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Política local - Convivência - Bairros sociais
O problema dos ciganos tomarenses
1 - Os antecedentes remotos
Diz o povo, como herdeiro de sabedoria milenar, que "o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita". É o que está a acontecer com os ciganos tomarenses, provenientes do acampamento do Flecheiro. Volta e meia há queixas dos outros moradores da zona, contra o ilegal barulho nocturno e a aparente inépcia das autoridades competentes.
Se nos idos de 70, quando apareceu o primeiro acampamento na então quinta de Santa André, junto à Praça de touros, origem dos actuais três clãs (Róflin, Pascoal e Fragoso), lhes têm aplicado com rigor a legislação existente naquela época, o problema nem teria chegado a existir. Ficavam acampados oito dias no máximo, e depois ou partiam voluntariamente, ou eram expulsos, conforme disposto na lei, por se tratar de nómadas, em boa parte indocumentados.
Em vez disso, imperou a tradicional esperteza saloia. Devido à incómoda presença dos acampados, a quinta foi vendida por baixo preço e o comprador apressou-se a pedir ao então presidente da Câmara, o socialista Luís Bonet, ex-administrador de circunscrição em Angola, que arranjasse outro local para o acampamento cigano.
A Câmara indicou os terrenos de que dispunha no Flecheiro, e aí se instalou e expandiu a comunidade durante mais de 30 anos. De tal forma que agora a maioria dos habitantes, herdeiros dos da quinta de Santo André, já são tomarenses de nascimento.
Tomarense de nascimento, mas não em termos culturais. Têm usos, costumes e comportamentos diferentes, em parte incompatíveis com os nabantinos de cepa.
O que provoca choques de tempos a tempos. Não culturais, mas justamente de falta de cultura, de óbvia carência de boas maneiras. Ambas as partes são algo toscas em termos de convivência cívica, com muito mais gravidade entre os calé, é verdade, mas o resultado é o mesmo. Nenhuma das partes mais interessadas (ciganos e moradores nas proximidades) mostra tolerância, ou sequer boa vontade em relação à outra. Quando assim acontece, raramente as coisas acabam bem.
(Continua)
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