sábado, 9 de outubro de 2021

 



Política local - Resultados eleitorais - Actuação partidária

O declínio dos partidos de protesto 
e a esclerose dos outros

Parece-me melhor começar por esclarecer. Já estou de novo em Fortaleza, num 14º andar da Praia de Iracema, com uma nesga de Oceano Atlântico lá ao fundo. Podendo parecer que não aos mais básicos, faz toda a diferença, em relação à cova nabantina. Tomar "é a cidade mais linda da região", como escreveu há pouco um conceituado jornalista da Chamusca, depois de ter comido na Nabantina, onde  o repasto foi bom, mas o serviço demorado, segundo escreveu. Falta-lhe contudo, e é pena, aquilo que abunda em Fortaleza: alegria de viver, abertura de espírito, cosmopolitismo e tolerância.
Indo agora ao menu de hoje. A informação tomarense que temos ficou-se naquela posição do gato observando o rato, após as recentes autárquicas. Disse o essencial mais banal e calou o substancial capaz de incomodar.
Em relação aos partidos, por exemplo, nada disse até agora sobre o monumental trambolhão da CDU e do BE. Partidos tradicionais de protesto, de "causas fracturantes" no caso do BE, afundaram-se em Tomar, tal como se vão afundando por essa Europa fora, quando os eleitores percebem que afinal só alinham nos protestos que lideram. Os outros temas nunca contam, por muito importantes que sejam.
No caso de Tomar, tanto o BE como a CDU só alinharam em dois casos bem conhecidos -a poluição do Nabão e a Tejo Ambiente- quando começou a parecer mal que estivessem à margem. Os resultados eleitorais aí estão. A CDU perdeu 555 votos em relação a 2017, o que representa a bagatela de menos 35,85%. O BE, por seu lado, registou menos 340 votos, o que corresponde a menos 28,47%. Não foi tão mau como em 2013, quando um jovem principiante da Asseiceira, concorrendo pelo MPT, lhes deu um verdadeira sova, ao reduzi-los a 500 e poucos votos, mas andou lá perto.
E agora CDU? E agora bloquistas? Vai ficar tudo na mesma, com mais uma camada de pintura? Ou vão finalmente debater a fundo e mudar de vida? Cada vez mais, na política as pessoas aceitam acompanhar, mas recusam ser levadas, que é o mesmo que lideradas.
Nesta desgraça partidária, as coisas também não correram nada bem  ao PS e ao PSD. Os socialistas lá vão ornamentando a coisa para disfarçar, como de resto vem sendo seu hábito, sem contudo conseguirem esconder que perder quase mil votos após tanta compra encapotada e oito anos no poder, não se pode dizer que seja uma vitória. O que lhes vale é a manutenção no poder e sobretudo a maioria absoluta, que vão permitir mais asneiras nefastas para os tomarenses. Mas se os próprios prejudicados acham que está tudo muito bem, que havemos de fazer? Resta protestar por escrito, como venho fazendo, ou votar com os pés, indo viver para longe do Nabão, como também já faço.
No PSD começa a ser ridícula a falta de consistência política. Mesmo sem escalpelizar o lamentável caso da cabeça de lista, que fora do partido ninguém percebe como foi ali parar, é evidente que há naquela agremiação muito amadorismo com traços de adolescente. Agora chegou a vez do terceiro da lista, o sr. vereador Francisco, aparecer na imprensa local com um texto repleto de promessas, que ele deve saber que na prática não passam de simples embustes. Com efeito, num executivo em que um partido tem maioria absoluta, que pode esperar fazer o outro partido na oposição? Poderia protestar, condenar, votar contra, insurgir-se e por aí adiante, mas esse não é o estilo social-democrata tomarista. Pelo menos não tem sido.
Também seria possível avançar com propostas estruturais, capazes de modelar a actividade económica e empresarial em Tomar, coisa que os socialistas não têm, nem sabem muito bem o que venham a ser. O drama é que os laranjas tão pouco parecem preocupados com tais documentos de trabalho, apesar de contarem com uma economista, um professor de gestão e um empresário no executivo, tudo competências que faltam no PS. Mas se não são aproveitadas, servem para quê? Para enfeitar, à maneira da Várzea grande?
O naufrágio de Caldas Vieira e do CDS ficam para a próxima crónica.

Sem comentários:

Enviar um comentário