domingo, 31 de outubro de 2021

 

A boa educação serve para quê?

Civismo - educação - boas maneiras

CASCA GROSSA E POLIMENTO


Foi o jornalista José Gaio que lançou o tema, no Tomar na rede. Depois disso, também já aqui se falou nessa matéria. Parece-me, contudo, que há ainda bastante para esclarecer. Refiro-me à educação cívica e às boas maneiras, que são praticamente a mesma coisa.
Tema com pouco interesse? Ao que me consta, assim pensam muitos conterrâneos, alguns dos quais até afirmam que se trata apenas de mais uma maneira ardilosa de atacar os eleitos  e alguns funcionários.
É uma posição que não surpreende, sabido como é que, salvo raras excepções, tão malcriados são os governantes como os governados. Abaixo dos 60 anos é uma desgraça. Pela simples razão de terem saído quase todos dos mesmos moldes educativos. Famílias sem tempo para os vigiar e ensinar devidamente; escolas do deixa andar, que depois logo se vê, sob pretexto que não se devem reprimir as crianças, pois já bastou o tempo da outra senhora.
O resultado de semelhante caldeirada é aquilo a que assistimos agora. Vivemos numa sociedade agreste, de cidadãos predominantemente mal educados, e por isso sem maneiras. A tal ponto que nem se queixam, pois ignoram em geral o que seja, ou menosprezam "essas mariquices". E assim vamos sendo maltratados, tanto pelos funcionários públicos e eleitos, como pelos empregados e patrões. Quem não tem, porque nunca adquiriu, não pode usar.
Querem um exemplo flagrante e inesperado? Aquando das recentes autárquicas, aproximei-me da mesa de voto, disse bom dia a todos, e apresentei o cartão de cidadão. Ouvi então este belo naco de prosa, da parte do senhor presidente de mesa, um jovem dos seus 40 e tantos: - "António Francisco RABELO. RABELO como os barcos do rio Douro". 
Fiquei boquiaberto, pois não conheço o cidadão de lado algum. Mas calei-me, para respeitar a solenidade do acto. Votei, recuperei o cartão de cidadão, agradeci e abandonei o pavilhão. Agora pergunto: Será isto adequado, da parte de um presidente de mesa de voto? Certamente que não, por se tratar de evidente estilo casca grossa.  De falta de educação. Mas como ninguém os terá esclarecido antes que os membros das mesas não devem fazer comentários sobre os cidadãos eleitores, o indivíduo ainda agora deve estar convencido de que agiu com correcção. E escrevi indivíduo, porque cavalheiro não é de certeza.
O mesmo acontece com a degradação do Mouchão provocada pelos eventos, o abandalhamento do piso térreo do edifício do turismo, o mau atendimento geral nos serviços públicos, a colocação do centro de vacinas num primeiro andar com um só elevador, a falta de assentos nos locais onde é preciso esperar, a evidente arrogância de quase todos os eleitos, e por aí adiante.
É portanto urgente ter a coragem de dizer BASTA! Tornem-se humildes. Reconheçam a vossa evidente falta de maneiras, de polimento, e procurem aprender. Eduquem-se!! Abandonem essa ideia reles, segundo a qual boas maneiras, gestos agradáveis e palavras carinhosas são simples mariquices.
Se assim não procederem, acabarão por ser vítimas do mesmo mal. Até porque estão em desvantagem. Quem aprendeu as regras da politesse, as tais boas maneiras, também sabe ser ordinário, quando é mesmo indispensável para se fazer entender. Já os praticantes da ordinarice como modo de vida, só após muito trabalho prévio conseguem mudar de estilo. Quando conseguem.
Como se diz lá para as bandas da torre Eiffel, "le style c'est la personne."

2 comentários:

  1. Nem tudo ao mar nem tudo à terra.. eu sou pós 25/4 e não me revejo nisso.
    Tambem existe cada vez mais a ideia que quem berra mais alto, é mais sabujo, e se safa como pode é que faz bem..

    E nem a propósito hoje vi isto, os miúdos andam sem rumo:
    https://www.facebook.com/1145657209/posts/10219915887504655/

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    1. Como decerto não ignora, são as excepções que confirmam as regras, sendo certo que é sempre arriscado generalizar. Dito isto, a grande maioria...

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