Vida local - Informação - Autarquia
FAZER O MAL E A CARAMUNHA
Os tomarenses que gostam de ler, e de manter-se informados sobre a vida local, conhecem bem a triste situação vigente. Salvo uma ou outra excepção, os meios informativos locais foram-se colocando na dependência da autarquia, tanto em termos de publicidade e subsídios, como até em serviços específicos encomendados e pagos. Há mesmo um caso insólito, se não único, pelo menos raro no país.
Um determinado órgão informativo local, recebeu da autarquia perto de 90 mil euros, a título de pagamento antecipado de publicidade a publicar. Bem sei que se tratou de um estratagema para conseguir resolver enormes e usuais dificuldades de tesouraria, para poder continuar a manter alguns postos de trabalho mal pagos. Mas mesmo assim custa a engolir, porque não tardará a surgir a necessidade imperiosa de nova edição da estranha benesse, com os inconvenientes que isso implica.
Tudo isto seria tolerável, apesar de mau, não fora o caso de os responsáveis pelos suportes informativos abusarem excessivamente da paciência alheia. Por um lado, deixaram de cumprir cabalmente a sua missão de informar. Venderam-se de facto. Tornaram-se meras correias de transmissão de quem lhes paga, via orçamento municipal.
Por outro lado, como se não bastasse a pouca vergonha, insurgem-se com quem faz contra eles o que deixaram de fazer em relação ao poder que lhes paga -crítica frontal argumentada. É uma evidente falta de verticalidade, usualmente conhecida pela expressão fazer o mal e a caramunha. Há dúvidas a tal respeito? Pois aqui vai um excerto insuspeito:
"Nada contra se os jornais cumprissem a sua função, o que não é o caso na grande maioria, ou por falta de jornalistas ou por estarem a ser dirigidas por pessoas que estão a viver ainda nos anos de chumbo. É difícil olhar para um jornal que não tenha uma política editorial que faça com regularidade o escrutínio das instituições e dos seus protagonistas; que não dê prioridade aos assuntos de sociedade e não esteja do lado dos mais desfavorecidos da comunidade.
A falta de auto-critica e a subserviência das instituições do sector ao poder instituído, assim como a falta de interesse pelo associativismo da classe, faz de Portugal um país de caciques e de pobres diabos que continuam a fazer do jornalismo local e regional uma actividade para asilados. Entretanto as tiragens dos quatro jornais de referência em Portugal caíram para menos de metade nos últimos anos."
Façam o favor de tomar nota, senhores visados. E não se esqueçam de continuar a propalar que Tomar a dianteira 3 é só má-língua. A vossa teimosia e as vossas outras asneiras, vão dando alento a Tomar a dianteira 3 para prosseguir.
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