Regimento de infantria 5, nas Caldas da Rainha.
Uma coluna marchou sobre Lisboa, mas ficou-se pelas proximidades do aeroporto, por razões ainda hoje por esclarecer cabalmente, tendo depois regressado ao quartel, que continuou amotinado. Foi uma outra coluna, ida de Tomar, que cercou aquela unidade militar, tendo conseguido a rendição dos insubordinados, muitos dos quais -entre eles alguns oficiais organizadores do 25 de Abril- foram presos e deportados para os Açores.

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É claro que, com tal credencial, o 25 de Abril não podia ser bom para Tomar. Os militares de Abril eram cristãos, porém não ao ponto de darem a outra face após a primeira bofetada. Quartel general e Hospital militar foram-se. Resta  Infantaria 15. O nome, porque quanto a efectivos, já não será sequer um batalhão, quanto mais agora um regimento.
Isto quanto ao aspecto militar. Na área civil, Tomar vitoriou pouco depois o senhor general Spínola, numa grande manifestação na Praça da República. A partir daí, tem sido como todos sabemos. Os primeiros três presidentes de câmara livremente eleitos, foram antes servidores sem mácula do regime anterior.  E até hoje, só Pedro Marques, Carlos Carrão e Fernando Corvelo de Sousa não eram funcionários públicos quando se candidataram. Em 8 presidentes, temos de reconhecer que é pouco e que algo vai mal na Tomarilândia.
Entretanto, no patamar intermédio da escadaria dos Paços do concelho, substituiram o velho painel de azulejos por um mais moderno, pretensamente de acordo com os novos tempos. O painel antigo dizia "Tudo pela nação, nada contra a nação". No painel novo lê-se "O povo é quem mais ordena".
Sintetizando razões e tendo em conta a triste situação política que se vive em Tomar, onde é cada vez mais evidente o autocratismo tacanho e surdo, tipo quero, posso, mando, determino e mando publicar, Tomar a dianteira sugere que se mude de novo o painel de azulejos da escadaria dos Paços do concelho. Ficaria bem o dístico Tudo pela maioria eleita e pelos funcionários superiores municipais; nada contra a maioria eleita e os seus acólitos.
É assim que estamos, 44 anos após o Abril libertador. E a culpa é nossa., tomarenses de ascendência ou de residência. Só nossa.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Quatro casos nabantinos

1 - Uma aposta meio ganha

Algures no final do ano passado, a senhora presidente da câmara resolveu que, pela primeira vez em séculos, não seria desmanchado o açude provisório do Mouchão, ao que afirmou para poupar cerca de 5 mi euros. Contou com o posterior apoio parcial deste blogue, apesar de se temerem as consequências de tão afoita decisão, (que felizmente não ocorreram), por se tratar de uma atitude ousada. Ultrapassada a época invernosa, com as habituais subidas de caudal, eis o resultado:

 Foto António Freitas

O açude cedeu à força da corrente, sendo agora necessário proceder  à sua reabilitação. Mesmo com muito boa vontade, terão poupado metade dos alegados 5 mi euros. Pouca coisa, quando comparado com certas verbas mal gastas e tendo em conta os riscos que houve para parte da cidade antiga.
Idealmente, a roda deverá estar a funcionar no próximo dia 5 de Maio, para mais uma edição do congresso da sopa (que nunca percebi porque tem de ser no Mouchão, quando temos a Mata, com muito melhores condições). É porém duvidoso que tal possa ocorrer, pois o Nabão leva demasiada água para se poder montar o açude em condições de segurança.

2 - Outro aspecto indesmentível do afundamento de Tomar

Durante o primeiro trimestre de 2018, foram criadas no concelho de Tomar 19 novas empresas, mas durante esse mesmo período desapareceram 42, escreve o nosso colega Tomar na rede, citando dados do INE - Intituto Nacional de Estatística. Estamos portanto perante um registo oficial, que nada tem de partidário ou sequer de opinativo. São factos. Muito preocupantes, pois de acordo com a mesma fonte, refere o Tomar na rede, a tendência em todo o país é a inversa - criam-se mais empresas que as desaparecidas.
Dado que uma desgraça nunca vem só, segue-se que a actual maioria  camarária teima numa política negacionista, contra todas as evidências. Em vez de aceitarem a realidade, ouvirem os outros, incluindo os adversários,  e depois agirem em conformidade com os interesses da cidade e do concelho, como seria lógico, preferem enquistar-se em posições autocráticas pouco sustentáveis a médio prazo. 
A recente derrota à rasca, na Assembleia Municipal, de uma moção do PSD, que se limitava a constatar a realidade e propor alterações comportamentais na área da informação e da transparência, é um bom exemplo da confusão que por aí vai. E que parece sem solução, uma vez que a liderança da maioria denota cabeças com falta de conteúdo e formatação pouco adequada aos tempos que  correm.
(Só eu sei o que me custa ser forçado a escrever estas linhas, para que mais tarde se possa saber que nem todos alinharam nas asneiras. Nada ganho com isso, antes pelo contrário, mas prefiro viver em paz com a minha consciência.)

3 - A Agência Portuguesa do Ambiente anda a reinar com os cidadãos?

No caso da poluição do Nabão, que está a passar de drama para comédia, a Câmara de Tomar e a Agência Portuguesa do Ambiente formam um curioso par. Num país livre e em vésperas do 25 de Abril, como não podem continuar com a sua política negacionista, tentam escamotear o problema. Fecham-se em copas. Primeiro foi a senhora presidente da câmara, que prometeu resultados e até indicou uma data aproximada, mas depois enveredou por um silêncio tumular sobre o assunto. Porquê? É a pergunta que se impõe cada vez mais. Oxalá a oposição cumpra a sua função.
Agora é a própria Agência Portuguesa do Ambiente, um organismo governamental pago por todos nós, que resolve considerar que somos todos umas criancinhas, a quem não se pode contar toda a verdade. Cumprindo o seu dever de colher dados e informar, a Rádio Hertz contactou por duas vezes o referido organismo, tendo obtido apenas alguns silêncios eloquentes e várias respostas incompletas. Porquê? Estão a tentar proteger quem?
A seu tempo se saberá, que a verdade é sempre como o azeite.

4 - O estranho caso do concurso para director do Convento

Andreia Galvão é técnica superior da Direcção Geral do Património Cultural - DGPC. Exerceu, em comissão de serviço, as funções de directora do Convento de Cristo, como Chefe de Divisão, até Junho de 2017.  A partir daí manteve-se como directora interina até esta data, por ainda não ter sido substituída ou confirmada em nova comissão de serviço.
O curioso desta questão reside no facto de a tutela ter aberto concurso para recrutamento do director do monumento em Junho de 2017, mas só agora, 11 meses depois, ter decidido proceder às entrevistas previstas no respectivo regulamento . A que se deveu tão estranho atraso? O nosso colega Tomar na rede aborda o problema de forma um pouco mais detalhada.
Entretanto Tomar a dianteira 3 já solicitou informação complementar à DGPC, ao abrigo da Lei do direito à informação (Lei 26/2016, de 22 de Agosto, artigo 5º ponto 1).
  



segunda-feira, 23 de abril de 2018

Sobre o novo "Hotel República" - 2

Esclarecida a vertente secundária, mas recorrente, de qualificar qualquer crítica como mera rabugem de velhos do Restelo, passa-se agora ao essencial. Um casal de emigrantes no Luxemburgo, ele tomarense, ela francesa, resolveram investir em Tomar. É uma decisão audaciosa, que saúdo com todo o respeito, com alegria, e que merece apoio. Trata-se afinal de arriscar dois milhões de euros para criar inicialmente 15 postos de trabalho, contribuindo também para a requalificação do património edificado tomarense.
Por tudo isso, como ex-emigrante e ex-profissional de turismo em terras gaulesas, aqui expresso ao corajoso casal o meu apoio, com votos de que sejam bafejados por toda a sorte do mundo, pois me parece que bem a merecem e bem precisam. Quanto mais não  seja pela velha sentença latina, segundo a qual audaces fortuna juvat -a sorte ajuda os audazes.
Dito o básico em termos societais, há que encarar as coisas tal  como as vemos, e aí lamento ter de ser pessimista empedernido, em vez de optimista balofo. Isto porque, frontalmente aqui o deixo escrito, não acredito em duas premissas do anunciado projecto. Baseado no que conheço da realidade tomarense e portuguesa na área da construção civil, estou como S. Tomé. Só depois de ver o hotel concluído e a funcionar, acreditarei que foi possível terminá-lo antes da próxima festa dos tabuleiros, em Julho de 2019. Mas oxalá que sim!
Caso tal aconteça, ficarei muito feliz e apressar-me-ei a confessar nestas linhas que me enganei, dando a mão à palmatória, que é como quem diz, admitindo a minha culpa e procurando -então sim- remédio para o meu pessimismo, empedernido porque tendo por base uma muito longa experiência de vida.
Na mesma linha de raciocínio, tão pouco me parece que possa vir a ser rentável um hotel de 5 estrelas numa terra como Tomar e naquela localização, com dificuldades de acesso motorizado, sem estacionamento e com apenas 19 quartos. Oxalá me engane, mas mesmo considerando que o tomarense em questão é economista, bancário, e terá sido bem aconselhado, não posso deixar de ter igualmente em conta a usual megalomania, sob forma de afigurações, que é praticamente uma característica dos tomarenses mais evoluídos. Neste caso não propriamente dos investidores, mas de quem os assessorou.

Foto Tomar na rede

Como bem sabem os que se interessam por estas questões -que não são muitos- em Tomar é tudo hiperbólico. Do melhor que há no Mundo. E sempre sem mácula. Prova disso é, por exemplo, o comentário da senhora presidente da câmara, na cerimónia de apresentação do projecto do hotel. Disse a nossa autarca: "O que pretendemos são os turistas que fiquem pelo menos três noites e que Tomar seja a sua base, podendo a partir de Tomar visitar os pontos de interesse do Médio Tejo e da região." 
Tratando-se de uma opinião respeitável, está à vista tratar-se também de algo como um sonho de uma noite de primavera. De uma confusão entre o desejável e o possível. Na realidade em que vivemos, na área do turismo internacional a Região centro resume-se a Coimbra, Alcobaça, Batalha, Fátima, Nazaré e Tomar, esta exclusivamente por causa do Convento de Cristo. Ou seja, a partir de Lisboa, da Nazaré, de Coimbra ou de Fátima, pode-se visitar tudo num dia. O resto são balelas para agradar ao auditório..
Conforme a senhora autarca também deve saber, Portugal é um país relativamente pequeno, com apenas três aeroportos de grande afluência de turística: Lisboa, Faro e Porto, por esta ordem. Tais são por conseguinte, quer nos agrade ou não, as três plataformas distribuidoras de visitantes que há no país, por razões óbvias. Além delas, apenas algumas praias não algarvias, com relevo para a Nazaré e a Figueira,  que asseguram alguma distribuição de visitantes para o interior mais próximo, bem como Coimbra, devido ao seu ascendente cultural entre os povos lusófonos.
Tentar fazer de Tomar um centro de turismo residencial e uma base para visitar a região, é certamente um óptimo projecto, que contudo nunca poderá florescer desgarrado, não tendo nesta altura nada para o potenciar, para além do Convento de Cristo e, de quatro em quatro anos, os Tabuleiros. Convenhamos que é muito pouca coisa, quando por outro lado industriais, comerciantes e particulares pagam dos mais caros recibos de água e saneamento do país, o que naturalmente se repercute depois nos preços.
Acontece que também na área do turismo, e mesmo tratando-se de hotéis de cinco estrelas, o que os visitantes procuram não diverge muito, salvo raríssimas excepções: quanto mais barato melhor. Não é de todo o caso de Tomar, devido nomeadamente aos citados recibos e às tais afigurações supramencionadas. O que naturalmente tende a afastar as pernoitas turísticas para poisos mais clementes.
Restam dúvidas, apesar da argumentação apresentada? É natural. Nem todos dispõem da mesma bagagem analítica, nem de semelhante experiência do terreno. A situação é a que é. Em qualquer caso, convirá meditar no ocorrido com a Estalagem de Santa Iria que, com 12 quartos, 10 empregados e sem amortização do investimento, uma vez que tanto as instalações como o recheio e equipamento pertencem à Câmara, não se aguentou no balanço. Apesar da excelente localização, do fácil acesso,do estacionamento à frente da porta e da muito simpática renda mensal, só sobrevivia porque deixara de pagar dez anos antes do encerramento compulsivo.

domingo, 22 de abril de 2018

Sobre o novo "Hotel República" - 1

O velho do Restelo


Em Tomar, tornou-se corriqueiro usar a expressão velhos do Restelo. Se calhar devido a alguma influência daquele "magnífico" grafito no muro de suporte do ex-estádio municipal, financiado com dinheiros europeus que, como se vê, podem servir para tudo. Prova disso é este comentário sobre o anunciado novo hotel de cinco estrelas, copiado do nosso colega Tomar na rede, que tem a virtude assinável de não ser anónimo:

"Excelente noticia e muitas felicidades aos investidores. Embora devam aparecer por aí os velhos do restelo, a contestar por causa, de sei lá o quê."

Sendo bem conhecida a incomum densidade cultural tomarense, pensa-se que, quanto aos"velhos do restelo", o melhor será ir às origens, antes de administrar a inevitável estocada final que se impõe. A figura mítica do Velho do Restelo foi criada por Luís de Camões e aparece n'Os  Lusíadas, no Canto IV, Estrofes 90 a 104. Mais especificamente,  a Estrofe 94 reza assim:
Mas um velho d'aspecto venerando
Que ficava na praia entre as gentes
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça descontente
A voz pesada um pouco alevantada
Que nós no mar ouvimos claramente
C'um saber só de experiência feito
Três palavras tirou do experto peito:

Segue-se a estrofe 95, que abre com as tais três palavras:

Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos fama
... ... ...
Dessas três palavras -glória, fama e cobiça- as duas primeiras voltam a surgir na estrofe 96:
Chamam-te fama e glória soberana
Nomes com quem se o povo néscio engana
... ... ...

Aí temos o essencial. O Velho do Restelo é nitidamente contra os Descobrimentos e até explica porquê. Dado que naquela época, e depois durante vários séculos, se consideraram as navegações portuguesas um grande sucesso interno e global, a atitude do Velho do Restelo aparece como retrógrada, temerosa e virada para o passado. Contudo, vistas as coisas neste ano de 2018, forçoso é reconhecer que o velho do Restelo se mostrou prudente e estava afinal a ver longe. Teve frazão muito antes do tempo. Esse o seu erro.
Os descobrimentos foram no fim de contas uma gigantesca tragédia para os portugueses, sobretudo em termos de perdas humanas. Basta pensar que, para além dos milhares perecidos em naufrágios, e das enormes baixas nas várias guerras antigas de além-mar, só entre 1961 e 1975, ficaram nas savanas africanas 13 mil mortos e desaparecidos. Para um país de menos de 10 milhões, terá sido um êxito? Para os do poder e aqueles que ficaram, sem problemas de consciência, certamente que foi. Mas para os que partiram, tantos deles obrigados, bem como para as suas famílias...