O cinto da Ordem da Jarreteira, no botaréu direito do Coro Alto do Convento de Cristo
Política local - Boas maneiras- Liberdade de informação
Educação, polimento e tolerância
Numa iniciativa que merece aplauso, Tomar na rede resolveu publicar um texto com uma série de conselhos, ou normas de conduta, para todos os eleitos. Visa assim ultrapassar, de alguma maneira, a manifesta falta de educação cívica. As chamadas boas maneiras, por parte dos autarcas que temos. A bem dizer, essas boas maneiras, são aquilo que por essa Europa fora se designa por politesse, donde derivam as nossas conhecidas expressões "falta de polimento" e "falta de verniz". Além da subtil "falta de chá", mais britânica.
Louve-se a coragem do jornalista José Gaio, administrador do site Tomar na rede, (o único órgão de informação local ainda não controlado de facto pela maioria PS), ao entrar num domínio muito escorregadio. Como bem sabemos, os nossos autarcas, e mesmo alguns técnicos superiores, julgam-se acima de qualquer erro em termos da tal politesse, as boas maneiras, quando afinal a situação é bem diferente.
O circunscrito ambiente local tolera, quando não facilita, determinadas atitudes comportamentais, intoleráveis em qualquer democracia digna do nome. Refiro-me à manifesta intolerância, que vai até às medidas retaliatórias, contra todos os que não aplaudem a pobre política local. Chega a ser vergonhoso que alguns eleitos, em vez de responderem frontalmente às críticas de que são alvo, resolvam agredir verbalmente e por sistema quem deles discorda, com acusações infundadas e argumentação infantil. Agem como se tivessem saído da coxa de Júpiter, quando afinal vieram do ventre da mãe, como todos nós, e apenas foram eleitos provisoriamente. Por menos de 8 mil votos, numa terra de 40 mil habitantes, de um país de 10 milhões, que está a encolher, numa Europa de 500 milhões.
Faltam boas maneiras, faltam ideias, falta humildade, falta jogo de cintura, falta capacidade de encaixe, faltam cabeças que funcionem eficazmente. Tomar é portanto um vale de carências de toda a ordem. A tal ponto que, mesmo os nossos melhores, aqueles que escolhemos, ignoram a sua triste condição de cidadãos a precisar de formação contínua. E de que maneira!
Por isso Tomar vai definhando cada vez mais. Por culpa dos outros claro! Os senhores eleitos fazem sempre o melhor possível. E são omnicompetentes, como bem sabemos.
Honni soit qui mal y pense!
Ignoram o que seja esta expressão gaulesa? Trata-se da divisa da Ordem da Jarreteira (que é uma Ordem militar de cavalaria, e não a ordem dos jarretas). Significa literalmente "Maldito seja quem mal nisto vê" e usa-se no final de intervenções escritas ou orais mais ousadas, (como esta) com o sentido de "Desculpem lá, se não fui assaz cordato."
Para os mais interessados, a Ordem da Jarreteira e a do Velo de Ouro, ambas atribuídas a D. Manuel I, estão representadas nos botaréus do Coro alto do convento de Cristo, desde 1510. (Ver foto supra, com o cinto da Jarreteira.)
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