segunda-feira, 11 de outubro de 2021

 


Política local - Crise - Decadência

Arrastados rumo ao futuro
Às arrecuas
Levados por minorias incapazes e mal formadas

"Tomar no caminho certo"? Os recentes resultados eleitorais em Tomar deixaram-me banzado. Nunca tinha encarado a hipótese que se veio a verificar: a repetição do resultado quanto a eleitos no executivo. Sempre me pareceu que tal só poderia acontecer num eleitorado praticamente mumificado. E afinal...
Convém portanto começar por tentar desmontar o embuste de uma consulta popular, segundo um modelo operacional feito à medida das conveniências partidárias. O qual não se limita a impedir candidaturas individuais. Faz também certas coisas parecerem aquilo que não são.
Assim, a abstenção, oficialmente de 47,8% no concelho, é bem mais vasta, se a considerarmos um voto de protesto = "não vou votar porque não há escolha possível". Se lhe acrescentarmos a votação nos chamados partidos de protesto (BE, CHEGA e CDU), bem como os votos brancos e nulos, obtemos um total de 69,07% de abstencionistas e protestatários. Restam assim apenas e só 30,93% de votos nos partidos com eleitos no executivo, o que vem a dar, grosso modo, 21,11% no PS e 18,43% no PSD. Como se pode ver, estamos perante minorias bem vincadas, em vez das pretensas maiorias apregoadas.
São estes representantes eleitos por 30,93% de todo o eleitorado que vão em teoria conduzir os destinos do concelho até 2025. Digo em teoria, porque na verdade o PSD (18%43) já demonstrou anteriormente que está lá só para aplaudir e ir acompanhando o cortejo. Quanto ao PS...pois! Continua a existir aquele óbice da tal "panelinha" que manda de facto na autarquia, apesar de nunca terem sido eleitos. Até agora, só António Paiva os conseguiu controlar devidamente, o que provocou a saída precipitada da lider de facto.
Dito isto, que era imprescindível para ajudar a explicar e tentar acabar com a arrogância, a sobranceria, a auto-suficiência, e até a falta de polimento, é tempo de passar à outra face do problema. Logo a seguir ao 25 de Abril e durante mais de uma década, generalizou-se em Portugal o facilitismo no ensino, como reacção natural ao antigo autoritarismo. Houve assim milhares de diplomas de todos os níveis entregues praticamente em regime dito de "passagem administrativa". Sem quaisquer provas prévias de controle de conhecimentos.
Os anos foram passando, de tal forma que, décadas mais tarde, os eleitos que temos são na sua maioria, em termos de formação universitária, "de passagem administrativa". Não espantam, ou não deviam espantar por isso, os cada vez mais frequentes e evidentes exemplos de incapacidade para as funções que tentam desempenhar.
Tal acontece não só entre os eleitos, mas também nas áreas do urbanismo e da engenharia, para já não falar, por exemplo, em erros médicos, muito mais raros porque protegidos pelas barreiras hospitalares.
Atendo-se apenas, por razões práticas, à arquitectura e à engenharia, temos em Tomar excelentes exemplos de falhanços monumentais, que resultam da manifesta incapacidade de eleitos e de técnicos para entenderem que o adequado planeamento tem sempre de incluir duas partes -o projecto propriamente dito e o estudo das suas consequências.
Por assim não procederem, são cada vez mais os monos municipais, alguns dos quais custaram milhões. Levada, Várzea grande, Nun'Álvares, Estrada do Convento, Estacionamento junto ao castelo, Ruínas atrás dos bombeiros, aí estão a mostrar que somos um concelho de gente pouco capaz. Que inclusivamente se recusa  a reconhecer a sua incapacidade, e por conseguinte nunca pede ajuda.
Assim vamos, arrastados rumo ao futuro, às arrecuas, levados por minorias incapazes e mal formadas, mas que mesmo assim apoiamos, alegadamente à falta de melhor.
Enquanto os tomarenses mais capazes vão fazendo a mala atempadamente. Em 10 anos foram-se 10,4%. Ainda acham pouco para começar a mudar?

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