sexta-feira, 6 de abril de 2018

Portugal visto por residentes franceses

Leitura recomendada a alguns técnicos superiores da autarquia, quanto a tempos, prazos, burocracia...

Numa reportagem que os interessados podem consultar aqui, (caso saibam ler francês e sejam assinantes), o LE MONDE dá a conhecer as reacções de franceses que escolheram Portugal para viver. Há duas grandes categorias, os pensionistas e os jovens empreendedores.
O título da peça é prometedor: "Franceses cada vez mais atraídos pelas sereias da vida lisboeta." Todavia, a chamada de título já anuncia algumas reservas: "Impostos mais baixos, qualidade de vida, efervescência lusitana... há cada vez mais franceses a fixar-se em Lisboa. Mas o paraíso sonhado nem sempre comparece ao encontro marcado."
Segue-se um belo texto informativo, assaz longo, do qual se respigaram unicamente as opiniões negativas, que coincidem em geral com as nossas próprias queixas. Ora leia:
"O eldorado português? Uma simples frase feita, se imaginam que é  tudo mais fácil por aqui. Trabalhamos como loucos. A burocracia põe-nos a cabeça à roda. É um bocado a selva." (Anne, 30 anos, advogada, parisiense, agora fornecedora de refeições ao domicílio).
"Há segurança, qualidade de vida e simpatia dos portugueses. Mas cuidado! Os medicamentos custam cinco vezes mais caro que em França." (Lucien Muller, reformado, a viver em Alcochete)
"Teoricamente, o serviço "Empresa na hora" permite criar uma empresa rapidamente. Na prática, levou-nos mais de uma semana, e provocou-nos algumas dores de cabeça. É impossível completar o processo sem a ajuda de um bom advogado." (Dorian Liégeois, 35 anos, director de empresa start-up)



"Fomos conquistados pela atmosfera da cidade e resolvemos comprar uma casa em construção. Um sonho e também o início de todas as chatices. As obras atrasaram-se e causaram-nos suores frios. Terminou tudo bem, mas aprendemos muito sobre as diferenças culturais. Aqui em Portugal a relação com o tempo e com os prazos é diferente. Convém compreender português e conseguir a colaboração de bons profissionais, nomeadamente um contabilista." (Greg Henriques e esposa Virginie, 35 anos, quadros superiores)
"O erro clássico é imaginar que em Portugal tudo funciona tão bem como em França." (Magali Jumilus, 29 anos, criadora de moda)
No final da peça, a própria jornalista Marie Charrel, correspondente do Le Monde em Madrid, acaba por  dar também  a sua opinião: "O aumento do custo de vida e a falta de lugares no Liceu francês, por exemplo, podem vir a provocar a redução  do contingente francês."
"É o melhor que nos pode acontecer. Vão ficar só os que gostam mesmo de Portugal", segredou-nos um francês da Baixa, já com uma atitude bem portuguesa."

Marie CHARREL, Le Monde Economie, 05/04/2018, às 06H16
Resumo, tradução e adaptação de António Rebelo, UPARIS VIII

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