sexta-feira, 29 de outubro de 2021

 

Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos


Autarquia - Estacionamento - Favores

Uma situação caricata à moda de Tomar

Segundo a Rádio Hertz, vai por aí um enorme alarido, por causa de umas multas, aplicadas pela PSP, no âmbito das suas atribuições normais. De que se trata afinal? De respeitáveis cidadãos que foram autuados por terem ido treinar, ou levar filhos/familiares para treinar futebol, e pararam os carros do lado poente do ex-estádio, o que é proibido por uma sinalização existente ao lado do ex-parque de campismo (ver foto).
Logo aqui, há qualquer coisa que não bate certo. Ex-estádio, ex-parque de campismo, até parece que já estamos numa ex-cidade.
Vem depois, na notícia, o aconselhamento dos especialistas, que propõem mais umas excepções, a acrescentar às existentes. Mais duas placas, a juntar a outras tantas.
O que daria, no total:
"Excepto ambulâncias e equipa de arbitragem. Excepto cargas e descargas e deficientes. Excepto tomada e largada de passageiros. Excepto veículos afectos ao transporte de atletas para jogos de competição." 
Muito fácil, como salta à vista. Sobretudo para estrangeiros que não saibam português. E a PSP, como é que vai conseguir saber se não há ou não uns condutores trafulhas, no meio de outros bem intencionados? Como é que se distingue, por exemplo, um veículo afecto ao transporte de atletas de competição, de outro afecto ao transporte de simples passageiros, ou de atletas que não são de competição? Necessidade de emitir um documento oficial específico, a afixar nos parabrisas respectivos? Que entidade emitirá o documento? Câmara? PSP? GNR? Federações desportivas? Clubes?
Vivemos tempos complicados, e as pessoas nem sempre conseguem raciocinar normalmente. Mesmo quando são eleitas para gerir os assuntos da comunidade. Nesta altura, um residente em S. João Baptista sem garagem privativa, paga 440 euros/ano, se quiser estacionar o carrito no parque P1, uma vez que já não pode aparcar à porta, como antigamente. Mas se aceitar ir um pouco mais longe, ao parque P2, de Santa Maria, paga menos de metade. Em contrapartida, se for pessoa mais endinheirada, compra uma autocaravana para as suas férias, e já pode estacionar gratuitamente no ex-parque de campismo. É isto aceitável? Justo? Equitativo? Bem pensado? Não. Mas é o que temos, por agora. Enquanto os tomarenses continuarem adormecidos, e/ou a votar com os pés.
E que tal acabar com excepções, favores, facilidades, que são afinal discriminações, e taxar todos por igual, incluindo os clubes, os treinadores e outros turistas, em toda a área urbana? Era capaz de não ser pior. Em  todo o caso, um bom caminho para acabar com a república dos chupistas, também conhecidos por gosmas, que não perdem uma oportunidade de sacar. Com excelente argumentação, bem entendido.

ADENDA ÁS 11H39 DE 39/10/2021

Para melhor entendimento das injustificadas reclamações, atente-se em dois detalhes. O primeiro é o destaque dado pela Hertz ao facto de terem também multado dois treinadores. Porquê? Não são cidadãos e trabalhadores, como outros quaisquer? Beneficiam de algum foro especial, por serem treinadores?
O outro detalhe é simplesmente ridículo. Segundo a notícia, alguns pais ameaçaram não trazer mais os filhos aos treinos, por não haver condições, sobretudo em tempo de chuva, para irem sózinhos e a pé do parque de caravanismo ao ex-estádio, a enorme distância de 50 metros bem medidos.
Estão a gozar com quem? Andam a preparar as vossas crianças para serem grandes atletas, ou viçosas plantas de estufa? É que não me recordo de ter visto algum jogo de futebol interrompido por causa da chuva, salvo inundação ou relva impraticável. E crianças de 5-6 anos que não podem andar cinquenta metros a pé, mesmo á chuva e sem acompanhante,  só vão conseguir ser mais tarde grandes atletas de assento e treinadores de bancada. Uns falhados, como tantos outros.
Em conclusão, deixem-se de tretas infantis. Se querem acompanhar a descendência aos treinos, cumpram as normas comuns a todos os cidadãos. A Câmara é muito criticável e nunca aqui foi poupada, ao contrário do que tem acontecido noutros órgãos de informação. Mas os eleitores em geral também não estão isentos de culpas. E neste caso a autarquia tem razão. A postura municipal de trânsito é para cumprir. E as multas devem ser liquidadas.

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