domingo, 24 de outubro de 2021

 


Turismo - Economia local - Autarquia

Assim nos vão iludindo 
e os problemas se vão agravando

Se alguma entidade resolvesse, por hipótese,  anunciar um seminário de Medicina militar, e nele não participassem, no mínimo,  médicos, enfermeiros, psicólogos e administradores hospitalares, seria um escândalo. Ou não ? 
Pois é algo semelhante que acaba de ocorrer no Convento de Cristo. Houve um "Seminário de Turismo Militar", que foi muito concorrido. Directora do Convento, Presidente do Politécnico, Presidente da Entidade regional de Turismo do Centro, Directora da CCDR do Centro e os demais "penduras do costume". Até apareceu uma arqueóloga aposentada, para acompanhar uma visita aos por ela alegados vestígios muçulmanos, no Castelo e nos Paços do Infante. Vejam bem! 
Só faltaram mesmo os profissionais de turismo. Dos verdadeiros. Agentes de viagens, operadores, guias, tour-leaders, animadores, empresas de aviação, de cruzeiros e de autocarros,  directores hoteleiros e de aldeias de férias... 
Muito aborrecido, não é?
De resto, a própria designação de "turismo militar" parece bastante equívoca. A título de mero exemplo, o autor destas linhas, que esteve na guerra em Angola, como miliciano, no quadro de Serviço militar obrigatório, entre 1962 e 1965, com tudo incluído, mesmo a arma e as munições para ir à caça,  pode-se dizer que foi turista militar? E quando comandou a  escolta do cônsul americano em Matadi, de Nóqui até Luanda, foi  guia turistico militar? 
Não seria melhor "Património histórico-militar", em vez de "turismo militar"?
Num tal quadro, a nossa querida presidente, (que teve honras de "doutora", atribuídas pela apresentadora do evento, quando afinal é apenas bacharel em recursos humanos pelo Politécnico de Tomar), até tratou por tu o presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro), e disse mesmo uma frase surpreendente, a qual não terá sido agradável para todos os presentes. Segundo a eleita, "Estamos perante um recurso que ainda tem muito que trabalhar para chegar a produto turístico." Trata-se portanto de algo que está praticamente na mesma situação do citado seminário: Ainda têm muito que convidar  profissionais/operacionais de turismo, para que possam vir a ser um verdadeiro seminário de turismo. Militar, ou de qualquer outra especialidade. Assim, foi sobretudo um encontro de dirigentes funcionários do Estado, com o turismo como bengala.
Tem portanto razão a presidente Anabela Freitas? Tem sim senhor. Mas a sua posição perde peso, ao saber-se que a situação tomarense não é nada brilhante na área do turismo. A começar pelo principal recurso local, o Convento de Cristo. 
Recebe todos os anos (sem pandemia) mais de 300 mil visitantes, mas perde milhares de outros, por falta de adequadas estruturas de acolhimento. Porque a Câmara parece ainda não ter percebido que está perante algo inevitável, mais cedo ou mais tarde. 
Tem de providenciar estacionamento em larga escala, sanitários bem dimensionados, sinalização adequada e vigilância electrónica, para evitar a continuação dos roubos sistemáticos nos carros estacionados nas proximidades do monumento. E não pode esquecer a necessidade imperiosa de "trazer" os turistas até à cidade.
Algo muito mais complexo e laborioso que um belo discurso de circunstância. Exige um bom plano local de turismo, o que é uma maçada.  Especialistas  há muitos, uma vez que em Portugal todos sabemos de política, de futebol e de turismo, mas depois vai-se a ver... 
Assim nos vão iludindo,  e os problemas se vão agravando. Até quando?
Anabela Freitas quer deixar nome na história local, o que se compreende. Depende apenas dela que seja por boas ou más razões.

1 comentário:

  1. Recentemente foram inauguradas as obras do castelo de Leiria , que contemplado com um elevador !
    Já em Lisboa para se aceder ao castelo foram instalados dois lances de escadas elétricas !
    Por aqui talvez metade da verba da obras da Várzea Grande daria para dois ou três lances de escadas a partir do parque de estacionamento para a serrada dos cães , os autocarros aí deixavam os clientes que depois da visita desciam á cidade e em hora a combinar seriam recolhidos nas várzeas , grande ou pequena !

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