Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos.
Economia - Política local
A inútil reza do irmão Rogério
O economista-professor José Rogério e o autor destas linhas, somos praticamente irmãos na crítica. Socialistas e isolados, cá vamos insistindo, tendo sempre na mira os interesses da comunidade tomarense, e não deste ou daquela. O José Rogério, mais moderado e ainda crente, vai rezando. Quem escreve estas linhas, mais radical porque descrente, vai pregando em tom mais rude. É o separador da idade a funcionar. Rogério ainda pode ter expectativas a dez ou vinte anos. Tomar a dianteira não, como é óbvio.
Tenha quem lê a bondade de proceder como aconselhado pelo célebre secretário do sr. de Lapalisse. Começar pelo princípio, continuar pelo meio e acabar no fim. Neste caso, o princípio é aqui:
Já leu tudo? Ainda não está cansada/o? Parabéns. Faz parte da microminoria tomarense que gosta de leitura e está por isso habituada a ler. Podemos então continuar.
Neste seu bem elaborado texto, o irmão Rogério, no seu estilo moderado, (que outros qualificarão talvez de mole), elenca as várias mazelas locais, concedendo uma vez mais o benefício da dúvida. De forma exagerada, digo eu. Em que se baseia, por exemplo, para esperar uma redenção do contingente laranja? Não podem, porque minoritários sem remissão. Não sabem, por manifesta falta de experiência, pois são todos principiantes. Não querem, porque tal é o seu feitio. Preferem sempre a palmada nas costas ao murro no estômago (em sentido figurado, claro está). Não mudam, porque consideram pertencer a um escol local, sentindo-se por isso mais próximos da maioria PS do que de quem os elegeu.
Dispondo assim de total liberdade nos limites da Lei, os da maioria PS vão abusando, por vezes sem sequer disso se darem conta. A falta de mundo e de sólida cultura geral, tem destas coisas. Eleitos, confirmados e reeleitos, sem apresentarem qualquer programa minimamente credível, julgam que assim é que deve ser. Que os críticos são apenas uns invejosos, que só pretendem chatear e roubar-lhes os lugares.
Não adianta portanto que o irmão Rogério critique as obras ornamentais, ou recomende a adopção de políticas sectoriais eficazes na captação de investimento. Eles é que julgam saber e estar no caminho certo. Não têm planos, para além dessa nódoa enorme que dá pelo nome de PDM, nem querem ter. E contra tal mentalidade não há nada a fazer. Resta aguardar pelo final do mandado, para tudo recomeçar, como se fora o princípio. Uma reedição nabantina do mito de Sísifo. De cada vez que conseguimos empurrar o rochedo até ao topo do monte, ele rola imediatamente para o vale, restando recomeçar a empurrá-lo em direcção ao topo.
Em 2017 estávamos pior que em 2013. Em 2021 estamos pior que em 2017. Não é portanto necessário ser um génio para concluir que há fortes hipóteses de em 2025 estarmos pior que agora. E os socialistas da maioria transitória vão alegar uma vez mais que foi por causa da pandemia. Nem se lembrarão que antes de 2019 não havia pandemia...
Quando os defensores da maioria socialista existente argumentam que "os outros ainda são piores", é preciso dizer algo mais? Já vamos em 13 eleições autárquicas. Olhando para os resultados práticos no terreno, torna-se cada vez mais evidente que o ditador de Santa Comba tinha razão em certos aspectos. Neste, por exemplo: Sempre que lhe perguntavam porque não organizava eleições livres, respondia placidamente "Os portugueses ainda não estão preparados para isso." Substituindo portugueses por tomarenses, temos a explicação para os sucessivos resultados eleitorais, que nos têm prendado com tão bons autarcas.
Basta olhar para os resultados práticos e suas consequências na vida de todos os dias. Esta, por exemplo: A Várzea grande ficou muito bonita, não ficou? Serve para quê? Então e a feira, com uma tradição de séculos? Era alí e vai para onde? Porquê?
Continuemos a orar, irmão Rogério: "Avé Maria, cheia de graça, o senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres... ...Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...Não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal. Amém."
(Para os mais intolerantes, que são muitos, fica o esclarecimento. Não há engano nenhum. São apenas dois excertos. Um da Avé Maria, outro do Pai nosso.)
Reeditado às 15H11 de 21/10/2021, hora de Lisboa.
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