sábado, 21 de abril de 2018

Que tempos! Que modos!

Mau começo nos tabuleiros

A escolha de uma tomarense para erguer a Festa Grande em 2019 despertou na minha pobre cabeça alguma esperança. Jovem, bem formada, docente de História, já com experiência da organização, cuidei (e ainda continuo com um fio de esperança) que  ia acontecer no próximo ano a grande mudança de que a organização da Festa dos Tabuleiros tanto carece, em prol de Tomar. Para deixar de ser uma muito pesada despesa e passar a ser uma boa fonte de valor acrescentado transaccionável. Em palavras simples, engrandecer Tomar, mas em euros, pois só com a fama não vamos longe. Pelo contrário, mostra a experiência que estamos a ficar cada vez mais para trás.
Foi por conseguinte um balde de água fria ler, no Tomar na rede, esta situação que tem tanto de tomarense como de condenável, pelo que indicia: "Maria João Morais revelou que já tem constituída a Comissão Central da Festa, mas não quis adiantar nomes." Ou seja, os contribuintes tomarenses, sobretudo aqueles que vão dar o dinheiro e o corpo ao manifesto, são afinal umas criancinhas, que só devem saber as coisas quando os adultos responsáveis e conhecedores julgarem conveniente. A informação atempada é como os doces. Faz mal à saúde, considera a mordoma.
A composição da Comissão Central dos Tabuleiros é em grande parte protocolar, ou pelo menos assim tem sido. Encabeçada obrigatoriamente por quem preside à autarquia, inclui o provedor da Misericórdia, o pároco, o comandante do regimento, e assim sucessivamente. Mais uma razão para temer pelo futuro, caso esta atitude da mordoma indicie mesmo a sua  linha de acção, no que toca à informação.

Lugar muito apetitoso

Li na capa d'O Templário que há sete candidatos para dirigir o Convento de Cristo, numa altura em que a comissão de serviço da actual directora já findou há mais de seis meses. Ainda estive tentado a usar "Sete cães a um osso" como título, mas depois resolvi abster-me, por uma questão de boa educação. Mas no fundo, em sentido figurado, bem entendido, é disso mesmo que se trata. Um lugar com um vencimento acima de três mil euros, mais mordomias, e os chefes a mais de cem quilómetros, não é coisa que abunde no vale nabantino.
Desconheço quem são os candidatos, dado que O Templário ainda  não chegou aqui. Mas aposto que serão, na sua grande maioria pelo menos, historiadores, arquitectos, arqueólogos e especialistas de restauro. Sucede que o Convento precisa, nesta fase, sobretudo de um especialista em turismo operacional, com formação e experiência reconhecidas internacionalmente, conhecedor do mundo e do terreno, capaz de prestigiar o monumento. Assim um Centeno do turismo.
E tal como seria insólito colocar um especialista desses a leccionar numa escola, a elaborar projectos de arquitectura ou a efectuar escavações arqueológicas, também não se entende muito bem o que pretendem fazer na gestão do Convento de Cristo, o principal e mais complexo monumento do país, excluindo Mafra, arquitectos, formados em História, arqueólogos, e por aí adiante.

Uma surpresa das grandes

Lê-se na capa do Cidade de Tomar, com foto em grande formato, "Músico Pedro Barroso recorda o 25 de Abril". 44 anos após a revolução dos cravos, temos assim o conhecido esquerdista Pedro Barroso com honras de primeira página no também conhecido semanário de esquerda Cidade de Tomar. Trata-se de uma evidente prova de grande tolerância. Que todavia não evita um desabafo: Bem dizia a minha mãe que lá mais para o fim do mundo íamos assistir a coisas extraordinárias. Esta do semanário dirigido por António Madureira é uma delas.

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