Imagem Tomar na rede, com o nosso obrigado
Autarquia - Investimento - Hotelaria
ESTALAGEM DE SANTA IRIA: FINALMENTE???
Começaram as obras de remodelação na Estalagem de Santa Iria, lê-se no Tomar na rede. Que acrescenta -premonitoriamente- não haver por enquanto no local qualquer indicação escrita e/ou imagética do que ali se vai fazer. À moda de Tomar, desde que esta maioria PS julga que manda. Premonitoriamente, porque pode acontecer que nem mesmo a Câmara, os técnicos responsáveis, ou sequer os donos da obra saibam já como vão ser as "telas finais". Depende...
Ainda assim, parece que entramos enfim na fase terminal da trapalhada que começou em Janeiro de 2009 (Há 12 anos!!!), quando terminou o contrato de concessão daquele espaço camarário a uma modesta empresa privada. Para melhor entendimento da confusão que então reinou, basta recordar que só nove anos depois, em 26/06/2018, já no segundo mandato da actual maioria, a Câmara conseguiu uma decisão judicial condenando a empresa concessionária a entregar-lhe o local.
Apesar de tal trunfo, a presidente da Câmara ainda teve de ousar mandar cortar a água e a luz, para finalmente reaver o edifício e boa parte do recheio, entregue por uma empresa que já não pagava a renda convencionada havia nove anos. É preciso muita lata e muitas influências bem oleadas nos locais certos, para que tal possa ter ocorrido. Ou não?
Com o edifício e parte do recheio novamente na sua posse, teria sido uma boa ocasião para debater em grupo o que fazer com aquele equipamento. Que já foi excelente, mas agora está muito degradado, fora de moda, desactualizado e sem condições de rentabilidade.
Teria sido, mas foi só mais uma ocasião perdida, por dois motivos principais. Desde logo, por não haver em Tomar o hábito de discutir serenamente os problemas locais e regionais. Depois porque, não havendo qualquer plano local de turismo, ou coisa que se pareça, também faltam os dados técnicos susceptíveis de fundamentar as várias opções possíveis.
Sem qualquer debate prévio e sério, em vez de optar por um simples café-retaurante, com esplanada, biblioteca e quartos ocasionais, a Câmara preferiu, praticamente "às cegas", nova concessão para alojamento hoteleiro. O resultado é conhecido. Foram os próprios técnicos superiores da autarquia que acabaram por contestar o modo como foi efectuado o respectivo concurso de arrematação.
Poupam-se aos leitores os detalhes pitorescos (para não usar outro vocábulo mais preciso) dos episódios seguintes das novelas "Sólido favorito" e "Era uma vez em Tomar, Lda.", a actual titular da concessão camarária, de origem leiriense.
Deseja-se aos corajosos investidores, que já gerem na cidade outras três modernas unidades hoteleiras, toda a sorte possível. E muita coragem e audácia, porque bem precisam, numa terra empurrada para o futuro pelas circunstâncias, sem quaisquer planos dignos desse nome. A começar por uma coisita que denominam impropriamente de PDM, e que já nasceu incapaz.
Entretanto, só para irem pensando um bocadinho, se assim o entenderem, deixam-se aqui alguns elementos simples. O primeiro é o da capacidade. Tendo em conta a evolução do turismo, qualquer unidade hoteleira que não possa alojar pelo menos um grupo de cada vez, perde um importante factor competitivo. Por conseguinte, menos de 60 camas é sempre arriscado.
Há depois o problema do saneamento. Até agora, os esgotos da estalagem têm ido parar ao Nabão, via duas fossas sépticas localizadas do lado poente. Tal solução está agora proibida na área urbana, e a ligação à rede urbana de emissários não é fácil. Convém resolver quanto antes, pois nas terras pequenas tudo acaba por se saber. E o cheiro é como o algodão do anúncio TV. Não engana.
Segue-se a questão das futuras festarolas nas proximidades (Frango assado, na Várzea pequena, Cerveja junto ao ex-estádio, concertos rasca em pleno Mouchão) Perguntem a quem opera o Hotel dos templários, as queixas que já tiveram nessa área. E os clientes habituais que já perderam por causa disso...
Finalmente, realçando e louvando mais uma vez a audácia de que têm dado provas, pede-se aos investidores que pensem um bocadinho na resposta que o Duque de Alba deu ao sobrinho, o nosso rei D. Sebastião. Quando aquele Grande de Espanha recusou acompanhar o sobrinho na investida marroquina, que culminou em Alcácer Quibir de forma trágica, o jovem rei português perguntou-lhe se sabia o que era a cobardia. - Sei bem, meu sobrinho. É da mesma cor da prudência.
D. Sebastião desapareceu durante a batalha. O duque de Alba faleceu na sua cama, já a idade ia bem avançada. A tal prudência...
A que propósito vem este episódio histórico? Apenas para lembrar coisas elementares, e pedir que, quando por ali passarem, olhem para aquele edifício grande, degradado e velho, separado dos outros prédios mais recentes por uma pequena rua, do lado esquerdo de quem olha da Várzea grande para a Rodoviária.
Agora durante o inverno, após alguma chuva mais intensa, ainda é possível ler na parede do dito prédio arruinado parte da inscrição GRANDE HOTEL, em letras pretas de quase um metro de altura. Foi inaugurado na década de 40, já então para servir os turistas que viriam pelo recente Ramal de Tomar. Durou pouco. Acabou como camarata do Colégio Nuno Álvares. Actualmente está devoluto e em risco de derrocada. Mas foi uma grande obra naquela época.
Não é caso único. Na esquina noroeste Torres Pinheiro/Conde de Ferreira, jaz o edifício da Pensão tomarense, fechada há mais de vinte anos. Na esquina sudoeste Silva Magalhães/Alexandre Herculano, já houve a Pensão Gândara. E onde estão agora as Finanças, funcionou a Pensão Lisbonense, que a dada altura pertenceu à família do musicólogo, maestro e compositor Lopes-Graça.
Os cemitérios locais estão cheios de cadáveres de excelentes empresas...
É agora que vão aparecer os quadros da Festa.
ResponderEliminarFinalmente!