Se é leitor assíduo de Tomar a dianteira 3, será decerto porque se interessa pela política, sobretudo local e regional. Saberá portanto que os autarcas podem ser divididos, grosso modo, em duas grandes categorias. Temos por um lado os práticos, de acção, mais de fazer que de falar, que gostam mais de apresentar o já feito, do que de anunciar o que vão fazer. E, por outro lado, os adeptos do blábláblá, os chamados profissionais das intenções e das promessas, com discursos sempre algures entre os projectos, os sonhos e os delírios.
Naturalmente, a esmagadora maioria dos eleitores prefere eleger gente de acção, de trabalho, em detrimento dos vendedores de ilusões. O problema é que, no contexto da campanha eleitoral, regra geral, as candidaturas são como os melões, que só depois de abertos mostram a qualidade. Embora haja também, convém recordar, aquele caso de candidatos eleitos apenas porque, apesar de já se saber que não são de primeira água, os seus adversários foram considerados pelos eleitores como ainda piores.
Agora que as próximas autárquicas ainda estão longe, é tempo para comparar discursos e obras, bem como a evolução económica e demográfica dos diversos concelhos. Aqui vão dois exemplos de discursos recentes, de autarcas do PS da nossa região. Faça favor de ler atentamente e depois tente localizar cada um desses eleitos:
Excerto do discurso A:
"... presidente da câmara realçou o facto de o município ter encerrado o exercício de 2017 sem pagamentos em atraso, e de apresentar um prazo médio de pagamento de cinco dias. Acrescentou que o resultado líquido do exercício foi positivo... ...tendo as receitas correntes suplantado as despesas correntes, gerando um saldo positivo de 2,7 milhões de euros." (Agência Lusa)
Excerto do discurso B:
"O que pretendemos são os turistas que fiquem pelo menos três noites e que [a nossa terra] seja a sua base, podendo a partir [daqui] visitar os pontos de interesse do Médio Tejo e na região. ...Queremos ter uma oferta hoteleira de qualidade, diferenciadora, e que as pessoas fiquem por mais de uma noite." (mediotejo.net)
Ainda não conseguiu descobrir? Então aqui vai mais uma achega, para o discurso B: A dívida global actual é da ordem dos 23 milhões de euros, o prazo médio de pagamento é de sete meses, mas já foi bem pior. Quanto ao resto, segundo a posição oficial, a casa foi arrumada durante o mandato anterior e agora vai tudo bem. Salvo melhor e mais fundamentada opinião, bem entendido.
E agora? Já lá chegou? É isso! O discurso A é do presidente socialista de Torres Novas, cujo concelho vai crescendo, em termos económicos e demográficos. De tal forma que acaba de suspender o Plano de Saneamentop Financeiro, em vigor desde 2013. Quanto ao discurso B, é da presidente socialista de Tomar, cujo concelho se vai afundando.
Dá para perceber porquê.
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