domingo, 1 de abril de 2018

O problema é da interioridade? Ou da falta de habilidade?

É a desculpa habitual. Quando os tomarenses mostram preocupação perante a fuga da população local, os senhores da actual maioria têm a resposta na ponta da língua. Dizem que o fenómeno é geral e  atinge todas as cidades do interior. Quando algum interlocutor avança com o exemplo de Ourém, cuja população aumenta, apesar de também estar no interior, disparam logo, com ar enfastiado, "esses têm Fátima!"
Pois bem, aqui temos outro caso para meditar. Está no EXPRESSO-ECONOMIA de 29/03/2018 e refere-se a Bragança:




O mapa abaixo, igualmente copiado do EXPRESSO-ECONOMIA, mostra bem que Bragança é a mais recuada e interior de todas as cidades portuguesas. A tal ponto que fica mais perto de Madrid que de Lisboa.
Além dessa desvantagem, há outras. Não tem nenhum monumento Património da Humanidade, não está a 35 quilómetros de Fátima, nem a 50 de Alcobaça e Batalha, igualmente Património Mundial. Ou a 60 da Nazaré, outro grande centro turístico.
O quadro seguinte mostra, sem margem para dúvidas que, embora sem grandes vantagens competitivas e bem mais longe de Lisboa que Tomar, Bragança já conseguiu estabilizar a sua população, que agora irá certamente crescer, tendo em conta o alto volume de investimento. 138 milhões de euros não é pouca coisa nos tempos que correm
Vejamos o quadro comparativo, em termos de eleitores inscritos, que é como quem diz de população:

ELEITORES INSCRITOS NOS CADERNOS ELEITORAIS

                                       2001             2013            2017

BRAGANÇA                 33.471          36.647         36.115

TOMAR                        39.338          37.310        34.814

Tal como o célebre algodão do anúncio da TV, os dados oficiais do MAI não enganam. Em relação a Bragança, lá nos confins de Trás os Montes, Tomar que tinha mais 5.867 eleitores inscritos  em 2001, passou a ter menos 1.301 em 2017. É um trambolhão e dos grandes. Menos 4.524 eleitores inscritos, em 16 anos. Em vez de crescer, Tomar mirra. Com uma agravante de peso  e determinante: O senhor presidente da câmara de Bragança, (que não conheço), já demonstrou que tem ideias, tem planos, tem entusiasmo, sabe o que quer e como lá chegar.
Infelizmente, a senhora presidente tomarense é simpática, boa pessoa, tem presença, fala muito bem, mas fica-se pelas palavras vãs. Parece recusar ver o óbvio: é forçoso mudar de caminho.
Até quando vai prolongar-se o drama dos tomarenses que gostam mesmo  da sua terra? Até quando vão continuar mudos e quedos? A experiência mostra que, sem planos não há investimento e sem  investimento não há empregos produtivos, nem criação de mais valia. Só com obras para enfeitar e  festas à borla, não vamos lá de certeza.
Não vale a pena tentar sacudir a água do capote. Nem adianta procurar desacreditar os mensageiros quando as mensagens desagradam. Os factos são teimosos. Quanto mais os queremos esconder, mais eles aparecem.
Somos todos culpados. Uns mais do que outros.

anfrarebelo@gmail.com

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