terça-feira, 30 de novembro de 2021

 

Coro alto manuelino do Convento de Cristo, cujo fecho do adarve sul, destruído pelo tornado, está por reparar há mais de 10 anos. Mesmo com fundos europeus. Exige mão de obra especializada...

Bazuca europeia - autarquia - Convento de Cristo

Os estragos indirectos da bazuca europeia


Creio ser dos poucos escribas públicos ainda activos que já dispararam granadas-foguete de bazuca. Uma arma anticarro blindado, usada como arma de grande destruição pessoal em África, cujos movimentos nacionalistas não tinham veículos blindados. Daí a minha estranheza: Quem decidiu apelidar de bazuca -arma de destruição- fundos europeus destinados à reconstrução da economia? Se calhar o nosso Costa, com o seu habitual sentido de oportunidade, tipo optimismo irritante. Quem nunca "fez a tropa", como o ministro da defesa, tem destas coisas. E outras, bem mais graves ainda.
Adequada ou não, a designação aí está. Segundo o Público, citado pelo Tomar na rede, vão ser gastos no Convento de Cristo mais quatro milhões da bazuca europeia, aos quais há que juntar 1,1 milhões atribuídos anteriormente. Tanto dinheiro para quê?
Segundo a directora do monumento, ainda estão a estudar a melhor maneira de afectar tal verba. Já se sabe no entanto que o milhão anterior se destina a lavar a cara à Janela do capítulo e às fachadas manuelinas. Trata-se de uma asneira monumental, mas que se há-de fazer? "É fácil, é barato e dá milhões", conforme já se escreveu nestas colunas em tempo oportuno, todavia sem qualquer resultado prático. Só para desabafar. E para memória futura. Poder dizer mais tarde "Eu bem vos avisei!", é algo que não tem preço.
Agora com os quatro milhões, vamos pelo mesmo caminho, ou quase. Andreia Galvão, directora do monumento há mais de 10 anos, fala de nova entrada pelos Paços do infante, com possibilidade de um novo circuito de visita, mas aqui equivoca-se ao mencionar a alcáçova, posto que Paços do Infante, Alcáçova e Convento Velho são designações diferentes para um mesmo espaço. No qual, a única provável atracção será o varandim da muralha, no qual cabem apenas 5-6 pessoas de cada vez. E cujo acesso só pode ser feito em fila única, de ida ou de regresso. Não há plataforma para mais. A senhora directora já lá foi ver? Olhe que o amplo panorama da cidade e arredores vale bem a pena.
De qualquer forma, a entrada mais prática para os visitantes do Convento de Cristo terá de ser  a antiga entrada do Hospital Militar. Só não se sabe ainda quando. Noutra ocasião se explicará porquê.
Estes desencontros e incoerências resultam de uma situação que, não sendo única no país, se tornou assaz rara devido ao comportamento muito próprio de duas responsáveis. Com efeito, embora situado a menos de quinhentos metros dos Paços do Concelho, o Convento pertence ao governo, o qual, via DGPC, aqui coloca uma ou um director, com a categoria de chefe de divisão, quando o de Mafra, por exemplo, é director de serviços. Longe de Lisboa, longe de quem manda...
Temos assim de facto, e em termos de funcionamento quotidiano, o condado tomarense e, dentro dele mas independente, o baronato do Convento. Uma condessa eleita e uma baronesa nomeada por concurso. Aquela limita-se a  almejar alcançar uma parte das verbas provenientes das entradas no monumento. Mais um milhão de euros anual para uns subsídios e umas festarolas à borla.
Esta, por sua vez, considera que o Convento carece cada vez mais de acessos capazes, estacionamento suficiente e seguro, bem como instalações sanitárias e adequada sinalização exterior, mas sabe que tudo isso é da alçada da srª condessa.
E temos o caldo entornado. Com maneiras hipócritas. Uma não manda planear ou projectar, porque não tem a intenção de mandar fazer. "Quem come a carne que roa também os ossos". Quem cobra as entradas, que pague as infraestruturas de acolhimento. 
Enquanto isto, a outra vai improvisando conforme pode, porém sem avançar com a decisão que se impõe: Sugerir à DGPC que seria melhor entregar o monumento à autarquia, ou a uma empresa municipal, tipo Parques de Sintra - Monte da Lua, susceptível de facultar melhor gestão operacional.
Porque, como estamos, nunca mais vamos conseguir sair do atoleiro. Vamos, isso sim, estoirando fundos europeus sem qualquer vantagem, para além do restauro e manutenção do monumento, por vezes com erros monumentais. Como a prevista lavagem da janela do capítulo, por exemplo, que a vai degradar e desproteger para sempre. É um dos inconvenientes dos fundos europeus. Mesmo quando manifestamente mal aplicados, dada a sua natureza, nunca provocam queixas. E assim vamos andando, até ao estoiro final.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 

Imagem Tomar na rede, com o nosso obrigado

Autarquia - Investimento - Hotelaria

ESTALAGEM DE SANTA IRIA: FINALMENTE???


Começaram as obras de remodelação na Estalagem de Santa Iria, lê-se no Tomar na rede. Que acrescenta -premonitoriamente- não haver por enquanto no local qualquer indicação escrita e/ou imagética do que ali se vai fazer. À moda de Tomar, desde que esta maioria PS julga que manda. Premonitoriamente, porque pode acontecer que nem mesmo a Câmara, os técnicos responsáveis, ou sequer os donos da obra saibam já como vão ser as "telas finais". Depende...
Ainda assim, parece que entramos enfim na fase terminal da trapalhada que começou em Janeiro de 2009 (Há 12 anos!!!), quando terminou o contrato de concessão daquele espaço camarário a uma modesta empresa privada. Para melhor entendimento da confusão que então reinou, basta recordar que só nove anos depois, em 26/06/2018, já no segundo mandato da actual maioria, a Câmara conseguiu uma decisão judicial condenando a empresa concessionária a entregar-lhe o local.
Apesar de tal trunfo, a presidente da Câmara ainda teve de ousar mandar cortar a água e a luz, para finalmente reaver o edifício e boa parte do recheio, entregue por uma empresa que já não pagava a renda convencionada havia nove anos. É preciso muita lata e muitas influências bem oleadas nos locais certos, para que tal possa ter ocorrido. Ou não?
Com o edifício e parte do recheio novamente na sua posse, teria sido uma boa ocasião para debater em grupo o que fazer com aquele equipamento. Que já foi excelente, mas agora está muito degradado, fora de moda, desactualizado e sem condições de rentabilidade.
Teria sido, mas foi só mais uma ocasião perdida, por dois motivos principais. Desde logo, por  não haver em Tomar o hábito de discutir serenamente os problemas locais e regionais. Depois porque, não havendo qualquer plano local de turismo, ou coisa que se pareça, também faltam os dados técnicos susceptíveis de fundamentar as várias opções possíveis.
Sem qualquer debate prévio e sério, em vez de optar por um simples café-retaurante,  com esplanada, biblioteca e quartos ocasionais, a Câmara preferiu, praticamente "às cegas",  nova concessão para alojamento hoteleiro. O resultado é conhecido. Foram os próprios técnicos superiores da autarquia que acabaram por contestar o modo como foi efectuado o respectivo  concurso de arrematação.
Poupam-se aos leitores os detalhes pitorescos (para não usar outro vocábulo mais preciso) dos episódios seguintes das novelas "Sólido favorito""Era uma vez em Tomar, Lda.", a actual titular da concessão camarária, de origem leiriense.
Deseja-se aos corajosos investidores, que já gerem na cidade outras três modernas unidades hoteleiras, toda a sorte possível. E muita coragem e audácia, porque bem precisam, numa terra empurrada para o futuro pelas circunstâncias, sem quaisquer planos dignos desse nome. A começar por uma coisita que denominam impropriamente de PDM, e que já nasceu incapaz.
Entretanto, só para irem pensando um bocadinho, se assim o entenderem, deixam-se aqui alguns elementos simples. O primeiro é o da capacidade. Tendo em conta a evolução do turismo, qualquer unidade hoteleira que não possa alojar pelo menos um grupo de cada vez, perde um importante factor competitivo. Por conseguinte, menos de 60 camas é sempre arriscado.
Há depois o problema do saneamento. Até agora, os esgotos da estalagem têm ido parar ao Nabão, via duas fossas sépticas localizadas do lado poente. Tal solução está agora proibida na área urbana, e a ligação à rede urbana de emissários não é fácil. Convém resolver quanto antes, pois nas terras pequenas tudo acaba por se saber. E o cheiro é como o algodão do anúncio TV. Não engana.
Segue-se a questão das futuras festarolas nas proximidades (Frango assado, na Várzea pequena, Cerveja junto ao ex-estádio, concertos rasca em pleno Mouchão) Perguntem a quem opera o Hotel dos templários, as queixas que já tiveram nessa área.  E os clientes habituais que já perderam por causa disso...
Finalmente, realçando e louvando mais uma vez a audácia de que têm dado provas, pede-se aos investidores que pensem um bocadinho na resposta que o Duque de Alba deu ao sobrinho, o nosso rei D. Sebastião. Quando aquele Grande de Espanha recusou acompanhar o sobrinho na investida marroquina, que culminou em Alcácer Quibir de forma trágica, o jovem rei português perguntou-lhe se sabia o que era a cobardia. - Sei bem, meu sobrinho. É da mesma cor da prudência.
D. Sebastião desapareceu durante a batalha. O duque de Alba faleceu na sua cama, já a idade ia bem avançada. A tal prudência...
A que propósito vem este episódio histórico? Apenas para lembrar coisas elementares, e pedir que, quando por ali passarem, olhem para aquele edifício grande, degradado e velho, separado dos outros prédios mais recentes por uma pequena rua, do lado esquerdo de quem olha da Várzea grande para a Rodoviária.
Agora durante o inverno, após alguma chuva mais intensa, ainda é possível ler na parede do dito prédio arruinado parte da inscrição GRANDE HOTEL, em letras pretas de quase um metro de altura. Foi inaugurado na década de 40, já então para servir os turistas que viriam pelo recente Ramal de Tomar. Durou pouco. Acabou como camarata do Colégio Nuno Álvares. Actualmente está devoluto e em risco de derrocada. Mas foi uma grande obra naquela época.
Não é caso único. Na esquina noroeste Torres Pinheiro/Conde de Ferreira, jaz o edifício da Pensão tomarense, fechada há mais de vinte anos. Na esquina sudoeste Silva Magalhães/Alexandre Herculano, já houve a Pensão Gândara. E onde estão agora as Finanças, funcionou a Pensão Lisbonense, que a dada altura pertenceu à família do musicólogo, maestro e compositor Lopes-Graça. 
Os cemitérios locais estão cheios de cadáveres de excelentes empresas...

domingo, 28 de novembro de 2021

 


Litígio Câmara de Tomar - José Gaio Martins Dias

UMA DECISÃO QUE É UMA VERGONHA

Agrava-se o estranho diferendo entre a maioria camarária PS e o funcionário também camarário José Gaio Martins Dias, na forçada situação de licença sem vencimento. desde Janeiro de 2016. Informações chegadas hoje a Tomar a dianteira 3 dizem que, após um longo calvário de mais de cinco anos, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria já deu razão ao queixoso José Gaio, em Setembro passado, condenando a autarquia a reintegrá-lo no seu posto de trabalho e a pagar-lhe os retroactivos reclamados.
Segundo as mesmas fontes, inesperadamente, no último dia do prazo para recorrer, a autarquia pagou a multa e avançou para o Tribunal Administrativo do Sul. 
Mais gravoso ainda, em vez de o fazer por intermédio de um dos seis advogados já ao serviço da autarquia, a srª presidente, ou alguém em seu lugar, decidiu celebrar mais um ajuste directo, desta vez com  a sociedade de advogados lisboeta Abecassis, Moura Marques & Associados. Para quê? Para gastar mais dinheiro dos contribuintes?
Ao cabo de mais de cinco anos, o  Tribunal Administrativo de Leiria, que logicamente não conhece o queixoso de lado algum, e portanto se limitou a aplicar a lei, necessitando de 60 meses para o fazer,  condenou a Câmara de Tomar em toda a linha. Que factos novos alega agora a autarquia, para  fundamentar o recurso apresentado em cima da hora limite? É o que por enquanto falta saber.
O autor destas linhas não é médico, nem nunca estudou medicina. O que não obsta a que tenha uma opinião, pois "de médico e de louco, todos temos um pouco", como é bem sabido: O insólito e inesperado recurso veio confirmar que não se trata de simples diferendo laboral, de conflito administrativo, ou sequer de mera divergência política. Estamos perante um caso evidente de síndrome paranóica, ou coisa semelhante. Embirração patológica. E isso tem cura.
No entendimento de quem isto escreve, a autora do inesperado recurso só terá a ganhar se consultar quanto antes um bom especialista da área da psiquiatra. Na verdade, todos ficaremos a ganhar. 
A criatura em causa, porque passará a dormir melhor, e poderá então mandar anular o recurso, manifestamente despropositado. O que poupará recursos públicos e evitará longos meses, ou até anos de espera. E o mandato da srª acaba o mais tardar em 2025, sem remissão possível. Quem vier a seguir, vai manter o estranho recurso? Com que fundamento?
O queixoso, porque será finalmente readmitido, e poderá então solicitar imediata transferência para outra autarquia, ou organismo público, como  se compreende. O autor destas linhas, e outros eleitores socialistas, porque passarão a sentir-se mais aliviados e menos envergonhados em termos de consciência cívica.
É realmente muito penoso,  uma  pessoa pensar que já votou em alguém que depois se mostrou indigno do lugar que ocupa, não hesitando nomeadamente em dilapidar dinheiros públicos, com o único intuito de prejudicar deliberadamente um conterrâneo, só porque este não lê pela mesma cartilha.
A srª declarou algures "Ninguém é mais forte do que eu!" Não será decerto o caso. Há sempre alguém superior a nós. Consegue porém o que muito poucos ousam, por lhes faltar maldade para tanto: -Odiar um cidadão que não é nenhum criminoso, ou sequer delinquente, só porque pensa de modo diferente. Ainda bem que já não há em Portugal punição para delitos de opinião. Porque com eleitos assim...
Gente sem princípios, que se lhes há-de fazer?

sábado, 27 de novembro de 2021

 



Autarquia - Emprego - Justiça

Que Câmara é esta?
Que povo é este?
Que justiça é esta?

Mandaram-me uma cópia do Orçamento e Grandes Opções do Plano do Município de Tomar para 2022. São duzentas e seis páginas, que  tenciono ir lendo devagar. Por agora fiquei desagradavelmente surpreendido com a capa. Não sei se será assim com todos os exemplares, mas na cópia que recebi a Igreja de S. João aparece anã, como que esmagada por gigantesca prensa. Uma metáfora da própria cidade?
Bem mais grave, chocante mesmo, e inaceitável num país da União Europeia, é aquilo que aparece na página 180 do citado Orçamento e GOP. Um dos 69 processos judiciais em que a Câmara está envolvida: 

"José Gaio Martins Dias - Autor
Município de Tomar - Réu

Ação administrativa - Requer a condenação da ré a reintegrar o autor no posto de trabalho de que havia pedido licença sem vencimento, com efeitos a partir de 01/01/2016, e a pagar-lhe retroativos desde esta data até à data em que o reintegrar no posto de trabalho. Drª Anabela Estanqueiro, 30/11/2016. Ativo. Drª Anabela Estanqueiro informou que passou para o Dr. Paulo Marques."

Em linguagem corrente, desde 2016 que o cidadão José Gaio Martins Dias aguarda uma decisão do poder judicial, que obrigue o município de Tomar a reintegrá-lo no seu posto de trabalho, do qual pediu licença sem vencimento. Cinco longos anos! De silêncio da oposição. De silêncio do Tribunal Administrativo de Leiria. De silêncio da opinião pública local. Que Câmara é esta? Que justiça é esta? Que povo é este?
A legislação em vigor é clara: Qualquer funcionário público pode solicitar, por conveniência pessoal, licença sem vencimento pelo prazo máximo de 3 anos, sendo readmitido logo que o requeira. Porque razão, ou razões,  a actual maioria PS, por outro lado tão defensora dos funcionários do Estado em geral, recusa readmitir este? Porque ele nem sempre se mostrou de acordo com a actual maioria socialista?
No mesmo sentido, o que leva um órgão do poder judicial a protelar, por mais de cinco anos, a resolução de um diferendo administrativo, em princípio pouco complexo?
E a oposição, nunca se sentiu incomodada o suficiente para pedir explicações? E os outros órgãos de informação locais, uma vez que José Gaio é o jornalista administrador do Tomar na rede, porque nunca protestaram, ou pediram uma solução urgente? E a chamada opinião pública, nunca julgou útil protestar? Não sabiam? Pois aqui fica a informação. Agora façam o favor de agir. Para não passarem por mentirosos. Entre outras hipóteses.
Como qualquer outro cidadão, o queixoso José Gaio tem os seus encargos. Precisa de comer, vestir, calçar, pagar a renda, a água, a luz. Com que recursos, se a Câmara lhe nega a reintegração no seu posto de trabalho, sem qualquer explicação pública?
Que terra é esta? Que país é este? Que gente é esta? Porque se recusam a apoiar um jornalista local, o qual apenas solicita o regresso ao seu posto de trabalho? É só porque não está alinhado com o actual poder maioritário e convém mostrar-se submisso, para evitar possíveis retaliações? Tenham vergonha!
A palavra é forte, mas vai ser usada  apesar disso: A atitude em relação ao cidadão José Gaio Martins Dias, é nojenta!

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

 


Autarquia - vouchers de natal - inflação

Borlas, festas e subsídios?  
Ou entradas pagas e menos taxas e impostos? 
Como parar a sangria e aumentar a população?


O parlamento francês acaba de aprovar  um diploma que tem por título "indemnização inflação". Graças a ele,  38 milhões de franceses, com rendimento mensal inferior a 2 mil euros, vão receber uma transferência bancária de 100 euros por pessoa.
Trata-se de tentar compensar o brusco aumento da electricidade e dos combustíveis, particularmente gravoso em França, devido  à necessidade imperiosa de aquecimento doméstico durante os longos meses do rigoroso inverno europeu.
No mesmo sentido, o governo socialista de Lisboa decidiu compensar os automobilistas e outros consumidores, graças aos aplicativos que permitem descontos em produtos essenciais.
Enquanto isto, a pouco mais de cem quilómetros de Lisboa, especialistas em compra de votos decidiram lançar de novo a campanha "Natal é no comércio local", que vai custar mais 100 mil euros e respectivas alcavalas aos cofres municipais. Aquilo que o ano passado se aceitou com críticas, porque havia eleições,"é guerra, é guerra", e "em tempo de guerra não se limpam armas", este ano não passa de uma nódoa económica, embora os seus patrocinadores e beneficiários pensem o contrário.
Deixando de lado a adesão do público, sabido como é que oferecendo seja o que for gratuitamente, há sempre filas e mais filas è espera da mama, o que temos? Em resumo isto: Aos 100 comerciantes locais aderentes, a autarquia oferece mil euros a cada um, colados a outros mil euros da parte dos clientes. São portanto, na melhor das hipóteses, dois mil euros para cada estabelecimento. Excelente? Pelo contrário. Mau hábito. Dependência.
Por um lado, porque se trata da época natalícia, com tendência para consumos supérfluos, como é o caso. E o incremento do consumo provoca inflação. Por outro lado, uma vez que a Câmara paga metade, é tudo gente muito séria,  sem dúvida acima de qualquer suspeita, porém haverá inevitavelmente alguns aumentos de preços, o que se compreende. "Quem parte e reparte, e não fica com uma parte, ou é louco ou não tem arte," diz o conhecido anexim.
O problema é que depois, durante o resto do ano, há comerciantes que se queixam dos elevados custos de funcionamento (água, luz, taxas, outros impostos, derramas) e da clientela cada vez mais rara, enquanto os cidadãos em geral se lastimam que em Tomar é tudo mais caro que no Entroncamento, Leiria ou Coimbra, por exemplo, onde resolvem ir comprar os que o podem fazer. Não seria mais proveitoso a médio e longo prazo, reduzir esses encargos de forma permanente a todos os comerciantes, de modo a tornar os estabelecimentos tomarenses mais competitivos no contexto regional? Era capaz de sair bem mais barato. Mas quê?
No fundo, respeitáveis cidadãos, estavam à espera de quê? Quem vos mandou votar em gente que confunde esperteza saloia com inteligência, e sabe tanto de macro-economia como o autor destas linhas de mecânica quântica? Julgam que os regimes comunistas implodiram por falta de subsídios? Sabem que na Venezuela ou em Cuba também há subsídios, mas faltam sempre produtos básicos? Porque será?
Entretanto em Óbidos, por exemplo, cujos autarcas não têm a mania das grandezas, e por isso não desperdiçam o dinheiro dos contribuintes:

Óbidos Vila Natal

De 30 de novembro a 2 de janeiro. Óbidos. Horário reduzido 11h00 às 16h00 (segunda a sexta e 24 e 1), alargado 11h00 às 19h00, e especial 11h00 às 20h00. Bilhete criança a partir de 5,50 euros, bilhete geral a partir de 7,50 euros, e bilhete família a partir de 24 euros

Jogos, rampas de gelo, simuladores de realidade virtual, bolas de sabão, luzes e o que mais couber na missão de recriar uma vila totalmente natalícia e com a devida garantia de entretenimento para toda a família. Para entrar no espírito a partir do final de novembro e manter a toada festiva até aos primeiros dias do novo ano, Óbidos volta a ativar o modo festivo em todo o seu esplendor. Pode ir planeando a deslocação e consultar a programação completa para não falhar pitada.



Para quem continua a  duvidar de que as pulgas com sorte também conseguem andar de avião, mas nem por isso deixam de ser parasitas, entre 2001 e 2021nos últimos 20 anos portanto, Óbidos, com entradas pagas, registou mais 969 eleitores inscritos e tem agora 10.563. Durante o mesmo período, Tomar, com subsídios, cartões de Natal, passeios e festas à borla, perdeu 5. 438 eleitores inscritos, e tem agora 33.892, contra os 39.330 de 2001.
São factos verificáveis. Mais comentários para quê?

ADENDA ÀS 09H37 de 27/01/2021

O exagero é de tal ordem que, mesmo sem incluir os 100 mil euros dos vouchers natalícios, Tomar já é notícia a nível nacional, no OBSERVADOR, que é de direita. Votos comprados que facultam maiorias absolutas, dão nisto:

No campeonato dos recordistas na aposta das decorações natalícias está a cidade de Tomar. Depois de em 2019 e 2020 o município não ter ido além dos 20 mil euros de investimento nesta quadra, este ano, a autarquia decidiu contratar por ajuste direto a empresa SigmaConstellation por 150 mil euros para que realize num prazo de 45 dias o evento “Tomar o Centro mágico do Natal 2021”.No campeonato dos recordistas na aposta das decorações natalícias está a cidade de Tomar. Depois de em 2019 e 2020 o município não ter ido além dos 20 mil euros de investimento nesta quadra, este ano, a autarquia decidiu contratar por ajuste direto a empresa SigmaConstellation por 150 mil euros para que realize num prazo de 45 dias o evento “Tomar o Centro mágico do Natal 2021”.










quinta-feira, 25 de novembro de 2021

 


Autarquia - fuga da população - alojamento turístico

Porque emigram os nabantinos?

Os leitores puderam constatar, no texto anterior, a manifesta boa vontade da autarquia para ajudar os tomarenses que a ela recorrem, mas são críticos da actual maioria PS. Que rica gestão municipal, que nem sequer se preocupa em cumprir as leis do país. Como se Tomar já fosse uma daquelas repúblicas das bananas. E se calhar até já é. Mas adiante.
Perante a recusa camarária no que concerne ao fornecimento de informações técnicas,  e dada a penúria do IPT nesse âmbito, resta a quem procura estudar os problemas locais ligados ao turismo recorrer a outras fontes. Foi o que se tentou fazer.
Uma vez que ninguém parece saber (ou não querem que se saiba?) quantos estabelecimentos de alojamento turístico local existem no concelho de Tomar, foi-se aos sites de reservas hoteleiras (Airbnb, Booking.com, Trivago. Hotelhunter, etc), tendo-se optado finalmente pelo Booking.com, porque digitando o nome da localidade, indica logo à cabeça "encontrámos X acomodações". Eis alguns resultados, com o respectivo total de eleitores inscritos em 2021, para comparação:

 ESTABELECIMENTOS DE ALOJAMENTO LOCAL EM NOVEMBRO DE 2021
(Não inclui hotéis, nem residenciais)

  Localidade                     Estabelecimentos              Eleitores inscritos em 2021

1 - Abrantes................................21...........................................31.591
2 - Alcobaça...............................39...........................................48.605
3 - Covilhã.................................42...........................................44.115
4 - Leiria....................................43.........................................113.419
5 - Ourém..................................11..........................................40.870
6 - Santarém............................30...........................................50.899
7 - TOMAR..............................72...........................................33.892
8 - Torres Novas........................8..........................................30.795

Fontes: MAI, resultados eleitorais 2021
             Booking.com alojamento local

Contas feitas, a presidente da câmara de Tomar é capaz de ter razão, mesmo trabalhando sem suporte técnico adequado. ´É provável haver em Tomar falta de alojamento residencial a preços moderados na área urbana, uma vez que pelo menos 72 edifícios antes residenciais foram entretanto desviados para o mercado turístico. Ou seja, de acordo com as normas internacionais, 72 x 5 camas = 360 camas. Numa terra pequena pode fazer toda a diferença.
Podendo parecer que não aos leigos, trata-se de uma enormidade. Quase uma anomalia. Como se explica que Tomar, com menos de 35 mil eleitores, tenha praticamente o dobro dos alojamentos turísticos não hoteleiros de qualquer outra cidade da região? Com população comparável, Abrantes e Torres Novas têm, respectivamente, três e nove vezes menos. Porquê?
Tenho uma resposta, que me abstenho de revelar por enquanto, para não criar atritos inoportunos. Que fiquem no entanto cientes os eventuais prevaricadores de que sei aquilo que escrevo, baseado em documentos e em factos verificáveis, como os que aqui se publicam. Mesmo sem a ajuda da desobediente autarquia.
Qual o principal problema resultante de tal estado de coisas, que os próprios eleitos e funcionários locais parecem desconhecer? Em todas as cidades com elevada clientela turística, as autoridades municipais limitam, e proíbem mesmo, a existência de novos alojamentos locais. No caso específico de Paris e Barcelona, por exemplo, só autorizam novas unidades de alojamento local por parte de investidores, desde que os mesmos disponibilizem, em simultâneo, para fins residenciais, vez e meia a superfície de alojamento turístico.  (Exemplo: Para autorizar um alojamento local, na área urbana, com 50 metros quadrados, a autarquia parisiense exige outros 75 metros quadrados residenciais, do mesmo proprietário e no mesmo bairro). Em Tomar ainda é  à vontade do freguês e a presidente parece estar convencida de que a futura solução é o alojamento social. A tal habitação a custos controlados, forçosamente de qualidade mediana, devido ao preço, que traz consigo rendeiros assistidos. Não me consta que a parisiense Hidalgo, ou a catalã Colau, andem de olhos fechados, ou decidam em cima do joelho. E se optaram pela limitação do AL (alojamento local), lá terão as suas razões.
Uma nota final, para os eventuais "adeptos da equipa", que avancem com argumentação do tipo "há muito alojamento local em Tomar, mas é por causa do Convento, Património da humanidade", etc.
Simples conversa da treta. Alcobaça também tem um monumento Património da humanidade da UNESCO (até mais visitado que o de Tomar, conforme dados da DGPC), e dispõe de apenas 39 estabelecimentos de alojamento local, contra 72 em Tomar. Haverá portanto outras razões que a razão desconhece. Afinal, porque não forneceu a autarquia os dados solicitados, conforme é sua obrigação, nos termos da Lei 26/2016, artigos 5º e  15º ? Tem algo a esconder? É o que parece.
Façam o favor de continuar a governar "às cegas", subtilmente influenciados por alguns interesseiros quadros superiores da autarquia, (que avançam sempre "argumentos técnicos" e "condicionamentos legais"), mas depois não se lastimem.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

 


Fuga da população - alojamento - autarquia

Câmara de Tomar não assegura direito à informação,
nem cumpre a Lei 26/2016 que o garante


Logo a seguir às eleições, naquele seu estilo cada vez mais "quero posso e mando", a presidente da câmara declarou a habitação a custos controlados uma das prioridades do seu 3º e último mandato. Sem mais explicações públicas, ficou a ideia que se trata de a autarquia vir a proporcionar, a médio prazo, mais apartamentos de renda acessível, -a chamada habitação social-  por se considerar que a preocupante fuga da população é causada, entre outros factores, pela falta de alojamentos a custo moderado. Está por demonstrar que assim seja, mas que importa? Manda quem pode, e tem de calar-se quem ajuda a pagar. Siga a música.
Pouco convencido da bondade de tal teoria, uma vez que há mais de dez anos que não se edifica qualquer prédio residencial em Tomar, havendo até dois por acabar há muitos anos, nas traseiras do pavilhão municipal Jácome Ratton, o que tende a demonstrar que a iniciativa privada não vê grandes perspectivas nessa área em Tomar, o autor destas linhas solicitou informações à câmara.
Em conformidade com a Lei do direito à informação (Lei 26/2016, de 22 de Agosto, Artigo 5º), pediu-se resposta para três perguntas simples, sobre alojamento turístico local. Nos termos da citada lei (Artigo 15º), a autarquia dispunha  de 10 dias para enviar o solicitado, ou esclarecer porque não podia enviar. Passado mais de um mês, nem uma coisa nem outra, conforme já se esperava. Quando há algo a esconder...
Recorreu-se então à própria presidente, via mail pessoal, indagando se estava ao corrente da evidente desobediência legal, delito pelo qual já foi multada anteriormente, e pedindo uma solução. Foi tempo perdido. Nem resposta houve. Com o tempo, deve ter adquirido mentalidade de mártir, aguardando agora as queixas sucessivas junto da CADA, do Tribunal Administrativo de Leiria, e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, para depois clamar contra a má vontade, a injustiça e a ingratidão dos conterrâneos.
Bem pode esperar, que cá o escriba já não tem idade para alimentar almas mártires, nem paciência para continuar a aguardar. Que fique no entanto registado, para memória futura,  que quase meio século após o 25 de Abril, uma câmara de maioria PS, da geração dita mais preparada de sempre, não assegura o direito à informação, nem cumpre nem faz cumprir a Lei que garante esse direito. Como na Venezuela, na Nicarágua  ou em Cuba. Se isto não é uma vergonha, então o que é? Uma simples embirração, que nada tem a ver com política?

terça-feira, 23 de novembro de 2021

 

Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos

Autarquia - obras

Mais cidade e menos população?

É notícia no Tomar a rede, um dos dois cães locais ainda sem coleira, nem trela nem açaimo. O outro é este vosso servidor. A autarquia resolveu acabar com o recinto de skate da Nabãncia, sem providenciar qualquer alternativa. 
É realmente lamentável, sem contudo surpreender. Quiçá sem disso se aperceberem, os tomarenses deram mais uma maioria absoluta a Anabela Freitas e seus camaradas, numa eleição livre que ninguém contestou. Assim fazendo, apoiaram exactamente coisas como a demolição do skate parque, sem criar qualquer alternativa. Ou os sanitários fechados, sem data de reabertura. Ou as asneiras da Nun'Álvares, por exemplo...
Desde o início do primeiro mandato que é cada vez mais evidente o pouco cuidado na implementação de obras e/ou políticas locais. A maioria PS faz como lhe dá na cabeça, não ouvindo ninguém fora do partido. E mesmo no próprio partido...
É o chamado comportamento tractor em campo para lavrar. Vai tudo à frente e a eito. E quem não concordar é um malvado inimigo.
Neste caso do recinto de skate, arranjaram o pretexto da necessidade do estaleiro para a obra. Mais valia estarem calados. Menos de cem metros adiante, logo a seguir ao Burger king, está um imenso terreno livre.
A atitude submissa e colaborante dos tomarenses em relação a quem oficialmente os pastoreia, parece ser em muitos casos como a daqueles cidadãos que têm problemas gástricos com alguns alimentos, geralmente carnes vermelhas e pratos mais temperados. Dizem em geral nessas situações "perdoa-se o mal que faz, pelo bem que sabe". Pois em relação a esta pobre governação que temos, os tomarenses demonstraram nas recentes eleições que "perdoam-se as asneiras que fazem pelos subsídios, comezainas e festas que dão". Com o dinheiro dos outros, claro.
Isto considerando os eleitores nabantinos mais informados, que lêem e compreendem o que ouvem. Que não serão assim tantos como a priori se possa pensar. Numa outra local sobre o mesmo tema do skate, uma leitora lamenta-se que a autarquia tenha resolvido suprimir duas faixas de rodagem entre a rotunda do Macdonalds e a da Serôdia. Está cheia de razão, mas escreveu uma frase menos feliz: "Vai ser um atentado ao trânsito se forem reduzir para duas vias, para mais com a cidade a crescer."
https://tomarnarede.pt/sociedade/unico-skate-park-de-tomar-comecou-a-ser-demolido-c-video/
A cidade a crescer e a população a encolher? Velho nestas andanças, nunca me tinha ocorrido tal hipótese. Que dava uma bela faixa eleitoral: "Mais cidade. Menos população. Menos problemas."
Rir com moderação, mas quanto baste,  ainda vai sendo um excelente remédio para certas situações

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 

Refugiados venezuelanos a caminho de Bela Vista, Roraima, Brasil

Política local - comparações - população - emigração

Muito diferentes, todavia...

Conforme já referido em adenda num escrito anterior (ler texto Aleluia! Aleluia! Aleluia!), houve no passado domingo eleições autárquicas e estaduais na Venezuela. Desta vez, graças aos esforços conjuntos dos Estados Unidos e da União Europeia, a oposição voltou a apresentar candidatos, após o governo ter consentido finalmente na fiscalização internacional do acto eleitoral. Apesar disso, os candidatos do poder obtiveram uma vitória esmagadora. Venceram em 20 dos 23 estados. A abstenção chegou aos 58,5%.
É claro que Tomar nada tem a ver com a Venezuela, excepto duas curiosas coincidências que até podem não ser únicas: Lá os detentores do poder também se intitulam socialistas, (PSUV - Partido Socialista Unificado de Venezuela), e também chegaram ao poder por via eleitoral. Quanto ao resto, ou quase, tudo separa o país sul americano da cidade nabantina.
Resguardados pelo euro e pelos fundos europeus, em Tomar não existe a miséria que infelizmente grassa em toda a Venezuela. Para se ter uma ideia do descalabro económico naquelas paragens, segundo a enviada especial do jornal Le Monde, agora que o governo Maduro, forçado pela penúria, foi levado a liberalizar o câmbio e o comércio, um trabalhador médio ganha o equivalente em bolívares a 3 dólares por mês e um professor universitário a 10 dólares mensais.
Não surpreende por isso que, desde a chegada dos chavistas bolivarianos ao poder, há 22 anos, já tenham fugido do país, segundo as estimativas do comité da ONU para os refugiados, cerca de 5 milhões de venezuelanos. A maioria fugiu para a Colômbia. Mas o Brasil também acolheu centenas de milhares, uma parte dos quais continuam a acampar nas ruas de Bela Vista, capital do estado brasileiro de Roraima, um dos menos desenvolvidos do país.
Aqui chegados, e tendo sempre presente que a situação em Tomar não é nada parecida com a da Venezuela, embora lá o poder também seja socialista e referendado por eleições, comparando o caso dos refugiados ou emigrantes, constata-se que abandonaram aquele país nos últimos vinte anos cerca de 5 milhões. 
Curiosamente, ou talvez não, em Tomar também emigraram 4.500 eleitores inscritos desde 2001. O que, tendo em conta a população total de 32 milhões na Venezuela e o corpo eleitoral de 33 mil inscritos em Tomar, acaba por dar um resultado bastante semelhante. Da Venezuela, empurrados pela fome e outras carências, saíram os tais cerca de 5 milhões, ou seja 5.000 de cada 32.000 habitantes, nos últimos 20 anos. De Tomar foram-se, por causas que ainda falta apurar, segundo os dados do MAI, 4.520 dos 33.000 mil eleitores inscritos, durante o mesmo período. Temos assim que na Venezuela abandonaram o país um em cada 6 habitantes (arredondado). Já em Tomar a proporção é de um emigrante por cada 7 eleitores inscritos (arredondado).
No caso de Tomar, não terá sido de certeza por causa da fome ou da penúria de bens essenciais, mas algo os deve decerto ter influenciado, pois nada acontece na vida por mero acaso. Tendo em conta que, de caordo com os dados disponíveis, a hemorragia demográfica se acentuou a partir de 2013, o que terá sido?
Dada a embaraçosa semelhança, em vez de nos indignarmos uns com os outros, (nomeadamente com o autor destas linhas, que podia muito bem estar calado), era capaz de ser melhor criar, na AM ou fora dela, um grupo de trabalho, sem antolhos nem açaimos, para tentar apurar as causas da emigração tomarense desde 2001. Isto porque, como disse há mais de dois séculos o Lavoisier, "as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos".
Já sabemos que o efeito foi o mesmo, tanto na Venezuela como em Tomar. As pessoas foram-se. Fugiram. E sabemos igualmente que as causas não foram as mesmas, nem coisa parecida. Mas é bem capaz de haver mesmo assim alguns aspectos comuns. Que tal tentar apurar quais, doa a quem doer, para depois procurar remediar?
Se continuarmos a anunciar medidas contra a desertificação, sem antes conhecer as causas do fenómeno, ou a meter a cabeça na areia, como os avestruzes, não vamos longe. Excepto os que entretanto resolverem fugir também.

domingo, 21 de novembro de 2021

 


Política local - Autarquia - Obras nas margens do Nabão

Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Aconteceu finalmente! Deus seja louvado!


Pede-se aos leitores que tenham a bondade de perdoar o estilo hiperbólico do título, mas a alegria é grande. E o caso não parece ser para menos. Num país cujo primeiro-ministro disse em tempos "Nunca me engano e raramente tenho dúvidas". Num país em que o actual presidente da República garantiu publicamente que somos os melhores do Mundo. Numa terra em que a presidente da Câmara -largamente eleita e reeleita pelos seus concidadãos- proclamou que "ninguém é mais forte do que eu".
Num país e numa terra assim, acaba de acontecer inesperadamente algo até agora  inimaginável. Segundo a Rádio Hertz, sempre bem informada no que diz respeito aos assuntos locais e regionais, "Câmara [de Tomar] admite que "não tinha a noção da gravidade [da situação] em que se encontrava o Açude da Marianaia".
https://radiohertz.pt/tomar-camara-admite-que-nao-tinha-a-nocao-da-gravidade-em-que-se-encontrava-o-acude-da-marianaia/
É praticamente um milagre! Pela primeira vez, que se saiba, a Câmara de Tomar admite em público que falhou. Que afinal não sabia tudo. Agora imagine o leitor o vasto horizonte que se abrirá para todos os tomarenses, se e quando "a Câmara" (incluindo a oposição) resolver reconhecer que não tem a noção da gravidade da situação sócio-económica na cidade e no concelho, nem faz ideia das consequências nefastas de algumas das suas acções e omissões. E decida agir em conformidade. Rodeando-se de quem saiba, debatendo os temas e tentando mapear o futuro.
Se tal vier a ocorrer, significará que haverá de novo bom senso e modéstia. E quando se consegue voltar a ser humilde, (o que não é nada fácil, por causa do orgulho ferido), surge sempre um mundo novo, a partir do momento em que se admite finalmente a ignorância, condição básica essencial para se começar a aprender algo de novo. 
Tal hipotética perspectiva deu-me um novo alento.  Renasceu em mim alguma esperança. Ler o título da notícia da Hertz, foi por assim dizer um bálsamo. Oxalá este novo entusiasmo não seja prematuro. Porque só com a nova e aparente abertura de espírito a cidade e o concelho poderão ainda vir a ter um futuro promissor. Ou pelo menos um melhor mapeamento,  para um futuro mais risonho.
Oxalá!

Adenda
Na Venezuela houve hoje, 21 de Novembro, eleições municipais e estaduais, de novo com a participação livre da oposição, graças à pressão dos Estados Unidos e da União Europeia, que enviaram observadores.
A enviada especial do Le Monde, Marie Delcas, fez uma reportagem sobre o tema, na qual se pode ler a opinião de uma apoiante do governo chavista, naturalmente sob anonimato: "O problema da Venezuela é que o poder é nulo, mas a oposição ainda é pior."
Onde é que eu já ouvi isto antes?
https://www.lemonde.fr/international/article/2021/11/21/au-venezuela-le-retour-aux-urnes-de-l-opposition_6103011_3210.html

sábado, 20 de novembro de 2021

 

Lisboa vista pelo Guide du Routard

Política - economia - turismo

Um pouco do nosso fado, para variar

A geral incultura ambiente, mais acentuada em Tomar, acarreta naturalmente ignorância de muita coisa elementar. Ter ou não ter mundo faz sempre muita diferença. No que concerne por exemplo à nossa reputação além fronteiras, quem conhece por exemplo o significado da expressão italiana "non fare il portoguesi"? (não seja português = não seja caloteiro, vigarista, pouco sério).
Dito isto, acabo de receber mais uma "Routard newsletter", um conjunto de informações turísticas em francês, com uma difusão semanal de 2 milhões. Eis a tradução daquilo que me pareceu mais importante:

"Em destaque esta semana

PASSEIOS EM LISBOA

Onde ouvir o fado?

Cuidado! Não é tudo a mesma coisa!  Dado o crescente interesse dos visitantes estrangeiros, tem havido ao longo dos anos muitos abusos. Consumo mínimo obrigatório de 30 a 50 euros/pessoa, acrescido muitas vezes da "taxa de espectáculo". Cozinha insípida, ou mesmo medíocre, todavia de consumo obrigatório para poder assistir ao espectáculo... Para não falar de locais onde um fado de 5 minutos interrompe meia hora de conversas em voz alta.
Dito claramente, é preciso muito cuidado, olho vivo e pé ligeiro, para encontrar um endereço 100% satisfatório... e que já esteja de novo aberto."

Claude Hervé-Bazin - Le Routard

E que têm os tomarenses a ver com tudo isso, que nos desacredita? Perguntarão os habituais pontífices locais, defensores do que está, que consideram o melhor do mundo, e por isso acima de qualquer crítica?  Nada, como é lógico. Em Tomar é sempre como diz o Pangloss, no Candide, de Voltaire, "vai tudo muito bem, no melhor dos mundos possíveis". Mas como se fala ultimamente num museu templário, ou nas obras atrás dos bombeiros, por exemplo, talvez fosse bom pensar um bocadinho, sempre que possível... 
Tenho em arquivo uma razoável quantidade de ocorrências nabantinas pouco abonatórias, que me foram relatadas por profissionais de turismo. Da guia local que desmaiou ao começar a visita, aos guias-intérpretes fechados numa sala, a ouvirem durante hora e meia alguém a perorar sobre os templários, passando pelo revestimento árabe dos paços do infante D. Henrique, os lamentos dos motoristas, obrigados a estacionar a quilómetros e sem poder descer à cidade, ou os pastéis de nata a 2 euros cada um, há de tudo. Mas é melhor não publicar. Depois o mau da fita era o autor destas linhas, como sempre. (Agradeço a honra, porém começo a não ter mais idade para endossar a pele de bode expiatório. Cansei.)

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

 


Autarquia -saneamento - taxas - oposição

Os eleitos da oposição são todos surdos, cegos e mudos?
A informação local vendeu-se definitivamente?


A CDU acaba de solicitar algumas informações ao presidente da AM, a respeito da  Tejo Ambiente. É a tarimba do mais antigo partido português  -o PCP- ainda no activo, a funcionar. Aproximam-se eleições, num contexto extremamente difícil para a extrema esquerda, pelo que convém dar sinal de vida. Protestos, greves, perguntas incómodas... Ainda bem!
Saúda-se a notável excepção, pois em relação a todos os outros oposicionistas, a pergunta do título é pertinente: São ou fazem-se surdos, cegos e mudos? Até quando?
Outro tanto se diga da informação nabantina em geral, mas aí por  três razões conhecidas, salvo uma ou outra excepção. Quais são essas razões? No meu modesto entendimento são três: Falta de vontade, falta de coragem e falta de meios (humanos e materiais).
Uma das situações mais chocantes, das muitas existentes no concelho, é a dos consumidores que há décadas andam a ser deliberadamente enganados pela autarquia. Pagam nos recibos da água a taxa de tratamento de esgotos que não são tratados.
Refiro-me aos moradores na Rua Joaquim Jacinto (2 terços), Rua Aurora Macedo, Rua do Teatro, Rua do Pé da Costa de Baixo e Largo do Quental. Estas centenas de moradores do núcleo histórico, a pouco mais de cem metros dos Paços do concelho, continuam com a rede de água e saneamento sem qualquer renovação, para além das inevitáveis reparações das múltiplas roturas.
A rede de água data de 1937. Tem portanto 84 anos. E canalizações de amianto, material agora proibido em toda a União Europeia, por ser fortemente cancerígeno.
Quanto à rede de saneamento, é de colector único, estilo idade média: uma laje de cada lado, uma por baixo e uma por cima. Sendo único, recebe tanto os efluentes das sanitas como os dos lava-loiças, ou das sarjetas da rua. Nestas condições, custa a crer que tais emissários estejam ligados à ETAR. Se assim fora, teríamos a estação de tratamento de esgotos a tratar sobretudo água da chuva durante uma parte do ano.
Tudo parece apontar portanto para uma situação escandalosa: Há décadas que os consumidores andam a pagar, e a câmara a receber, uma taxa que afinal nem é devida, pois o serviço que cobra não é prestado. Custa assim tanto a perceber?
Porque será então que nem as forças da oposição, nem a maioria instalada, nem a informação local, se preocuparam alguma vez com tão anómala situação? Pelo menos umas perguntinhas inoportunas, para apurar de uma vez por todas qual é a situação, e por que não se fazem as obras necessárias. Porque não são obras para ornamentar, uma vez que ficam enterradas?

Declaração de interesses
O meu domicílio fiscal continua a ser na Rua Dª Aurora de Macedo. Sou portanto uma das centenas de vítimas que são forçadas a pagar um serviço que não lhes é prestado. Já denunciei a situação nestas colunas por diversas vezes, até agora sem resultado. É como acima se diz. Cegos, surdos  e mudos, a que convém acrescentar, mas muito felizes com as benesses camarárias "gratuitas". Basta pensar no resultado eleitoral.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

 


Autarquia - Campanha de Natal

Natal é no comércio local, 
mas o relatório está mal

Pouco a pouco vão aparecendo mais concelhos com campanhas promocionais de Natal. Após Tomar e Azambuja, Salvaterra de Magos também avançou, com o modelo azambujense: 17 vales de compras, entre os 20 e os 100 euros, a sortear em Janeiro. próximo.
No mesmo grupo de municípios com menos de 20 mil eleitores, Almeirim seguiu o esquema tomarense. Resolveu investir 40 mil euros para ajudar os comerciantes, por intermédio dos 19 mil eleitores inscritos... que tenham dinheiro para compras supérfluas natalícias. É quase o mesmo que  em Tomar, com 100 mil euros para 33 mil eleitores.
Há contudo uma diferença bem nítida. Apesar de terem, como em Tomar, uma maioria absoluta socialista, na terra da sopa de pedra o PS tem 6 vereadores e a oposição apenas um único (CDU). Ou seja, após ter combatido os latifundiários, o partido socialista tornou-se em Almeirim o grande latifundiário político. Prova que a compra de votos, mesmo descarada, resulta sempre.
Neste contexto, chegou ao meu conhecimento um curioso relatório de duas páginas sobre a campanha "Tomar Natal é no comércio local" de 2020. Digo curioso porquanto nada permite identificar a sua origem, para além dos dados que revela. As duas páginas não são timbradas, não estão numeradas, nem rubricadas, e no final não consta qualquer assinatura ou carimbo. Quem pretendesse esconder-se, procurando furtar-se à responsabilidade, não faria melhor.
Pode portanto tratar-se de um documento falso, só para comprometer os serviços municipais que dependem da srª vereadora Filipa Fernandes. São porém tantos os dados fornecidos, que só aqueles serviços poderiam redigir tal peça. Que infelizmente não pode ser usada no foro judicial, se for caso disso,  por carecer de autenticidade comprovada.
É pena, porque há nela um lapso que pode vir a transformar-se numa bronca, com contornos de peculato, bem como uma lacuna importante, no mesmo sentido. Consta nesse relatório, cuja cópia detenho, que os serviços municipais competentes reembolsaram por três vezes os comerciantes que apresentaram os indispensáveis comprovativos de compras (recibos ou facturas + cartões vendidos pela autarquia). O primeiro pagamento foi de 65.120€, o segundo de 30.510€ e o último de 101.210€. Um total de 196.840€.
Uma vez que os serviços camarários venderam cartões no valor global de 200 mil euros, por metade do preço, há um desencontro de 3.160€, que ficaram na gaveta, algo inaceitável em contas públicas. Qual a explicação?
Para quem está habituado aos milhões do orçamento, é uma ninharia. Mas para um simples trabalhador, por exemplo, são três ordenados mensais. Algo semelhante acontece com uma singular lacuna, num documento com tanta informação útil e precisa.
Consta no relatório que os 4.696 cartões de 10€ e os 7.652 de 20€, num total de 12.348 cartões, "foram executados em material plástico de forma a evitar falsificação dos mesmos. Tiveram um número sequencial por tipologia de cartão e todos foram carimbados e rubricados pelos colaboradores do Turismo." Muito bem.
Mas os ditos 12.348 cartões de plástico apareceram como? Feitos pela autarquia?  Comprados? A que empresa? Quanto custaram? Foi um ajuste directo? Respeitou-se a norma de consultar 3 empresas, antes de validar o ajuste? Quais as empresas consultadas?
Os eleitos sabem que estão sujeitos à vigilância permanente do eleitorado, mormente quando lidam com dinheiros públicos, como é o caso. Venham de lá portanto as indispensáveis explicações e justificações, que a oposição deve exigir, sob pena de ainda maior descrédito.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

 


Politica local - Autarquia

A vidinha do costume... (em letra minúscula, como a vidinha em Tomar)

Quem vive longe, segue o que se passa no berço através da informação escrita e ilustrada, mas também graças a achegas de amigos próximos. É o caso de quem escreve estas linhas, muito preocupado com as notícias mais recentes.
Na sequência da saudável polémica sobre o debate na AM da nova versão do PDM, o PSD publicou um comunicado, com duas acusações muito graves. Uma explícita, outra nem tanto. Comecemos por esta. Ao escrever que o vice-presidente Cristóvão não se mostrou à altura durante o debate, enquanto delegado da presidente, os laranjas questionaram implicitamente tal escolha. Porquê? Preparação prática para futuras responsabilidades, quando Anabela Freitas já estiver na AR (ou até no governo)? Simples passa-culpas da presidente? Divergências insanáveis no seio da maioria PS?
A outra acusação foi bem clara: Segundo a oposição PSD, a maioria PS mostrou que não tem planos para a futuro de Tomar e do concelho. Realmente assim parece, pois quando uma líder concelhia anuncia como principais objectivos para o mandato, alojamentos a custos controlados e arranjo das margens do rio, mais comentários para quê? Não tardará muito, mas por enquanto ainda não somos uma vila a caminhar para aldeola.
Estranho, muito estranho mesmo, é o facto de não haver reacção oficial a tais acusações, -apesar de ser público e notório que os laranjas tão pouco têm planos para o concelho- o que produz um duplo efeito. Por um lado, mostra que a maioria trata a oposição com desdém, não lhe atribuindo de facto qualquer importância, para além da utilidade ornamental, como se já estivéssemos numa ditadura. Por outro lado, ao desprezar a oposição, a ponto de nem sequer lhe responder publicamente, a maioria PS está a provocar o efeito contrário ao pretendido. Dá credibilidade às acusações, de que é alvo.
Mas a falta de explicações aos eleitores é usual nesta maioria PS. A  recente vandalização da ex-Estalagem de Santa Iria, trouxe de novo para a actualidade a questão da recuperação daquele outrora conceituado estabelecimento hoteleiro, encerrado vai para quatro anos. Segundo Hugo Cristóvão, que detém o pelouro da obras e urbanismo, ultrapassados os obstáculos, as previstas obras de remodelação deviam ter começado em Abril deste ano. Não começaram, como se sabe, e agora até já partiram vidros, além de outras malfeitorias. 
Apesar disso, continua a não haver explicação oficial. Porque não começam as obras? Apareceram novos obstáculos? Aguardam a aprovação final do PDM? A revisão do plano de pormenor da zona? As escorrências, prévias à concessão da licença de obras? Os concessionários entretanto mudaram de agulha, e agora procuram revender? Porquê?
Outro tanto acontece com o antigo Convento de Santa Iria. Adjudicado ao conceituado grupo hoteleiro Vila Galé, em condições que não convenceram toda a gente, apareceu depois uma providência cautelar, que foi aceite pelo poder judicial. 
Surgiu agora n'O Mirante, (por mera coincidência, como é óbvio), uma notícia da qual consta que o grupo Vila Galé tenciona iniciar as obras de construção do novo hotel, no segundo trimestre de 2022. Ou seja, em Abril, tal como no caso da Estalagem. Só o ano é que entretanto terá mudado. A pergunta impõe-se: A providência cautelar, que suspende a adjudicação, já foi ultrapassada? Por quem? Quando? Como? Porquê?
https://omirante.pt/economia/2021-11-15-Vila-Gale-quer-obras-no-Convento-de-Santa-Iria-no-segundo-trimestre-de-2022-b599dca7
Outra questão que está a causar alguma celeuma, entre os poucos que acompanham eficazmente as questões locais, é o protocolo celebrado entre a autarquia e uma nova ordem dos templários. Nele se estipula que o Município cede à referida entidade privada o edifício denominado Casa dos Tectos, de propriedade municipal, para nele vir a ser instalado um "Museu templário" privado.
Também aqui falta informação cabal por parte da autarquia, designadamente sobre a data e as condições da cedência, o espólio e a administração do futuro museu, a fiabilidade da nova ordem templária, tendo em consideração alguns antecedentes, bem como a idoneidade do signatário, levando em consideração anteriores episódios pouco abonatórios, que são do domínio público.
Para os leitores menos informados sobre os meandros locais, o representante da referida nova ordem dos pobres cavaleiros, é o concessionário da cafetaria do Convento, da cafetaria do parque de estacionamento da Cerrada dos Cães, (onde é a sede oficial da dita ordem dos pobres cavaleiros, sob a nova designação de Terreiro de D. Gualdim Pais), e do quiosque da Várzea grande, que não há meio de abrir. Porque será?
É inverno, sendo portanto normal o céu cinzento. Parece-me contudo que o cinzento é cada vez mais escuro, o que só pode ser mau prenúncio para os tempos que se avizinham. O povo também vai acabar por se fartar perante tanta asneira. 
Só falta saber quando.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

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Política local - Campanha de compras de Natal

Gente rica (com dinheiro alheio) é outro nível!

Actualização, às 10H00 de 17/11/2021: Por favor leia a nova Adenda 2

Há que dar  sempre razão a quem a tem! Bem dizia a srª vereadora Filipa Fernandes, justificando a nova edição,  que no ano passado a sua iniciativa Tomar Natal é no comércio local foi um sucesso, replicado em diversos outros concelhos. Relata O Mirante que a câmara da Azambuja, distrito de Lisboa, acaba de lançar pela segunda vez a campanha Natal é no comércio local:
Como se pode ler, os autarcas azambujenses resolveram sortear, durante a quadra natalícia, cinco vales de 100 euros em compras nos estabelecimentos locais. Para poder participar no sorteio, os interessados devem obter cupões para o efeito,  nos estabelecimentos aderentes, na proporção de um cupão por cada dez euros de compras, havendo um limite máximo de dez cupões por factura.
Em resumo, a Câmara da Azambuja vai atribuir por sorteio um total de cinco vales de compras de cem euros cada, a efectuar no comércio local até 28 de Fevereiro de 2022. Por conseguinte, uma despesa camarária global de 500 euros.
Comparativamente, a Câmara de Tomar, socialista como a da Azambuja, atribuiu 100 mil euros para a campanha Tomar Natal é no comércio local deste ano, tal como já fez no ano anterior. Dado que o concelho de Azambuja tem 17.597 eleitores inscritos, e o de Tomar 33.892, apenas o dobro, por conseguinte, a conclusão pode variar, mas irá sempre no mesmo sentido: 
1 - A Câmara de Tomar é rica, com o dinheiro  dos contribuintes, e gente rica é outro nível, pelo que se aceita o gasto de 100 mil euros com os comerciantes locais.
2 - A Câmara da Azambuja é uma autarquia de "agarrados ao dinheiro", tipo tio Patinhas. Para gastarem apenas 500 euros com o comércio local, 200 vezes menos que em Tomar, mais valia estarem quietos. Ficavam melhor na fotografia.
3 - Dado o enorme fosso, quase um rio Amazonas, entre as duas ajudas autárquicas, deduz-se que a crise dos comerciantes deve ser muitíssimo mais grave em Tomar que na Azambuja. Ou não?
4 - Têm razão aqueles que em Tomar criticam os desavergonhados que acusam a maioria PS local de ter andado, e continuar, a comprar votos. Como se constata, comparando com a Azambuja, só pode ser uma calúnia! E das grandes! Duzentas vezes maior que na Azambuja, que tem metade da população de Tomar. Poleiro, a quanto obrigas!

ADENDA
Tudo tem afinal a sua explicação. O PS obteve resultados percentualmente idênticos na Azambuja (3.672 votos, 39,76%) e em Tomar (7.157 votos, 39,70%). A grande diferença, que lhe permite repetir este erro descomunal, é que em Tomar elegeu 4 vereadores, contra 3 do PSD. Pode portanto fazer o que entende. 
Já na Azambuja o PS ficou-se pelos 3 vereadores, contra 4 da oposição (2 PSD/CDS/PPM/MPT, 1 CDU e 1 Chega). Os socialistas são assim minoritários no executivo municipal, estando portanto obrigados a respeitar a vontade da oposição. O que explica os cinco vales de compras de natal, de cem euros cada, em vez do escândalo de 100 mil euros de vales de compras de natal em Tomar, apesar do voto contra da oposição.
É um belo exemplo prático do axioma político bem conhecido por essa Europa fora: "O poder absoluto corrompe absolutamente." Oxalá os tomarenses ainda não se tenham esquecido em Janeiro próximo.

ADENDA 2
A confirmar os excelentes resultados desta e de outras iniciativas socialistas desde 2013, início do actual reinado, os cadernos eleitorais não enganam, tal como no célebre anúncio do algodão, na TV. De acordo com os números oficiais do MAI, nos últimos 8 anos desapareceram do concelho de  Tomar 3.418 eleitores. Durante o mesmo período, desapareceram do concelho da Azambuja apenas 14 eleitores. O concelho da Azambuja tem metade da população do concelho de Tomar. Assim, em igualdade de circunstâncias, o concelho de Tomar devia ter perdido apenas 28 eleitores, em vez dos quase três mil e quinhentos. 
Mais informações, ou estão esclarecidos?