segunda-feira, 8 de novembro de 2021

 

Vidros partidos, na Estalagem de Santa Iria. Foto Tomar na rede.

Política local - Assembleia Municipal- Contestação

Quando vai tudo bem, pode acontecer o pior

Escrevi na crónica anterior que o presidente da AM, o deputado socialista Hugo Costa, está no bom caminho. Posteriormente, o Tomar na rede avançou que desta vez a convocatória para a sessão do parlamento local só foi publicada no Cidade de Tomar, quando era costume sair igualmente n'O Templário e n'O Mirante. O mesmo Tomar na rede noticiou igualmente condenáveis actos de vandalismo, na Estalagem de Santa Iria e nos sanitários junto ao ex-estádio. São ocorrências nabantinas, e portanto interligadas.
Lá porque aqui se escreveu que o presidente da AM está no bom caminho, isso não quer dizer que seja sempre, ou sequer, o caso. Trata-se apenas de uma opinião, de um cidadão a viver longe do vale do Nabão. Ainda assim, o corte de publicidade, decidido por Hugo Costa, pode ter causas diversas. Tratando-se de simples represália contra quem ousou eventualmente mijar fora do penico oficial, é naturalmente uma atitude condenável. Mas é evidente que ele vai dizer que  há necessidade de reduzir despesas, e que por algum lado se tinha de começar.
Pena é que, nesta questão, tenha seguido o modelo da maioria socialista no executivo. Determinou e mandou publicar, marimbando-se para a obrigação de explicar aos eleitores aquilo que, mal ou bem, se vai fazendo. Quem jurou cumprir com lealdade, deve depois honrar esse juramento.
É justamente a sistemática ausência de explicações, a evidente alergia à crítica e a ilusão que vai sempre tudo bem, que podem estar na origem dos actos de vandalismo antes referidos. 
Sendo agora consensual que a maior parte da informação local está comprada, que a anterior Assembleia Municipal se limitou regra geral a votar favoravelmente tudo o que o executivo apresentou, e que o executivo age como se fosse soberano absoluto do reino tomarense, procurando retaliar quando alguém discorda e ousa dizê-lo, é natural que uma parte da população, menos acomodada, comece a sentir que não dispõe de canais legais e seguros para mostrar o seu descontentamento. Daí os actos de vandalismo, pela calada da noite e naturalmente anónimos.
Trata-se portanto de sinais alarmantes, a juntar a outros de que nem sequer se falou, ali para os lados do Flecheiro, da Srª dos Anjos, ou do bairro 1º de Maio. O fenómeno é geral, mesmo nos países europeus mais a norte, e tende a expandir-se. Só para se ter uma ideia da sua complexidade e gravidade, enquanto movimento contestatário violento, segundo o jornal Le Monde, há actualmente em França 100 mil cidadãos de origem estrangeira, que foram expulsos do país por decisão judicial, na sequência de condenações várias, designadamente por actos de vandalismo e agressão às autoridades.
Numa manobra vil, esses condenados destruiram ou esconderam os documentos de identidade, o que torna necessária a emissão de novos documentos pelas autoridades de origem (Argélia Marrocos e Tunísia), para que possam viajar. Perante a recusa desses países em emitir os referidos documentos, as autoridades francesas já retaliaram, reduzindo em 50% o número de vistos a conceder, mas nem assim a situação mudou. Os países em questão já protestaram, mas quanto a documentos a França continua a aguardar
Dirão alguns, que em geral  se têm por sabidões, que o problema em Tomar é muito diferente, porque só temos a questão do Flecheiro e esses são portugueses. Pois são. Lá isso são. Pelo menos nos documentos oficiais. Mas mesmo assim ninguém os quer ao pé da porta.
Porque será? Racistas! Está-se mesmo a ver.

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