Cada vez mais conspurcado com esgotos ricos em matéria orgânica, sobretudo fosfatos, o Nabão vai agonizando de forma até agora irremediável. São já bem visíveis três tipos de algas, que a médio prazo acabarão por cobrir toda a superfície da água.
O primeiro grupo é o das algas tradicionais, acastanhadas e sem folhas:
O segundo grupo, mais recente mas de desenvolvimento muito mais rápido, é o das algas de dominância verde, com folhas persistentes:
Quanto ao terceiro grupo, integra as algas em fermentação, as quais vão formando à superfície um autêntico tapete, cuja cor predominante é o amarelo esverdeado:
Naturalmente, nenhum grupo é puro. São todos mais ou menos mistos. Ou 2 - 3:
Ou 1 - 2 - 3:
Em todos os casos, há cada vez mais superfície aquática coberta pelas algas. Quando todo o rio estiver coberto de algas, a água deixará de poder regenerar-se, devido à ausência de luz solar directa em quantidade e intensidade suficientes. O Nabão deixará então de ser o rio que sempre conhecemos até agora. Passará a ser um pântano de água salobra, habitat ideal para toda a espécie de insectos, alguns dos quais potenciais portadores de virus de doenças graves.
Quem mora no centro histórico sabe bem que as colónias de melgas e companhia têm vindo a aumentar exponencialmente. E não há insecticida que lhes consiga pôr cobro, porque quanto mais se matam, mais aparecem, graças ao excelente viveiro em que se transformou o nosso amado rio.
Situação irremediável? No meu entender não. Mas há que tomar medidas corajosas o mais rapidamente possível. Quanto mais tarde, mais difícil será. Assim sendo, logo que seja desmontado o açude do Mouchão, creio que se deverá proceder como segue:
A - Despejar o rio parcialmente, procedendo à recolha do peixe e dos patos. O peixe será colocado em tanques adequados à sua sobrevivência até à posterior devolução ao rio. Os patos serão guardados em recintos próprios, igualmente até à respectiva devolução ao seu habitat usual.
B - Despejar completamente o rio e iniciar os trabalhos com os seguintes veículos: uma máquina de lagartas, com picões para dragar o leito do rio; uma pá carregadora para ir recolhendo toda a matéria orgânica antes dragada pelo tractor de lagartas; vários camiões para transporte de todos os detritos recolhidos.
Se assim não procederem, o Nabão vai morrer. E depois? Quem terão sido os responsáveis? Só os poluidores? Ou também e sobretudo os que nada terão feito para evitar o desastre?
Se se desse o caso - mera suposição, já se vê - de eu ser eleito presidente da CMT, a minha primeira decisão seria chamar António Rebelo para a minha beira, ou como assessor especial ou para meu chefe de gabinete com poderes especiais. Se ele aceitasse, claro.
ResponderEliminarAgradeço a ideia, fazendo todavia votos para que isso não aconteça. Não teria coragem para recusar, pois amo esta terra onde nasci. E pretendo passar os invernos no Brasil, por razões de saúde (artroses, reumatismo, cãimbras).
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