segunda-feira, 30 de abril de 2018

O álcool faz mal à saúde

Quem bebe álcool regularmente, aumenta o risco de demência precoce

Numa crónica de Ophélie Neiman, o jornal de Le Monde de 28/04/2018 aborda uma situação inédita em França. Pela primeira vez, um presidente da República em funções -no caso Emmanuel Macron- diz publicamente que consome vinho a todas as refeições, embora de forma muito moderada. Acrescenta a jornalista que se compreende esta posição do presidente. Em França, o vinho é o segundo sector económico mais importante em termos de exportação, com um total de 13 mil milhões de euros de negócios e 500 mil empregos.
Os médicos é que não estão nada agradados com tal posição presidencial, tendo presentes os problemas provocados pelo consumo de vinho e outras bebidas alcoólicas na saúde dos franceses. Daí o título do artigo do conceituado jornal: "O presidente da República faz constar que gosta de vinho, irritando a classe médica".


Michel Reynault, médico-professor catedrático de psiquiatria, especialista em adictologia e presidente do "Fond Actions et Adictions" mostra-se muito severo perante tal situação, que é nova Até agora os sucessivos presidentes franceses nunca tinham abordado publicamente tal matéria. "O grande problema do vinho e das outras bebidas alcoólicas, diz o prestigiado clínico, reside no facto de terem conseguido gravar falsas informações nas consciências das pessoas. Querem convencer-nos que o consumo moderado de bebidas alcoólicas é benéfico para a saúde. É totalmente falso! A verdade é que o risco de se tornar dependente alcoólico aumenta a partir do primeiro copo bebido, mesmo à refeição. E convém não esquecer que [em França] o consumo de bebidas alcoólicas é a principal causa da demência precoce, a segunda causa de cancro e a origem de numerosos conflitos familiares graves. Mas em vez de nos esclarecerem, põem-nos a nadar num banho de informações positivas, porém incompletas ou claramente falsas."


Portugal
51,4
Francia
51,2
Italia
43,6
Suecia
41
Suiza
39,1
Bélgica
31,8
Argentina
28,7
Alemania
28,3
Australia
28,3
España
25,2
P. Bajos
24,1
R. Unido
23,8
Rumanía
22,8
Chile
17,1
Canadá
16,5
EE UU
12,1
Sudáfrica
11
Rusia
7,6
Japón
3,2
Brasil
1,9
China
1,5

Copiado do El Pais online, de 30/04/2018
A aselhice não permitiu reduzir o gráfico, pelo que faltam números na parte mais larga. Assim, a percentagem completa para Portugal é de 51,4 litros por pessoa/ano e para França 54,2 litros/pessoa/ano.
Repetindo a velha piada, uma vez que cá o escriba não bebe, no caso de Portugal haverá alguém a beber 108,8 litros por ano. Bom proveito!

Os leitores mais curiosos indagarão decerto, porque raio foi Tomar a dianteira 3 buscar semelhante matéria para um blogue de âmbito local. À primeira vista estarão cheios de razão. Realmente, é um tema algo afastado das preocupações diárias dos tomarenses. Porém, aprofundando um bocadinho, não muito, para não magoar, surgem dois motivos.
O primeiro é o reconhecido nível local de consumo de álcool, que em Tomar não é dos mais moderados do país (ver por exemplo festas e desfiles dos alunos IPT), ligado à evidente apatia política, ou abulia, da generalidade da população, o que pode ser um primeiro sinal da demência precoce referida pelo médico catedrático francês. Mais tarde, irão provavelmente falar da "doença do alemão", de parkinson... Ou simplesmente constatar que A, B, C... coitados, "estão chéchés". E no entanto...
O outro motivo é uma esperança, para quem queira deixar de ser dependente do álcool. Há um medicamento à venda nas farmácias que, não sendo milagroso, tem contudo conseguido maravilhas. Trata-se do Baclofène, Baclofeno, ou Baclofen, geralmente receitado pelos médicos para problemas musculares, mas que em França é também usado como inibidor da vontade de beber álcool. Em Portugal é vendido nas farmácias como LIORESAL 25 mg, NOVARTIS FARMA. No Brasil é Baclofeno Zentiva, existindo outras designações comerciais.
Mas trata-se já de matéria para especialistas. O escriba destas linhas não quer ser acusado de exercício ilegal da medicina. Por conseguinte, se tem problemas com o álcool, encha-se de coragem e fale com o seu médico, referindo o LIORESAL ou o Baclofeno. Boa sorte.

Sem comentários:

Enviar um comentário