quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Melhorou o trabalho de remoção das algas do rio

Após cinco dias praticamente para esquecer, em que a autarquia foi enganada pela empresa que contratou para limpar o  Nabão, entre o Hotel dos Templários e o açude do Flecheiro, a situação melhorou bastante hoje. Em vez de continuarem a fazer a barba às algas aflorando à superfície das águas, lá se resolveram a baixar o nível do rio, de forma a poder usar os ancinhos na areia do leito fluvial. É o melhor que se consegue sem recorrer a máquinas para dragar.
Boa ocasião para relembrar aquilo que uns não conseguem e outros não querem ver:
1 - Neste blogue não se fazem críticas partidárias, nem se atacam a autarquia nem os eleitos para tentar obter dividendos políticos ou outros.
2 - No caso presente, o alvo era a empresa contratada e não quem a contratou.
3 - Em todos os casos, o único objectivo é conseguir melhorar a triste situação a que Tomar chegou. 

O ponto de vista oficial

Principalmente para contrariar quem sustenta que Tomar a dianteira só publica pontos de vista do seu administrador, aqui vai um recorte da página 18 do semanário O Mirante de hoje, naturalemente com a devida vénia:
Convirá salientar a evidente sinceridade da senhora presidente da câmara. Contrariando o próprio título da notícia, segundo o qual Câmara de Tomar limpa algas no rio Nabão, Anabela Freitas confessa que o município contratou uma empresa para desempenhar esta limpeza, uma vez que não existem na autarquia funcionários especializados nesta área.
Destacando e louvando a franqueza da eleita e candidata socialista, Tomar a dianteira não conseguiu resistir a duas anotações assaz pertinentes:
1 - A ajuizar pela forma como a limpeza do rio está ser feita, a empresa contratada também não parece dispor de pessoal especializado em limpeza de algas em ambiente fluvial.
2 - Além dos calceteiros, jardineiros e assim, o município de Tomar dispõe de funcionários especializados em quê?

Outra maneira de ver

Tudo devidamente matutado, que é como quem diz ponderado, em linguagem mais popularucha, resolvi adoptar por uma vez outra maneira de ver. Criar uma outra narrativa. Alternativa, pois então. Para tanto, abro dando a mão à palmatória. Admito que os meus habituais temas, ou cavalos de batalha, podem muito bem não ser os mais adequados, ou até totalmente inapropriados.
Custa-me dizê-lo: Só agora intuí que sinalização, estacionamento, sanitários e visitas guiadas, por exemplo, são tudo coisas a que os turistas estrangeiros estão habituados. Tanto nos seus países respectivos, quanto por esse mundo fora, salvo raríssimas excepções. Não será portanto isso que os traz a Tomar, cuja reputação é já bem conhecida, mormente nos meios profissionais.
Embora parecendo à partida pouco ou nada adequado, tendo em atenção o antes exposto, o mote de campanha de Anabela Freitas, "Tomar no caminho certo", é bem capaz de ser bastante apelativo e proveitoso.. Há o problema dos turistas estrangeiros (ainda) não votarem nas autárquicas dos países que apenas visitam, mas dê-se tempo ao tempo e passemos a um caso preciso.

Turismo selvagem em ambiente campestre numa cidade very typical indeed

Ao princípio, nos anos 60 do século passado, não era o verbo, mas um largo chamado Cerrada dos Cães, à entrada do Castelo dos Templários/Convento de Cristo, então ainda longe do Clube Património da Humanidade. O governo resolveu mandar edificar um parque de estacionamento, para evitar designadamente que os carros fossem até à escadaria à ilharga da Charola templária.
Concluídas as obras, ficou a cidade com um novo local para colocar a estátua de Gualdim Pais, (ideia logo rejeitada pelos descendentes daqueles que participaram na subscrição pública, a qual só permitiu custear uma estátua a pé do mestre de uma ordem de cavalaria), bem como uns sanitários mal localizados, porque não visíveis e ainda pior sinalizados, já então uma tradição local.
Com o passar dos anos os sanitários foram-se degradando, chegando-se ao ponto de ser uma vendedora ambulante, instalada numa  velha carrinha Citroën junto à Porta de Santiago, a encarregar-se da respectiva limpeza, a título benévolo, fornecendo também papel higiénico e toalha aos visitantes.
Chegado o 25 de Abril e as subsequentes alterações profundas, o agradecimento da autarquia tomarense não se fez esperar. A dita carrinha foi apreendida e a vendedora ambulante proibida de ali continuar. (Encontra-se agora, desde há anos, junto à porta do Claustro da Micha, na fachada norte do Convento. Mas sem carrinha.)
Como é bem sabido, os fundos europeus fizeram a fortuna de muitos e a desgraça de outros tantos ou mais. Em Tomar, António Paiva foi um novo D. Diniz. Fez tudo quanto quis, em estilo napoleónico, tipo carga de cavalaria. Na matéria que ora se aborda, eis alguns resultados, quinze anos mais tarde:

1 - As velhas instalações sanitárias foram encerradas e assim se mantêm, apesar de ter sido melhorada a ligação pedestre com os novos:


2 - Graças aos fundos europeus, foram construídos outros sanitários, mas houve falhas evidentes:
   
a) - O acesso para deficientes ou carrinhos de bébé nunca foi feito, o que implica o encerramento compulsivo até à resolução dessa carência, logo que a ASAE disso se dê conta:
  


   b) - O actual concessionário zela naturalmente pelos seus interesses, impedindo que os turistas possam chegar aos sanitários, que são públicos, sem passar por dentro da cafetaria que explora e descer as respectivas escadas:



Donde resultam estes magníficos detalhes:




Aos quais a autarquia acrescenta o toque final, não emendando atempadamente coisas que saltam à vista de todos:


Chegamos assim à antes mencionada narrativa alternativa. À outra maneira de ver. Tudo parece indicar, neste caso, que os nossos eleitos estão, no fim de contas, cheios de razão. Pelo menos no que diz respeito aos sanitários. Com efeito, se calhar cansados dos confortáveis WC de todo o ano, aos turistas sabe-lhes bem aliviarem-se assim ao ar livre, em ambiente bucólico, a olhar para um monumento Património da humanidade. A prova disso é-nos facultada pela fotografias, obtidas em 29 de Agosto de 2017. Já vêm prevenidos com papel higiénico, lenços de papel e até garrafas de água mineral para lavar as mãos.
Temos por conseguinte, e por uma vez, Tomar no caminho certo: Na liderança do turísmo very typical indeed, adorado pelos visitantes, porque nada pode compensar uma boa mijadela campestre. Assim é que é! Está explicado o actual grande incremento do turismo em Tomar. Está justificado o desaparecimento dos sanitários do Mouchão, bem como o encerramento dos WC da Cerrada dos Cães, de S. Gregório, da Rua da Fábrica e da Abegoaria municipal.
Agora só falta encerrar os sanitários da Câmara e dos SMAS, para que os funcionários vão mijar naquele matagal por cima do ParqT.  Se os turistas se podem aliviar ao ar livre olhando a paisagem, os funcionários municipais têm os mesmos direitos. Mijadelas campestres para todos já!



quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Prossegue a maquilhagem do Nabão

Usando pequenos ancinhos à superfície :

em vez de forquilhas:

 ou foices roçadoras, junto ao fundo:

uma vez que não há coragem nem meios para a inevitável dragagem, continua a apregoada "limpeza" do rio. Que não passa afinal de simples maquilhagem. O trabalho está a ser feito com ferramentas inadequadas, que nem sequer cortam as algas a meia altura. Limitam-se a cortar as que estão à superfície, deixando a maior parte dos caules e as raízes. O que dá por enquanto resultados como este, frente às Estrelas de Tomar:



Algas cortadas a montante  e não recolhidas, vieram juntar-se às pré-existentes. O mesmo que aconteceu no açude da roda do Mouchão. Retiradas as algas cortadas e não recolhidas, a roda voltou a trabalhar:


Lá para o final de Setembro, não por mero acaso, o Nabão vai parecer que está limpo, porque habilmente maquilhado. Se não for antes, em 2018 haverá muito mais algas no rio. Excelente ocasião para proceder conforme sugerido pelo biólogo citado em texto anterior: escolher as que devem ser cortadas e preservar as outras. Retornando a Maio de 68, em França: Sejam realistas! Peçam o impossível! 
Meio século mais tarde, quanto mais isto muda, mais estamos pior.

Equipamento turístico básico

Foi dito na crónica anterior que sem infra-estruturas à altura, pouco se consegue em termos de desenvolvimento, sobretudo na área do turismo. Apresentou-se um exemplo flagrante, para demonstrar quanto  o país vai perdendo, vítima de políticos vigaristas, incapazes de prever, planear e mandar executar o essencial. No caso, ampliar o aeroporto de Lisboa, ou arranjar outro.
Em Tomar, cidade cada vez mais pequena quando comparada com as vizinhas, os problemas são diferentes dos da capital. Mas têm pontos comuns. Tal como em Lisboa, há coisas básicas que são indispensáveis para atrair visitantes, que depois façam difusão positiva. Falo de sinalização, de estacionamento e de sanitários.
Não o que por aí temos. Coisas ultrapassadas, por isso sem grande préstimo. Eis alguns exemplos daquilo que precisamos com urgência.

Sinalização abundante e clara. Que indique a quem se destina -automóveis, autocarros ou peões:










Estacionamento seguro, próximo e amplo, sobretudo para autocarros de turismo:





A título indicativo, no parque de estacionamento ao ar livre do santuário catalão de Monserrate, (ver duas primeiras fotos sobre estacionamento),  cada autocarro de turismo paga 53 euros por duas horas.

Instalações sanitárias modernas, limpas, com capacidade para grupos de 50 pessoas:




Sentindo-se alvejados, é provável que políticos locais garantam que isto são coisas do estrangeiro, impossíveis em Portugal. Estarão a tentar abusar da confiança dos eleitores, como habitualmente. Porque tais infra-estruturas já existem no nosso país. Até mesmo aqui em lado. Em Fátima, Alcobaça e na Batalha, por exemplo. Onde a população não diminui, porque os eleitos não são cegos, nem surdos, nem andam a dormir.
É capaz de ser do clima...

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Há biólogos muito oportunos

Citado pelo Tomar na rede, o biólogo Nuno Curado, avança com explicações a que, julgo eu, ainda ninguém tinha chegado. Esta, por exemplo: As algas "estão lá sobretudo porque o Nabão tem pouco caudal e a água está quase parada." É verdade! A mim, que pouco ou nada percebo de biologia, o contrário é que me surpreenderia. Não conheço nenhum curso de água com pouco caudal e muita corrente, ou vice-versa. Nem proliferação de algas em rios com forte corrente. Ou em albufeiras de águas paradas, porém profundas.


Aspecto do Rio Valira, em Andorra a Velha. Com as margens regularizadas a betão, o fundo coberto a cimento e bastante corrente durante todo o ano, naturalmente não tem algas ou qualquer outra vegetação. Uns selvagens os habitantes de Andorra, na óptica do ilustre biólogo, uma vez que deviam ter poupado alguma flora fluvial.

Mas diz mais, o nosso especialista: "É importante perceber o que está no rio, pois nem tudo são algas ou limos, nem tudo é para limpar." Admirável! Não vá alguém confundir algas com seixos ou com carpas, para não falar dos patos ou das ratazanas.
Tanto mais que confessa estar triste porque "só entendemos a natureza no meio urbano de modo artificial, com constantes intervenções." Uma cambada de grunhos, é o que parecemos ser na opinião implícita do ilustre académico.
Conclusão lógica, deixem estar o que está. Aceitem o Nabão como se apresenta. Respeitem o que é típico. Aparecimento de mosquitos perigosos? Fermentações de algas, que podem originar cianobactérias, como já acontece na bacia do rio Loire, em França? Mau aspecto e maus cheiros?
Tudo coisas praticamente sem importância. Pelo menos até que aconteça algum acidente sanitário trágico.
Há biólogos muito oportunos. E politicamente úteis.

As algas que asfixiam o Nabão

Uma acção atamancada


Não carece de demonstração que pouco a pouco a invasão de algas, provocada por excesso de poluição fosfatada, vai asfixiar o nosso querido Nabão. É algo que está à vista de todos. Para resolver esse problema, indicou-se nestas linhas uma solução onerosa, mas radical durante um ano pelo menos. Infelizmente, alguns eleitos não gostaram da proposta, que terão qualificado de poética.

Curiosa reacção, sobretudo quando se sabe que dragar o leito do Nabão não é coisa nova. Esta foto de Silva Magalhães, de finais do século XIX, mostra que, mesmo antes de haver máquinas para esse efeito, os tomarenses nunca hesitaram perante a necessidade de dragar o fundo do rio:


Infelizmente, dois séculos mais tarde, após onze mandatos municipais em democracia, quem dirige a autarquia nabantina decidiu atamancar em vez de corajosamente enfrentar o problema de forma eficaz. Salvar os peixes e os patos, vazar o rio, dragar todo o fundo e recolher imediatamente as toneladas de algas é algo bastante caro? É sim senhor. Mas alguém conhece outro processo eficaz para acabar com a proliferação de algas no Nabão durante pelo menos um ano?
Se dúvidas subsistem, aí estão os primeiros resultados desastrosos da acção atamancada em curso. Algas soltas por todo o lado, a roda do Mouchão parada,  atascada em algas cortadas, o açude parcialmente aberto para deixar passar os detritos, montes de algas soltas até à central eléctrica. Tudo porque alguém resolveu enveredar por caminhos menos transparentes.
De forma resumida, numa primeira versão, um grupo de "voluntários" jovens decidiu meter mãos à obra gigantesca de cortar as algas que infestam o Nabão. Contam para isso com duas pequenas embarcações, algumas ferramentas elementares e muito boa vontade. A intenção é excelente e a coragem evidente, embora ao que consta se possa tratar de trabalho remunerado de forma lateral por quem tem interesse na coisa. As eleições são dentro de um mês e o rio não está nada apresentável.
Entretanto a Rádio Hertz apresenta uma versão totalmente diferente, citando factos ocorridos durante a reunião de 28/08 do executivo camarário. Trata-se afinal de pessoal de uma empresa contratada pela câmara, o que é curioso pois nenhum dos  contactados no local assumiu essa situação. Seja qual for a verdade, duas coisas são evidentes. Por um lado, em vez de limparem o Nabão, estão a sujá-lo ainda mais, disseminando restos de algas em todo o leito, assim facilitando a sua futura propagação. Estão na verdade a semear algas, em vez de as removerem do leito do do rio, Por outro lado, tendo em conta o actual estados das coisas, nem dentro de dois ou três meses o trabalho estará concluído. Valha-nos um Santo Inverno Chuvoso. E mesmo assim...
As fotos seguintes são bastante elucidativas:







Conclusão

Quer sejam voluntários, quer sejam afinal trabalhadores de uma empresa contratada pela câmara para o efeito, por agora o Nabão está globalmente pior do que estava, apesar dos milhares de quilos de algas entretanto cortadas. Essencialmente porque, em poucas palavras, a boa vontade não basta. Como bem notou o candidato Américo Costa, do Partido Trabalhista, os trabalhos deviam ter começado no açude insuflável, progredindo para montante, o que teria evitado a propagação de algas cortadas, do Açude dos Frades até à Ponte do Flecheiro. Agora é demasiado tarde. Resta apenas a hipótese da dragagem, para evitar mais uma bronca municipal de grandes proporções.  Com as eleições já ali adiante...

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Janelas de Tomar

 Janela de Tomar no século XVI

Janela de Tomar cinco séculos mais tarde:

Parafraseando o imortal Camões, que não era culturalmente zarolho:
Mudam-se os tempos
Mudam-se as janelas
Tudo é obra de momentos
Mas poucos olham pra elas

Políticos vigaristas

É uma das tristes constatações que confirmei durante o recente circuito turístico. Somos em geral governados por políticos vigaristas. Não refiro só aqueles que se aproveitam dos cargos para encher os bolsos, mas também e sobretudo os que deliberadamente vão enganando os eleitores com o conto do vigário. Prometendo coisas que nem sequer tencionam começar, quanto mais agora concluir.
Dirá quem isto ler que, nesse sentido, todos os políticos são vigaristas. É verdade. Desde que se tenha em conta a velha máxima de Orwell, segundo a qual somos todos iguais, mas alguns são mais iguais que outros. Exactamente o caso dos políticos. São todos vígaristas, porém alguns mais vigaristas  que outros.
Aqui em Tomar, tem sido a desgraça que todos conhecemos. Em 43 anos de democracia, tudo tem ido sempre pelo melhor na área da governação municipal, com os tomarenses embalados por belas promessas. Até se lhes prometeu em tempos um parque temático. Apesar disso, a situação é cada vez pior. Basta pensar que a população continua a diminuir. Por alguma razão será. Quem está bem, não se muda.
Sempre disse que a principal causa da crise tomarense é a evidente falta de estruturas de acolhimento, tanto para investidores, como para novos residentes ou turistas. Apesar de sucessivos alertas, os senhores autarcas continuam a embandeirar em arco, sobretudo agora com o considerável aumento do turismo estrangeiro, motivado por causas com as quais nada têm a ver.
Digo isto porque, para haver vontade de investir, de se fixar, ou de visitar, são indispensáveis infra-estruturas à altura. Coisa que em Tomar continua a ser rara ou mesmo inexistente. Nalguns casos até regredimos, andámos para trás como os caranguejos. O que impede o desenvolvimento. 
Havia um estádio, acabaram com ele. Havia um parque de campismo, acabaram com ele. Havia um parque de merendas junto ao estádio, acabaram com ele. Havia sanitários no Mouchão, acabaram com eles. Havia estacionamento para autocarros na Várzea Pequena, acabaram com ele. 
Apesar disso, é claro que os senhores eleitos e os senhores funcionários superiores seus acólitos vão garantir, mais uma vez, que estou a exagerar. Implicitamente que o vigarista sou eu. Será mesmo assim?
Para não cansar demasiado o leitor, começo pelo princípio, conforme diria o secretário do senhor de La Palisse. Como estamos de estruturas de acolhimento turístico a nível nacional, no que concerne ao transporte aéreo, principal fonte de visitantes estrangeiros?



Teve paciência para ler atentamente as duas notícias? Não lhe escapou nenhum detalhe? Então agora tenha a bondade de ler (ou reler) do lado esquerdo, em letras pequenas, logo a seguir a cada um dos títulos.
Já está? Pois é! A primeira notícia é de 2006. A outra é do mês passado. O que significa que, após onze anos de conversa fiada e montes de notícias, em grande parte do tipo conto do vigário, nem na capital conseguimos ainda sair da cepa torta. Exactamente como em Tomar. Mas isso fica para a próxima prosa.





domingo, 27 de agosto de 2017

D. Quixote contra os turistas


Alto! Parem a captação de imagens e tirem daqui aquela criança!

Desalento

O prometido é devido. Após uma semana de silêncio, Tomar a dianteira 3 está de regresso. Durante esses dias, em vez de deitado nas areias cálidas junto ao mar, foi por aí, movido pela curiosidade, acicatado pela comparação. La Rioja, Burgos, S. Sebastião, Lourdes, Andorra, Barcelona, Saragoça, Ávila, Madrid, foram locais de poiso. O resumo final não é mesmo nada encorajador. Pelo contrário, impera o desalento. Quem anda usualmente por aí e gosta de pensar, não pode deixar de saber porquê.
Em todo o circuito encontrei um único exemplo comparável com Tomar. Foi em Saragoça, uma cidade bem maior, (600 mil habitantes), porém com um problema idêntico a aguardar resolução:




O Ebro, um dos três grandes rios espanhóis (os outros dois são o Guadalquivir e o Tejo), está a necessitar com urgência de uma dragagem geral. Tal como o Nabão. Sob pena de poderem vir a aparecer a breve trecho cianobactérias, toxinas geradas por algumas algas, que são mortais para animais e humanos, caso bebam a água infestada. Está já a acontecer em França, onde há lamentar a morte de 13 cães, segundo o Le Monde:


Convém portanto fazer algo quanto antes. Tanto mais que no Nabão há por vezes jovens que se banham junto à Ponte Velha e a jusante da Ponte do Flecheiro, ignorando o perigo que correm.
Não consta que as cianobactérias, geradas pela fermentação das algas azuis, tenham o hábito de avisar antes de aparecerem.

sábado, 19 de agosto de 2017

Tomar a dianteira vai arejar ideias

Regressará ao convívio dos leitores no próximo dia 27. Pela manhã, como é habitual.
Até lá, votos de paz, saúde e boas férias quando seja o caso.

Sobre turismo, reportagem e opinião

Há por aí  confusão em relação ao que escrevo em Tomar a dianteira. Passo a tentar explicar.
Embora não sendo jornalista, nem acalentando a ideia de o vir a ser, procuro sempre nestas colunas nunca vender gato por lebre, que é como quem diz, opinião por factos provados. Tenho sempre o cuidado de separar os dois géneros. Ou faço reportagem ou opino. Em relação aos Pegões, por exemplo, em cinco textos de razoável tamanho, há apenas duas opiniões: 1 - A tutela do Aqueduto e do Convento Convento de Cristo, do qual faz parte, deve ser entregue ao Município de Tomar; 2 - A água deve correr de novo naquela obra de arte, de forma a restabelecer o eco-sistema que existiu durante quase quatro séculos. Tudo o resto é factual. Trata-se portanto de uma reportagem e não de uma opinião.
Para melhor explicitação da diferença entre opinião e reportagem, passo a tentar descrever como procedo para fazer uma reportagem, neste caso tipo peixe-espada: comprida, chata e saborosa.

O turismo é a nova galinha dos ovos de oiro, mesmo em Tomar, foi o tema de partida. Com a ideia de que, por falta de medidas atempadas, se corre o risco de matar a galinha. Eis no que deu.

Por favor não matem a galinha

Há turistas por todo o lado, para contentamento de todos. O turismo é a nova galinha dos ovos de oiro. Em Tomar acumulam-se os exemplos de que nem tudo vai pelo melhor nessa área. Tomar a dianteira andou por aí, para ver.
Além da gritante falta de sanitários, os problemas do estacionamento durante a época alta começam a ser aflitivos:




A este belo ramalhete, colhido junto ao Convento de Cristo, no qual se vê bem que nem sequer se respeita a paragem dos TUT, cabe acrescentar uma cena bucólica, porém algo miserabilista:

Entalada entre carros, uma família de turistas faz a sua refeição campestre na berma da estrada do Convento, imediatamente antes da Senhora da Conceição. Situação normal para os visitantes, mas estranha para os tomarenses, que sabem existir na Mata dos sete montes um magnífico parque de merendas, com sanitários, chafariz, mesas, sombras e contentores para o lixo:

O problema, neste como em muitos outros casos, reside na falta de sinalização. A única sinalética existente é esta, já no interior da Mata, e os turistas não adivinham:

Esteticamente será excelente. Em termos de localização e eficácia, há muito melhor. 

Além da evidente falta de sinalização adequada, para a qual a câmara já foi alertada dezenas de vezes nestas colunas, até agora sem qualquer resultado, há também o problema do estacionamento, particularmente premente durante a época alta do turismo, conforme documentado mais acima. E no entanto...
À entrada da mata, a situação é esta:



Um piso em muito mau estado e onze lugares de estacionamento pago. Olhando para os passeios enormes, não é difícil concluir que haveria lugar para 22 carros, ou 15 carros e alguns autocarros de turismo, caso fosse feito um aproveitamento mais racional do espaço. Para quê passeios tão amplos? O que faz ali a estátua do Infante D. Henrique? Alguma vez ele tratou de florestas, ou foi sequer guarda florestal?
Um erro ocasional? De forma alguma. À entrada da cidade,  para quem vem de Leiria/Ourém, apresenta-se este autêntico penico, a que resolveram chamar rotunda:


O que visto de satélite, dá isto:


Mas as mesmas mentes brilhantes que aprovaram semelhante coisa para a entrada norte da cidade, sustentam agora que, do lado oposto, na entrada sul, o acesso principal, uma vez que por ali chega quem vem de Lisboa, não foi feita a rotunda no cruzamento Nuno Álvares Pereira/Torres Pinheiro/Combatentes da Grande Guerra/Ponte do Flecheiro, por falta de espaço:

Está-se mesmo a ver que há falta de espaço, não está?

Regressando à entrada norte, à zona da Várzea pequena, onde em tempos estacionavam 20 autocarros de turismo, por ocasião do 13 de Maio por exemplo, cabem agora apenas 24 automóveis, devido ao curioso arranjo urbanístico que ali foi feito:



Exactamente o mesmo sábio aproveitamento do espaço que já vimos à entrada da Mata. Perguntará o leitor, sobretudo se for um dos autores de tais obras de arte: Mas qual a diferença entre 24 lugares para automóveis e 20 lugares para autocarros de turismo. Pouca realmente. 24 automóveis transportam no máximo 120 passageiros, neste caso turistas. 20 autocarros transportam em geral 1.100 passageiros. A diferença é só de 980 turistas. Uma ninharia para quem depende do orçamento do Estado. Muito mais negócio para o dono de um restaurante, ou de um café, por exemplo. Tudo afinal uma mera questão de mentalidade.