domingo, 10 de outubro de 2021

 


Resultados eleitorais

O naufrágio anunciado 
do CDS e parceiros

Já aqui o escrevi anteriormente, mas julgo útil repetir: Deixei-me levar pela emoção e errei estrondosamente o resultado eleitoral da coligação encabeçada pelo CDS-PP. A isso fui levado pela bela e semanal prosa do cabeça de lista Caldas Vieira n'O Templário, coisa assaz rara na informação local, ainda mais vinda de um candidato.
Analisando agora a frio, constato que afinal foi uma derrota anunciada do próprio candidato e não da coligação. É triste, mas é assim. Mais adiante já veremos porquê. Por agora vejamos os resultados:

Resultados eleitorais CDS - Tomar

                           2013       2017     2021
Câmara................560.........661.......572
Assembleia..........771.........710.......861

É evidente a discrepância. Apesar da coligação, o CDS apenas conseguiu mais 90 votos para a AM em relação a 2013, tendo pelo contrário regredido em relação a 2017 para a Câmara. Porquê?
Falando antes das eleições com um responsável local e candidato do PSD sobre a falhada coligação com os centristas, foi-me dito que se conseguida acabaria por ser nefasta, pois roubaria votos laranja. Percebo agora o porquê de tal posição.
Com ambas as listas encabeçadas por tomarenses (Caldas Vieira e Francisco Tavares), havia e há uma diferença substancial a separá-los. Enquanto Tavares é aceite como tomarense "da boa sociedade nabantina", seja lá isso o que for, Caldas Vieira é um "estrangeirado", pela sua vivência, pela sua experiência e pela sua atitude. Tanto assim que até ousou expor publicamente, num semanário local, aquilo que pensa e, pecado capital, não pensa manifestamente como os integrantes da antes citada "boa sociedade". Numa curta frase, não pensa nem fala em "tomarensês", e isso os queridos conterrâneos nunca perdoam. A ninguém. Quem não fala o dialecto é logo banido.
Sei do que falo, pois sou outra das vítimas, há mais de 50 anos. Quando me disseram pela primeira vez "tem cuidado que esta terra é madrinha para os de fora e madrasta para os seus filhos".
Pude constatar depois que realmente assim é. São bem tratados os forasteiros que falam e pensam como os "tomaristas". São castigados os filhos da terra que usam outra linguagem, como por exemplo o "europês".
Estou a exagerar? A ver mal o problema? Julgo que não. Tenho até um outro exemplo, que não deixa margem para dúvidas. Nas eleições internas do PSD nabantino houve disputa entre duas listas. Uma encabeçada por Lourenço dos Santos, tomarense, ex-secretário de Estado e representante de Portugal na OCDE. Outra por Lurdes Ferromau, nascida alhures, técnica superior de emprego, presidente de junta de uma freguesia de 2.440 eleitores, dos quais votaram apenas 1.348.
Ganhou a lista Ferromau e o resto é do domínio público. A candidata depois derrotada nem sequer exibe uma oralidade aceitável. Mas, lá está, fala "tomarensês" ao contrário Lourenço dos Santos, um óbvio estrangeirado. Empresário, ainda por cima.
Naturalmente magoado com o que lhe aconteceu e não merecia, Caldas Vieira não voltou a escrever, nem comentou o naufrágio por escrito, o que é pena. Aqui se lhe pede que reconsidere. Não só porque a sua prosa limpa faz falta, mas também porque está muito bem acompanhado na galeria dos estrangeirados rejeitados pela gentinha tomarense. Que faça suas as palavras de Fidel Castro, que afinal até aí se enganou: "Condenem-me, pouco me importa. A história absolver-me-à". 
A história não o absolveu, mas só por causa de factos ocorridos depois do julgamento do assalto à caserna de Moncada, durante o qual disse as palavras citadas.

2 comentários:

  1. Eu penso que a abstenção é tão elevada devido aos eleitores fantasma, e digo isto literalmente pois estou a referir-me aos eleitores falecidos, e penso que as listas não são atualizadas porque quanto mais eleitores houverem mais eles (partidos) ganham!!!! Um dia nós todos também estaremos nessa lista.
    Quanto aos dotes do Fernando Caldas Vieira discordo, ele divaga muito e não vai direto ao assunto, tal como mais de 90% dos portugueses que fala em publico. A objetividade é uma virtude. O Fernando Caldas Vieira está a anos luz dos políticos mainstream que falam nas televisões, com exceção do camarada Jerónimo.

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    1. Não pretendi aquilatar do estilo da prosa de Caldas Vieira, nem da sua ideias. Apenas pretendi realçar o seu hábito de escrever regularmente num órgão de informação. Conhece mais algum candidato tomarense que o faça, ou já tenha feito?
      Sobre os eleitores fantasma, lembro-lhe que os cadernos eleitorais são actualizados anualmente de forma automática. Por conseguinte, os eleitores falecidos desaparecem. Os que têm dupla morada é que ainda não.

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