Em 30 de Outubro de 2017, o Conselho de administração SMAS-Tomar, numa reunião ordinária presidida pela sua presidente, Anabela Gaspar de Freitas, deliberou propor à Câmara a contratação, via Orçamento municipal, de um empréstimo bancário para "reforço orçamental, que viabilize o avançar das empreitadas...":
Figura 1
Cinco meses mais tarde, em 12 de Março de 2018, o mesmo Conselho de administração, desta vez presidido por Helder Henriques, na ausência não justificada ou sequer mencionada na acta da presidente Anabela Freitas, deliberou anular a deliberação supra e propor à autarquia a contratação de um empréstimo bancário de 1 milhão e 100 mil euros, já não para viabilizar o avançar das empreitadas, mas para assegurar pagamentos a fornecedores permanentes:
Figura 2
Na reunião do executivo camarário de 2 de Abril, tendo o vereador Luís Ramos, do PSD, solicitado esclarecimentos sobre o proposto empréstimo, a senhora presidente lançou-se numa emaranhada explicação de carácter técnico, que a jornalista do mediotejo.net, resumiu em directo da forma seguinte:
Figura 3
"O objectivo passa por lançar as empreitadas já contratualizadas", resumiu a referida profissional. A ser assim, estará tudo certo e dentro da legalidade. A mim, contudo, simples cidadão cliente forçado dos SMAS do nosso descontentamento, não me parece que assim seja. Impõem-se, no meu tosco entender, três perguntas:
1 - Se o objectivo é mesmo financiar empreitadas, porque resolveram anular a deliberação de 30 de Outubro de 2017, que dizia exactamente isso? (Figura 1)
2 - Qual a utilidade prática de indicar que um espréstimo bancário se destina a pagar a fornecedores permanentes(despesas correntes), (Figura 2) quando afinal se trata de financiar empreitadas (despesas de investimento)? (Figura 3)
3 - Sendo a senhora presente uma excelente oradora, porque avançou com uma explicação tão complexa e confusa ao vereador social-democrata?
Para não chocar inutilmente os leitores, usou-se, no título supra, a expressão "gestão "criativa". Manda porém a verdade dizer que, sob reserva de melhores esclarecimentos por parte da senhora presidente, os tomarenses estão a ser enganados mediante uma vigarice administrativa, devidamente documentada acima, cujos objectivos finais estão por determinar, e que, mais cedo ou mais tarde, vamos todos ter de pagar.
Já no século passado, António Variações cantava que "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que as paga." Neste caso, o corpo são os consumidores forçados dos SMAS, que funcionam em regime de monopólio no concelho.
Numa outra autarquia, deste ou de outro país moderno, seria normal haver agora lugar para explicações detalhadas e esclarecedoras à população. Logo seguidas de um inquérito administrativo, para não deixar quaisquer dúvidas. Mas como estamos em Tomar...
Uma nota final: O governo lá vai garantindo que os impostos não aumentaram. Entretanto, a Taxa de recursos hídricos - TRH, que todos pagamos, incluída no recibo da água, passou para 0,029€/metro cúbico, o que representa um acréscimo de 12,5%.
Com governantes tão respeitadores da verdade, só podemos ir longe. O problema, para eles e para todos nós, é que "Há mar e mar, há ir e voltar".
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